segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

As provas da existência de Deus são infinitas como Ele

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As provas da existência de Deus são infinitas como Ele


por Fernando Soares Campos


Muitos de nós costumamos contemplar as estrelas e, diante da imensidão do firmamento, comparar a Terra a um grão de areia no deserto. “Somos insignificantes em relação ao Universo”, podemos dizer enquanto apreciamos os inúmeros aglomerados estrelares. Porém, durante o dia, quando o Sol brilha, impedindo a visão da abóbada celeste a olho nu, essas mesmas pessoas pasmam-se ao se deparar com a grandeza dos mares, as gigantescas cadeias de montanha, as imensas geleiras das regiões polares, os enormes desertos, as intensas florestas e tantas outras grandiosidades geográficas do nosso “minúsculo” planeta. Encantam-se até mesmo com a vasta extensão de algumas obras humanas, tais como as pirâmides egípcias, pontes quilométricas, grandes edifícios, metrópoles...

Acontece que, à noite, quando nos apequenamos diante da infinitude do firmamento, estamos propensos a negar a responsabilidade que nos cabe sobre a manutenção e equilíbrio da Criação Divina. Por isso, em vista de não sermos capazes de expressar nem mesmo uma noção específica do infinito e da eternidade (qualquer tentativa de formularmos uma ideia de infinito e eternidade acaba nos levando ao Nada), uma angústia oriunda do nosso orgulho de deuses em princípio evolutivo assoma à nossa alma e preferimos acreditar que do nada viemos e ao nada retornaremos. Porém cada novo alvorecer, nos revelando a Terra em todo o seu esplendor, nos desperta para a Realidade, que traz em si os princípios da Verdade.

Ao nos sentir insignificantes diante da imensidão do Universo conhecido, comparando a Terra a um grão de areia no deserto, manifestamos apenas a descrença em Jesus como Filho do Homem, encarnado entre nós com o propósito de orientar nossos caminhos em busca da verdade e da vida.

Deus crê em Deus que crê em Deus que crê em Deus...

Cada átomo tem um núcleo, cada organismo tem um comando, cada organização social tem um dirigente, toda nação tem um governante. No Universo em geral não é diferente. Os planetas, as estrelas, as constelações, as galáxias, os grupos de galáxias, tudo tem governos definidos, subordinados entre si, organizados através do Sistema Hierárquico Universal. Jesus governa o planeta Terra e está subordinado diretamente ao Pai, de quem ele tanto falou, que por sua vez governa o Sistema Solar e se reporta ao governador da constelação a que o nosso sistema pertence.

Na Oração da Ave Maria, os católicos referem-se a Maria, mãe de Jesus na Terra, como Santa Maria, “Mãe de Deus”. Não estarão errados se considerarmos que Jesus é o Regente do nosso planeta e, na escalada evolutiva, está acima, muito além, de todos nós, habitantes do orbe terrestre. Jesus é Deus Personificado para a humanidade terrena, como o Pai o é para o Sistema Solar.

“Vós sois deuses”, disse Jesus e concluiu: “Podeis fazer o que faço e muito mais”.

Portanto Deus crê em Deus que crê em Deus que crê em Deus... Ao infinito. Eternamente.

A matéria é divina, como tudo na composição do Universo

Há quem creia que Deus, inteligência suprema, causa primária de todas as coisas, é simplesmente uma psique ultrassublime, um ser pensante, dotado das mesmas funções psicológicas humanas. Tais pessoas acreditam que os processos cognitivos que empregamos para compreender, por exemplo, a natureza divina, assim como as manifestações afetivas e volitivas que externamos teriam a mesma natureza dos métodos empregados por Deus. Ele, porém, os usaria através de processos tidos como “sobrenaturais”. Esta é, na verdade, a forma como personificamos Deus e nos colocamos na condição de seus semelhantes.

Para muitos religiosos, essa psique ultrassublime (Deus personificado) viria a ser o criador de todas as coisas, inclusive das psiques etéreas (almas), que seriam dotadas de corpos materiais para se locomover e se comunicar entre si, apenas enquanto habitassem o planeta Terra, durante um relativamente curto período. Em seguida, depois de esgotado o prazo de validade, com a morte do corpo somático, as psiques etéreas sobreviveriam independentes, totalmente livres das máquinas tangíveis. Nesse estado, o criador-fabricante separaria as psiques que funcionaram bem, obedecendo às regras de sua empresa, das que se comportaram mal, aquelas que infringiram os regulamentos divinos. As primeiras permaneceriam sob seus eternos cuidados, usufruindo as benesses de um paraíso, uma recompensa por terem seguido corretamente os preceitos supremos, que, desde o momento da criação, estariam registrados em suas consciências. As segundas sofreriam eternamente as consequências de não haverem se comportado bem, ou expurgariam, por um longo período, suas infrações menores e, assim, passariam a habitar entre as psiques imaculadas, obedientes às regras da empresa divina.

É como se as psiques fabricadas em série pelo seu criador, dotadas de máquinas, conforme modelos disponíveis (as etnias), fossem submetidas a determinado período de teste, em que seriam avaliados seus comportamentos éticos. Porém, no processo de reprodução do modelo criado pela divindade suprema, as máquinas dotadas de psiques etéreas poderiam sofrer acidentais falhas, vindo a apresentar eventuais defeitos de fabricação: membros atrofiados, órgãos debilitados, ou a falta de algumas dessas peças, obrigando as psiques nessas condições a utilizarem suas máquinas deficientes, ou desistirem da prova ali mesmo, no final da linha de produção. Outras, durante a fase de prova, sofreriam acidentes que poderiam deixá-las fisicamente deformadas, ou com insuficiência de alguma função orgânica, ou mesmo mentalmente fragilizadas. Em casos de eventos sinistros ainda mais graves, poderiam encerrar seus períodos de teste muito antes de esgotar o prazo de validade da máquina.

Vem daí a ideia de que a nossa massa encefálica é tão somente o veículo de um suposto ser etéreo, que, depois de abandonar a máquina de matéria densa, poderia existir totalmente desvinculado de qualquer corpo material. É como se o psiquismo fosse um ente imaterial cuja dependência do uso de um corpo físico, para se comunicar entre seus pares, ocorresse apenas durante a fase de teste (a existência encarnada). Quem assim pensa acredita que a alma do corpo material vem a ser alguma coisa que possa, em outra dimensão cósmica, manifestar-se independente, livre, dissociada de qualquer tipo de matéria. Isso provavelmente decorre do fato de que consideramos a matéria bruta um elemento inferior, um objeto identificável pelos sentidos básicos da máquina humana, visível, tangível e sensível através de todos os canais de comunicação do corpo físico com o meio ambiente em que se encontra. Enquanto a alma (a psique ou psiquismo), por ser imaterial, representaria o verdadeiro ente sublime, sagrado, venerável. Para muitos de nós, a alma seria a mais importante, a mais significante manifestação de Deus na composição do ser humano, aquilo que sobreviveria eternamente, em vista de sua semelhança com o Criador. Entretanto este ser composto de elementos etéreo (a psique pura) e material denso está evoluindo e alcançará estágios em que identificará a matéria em seus múltiplos estados e inúmeras funções. Então, perceberá como alcançou autoconsciência e como ocorreu o seu processo evolutivo. Assim, perderá o preconceito sobre a matéria e passará a considerá-la como principal parceria do ente etéreo na obra da criação, eternamente sob transformação e evolução.

A matéria é a concentração de elementos do Universo conhecido.

O ente psíquico (a alma) é aquilo que proporciona e controla o estímulo vital na matéria, absorvendo, do conjunto que forma o Universo material, o princípio energético que denominamos “sopro de vida”. E não há razão para o ente psíquico se manifestar sem a concorrência da matéria, mesmo porque não há como nem por que isolar um do outro.

Não podemos dizer que somos simplesmente, como muitos pretendem, um espírito (alma) que habita, temporariamente, num corpo material nem um corpo que possui um espírito, como se estivéssemos tratando de elementos totalmente distintos, ou até opostos. Somos a composição de ambos por toda a eternidade. Precisamos apenas considerar o fato de que ainda não conhecemos todos os tipos de matéria existentes no Universo.

Assim sendo, podemos continuar denominado “reencarnação”, o processo em que o espírito liga-se, sucessivamente, a diversos corpos, renascendo na carne, com o propósito de autoaperfeiçoar-se? Sim, pois estamos falando de o espírito (indivíduo composto de matéria sutil) assumir a vida sobre o orbe terrestre revestido de matéria densa, orgânica.

A matéria é eterna, indestrutível, se transforma; o ente psíquico é eterno, indestrutível, evolui

A ciência ainda não desvendou de forma absoluta as verdadeiras essências das matérias e das energias existentes no Universo conhecido. Acredita-se, inclusive, que possa existir algum tipo de substância formada por elementos distintos de toda composição de matéria e energia que conhecemos. A mais recente descoberta nesse campo é a da misteriosa energia escura, ou energia negra, cuja natureza ainda se constitui num dos maiores desafios para ciência, no que tange, principalmente, aos atuais conhecimentos da física e da cosmologia. O Universo também desperta interesses no campo da filosofia metafísica, através da qual se realizam investigações transcendentes às experiências sensíveis, em busca de fundamentos exclusivamente teóricos sobre as relações entre os corpos celestes, a força gravitacional, a expansão deste Universo, a infinitude e eternidade do espaço-tempo, a possibilidade da existência de vida inteligente, à nossa semelhança, em outras plagas cósmicas, as manifestações da alma humana e a existência de um deus criador de todas as coisas.

Assim como não podemos conceber o Nada, não há como compreender a manifestação psíquica sem um elemento físico, condutor de energia sutil, capaz de realizar o processamento dos dados disponíveis e expressá-los através de movimentos corporais, linguagem oral e escrita, ou mesmo por ondas ou radiações.

Entretanto este ser etéreo está evoluindo e alcançará estágios em que conhecerá as leis naturais que regem sua existência, identificará a matéria em seus múltiplos estados e funções e perceberá como alcançou autoconsciência, como ocorreu a sua evolução. Perderá o preconceito e considerará a matéria apenas um estado natural, igualmente “divino”, quando comparada ao ente etéreo, a psique imaterial.

O ente psíquico nunca se manifestará independente do ente material, mesmo porque não há como nem por que separar um do outro. A diferença fundamental entre um e outro é que a matéria é eterna, indestrutível e se transforma; enquanto o ente psíquico é igualmente eterno, indestrutível e evolui.

A transformação da matéria
Antoine-Laurent Lavoisier, conhecido como o pai ou fundador da química moderna, através de seus trabalhos de pesquisa pôde enunciar uma lei que ficou conhecida como Lei da Conservação das Massas, ou Lei de Lavoisier.

“Numa reação química que ocorre num sistema fechado, a massa total antes da reação é igual à massa total após a reação”.

Ou “Numa reação química a massa se conserva porque não ocorre criação nem destruição de átomos. Os átomos são conservados, eles apenas se rearranjam. Os agregados atômicos dos reagentes são desfeitos e novos agregados atômicos são formados”.

Ou ainda, sob conceito filosófico: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.”

Daí podemos concluir que nada pode surgir do nada; e nada pode transformar-se em nada.

A partir dessa constatação, entendemos que os elementos que constituem o nosso corpo material são eternos, indestrutíveis, eles apenas reagem entre si e se transformam (durante e após o ciclo vital).

A evolução do ente psíquico, a psique etérea

O ente psíquico, etéreo, autoconsciente, individual, único, unido ao nosso corpo material, é igualmente eterno, indestrutível. Entretanto este, à medida que aprofunda seu autoconhecimento, é capaz de criar mecanismos próprios para controlar seus desejos e impulsos afetivos e emotivos; adquire conhecimentos através de processo em que aplica a percepção, atenção, associação, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. Desenvolve métodos próprios para o aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas. Nele não ocorre a simples transformação de seus elementos, mas, sim, o progresso quantitativo e qualitativo de conhecimentos e o aperfeiçoamento do emprego de suas principais funções (cognição, volição, afeto e motivação), portanto o ente psíquico evolui.

Podemos também afirmar que, em vista do ente psíquico desejar conhecer a verdade e persegui-la, esta evolui consigo.

Tomás de Aquino afirmou que “nenhum ente esgota a verdade”, e isso reforça o nosso conceito de evolução da verdade.

Hegel dizia que uma tese sempre terá para si uma antítese, e a união dessas teorias formaria uma nova ideia, abrangendo aspectos da tese e da antítese em síntese. E a síntese se tornaria uma nova tese, e, assim, o ciclo se reinicia com a formação de sua respectiva antítese. O que vem a ser isso, senão o caráter evolutivo da verdade?

Se a matéria fosse a causa da inteligência, por que, ao final do ciclo vital, essa matéria, que vinha manifestando tal inteligência, volta ao estado primitivo, em que somente as leis que regem seus aspectos físicos e químicos funcionariam? A matéria continua se transformando eternamente, porém aquilo que os ateus consideram como sendo de suas exclusivas responsabilidades, a inteligência e seus produtos, cessariam.

Matéria e espírito são indissociáveis

A causa espiritual está intrínseca à própria matéria. A matéria é divina, a matéria manifesta a presença de Deus, a matéria revela a existência do ser espiritual, etéreo. A matéria "aspira", eternamente, à eterificação, a exemplo do ser humano buscando eternamente a perfeição. A primeira manifestação inteligente da matéria é o movimento eterno em busca da eterificação (até os diamantes "evaporam"). O Calor é a manifestação mental (metal) da matéria densa, a "causa espiritual". A causa espiritual (o ser etéreo) não cria a matéria, nem a matéria cria o ser etéreo. Ambos são, na verdade, uma unidade, formada pelos atributos "Em si", "Por si" e "De si”, que refletem as onipresença, onipotência e onisciência divinas.

As provas da existência de Deus são infinitas como Ele

De onde viemos?

"A alma dorme na pedra, sonha na planta,
move-se no animal e desperta no homem."
(Léon Denis, 1846 -1927, França, pensador espírita,
conhecido como "apóstolo do Espiritismo".)


Reino Mineral

Na matéria em estado sólido, aparentemente inerte, observamos a presença de Deus através da manifestação dos seus principais atributos:

1) Onipresença: esta é a condição em que a matéria sólida, densa, se apresenta em todo o Universo: visível, audível, tangível, olfativa e gustativa; nesse estado, podemos dizer que a matéria é reconhecida pela manifestação “Em si”.
2) Onipotência: a matéria realiza movimentos próprios de expansão e retração, ou dilatação e contração. Com esses movimentos, a matéria experimenta o poder de automobilidade e ocupação do espaço. Em se tratando da matéria, tal atributo pode ser considerado manifestação da onipotência divina, visto que tal fenômeno se constitui em lei da natureza e ocorre em toda parte do Universo. Tal manifestação pode ser denominada de “Por si”.
3) Onisciência: A matéria no Reino Mineral representa o estado elementar do ser inteligente, é o que se pode entender como o estado primário na escala de evolução dos princípios inteligentes da Natureza. A manifestação da matéria ocorrida através da energia térmica em movimento entre as partículas atômicas, gerando o Calor, corresponde a uma psique rudimentar da matéria densa e pode ser classificada como sendo o seu “De si”. Esse processo termodinâmico é imprescindível para a ocorrência de toda a explosão de fenômenos físicos e químicos no Universo. Portanto, por esse princípio, podemos reconhecer a onisciência do Supremo manifestando-se na matéria em estado mineral.

A matéria em forma de elemento do chamado Reino Mineral, que reconhecemos imediatamente através dos nossos sentidos básicos (visão, audição, tato, olfato e gustação), em simples estado de aparente inércia, não tem consciência de seu trabalho fundamental: movimento e ocupação do espaço. Ela é apenas "Em si", não tem capacidade de perceber o transcurso do tempo. É a matéria chamada inorgânica. Entretanto nela consideramos a existência de determinado potencial, a onipotência de qualquer matéria, o "Por si". Constatamos também a sua alma, a essência material, correspondente à manifestação da onisciência divina, o "De si".

Essa é a matéria primária, sólida, a mais rudimentar entre as matérias, que, na verdade, existe em infinitos estados e porções.

A matéria densa expandindo-se, portanto criando a noção de movimento-ocupação de espaço, sem autoconsciência de tempo decorrido, assume diversos estados, que partem do extremamente sólido ao gasoso. E do gasoso ao plasma altamente energético.

A matéria manifestando-se na condição “De si" revela possuir muitos campos de fuga: a troca de energia entre as suas diversas formas de composição, umas se sacrificando (se unindo) pela sobrevivência das outras (seleção natural). Nesse estágio, pólos diferentes se atraem (se completam), pólos iguais se repelem (se expandem), simplesmente para manter a vida, sobrevivendo através da associação de seus elementos. É a solidariedade universal no seu mais alto grau.

Até este estágio do nosso eterno processo evolutivo, ainda não podemos nem mesmo imaginar a existência de outras formas de matéria, mas podemos acreditar que existam materiais sutis que aparentemente ocupam o mesmo espaço de outras matérias que apresentam altas densidades.

Temos, assim, a máquina essencialmente material com os seus elementos tangíveis (“Em si”) e os imediatamente percebidos (“Por si”), além da energia térmica fazendo o papel de uma embrionária psique (“De si”). Em se tratando de matéria, a lei natural (lei da física) que reconhece todas as suas propriedades vigora em todo o Universo.

Reino Vegetal

No reino vegetal, a matéria se manifesta de forma mais inteligente que no Reino Mineral. O “Em si” e o “Por si” (manifestações das onipresença e onipotência divinas) aparecem em um só conjunto, em que se reúnem o tangível (massa) e o estético, que se configuram através do movimento e gradativa ocupação do espaço, com absorção de elementos necessários à composição de cores e formas, algumas delas apropriadas para proteção contra eventuais agressões do meio ambiente, dotando-se de plasticidade, elasticidade, resiliência etc.

A interação com o meio ambiente e uma possível aclimatação, se necessária para o ajustamento a determinadas mudanças nos ecossistemas, entre outras propriedades essenciais à vida dos vegetais, são de responsabilidade do “De si”, cujas funções já se apresentam sob maior complexidade, pois, além do Calor, como no estado mineral, agora faz uso de outras faculdades: reações químicas, físicas, orgânicas e sistêmicas. Portanto as manifestações tidas como “Em si” e "Por si" expressam no vegetal características mais evidentes de onipresença e onipotência divinas. Enquanto isso, o "De si", que correspondente à onisciência, pode ser observado e melhor compreendido. Este, agora, revela uma autoconsciência embrionária, consciência compacta do transcurso do tempo. Nesse estado, a psique (a alma da matéria-indivíduo-vegetal) possui uma rudimentar consciência de si própria, pois, ao trabalho, está inserida uma avançada “noção da transcurso do tempo", com a programação do ciclo de nascimento, vida e morte.

A matéria-indivíduo-vegetal, através de seus instrumentos de evolução, que correspondem à troca de informações com o conjunto de elementos do Universo, aprende a reproduzir-se e manter a sobrevivência das espécies, que vai criando e espalhando ao infinito, eternamente.

Nos estados mineral e vegetal, a matéria manifesta princípios de inteligência, mas não expressa consciência de sua própria existência. Entretanto, mineral e vegetal são programados através de impressões físicas que estabelecem suas funções e capacidades de adaptação aos meios ambientes em que estejam inseridos. Tudo isso deixa transparecer a onipresença, onipotência e onisciência do Criador.

Reino animal

Os três atributos fundamentais que caracterizam a existência de Deus (onipresença, onipotência e onisciência) estão expressos de maneira mais evidente nos indivíduos pertencentes ao Reino Animal.

Assim como no Reino Vegetal, a matéria que constitui a estrutura física do animal (incluindo-se o homem) é uma máquina viva formada por elementos energéticos (minerais). No animal o processo é um tanto mais complexo, compondo células, as unidades básicas da vida, que formam tecidos, a matéria prima para a confecção de órgãos, estes, por sua vez, em atividade integrada entre si, compõem os sistemas organizados. Tal corpo, “Em si”, representa a onipresença divina, onde quer que exista vida animal.

O indivíduo animal de qualquer espécie tem consciência da força que pode aplicar para exercer o trabalho necessário à sua sobrevivência e à procriação. Portanto Deus o dotou de potente meio para prover a sua subsistência e preservar a espécie. É a expressão do “Por si”. Nisso se verifica a onipotência do Criador.

No animal o instinto tem características de inteligência, fazendo-o reconhecer a si próprio como indivíduo e tornando-o capaz de liderar um grupo de sua espécie, verificando-se entre eles certa hierarquia e dominância. Os animais revelam comportamentos naturais, comuns a todos os elementos da mesma espécie, ou específicos, adquiridos por herança genética, ou ainda aprendidos sob adestramento. Podemos reconhecer nisso os caracteres que determinam a manifestação da onisciência de Deus sobre suas criaturas.

Reino Hominal

“O homem, tendo tudo o que há nas plantas e nos animais, domina todas as outras classes por uma inteligência especial, indefinida, que lhe dá a consciência do seu futuro, a percepção das coisas extramateriais e o conhecimento de Deus”, Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 585 e comentário (trecho).

“Vós sois deuses”, disse Jesus, referindo-se a todos nós, indivíduos da espécie Hominal, e acrescentou: “Podeis fazer tudo que faço e muito mais”. Porém, para sermos deuses, precisamos ser dotados dos atributos divinos fundamentais: onipresença, onipotência e onisciência.

Nesse caso, somos deuses porque, em função do nosso estado evolutivo, o mais avançado entre as espécies viventes no nosso planeta, somos responsáveis pela vida, pela reprodução e manutenção de todas as coisas existentes no Universo criado por Deus Impessoal, Infinito e Eterno, o que não tem começo nem fim. Contudo nós somos perpétuos, criaturas eternizadas, aquilo que tem começo mas não tem fim. Essa é também a natureza do Pai, a quem Jesus se referiu. O Pai seria Deus Personificado. Isso ficou claro quando Jesus declarou: “Eu e o Pai somos um”, João, 10:30).

Relativas onipresença, onipotência e onisciência dos seres em evolução

Qualquer conceito que defina Deus como um ser supremo, divino, infinito, eterno, perfeito, imutável, princípio absoluto de todas as coisas, deve atribuir-Lhe três condições fundamentais: onipresença, onipotência e onisciência. Somente através desses atributos, reconhecemos Deus em toda a sua plenitude.

A chave para entendermos a nossa onipotência e onisciência está na consciência da nossa relativa onipresença em todo o Universo. Relativa inclusive para o Deus Personificado, o Pai, para Deus-Jesus, para todos os santos-deuses, deuses-espíritos relativamente bem evoluídos etc.

Ser onipresente, na condição de ser humano, ou supra-humano (é o caso daqueles que vivem envolvidos de matéria sutil), não é poder estar de corpo presente em todos os lugares (isso também vale para um deus personificado, em qualquer grau evolutivo, até mesmo o Pai).

Ser onipresente, para nós aqui na Terra e para as entidades evoluídas que ocupam os espaços celestiais de forma organizada e hierárquica, é, antes de tudo, ter consciência de que aquilo que faço aqui e agora repercute em todo lugar, sem limite preestabelecido, em todo o Universo. Ser onipresente, para as entidades em eterno processo de evolução, é, por assim dizer, ter consciência do "efeito borboleta", que não pode ser facilmente detectado, mas somente intuído. Ser onipresente é respeitar o nosso semelhante, é compreender que somos indivíduos, sim, mas não devemos ser individualistas. Ser onipresente é ter a consciência de que fazemos parte da Humanidade e que, quando qualquer parte de um todo se submete a processo de transformação, o todo terá, de certa forma, se transformado. Ter a consciência de que somos dotados dessa forma de ser onipresente pode nos imbuir da sensação de o quanto somos, igualmente de forma relativa, oniscientes e, daí, nos aflorar a sensação de onipotência. A partir desses reconhecimentos, basta nos impregnar do sentimento de humildade, concluindo que nossa onipresença tanto quanto a onipotência e a onisciência são relativas ao estado evolutivo de nossa consciência.


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