sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Nascer a dente de cachorro

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Valter Alves de Oliveira Filho (*)

Estávamos todos lá, tomando assento no velho tapete de retalhos multicolorido, confeccionado a mão, cheio de detalhes que cobria alguns cortes no velho sofá marrom da sala de estar. Ao derredor os primos e primas que chegavam atrasados nos dias de sexta-feira, sempre às sete e meia da noite. Estes não se importavam em sentar-se nos tamboretes de madeira bruta. O importante eram as histórias que nos enchiam os olhos. As histórias da Vó Be eram as que mais prendiam a nossa atenção, quer fossem verídicas ou fictícias. Todos a conheciam pelo apelido, pois seu nome de batismo era pouco pronunciado até pelas próprias filhas e netos, e praticamente desconhecido mesmo dos vizinhos.

Vó Be era pernambucana, seu verdadeiro nome era Maria Ramalho Silva, uma anciã que mantinha uma “torda” de alimentos na feira livre de Santana do Ipanema (AL), desde os anos de 1960 até 82. Dona Be ficou conhecida de muitos ilustres e do povo em geral pela venda de tapiocas de coco ralado, acrescido de outros sabores. Como pernambucana, fazia questão de relembrar e divulgar um pouco dos seus saberes e da cultura do seu povo, os índios Fulni-ô. Dona Be nasceu na cidade de Águas Belas (PE) e migrou para o estado alagoano lá pelos idos de 1950.

Pelo convívio mais aproximado, eu, garoto traquino e cheio de curiosidades, buscava arrancar-lhe algumas palavras e expressões da sua língua nativa, o yaathê, do grupo lingüístico macro-jê, e que, com ressalvas, ela nos dizia que o orgulho dos Fulni-ôs, estava na preservação dos costumes e principalmente da língua como armas de defesa das futuras gerações. Confesso, naquela época não compreendia o porquê de tanto mistério envolvendo os dialetos e só recentemente viria descobrir as razões.

O yaathê é falado originalmente pela tribo Fulni-ô, tal qual fora a sua aquisição lingüística dos nossos antepassados. Hoje desperta a atenção de antropólogos e cientistas sociais, além de estudantes de diversas áreas das ciências humanas.

Uma expressão muito utilizada por indígenas e caboclos sempre me deixava inquieto, e foi numa dessas sextas-feiras de contos da Vó Be que a indaguei sobre o que significa “nascer a dente de cachorro?” (ou ser carregado a dente de cachorro?). Naquele momento, todos ficaram curiosos, atentos à resposta. Vó Be nos sorriu, tomou um gole do seu café, que ela própria havia torrado e pisado em um pilão de tronco de baraúna, e, após observar a tamanha curiosidade que tomara conta da sala, iniciou a história.

Conta-se que, em algumas tribos de costumes parecidos com os de língua de influencia macro-jê, como também os fulni-ôs, mantém seus rituais de purificação. As mulheres, ao engravidar, contam antes do parto com a assistência das anciãs indígenas e/ou do cacique da tribo; no entanto, era de costume as indígenas se retirarem para as reservas (mato) acompanhadas por um cachorro treinado, um animal tratado praticamente como um dos humanos. Quando a índia então paria, muitas das vezes o cão de caça transportava pela boca o curumim recém-nascido até a aldeia, para os devidos cuidados dos seus familiares. O curumim, mais novo membro da tribo, era saudado por todos como promessa de homem forte e valente, haja vista que já nascera enfrentando os obstáculos impostos pela mãe natureza. Vó Be dizia que essa seria uma das versões românticas que se dava àquela expressão, “a dente de cachorro”, usada muitas vezes como metáfora que possa expressar outras dificuldades e lutas do dia-a-dia.

Como era de praxe, ela sempre encerrava seus contos e causos encantadores com a frase: “Contei a minha história. Comecei no pé do pinto terminei no pé de pato, seu rei mandou dizer que contasse a quatro”. Todos nos dávamos por satisfeitos e sempre queríamos mais as histórias fantásticas da Vó Be.

Fragmentos: Tributo a Vó Be

(*)Valter Alves de Oliveira Filho: Professor, descendente do grupo indígena Fulni-ô, que ainda hoje habita as margens do médio rio Ipanema, junto aos limites do município de Águas Belas (PE). Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz.




Santana Oxente!








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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Depois de os pardais do TSE aplicarem multas indiscriminadas contra Lula e Dilma, muda as regras de exigência de identificação do eleitor

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Kais Ismail

Certa vez, me comentaram que gostariam de ser sócio da Bike-Entrega, mas que não tinham dinheiro para entrar na sociedade.

De lá pra cá, até em um Ministério fomos parar.

Nesta altura do campeonato, onde existe uma imensa campanha de mobilização para a mobilidade urbana através do uso de bicicletas, momento em que grandes investimentos estão sendo feitos nas principais capitais visando este modal.

Como exemplo, a Houston que na ânsia de promover seu produto, investiu 15 milhões de reais para mostrar sua marca em uma novela. Mas isso não aumenta as vendas da Houston como aumentaria se as leis do CTB fossem respeitadas.

Estou desde 2008, e você vem sendo testemunha de que sou um dos poucos, dos raros, que aparecem na mídia brasileira batalhando unicamente pela segurança no trânsito. Onde todos ganham!

Há quem além de ganhar segurança, um ar melhor e a preservação do meio ambiente, também lucram. Os que vendem bicicletas, acessórios, aluguel de bicicletas públicas e qualquer outra atividade associada a bicicletas que de alguma forma gere lucros.

Nossa luta, pois sem o seu apoio não chegaria onde chegou, resultou em um diferencial raro. Temos uma marca, um conhecimento, propostas oficialmente aprovadas e publicadas pelo governo, e uma bandeira que se tornou grande, respeitada e única.

Mediante tudo isso, posso dizer-lhe, com convicção, que seu dinheiro não alcançaria um décimo do que sua escrita pode alcançar agora.

Têm sentindo eu estar fazendo um lobby a favor da segurança no trânsito, não só gratuitamente, mas pagando, por eu ser cidadão e empresário do ramo.

Entretanto, perde-se o sentido, quando o sacrifício pelo coletivo, coloca em risco o bem estar e segurança da minha família para favorecer outros também, quando outros não fazem força nem pra peidar, como já dizia Rita Lee.

Perdem-se também o sentindo comercial, quando esta batalha é apenas para garantir o mínimo para uma pequena empresa enquanto que ao mesmo tempo, o resultado desta batalha será muito lucrativo para gigantes empresas.

Portanto, estamos em situação de domínio de conhecimento e causa da única real chance delas lucrarem.

Com recurso e estrutura, temos como fazer um lobby de rápido retorno positivo.

Isso é o que nos falta. E isso, em valores, pela prospecção de vendas que eles terão quando houver segurança para os ciclistas no trânsito, será muito insignificante.

O que estamos fazendo, interessa muito às marcas de bicicletas, aos fabricantes de capacetes e a um grande leque de empresas.

Pela causa nobre e necessária, não acho que seja vergonhoso oferecer de forma mais intensiva e atuante, os nossos serviços a estas empresas.

Por tudo o que já fizemos, denunciamos, solicitamos, pagamos e sofremos, temos sim conceito e respeito para sermos remunerados para dar continuidade a esta batalha. Merecemos sim, condições de fazer todas as viagens necessárias, bater em todas as portas que deveriam estar abertas.

Cláudio errou ao afirmar que eu iria morrer, mas que não conseguiria reabrir a Bike-Entrega por questão de segurança. De fato, agora virou uma questão de honra: Enquanto não houver segurança para ciclistas, não colocarei mais nenhum ciclista pedalando. Entretanto, a Bike-Entrega pode se voltar à preparação de equipes enquanto são batalhadas as leis de segurança.

E esta equipe, é uma equipe de muita demanda e pouca oferta. Refiro-me aos mecânicos de bicicletas. Que são poucos os existentes agora. Imagina quando as metas foram alcançadas.

Acho que se ainda não consegui vender a loja, é porque lá dá pra fazer uma boa escolinha de mecânico de bicicleta para crianças carentes de 12 a 17 anos.

A idéia , através da Bike-Entrega, é que ela esteja na ativa atuando de forma social e educativa, para que quando a segurança esteja garantida e aí sim chegar a hora dos ciclistas, haverá mais mecânicos e menos traficantes.

Resumindo, pelo fato de não haver segurança, a operacionalização convencional fica interrompida e dá-se início a frente de uma batalha social-ecológia-econômica, patrocinado pela grande maioria interessada.

Olhando de fora, é tudo muito raro.

E por isso meu amigo, mediante a toda esta grandeza que pode se tornar minúscula ou muito maior, é que não posso mais ficar sem agir por não ter condições de contratar alguém do seu naipe.

Alguém que me entenda e traduza como só você sabe fazer, Fernando!

Não é agradável para eu ter que ficar pedindo-lhe favores e tampouco tenho como pagar-lhe por serviços de emergência. Por isso, proponho que você se torne sócio sem ter que colocar qualquer valor na aquisição de cotas. Apenas empenho e disponibilidade para fazer alguns textos. Pelo menos por agora. Entrando patrocínio para a escola de mecânicos e lobby pela segurança do trânsito, poderemos oficializar a sociedade em 50%. Caso queira oficializar desde já, pode ser feito também. Mas, aí estaria entrando em uma sociedade de uma empresa endividada e inoperante.

Phernandho, eu tenho certeza de que juntos chegaremos aonde você nunca imaginou onde pudéssemos chegar. Por isso, não agüento esperar e quero textos como parte de trabalho de um sócio, com os mesmos interesses que os meus.

Espero que entendas que na situação em que a empresa se encontra, ou age-se assim, ou enterra-se logo de vez.

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Kais Ismail, produtor publicitário e empresário, colabora com esta Agência Assaz Atroz.

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Depois de os pardais do TSE aplicarem multas indiscriminadas contra Lula e Dilma, muda as regras de exigência de identificação do eleitor

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Cantanhede: Última esperança de Serra é Dilma perder voto por causa da exigência de documentos no TSE

Miguel do Rosário

Essa aí me deu um calafrio na espinha. Incrível o cinismo desses caras. Eles mencionam a possibilidade de um segmento inteiro da população ser privado de um direito político fundamental, e acham que isso é válido e positivo para garantir uma eventual vitória de um candidato...

Eliane Cantanhede, em sua coluna de hoje, cita a declaração de Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, para lembrar que a exigência de dois documentos, decretada em cima da hora pelo TSE, dirigido por "jênios", pode afetar e mudar o resultado eleitoral deste ano. E fala isso sem a mínima emoção, como se fosse uma coisa normal.

Segue o trecho da coluna em que ela fala dessa possibilidade:

A esta altura, a oposição luta não para ganhar, mas para garantir segundo turno. Se depender só dos programas, é improvável. Mas há outros fatores em jogo, e um deles, como lembra Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, é a exigência de dois documentos para votar - o título de eleitor mais um outro com foto. Isso pode gerar alguma quebra de voto para Dilma no Nordeste e entre a população de baixa renda. Se ela disparar, é bobagem. Mas, se a margem para vencer no primeiro turno for estreita, qualquer tremelique pode fazer diferença.

Com o massacre que se delineia no horizonte, é bem provável que essa exigência não faça diferença nas eleições majoritárias. Mas isso não exime o TSE desta odiosa irresponsabilidade. A lei foi sancionada pelo presidente Lula, e visa combater fraude eleitoral. Mas a sua aplicação para esta eleição é responsabilidade do TSE, que deveria tê-la transferido apenas para 2012, dando tempo ao Estado e aos cidadãos para se adaptarem a mudança.

O dia hoje está com MUITA notícia importante. Tive até que deixar de lado a análise estatística do Datafolha. Vamos fazer o Clipping desta terça-feira.

Analista do Estadão: quanto mais Serra aparece mais perde votos

Merval ainda não largou o osso. O colunista do Globo ainda tem uma tênue esperança. Sua teoria, coitado, de "estados" e "regiões" tucanas desmanchou-se no ar em poucos dias. Sua coluna de hoje é para explicar porque esses lugares que seriam, em tese, "tucanos", estão votando na Dilma.... Sua esperança é essa: "Se houver segundo turno em Minas, e Alckmin vencer no primeiro turno em São Paulo, é possível que Serra tenha uma performance melhor num eventual segundo turno frente a frente com Dilma."

O Jênio, o preparado, o fodão, queima o restinho de ponte que poderia levá-lo a alguma espécie de futuro político. Depois de ofender o presidente do Irã, Bolívia e Venezuela, Serra ofende as centenas de parlamentares que apoiam Dilma. Lula fez isso quando o PT nunca havia sido governo e o próprio presidente admite, humildemente, que dizia muita bravata. Serra não tem desculpa. Esfomeado, quer apenas comer a xepa da feira, os votinhos rancorosos e alienados.

Ainda o papo de dossiê. O tema é frio, sobre o xarope do Eduardo Jorge, cujos documentos fiscais, para a mídia, são mais interessantes que a vida sexual de Mick Jagger; na falta de outro assunto, continuam apostando nele. Hercule Poirot, detetive da Agatha Christie, foi contratado para desvender esse mistério: qual o interesse de Dilma em fazer dossiê contra Mick Jagger, quer dizer, contra Eduardo Jorge?

Hummm.... Vê esse twitter do Gardêncio Torquato, analista eleitoral:

Pô, quem não tinha experiência era o Lula, que nunca tinha governado nada. Dilma foi ministra chefe da Casa Civil, manda-chuva dentro do governo. E o PT de hoje é muito experiente que no passado. Essa história de falta de experiência não cola.

Mauro Paulino, diretor do Datafolha, dá conselhos para a campanha de Serra e descobre que os eleitores do tucano são mulheres de olhos azuis que moram em Blumenau.

Lula vai às portas de fábrica em São Paulo.

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terça-feira, 17 de agosto de 2010

CURTA PORTUGUÊS GANHA LEOPARDO DE OURO

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Rui Martins - do Festival de Cinema de Locarno, Suíça

Apenas um filme de língua portuguesa foi premiado pelo júri do Festival de Locarno – Uma História de Mútuo Respeito.

Terminou hoje [14/8], depois de dez dias de projeções de filmes de todo o mundo, o Festival Internacional de Cinema de Locarno, com a cerimônia de entrega dos prêmios Leopardos de ouro e de prata.

Os brasileiros Helena Ignez e Ícaro Martins, diretores do filme Luz nas Trevas, que estreou no Festival de Locarno, como uma continuação do Bandido da Luz Vermelha, só ganharam um prêmio de um grupo paralelo de críticos de cinema, o prêmio Boccalino. Nenhum prêmio foi concedido ao filme brasileiro pelo júri oficial.

O mesmo ocorreu com Ricardo Targino, diretor do curta-metragem Ensolarado. Mas o cinema de língua portuguesa ou lusófono teve seu prêmio, o Leopardo de Ouro de curta metragem foi para Uma História de Mútuo Respeito, codirigida pelos jovens portugueses Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt em Brasília e nas Cataratas de Iguaçu. O curta-metragem de 23 minutos fez parte da paralela Leopardos de Amanhã. Ambos já tinham sido premiados no festival IndieLisboa com o Media Recording por esse mesmo filme.

Confirmando ser um festival de filmes de autor, o Leopardo de Ouro para filme de longa-metragem foi para o filme chinês Han Jia, Férias de Inverno, de Li Hongqi, com conversas e debates entre quatro jovens sobre temas como o amor e sua influência sobre os estudos e a importância da formação escolar.

O prêmio especial do júri foi para Morgen, ou Amanhã. Filme romeno de Marian Crisan, que trata da questão da imigração ilegal dentro da União Européia. Nelu, um velho romeno, trabalha como segurança num supermercado e, nas folgas, vai pescar. É na pesca que encontra um imigrante turco ilegal, e o leva para casa. Os dois não se entendem por falarem idiomas diferentes, o romeno e o turco, mas a única coisa que Nelu entende é que Nelu quer ir para a Alemanha. Curiosidade, o diretor Marian Crisan confessou, em Locarno, que seu ator turco é imigrante clandestino na Romênia.

O prêmio de melhor direção foi para o canadense Denis Côté, com o filme Curling, onde o personagem principal é esquizofrênico e mantém sua filha isolada totalmente do mundo, sem ir à escola e sem ter amigos, desenvolvendo comportamentos estranhos diante de certas situações. O ator desse filme Emmanuel Bilodeau ganhou o prêmio de melhor interpretação, enquanto o prêmio de melhor atriz foi para a sérvia Jasna Duricich, do filme Beli Beli Svet, rodado numa cidade mineira da Sérvia, onde a miséria leva seus habitantes a viverem dramas e tragédias como o incesto.

Na Piazza Grande, onde uma média de 6 mil pessoas viu, à noite ao livre, num telão de 300 m2, 16 filmes, foi premiado pelo público o filme israelense de Eran Riklis, O Responsável Pelos Recursos Humanos, contando as complicações para o enterro de uma cristã ortodoxa morta em Jerusalém num atentado kamikase.

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A estréia do novo diretor, Olivier Père, na direção do Festival Internacional de Locarno, foi considerada como bastante positiva pela crítica de cinema e se pode falar numa boa safra. Porém, se os espectadores puderam ter bons filmes, tanto na Piazza Grande com seu telão de 300 m2 como nas paralelas e na retrospectiva com filmes de Ernst Lubitsch, ficou difícil se prever sobre os prováveis ganhadores dos leopardos de ouro e de prata.

Na lista dos prováveis vencedores está o excelente filme italiano Pietro, de Daniele Gaglianoni, tendo no papel principal Pietro Casella, que poderia ganhar facilmente o prêmio de melhor ator não fôsse a presença de Michel Bouquet, num filme concorrente. É a história de um deficiente mental, pouco acima da debilidade, que distribui publicidade nas ruas e com isso consegue manter seu irmão viciado em drogas. Pietro é vítima do seu irmão que o ridiculariza diante dos amigos, para rirem. Filmado em Torino, mostra a desumanidade a que são submetidos os simplórios e como podem, de repente, reagir.

Se Periferic, filme romeno, não for premiado, é quase certo que sua atriz, Ana Ulari, ganhará. O filme trata de uma detenta com liberdade por um dia para ir ao entêrro da mãe, porém, aproveita para recuperar uma soma de dinheiro, deixada com o irmão e o ex-amante. É um dia muito particular para a prisioneira Matilda, que espera fugir com o dinheiro para outro país e recuperar seu filho, que vive num internato. Rejeitada pela família, tenta obter, sem êxito, do ex-amante o dinheiro que lhe deixara ao ser presa, Na discussão, provoca um acidente de carro, o amante morre e ela se apossa do dinheiro, vai buscar o filho, mas descobre ser um delinquente e prostituto. Mesmo assim, parte com ele, rumo à liberdade. Porém, seu filho, aproveitando-se do momento em que ela dorme no trem, rouba todo dinheiro e desaparece, pondo assim fim ao seu sonho de liberdade.

Outro provável é o filme rumeno Morgen, Amanhã, de Marian Crisan, que trata da questão da imigração ilegal dentro da União Européia. Nelu, um velho rumeno, trabalha como segurança num supermercado e, nas folgas vai pescar. É assim que encontra um imigrante turco ilegal, que leva para casa. Os dois não se entendem por falarem idiomas diferentes, o rumeno e o turco, mas a única coisa que Nelu entende é que Nelu quer ir para a Alemanha. Curiosidade, o diretor Marian Crisan confessou, em Locarno, que seu ator turco é imigrante clandestino na Rumênia.

Haverá um prêmio para O Pequeno Quarto (La Petite Chambre) das suíças Stephanie Chuat e Veronique Raymon ? Elas mostram o veterano Michel Bouquet, no papel de um idoso que não quer ir ao asilo, mas que resmunga e rejeita a enfermeira que vem cuidar dos seus remédios. Ela mesma, a enfermeira, tem o problema psíquico de não aceitar ter nascido morto seu filho. A próxima morte do idoso, cujo apartamento o filho esvazia para vender ou alugar, enquanto seu pai estava se tratando de uma queda no hospital, e a morte do recém-nascido são o tema em torno do qual giram as personagens. Após a projeção pública, o filme uma estrondosa salva de palmas, quase standing ovation. O excelente Michel Bouquet será o ator premiado ?

Bas fonds é um filme de gritos de mulheres, que vivem num apartamento sem móveis, sem limpeza. São duas irmãs e a amante da irmã mais velha, mais gritona e mais mandona. A linguagem é de carroceiro, de baixaria, de palavrões, como se duas dessas mulheres tivessem sido acometidas de histeria. Quando o trio adota um cachorro encontrado na rua, o cachorro é o único que parece normal no apartamento. A maldade e o clima de loucura acabam levando duas delas a abatem, sem motivo, um padeiro, numa padaria vazia por ser ainda madrugada. A diretora do filme, Izild Le Besco, se inspirou num caso de real assassinato, mas foge de qualquer interpretação política do seu filme.

E a essa lista deve-se acrescentar Luz Nas Trevas, de Helena Ignez e Ícaro Martins, e o filme sérvio Beli Beli Svet já comentados.

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Rui Martins é ex-correspondente do Estadão e da CBN, após exílio na França. Autor do livro “O Dinheiro Sujo da Corrupção”, criou os Brasileirinhos Apátridas e propõe o Estado dos Emigrantes. Vive na Suíça, colabora com os jornais portugueses Público e Expresso, é colunista do site Direto da Redação. Colabora com o Correio do Brasil e com esta nossa Agência Assaz Atroz.

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sábado, 14 de agosto de 2010

SANATÓRIO GERAL

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Fernando Soares Campos

Quem não sabe a verdade é apenas ignorante; mas quem sabe e a esconde é criminoso” – frase atribuída a Bertold Brecht, alemão, poeta, dramaturgo, filósofo nas horas cheias e humanista. Porém, naquele 16 de dezembro de 1988, dia em que eu completava 39 anos de idade, quem estava me fazendo recordar essa máxima brechtiana, nas páginas da Folha de Pernambuco, era um rapaz chamado Valdir Isidoro, à época colaborador-articulista do jornal.

Antes daquele dia, eu acreditava que não esconder a verdade consistia apenas em espalhar a nossa verdade aos quatro cantos do mundo, tentando fazer prosélitos que nos acompanhasse sob os encantos da verdade nossa de cada espelho. Bom, isso aí, conforme aquilo que recente eu havia compreendido, não passa de intelectualismo pedante, metido a cavalo do cão que pasta livros e ditos, e arrota regras, planos, metas, direitos e deveres, comportamentos, éticas e moralismos, que deveriam ser religiosamente aceitos e praticados... pelos outros, claro.

Eu conhecia essa e outras frases de Brecht, mas daquela vez estava lendo uma delas como se fosse pela primeira vez. Isso porque, tempos antes daquele dia, eu e meus amigos costumávamos citar o pensador alemão nas mesas de bar, entre chopes e xixis, acreditando que bastaria conhecer a verdade e dela falar para nos redimir de culpas ou nos omitir de responsabilidades diante da realidade em que vivíamos. No entanto, em meio à ressaca do dia seguinte, aceitávamos a cruel realidade da vida com as cores de uma verdade objetiva, pessoal e intransferível, como cada um de nós enxerga o mundo.

Cheguei ao Recife em 1984 com o ânimo de um sobrevivente de guerra resgatado de um campo de concentração, necessitando de cuidados especiais para reaver as perdas do corpo e da alma. Mas logo entendi que perdas, sob estados beligerantes, só se verificam no corpo. A alma perdidosa é aquela que se espoja nos prazeres de um corpo ganhador de bem-estar muito acima, e em detrimento, do estar-bem dos seus semelhantes.

Uma vez na capital pernambucana, eu e os membros do núcleo familiar que formamos aqui no Rio de Janeiro fomos morar na Bomba do Hemetério, nos tornando vizinhos de familiares e amigos de minha mulher-companheira da vez. Esta que me acompanha até os dias atuais.

Não demorou muito, e os bombemeterianos perceberam, conforme poderiam compreender, que a maneira como eu me comportava divergia, em muitos aspectos, da maneira como vivem os indivíduos adaptados ao que se convencionou chamar de regras sociais. Para os menos experientes, seria eu um indivíduo marcado por alterações comportamentais caracterizadas pelo descontrole dos mecanismos mentais que fazem um indivíduo humano adaptar-se ao meio em que vive. Ou seja, para quem ainda não compreende que somos todos diferentes uns dos outros, aqueles que lhe parecem muito diferentes são considerando doentes mentais, “doidos”. E doidos deveriam ser tratados por especialistas em doidices, também chamados de psiquiatras.

Por tudo isso, paguei um preço muito alto: fui internado numa clínica psiquiátrica chamada Dr. Luiz Inácio, onde me torturaram, doparam e até ensaiaram tentativas de me eliminar de vez. Escapei de morrer porque outros internos interferiram, me tirando das mãos de quem tentava me estrangular. Como as agressões aconteceram em momentos de descontração, sem qualquer motivo aparente, imaginei que aquilo era coisa mandada e arquitetada por mentes doentes que mantinham e dirigiam aquela casa de “saúde”.

Em 1986, recebi alta e voltei à convivência de familiares e amigos, na Bomba do Hemetério.

Em crônica de minha autoria, lida neste programa Violência Zero levado ao ar em 6 de fevereiro último, informo: “Fiquei dois anos e meio internado. Quando recebi alta, no final de 1986, não sabia o que fazer com a liberdade, havia perdido o hábito de conversar com as pessoas “normais”. Minha mulher, pernambucana, criada no Recife, tinha algumas amigas que costumavam vir nos visitar. Foi aí que uma dessas amigas de minha mulher me convidou para participar de um movimento comunitário, um grupo que se reunia na escola do bairro e que se denominava Movimento de Reivindicação da Bomba do Hemetério. Aquilo era tudo o que eu precisava.”

Além das experiências no âmbito da militância comunitária, o contato humano me ajudava a me harmonizar com a realidade e a verdade relativa dos fatos.

Foi aquela comunidade que me resgatou para a convivência saudável, isso de maneira gradativa e, de certa forma, traumática, como acontece em casos como este, me fazendo enxergar o mundo através de novos olhares, novas experiências, e consciente de que a verdade de cada um de nós só se torna verdadeira quando compreendemos e respeitamos as diferenças entre os indivíduos. E isso não significa nem mesmo que o indivíduo se adapte aos sistemas, mas que ele os compreenda e possa, em conjunto, produzir idéias, artes, técnicas e até novas normas de relacionamento.

Bom, gostaria eu de encerrar esse ligeiro striptease da alma dizendo o quanto sou grato ao povo da Bomba do Hemetério. Até gostaria de citar nominalmente alguns dos mais próximos, mas isso é praticamente impossível, pois são tantos que consumiria todo o tempo deste programa. Por isso escolho apenas um casal, de quem me lembro com o carinho que dedico a todos os bombemeterianos. Trata-se de Seu Manoel Gomes e Dona Eunice, estejam eles ainda morando no Alto Santa Terezinha ou bem mais ao Alto. Recebam, amigos, o meu abraço através dessas caridosas almas que dignificam a todos aqueles que tenham a felicidade de desfrutar de suas amizades.

P.S.: Quando esta crônica estiver sendo lida pela Sulamita, amanhã, no programa Violência Zero, levado ao ar pela Rádio Olinda, nas ruas da Bomba do Hemetério, eu estarei em Minas Gerais, visitando amigos. E isso provavelmente me poupará de derramar mais umas lágrimas, como aconteceu no fechamento deste texto. E eu sou lá bobo de ficar aqui ouvindo o frevo explodir em mil e um tons enquanto eu me derreteria em lágrimas?! Segura essa, maestro Gil!




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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

LOCARNO DÁ LEOPARDO A ALAIN TANNER

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Rui Martins - do Festival de Locarno, Suíça

O Festival de Locarno reparou uma velha injustiça cometida pela sociedade suíça contra um de seus melhores cineastas – deu o Leopardo de Ouro a Alain Tanner, cujo primeiro longa-metragem tinha sido discretamente proibido na Suíça.

Um dos maiores cineastas suíços, Alain Tanner foi marginalizado e rejeitado durante algumas décadas dentro da Suíça por ser um homem politicamente de esquerda e por ter feito filmes que desagradavam o establishment suíço.

Essa rejeição teve sua recíproca por Alain Tanner, que obrigado a fazer alguns de seus filmes fora da Suíça, nunca escondeu sua aversão pela sociedade helvética. Só nos últimos anos, Tanner foi reconhecido pela sociedade suíça e o Festival de Cinema de Locarno acaba de lhe entregar um Leopardo de Ouro por sua obra. Mas é necessário se destacar que Locarno foi exceção na Suíça. Pois seu filme Charles mort ou vif tinha ganhado o Leopardo de Ouro em 1969.

Por uma coincidência da vida, conheci Alain Tanner há quase 40 anos, em Paris, logo no início de meu exílio. Passava pelo Quartier Latin, quando vi num dos seus pequenos cinemas, na rua de La Huchette, um simples aviso na porta – Cinema Suíço, hoje Charles mort ou vif, de Alain Tanner. Entrei a tempo de pegar o começo do filme.

Era agosto ou outubro de 1969, não me lembro exatamente, e Paris ainda vivia a atmosfera deixada pela revolta estudantil de 1968. O filme de Tanner tinha sido feito dentro do espírito contestador de maio-68 e mostrava a ruptura de um suíço com o sistema, internado a seguir numa clínica psiquiátrica por sua família inconformada. Charles mort ou vif foi a chave para eu entender a sociedade suíça, seu racismo latente que, em 1970, iria detonar o movimento A Suíça para os Suíço, do líder nacionalista de extrema-direita, anti-imigrantes, Schwarzenbach. Sua hipocrisia do segredo bancário, exploradora dos países pobres que seria contada em 76, no livro de Jean Ziegler, Uma Suíça Acima de qualquer Suspeita.

Terminado o filme, Alain Tanner, naquela época um jovem de 40 anos, explicou como tinha sido o movimento estudantil de 68 na Suíça e respondeu perguntas do curioso público ali reunido.

Ao contar a Alain Tanner essa minha experiência, neste festival de Locarno, ele revelou um fato que me era desconhecido. O filme Charles mort ou vif, considerado por mim uma autêntica obra-prima do cinema, tinha sido praticamente proibido de exibição na Suíça mesmo sem uma declaração oficial a respeito. Tanto que, para ser exibido, foi preciso seus produtores e ele próprio entrarem com um processo contra os distribuidores suíços que, reunidos em cartel, tinham bloqueado seu filme.

Para se ter uma idéia dessa rejeição, é como se o Pagador de Promessas, de Glauber Rocha, tivesse sido proibido de passar no Brasil na época da ditadura, coisa que os militares não ousaram fazer. Mas a Suíça tranquilamente fez e ousou com Tanner. E Charles mort ou vif só foi exibido discretamente na Suíça, nos anos 80. Era o troco dos banqueiros e donos do poder suíço ao Tanner marxista, que se suspeitava pertencer ao partido comunista em plena guerra-fria.

INCESTO E RETORNO AO CRIACIONISMO EM LOCARNO


Clonagem e incesto apimentam o filme Womb, no festival de Locarno, mexendo em genética e provocando controvérsia.

Para os fundamentalistas religiosos, ardorosos defensores da teoria criacionista do casal Adão e Eva, para explicar o surgimento da espécie humana, desde os evangélicos ortodoxos aos judeus talmúdicos e árabes islamitas, a pergunta mais difícil de responder é com quem se casavam, para não se dizer transavam, os filhos do legendário casal?

Ora, supondo-se terem sido Adão e Eva o pai e mãe da humanidade, também fazem parte do criacionismo dois tabus atuais para as religiões – o clonagem e o incesto. Mesmo se Eva não é uma cópia de Adão, teria havido clonagem, pois a Bíblia fala que depois de ter criado Adão com o barro, Deus teria criado a mulher de uma costela de Adão.

E o fato dos filhos e filhas se casarem entre si, sem se omitir a possibilidade de Adão ter filhas ou netas amantes assim como Eva teria filhos e netos amantes, mostra que no princípio do mundo bíblico, o incesto era coisa comum, sem se esquecer das filhas de Lot que, após a destruição de Sodoma e Gomorra e a transformação da esposa de Lot em estátua de sal, tiveram de « dormir » com o pai para assegurarem descendência.

O cineasta húngaro Benedek Fliegauf dirigiu a coprodução germano-húngaro-francesa Womb, um estranho filme rodado na Frísia, na Alemanha do norte, próxima da Dinamarca, onde vive uma mãe isolada do mundo com seu filho. A história é uma ruptura dos tabus do clonagem e do incesto, com belas imagens mesmo se a economia de diálogos cria insatisfação.

É uma história de amor entre duas crianças, Rebecca e Thommy, interrompida pela mudança dos pais de Rebecca para o Japão. Cerca de doze anos depois, Rebecca vai ao encontro de Thommy, mas ele morre logo depois num acidente, quando ambos tinham transformado o amor infantil em adulto e se preparavam para o futuro.

Inconformada com a perda, Rebecca consegue se engravidar de seu namorado por clonagem e para evitar preconceitos se isola num litoral deserto, onde vive quase exclusivamente para seu filho, que cresce igual ao seu namorado do passado.

E, ao chegar aos vinte anos, o inesperado ou esperado acontece – Rebecca se apaixona pelo filho e, talvez movido por uma memória genética, Thommy 2 também se sente atraído pela mãe como se fora a namorada do passado. E transam. Porém, ele um jovem de 20 anos, diante do risco de se tornar amante da mãe de mais de 40 anos, decide partir. Sentada diante da praia e acariciando seu ventre de grávida, Rebecca está grávida do próprio filho.

O tema do filho que dorme com a mãe tinha também sido usado num de seus filmes pelo cineasta francês Louis Malle. E já foi tema de tragédia grega.

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Rui Martins é ex-correspondente do Estadão e da CBN, após exílio na França. Autor do livro “O Dinheiro Sujo da Corrupção”, criou os Brasileirinhos Apátridas e propõe o Estado dos Emigrantes. Vive na Suíça, colabora com os jornais portugueses Público e Expresso, é colunista do site Direto da Redação. Colabora com o Correio do Brasil e com esta nossa Agência Assaz Atroz.

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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

VAI DAÍ QUE O MUNDO É ASSIM

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Laerte Braga

Soldados do exército de Israel roubaram aparelhos eletrônicos apreendidos nos navios da flotilha da paz. Pretendiam vendê-los. É típico de forças armadas braço do terrorismo de estado, incentivado e cultuado pelos comandantes. É comportamento padrão do Estado de Israel.

A comissão que vai investigar o assunto, entre outros, inclui como vice-presidente, o narcotraficante Álvaro Uribe, ex-presidente da Colômbia. Responsável por massacres de líderes de oposição, cumplicidade com organizações de extrema-direita e pela entrega da soberania de seu país aos Estados Unidos.

Por curiosidade, assim que Uribe deixou a presidência, a Suprema Corte colombiana anulou o tratado militar celebrado com os norte-americanos. Não obedeceu aos chamados trâmites legais. Sete bases militares para combater o narcotráfico e manter a ordem no país. Segundo alguns dos juízes a Colômbia e suas instituições são capazes de combater o tráfico e manter a ordem.

O diabo é o tipo de ordem que gostam de manter.

Em Honduras, o governo farsa de Pepe Lobo mata em média um opositor por dia e na quarta-feira uma criança de seis anos foi seqüestrada e levada a uma prisão. O que uma criança de seis anos pode causar de dano a uma ditadura disfarçada de democracia não sei.

Uma húngara de dezenove anos está leiloando através de um canal de tevê chamado TABU a sua virgindade. Conhecida como “miss primavera”, pretende usar o dinheiro para pagar uma dívida imobiliária de sua mãe – casa própria.

Recusou uma oferta de 100 mil libras de um cidadão da Grã Bretanha. É que o cara além da virgindade queria um relacionamento. “Miss primavera” quer apenas pagar a dívida da mãe e evitar que a família fique sem casa.

“É só por uma noite, não quero um marido, quero pagar a dívida. Ele será o nosso salvador”. O leilão da virgindade vai até o dia 25 de agosto. E todas as medidas da moça estão disponibilizadas no site da tevê que promove o leilão.

A Hungria era um país governado pelos comunistas até o fim da União Soviética. Hoje é o que chamam de democracia.

Lembra o jogador Petkovic quando perguntado por Ana Maria Braga, especialista em coisa alguma, sobre como era nascer num país comunista, pobre e onde as pessoas sofriam. A resposta dele: “Não, nós tínhamos emprego, educação e o que comer, a fome, o desemprego e a pobreza começaram depois com o fim do comunismo”.

Se não existisse o tal de louro, seria inventado na hora.

Demétrius Russ, de 21 anos, negro, foi preso em Indianápolis nos EUA, estado de Indiana, pois estava falando ao telefone celular com as calças abaixadas e a cueca aparecendo.

Uma pesquisa feita nos EUA mostra que 18% dos norte-americanos acreditam que o presidente Barak Obama seja muçulmano. Obama havia autorizado, e depois recuou, a construção de uma mesquita nas proximidades do que foi o World Trade Center.

O Partido Republicano continua governando os EUA e o ódio se soma ao imperialismo capitalista numa espécie de governo mundial, diagnóstico de Fidel Castro, na sabedoria de um líder que não se curvou em momento algum. E a poucas milhas marítimas de Miami, centro mundial do tráfico, das grandes máfias, a Chicago contemporânea.

Era lá que o brasileiro Sérgio Naya tinha um hotel de luxo e tomava champanhe em taças de cristal, que depois atirava contra as paredes. Não as paredes dos prédios que construía, essas caiam a matavam pessoas.

Uma das séries de tevê mais populares no mundo inteiro, CSI – Criminal Scene and Investigation – exibiu um episódio em que uma empresa se dedica à cultura de transgênicos e no desprezo absoluto pela vida humana, pelo ser humano, permite que a contaminação de uma determinada espécie de milho gere botulismo em 1% dos que consomem o tal milho. A justificativa do presidente da empresa é que o índice é baixo e por isso os benefícios são imensos. Botulismo mata.

Na série o presidente da empresa vai responder judicialmente pelo crime. Algumas pessoas morreram com a doença. Na vida real a MONSANTO deita e rola no Brasil e países latinos de um modo geral.

E a senadora Kátia Abreu, do DEM, presidente da Confederação Nacional da Agricultura, se refestela em dinheiro público desviado para suas campanhas eleitorais.

Mais ou menos como as Granjas Carrol, geradoras da gripe suína. Perseguida em alguns estados do império, foi deitar ramas no México, colônia mais próxima dos EUA.

Chamam isso de agronegócio. Interessante é que no episódio de CSI a revolta é também de um pequeno agricultor que cismou de continuar a cultivar produtos orgânicos. Por “coincidência” o agricultor é negro.

Negros somos todos no desprezo e no terrorismo capitalista, discriminados e tratados como selvagens, na selvageria de soldados mercenários contratados por empresas privadas, por sua vez contratadas pelo Pentágono para libertar o mundo de “terroristas”.

Nas horas vagas se dedicam ao saque, ao tráfico de drogas e mulheres, assim como os soldados de Israel torturam, estupram e matam palestinos, além de lhes roubar a terra e agora, a ajuda humanitária.

Deve haver alguma explicação, penso eu, pois é o povo eleito de Deus, então...

Como a arte imita a vida, ou a vida imita a arte, agentes de saúde dos EUA, sempre eles, fizeram o recall de 380 milhões de ovos (como não sei, mas a notícia é que fizeram) contaminados com a bactéria salmonela, tudo com elevado rigor tecnológico, mais ou menos como aquela máquina de alimentar trabalhadores de um dos filmes magistrais de Chaplin. “TEMPOS MODERNOS”.

Os moradores dos estados da Califórnia, Colorado e Minnesota foram atingidos por um surto provocado pela bactéria.

A preocupação com cidadãos comuns nos EUA está sumindo desde o governo Bush de maneira mais acentuada. Cada dia mais os EUA transformam-se em EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A. Não é uma criação de Ian Fleming. A SPECTRE perde longe para a nova organização, e olha que é ficção e a AL QAEDA é fichinha nessa história.

No Brasil, onde pontifica a mídia colonizada e servil, mas regiamente paga, o narrador esportivo Galvão Bueno, que se imagina uma espécie de enviado divino, não erra nunca, tem razão em tudo, declarou que a rede onde trabalha, a GLOBO (onde mais?) deveria mandar no futebol brasileiro, pois “ela paga as contas”.

Os diretores da dita rede, que não noticiam nada que contrarie os “nossos amigos americanos”, palavras do robô William Bonner (penúltima geração de puxa-sacos), paladinos da “democracia”, transferiram o primeiro jogo da semifinal da Libertadores da América para o mesmo dia e horário em que a rede concorrente – e aliada – BANDEIRANTES, promovia um debate entre alguns dos candidatos a presidente da República.

Com certeza, até o dia das eleições, alguns dossiês especialmente contratados para agradecer a José Arruda Serra a doação de terreno público em São Paulo, algumas caravanas para iludir e mentir e no final a culpa vai ser do Irã, e de Chávez.

Cá para nós, recall de ovos é um trem difícil de entender. Bota difícil nisso.

Quem estiver interessado em miss primavera, a moça da virgindade, é só tentar o site da tevê TABU e fazer uma oferta. Madona levou cinco milhões de dólares aqui num papo de duas horas. Apagou incêndio provocado por bombeiro.

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Vídeo Maria da Conceição Tavares





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Laerte Braga é jornalista. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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O ESTILO BONNER E DILMA

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Urariano Mota

A maioria dos brasileiros observou o comportamento agressivo de William Bonner contra a candidata Dilma Roussef no Jornal Nacional. Aquela entrevista mereceria mais o nome de cilada, ou armadilha, se surpresa houvesse no caráter do apresentador. Mas não, se o homem é naquilo que ele faz, o âncora deus-nos-acuda há muito é um ser revelado.

Um breve perfil de William Bonner não deixaria de notar, em primeiro lugar, que ele é um jornalista medíocre. Surpresa? Não, ainda não. Em um meio em que a primeira condição de sucesso é não ter muitas ideias, e, de preferência, nenhuma, Bonner seria medíocre por estar na média. (Na mídia, ele diria.) Depois, de passagem, na sua média mediocridade seria notado e anotado que ele possui uma fidelidade, não a do gênero canino, porque os cães, até mesmo eles, sofrem lapsos de confiança quando atacados pelo vírus da raiva. Bonner é um jornalista de fidelidade maquinal, de obediência automática ao comando do nome Marinho. Surpresa? Não, ainda não. Os astros da Globo mantêm isso como um distintivo, um crachá que atravessa o peito e atinge a própria alma, como um sinete de qualidade.

Então, se tudo nele é médio, por que o seu alto cargo, de editor do Jornal Nacional? Antes que responda, “bem, alguém tinha que ocupar”, poderia responder que ele obedece à lei geral de, para aparecer na tela, o jornalista deve possuir um ar de bom moço, que mantenha aparências de dignidade mesmo quando chancele as maiores canalhices. O rosto simpático e nome de galã de filme B longe estão de um específico, de um caráter, digamos. Ainda que este parágrafo venha a lhe dar um aumento de salário e promoção na empresa Globo, devo dizer: o específico de William Bonner vem da rara condição de que ele é cria, criado e criatura da ilha de edição do Jornal Nacional. Um algo que somente pode viver e sobreviver naquela redoma, um ser que dorme com a sua apresentadora e acorda com a vinheta, a logomarca e a voz de anúncio, “Jornal Nacional !”. William Bonner ali não trabalha, ele é, somente é, somente pode ser ali.

Bonner e o Jornal Nacional são uma só e uma mesma coisa. (Nova promoção para o rapaz.) Isso explica por que ele, WB, e JN sejam capazes de coisas inomináveis, sem engulhos, sem trauma ou vinco no rosto. Quem assiste ao Jornal Nacional percebe que o mundo ali vem desmontado entre caras e bocas, em dramatização de telenovelas. Chega-se ao limite do uso de trilhas sonoras, como todos devem lembrar das imagens editadas dos desastres e tragédias de aviões. Planos, tomadas, cortes, luzes, a revolta dos passageiros, a indignação dos parentes...

[Assaz Atroz um pouquinho adiante do momento em que UM escreveu este texto]

Lembram? Em cada edição, eram mostrados capítulos de telenovela, como breves documentários, como autênticos momentos-verdade, como um conjunto de imagens espetaculares, fogo, choro, convulsões, desespero, e reconstituições por recursos de computador, que misturados à narração do... repórter... eram uma aula, uma lição de insuflar emoção nas... reportagens. Lágrimas, choros, prantos, fotos de crianças mortas, de jovens sem vida no vigor dos seus anos, e a culpa toda, insinuada e declarada, era do caos aéreo, e de Lula.

De carniceiro de tragédias, como no acidente da TAM, à última “entrevista” com a candidata Dilma Roussef, quando ele, WB ou JN, submeteu uma pessoa digna a vexames e interrupções o tempo todo, para que ela não falasse, nem completasse um só pensamento, há uma reta inflexível da máquina William Bonner. Assim como ele repetiu de outra maneira, na entrevista com a candidata Marina, ontem, quando fez dela parede para bater no PT, a falar do mensalão, mensalão,mensalão. E, justiça seja feita, a moça da ecologia Natura até que aceitou o ventríloquo e sparring. Ali, ele não era Bonner. Ali era Ali, Kamel. Ali ele não era Bonner, se é que alguma vez tenha sido tal apelido e nome “artístico” antes se chamar Jornal Nacional.

A esta altura, enquanto escrevo este artigo, não sei como será a entrevista com o vendedor de ilusões Serra, logo mais à noite. “Não sei” é modo de dizer. Mas sei, porque bem posso imaginar, que sempre é uma forma de saber, quando imaginamos em cima da experiência observada. O bravo William Bonner, ou o Jornal Nacional, fingirá que pergunta, enquanto Serra fingirá que responde, de surpresa. Assim manda a experiência de outras campanhas e edições WB ou JN. Surpresa? Não, mais uma vez não. A diferença é que desta vez, com a liberdade da web, todo o Brasil perceberá a farsa do teatrinho manipulador Jornal Nacional.
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Urariano Mota, escritor e jornalista, autor de “Soledad no Recife” (Boitempo – 2009) seu último romance, indicado como um possível livro do ano pelo conceituado site Nova Cultura, elaborado e administrado na Alemanha, com os destaques literários da CPLP - Comunidade de Países de Língua Portuguesa. É colunista do site Direto da Redação colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz e edita o blog SAPOTI DE JAPARANDUBA


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Filme brasileiro Luz nas Trevas já é o escolhido para prêmio independente no Festival de Locarno

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Filme brasileiro Luz nas Trevas foi aplaudido na projeção para o público do Festival de Locarno, neste fim da tarde, na Suíça. Com roteiro de Rogério Sganzerla é uma continuação do Bandido da Luz Vermelha, codirigido por Helena Ignez, viúva de Sganzerla, e Ícaro Martins.

Rui Martins* - do Festival de Locarno, Suíça

O público aplaudiu o filme brasileiro Luz nas Trevas, no Festival de Locarno, onde foi visto por cerca de duas mil pessoas. Os aplausos foram ao fim da projeção no pavilhão Fevi. Por sua vez, críticos de cinema que entregam todos os anos um prêmio independente, o Borsalino, já escolheram Luz nas Trevas, pelo filme em si e também por ser continuação da obra de Rogério Sganzerla.

Helena Ignez, co-diretora do filme com Ícaro Martins, considera-se desde já satisfeita com a acolha dado ao filme, mesmo antes da exibição, pela imprensa e pelo reconhecimento da obra e renome de Rogério Sganzerla. Indagada sobre o estilo adotado nas filmagens e montagem de Luz nas Trevas, Helena Ignez disse não ter seguido Orson Welles, seguido por Sganzerla, mas seu estilo próprio, e citando Caetano Veloso, disse que a melhor maneira de ser parecida com Sganzerla é a de ser completamente diferente.

«Essa opção autoral veio com o meu trabalho de 35 anos de vida cinematográfica com Sganzerla, de modo que foi natural. Luz nas Trevas é meu segundo filme, o outro foi Canção de Baal, premiado em Trieste, na Itália, por contribuição à linguagem cinematográfica

Helena Ignez conta que, no Brasil, o Bandido da Luz Vermelha vem sendo descoberto pela nova geração, pela sua crítica e por ser um cinema voltado para o futuro. «Numa viagem à Nova Zelândia, há três anos, diz ela, recebi um prêmio pelo reconhecimento da obra de Sganzerla e do Bandido da Luz Vermelha, colocado entre os cinquenta melhores filmes do século XX.»

O filme Luz nas Trevas retorna à questão da corrupção e injustiça no Brasil, pois na época do Bandido da Luz Vermelha havia o lema ademarista do «rouba mas faz» e numa das cenas se vê a frase «o crime não compensa, para os pobres». Ela acha que alguma coisa tem mudado mas ainda existe corrupção. «A corrupção no Brasil tende a ir desaparecendo, porém vemos que ainda existe»

Helena Ignez não fixou ainda a data da estréia de Luz nas Trevas no Brasil, pois agora vai atender aos convites de diversos festivais. A distribuição no Brasil será pela Pandora Filmes, que vai esperar a exibição nos festivais estrangeiros.

Na entrevista com a imprensa, Helena Ignez quis desfazer o que considera uma confusão, pois embora o filme seja considerado como integrante do movimento marginal da Boca do Lixo, acha que isso não corresponde à realidade. «Foi a Boca do Lixo que se apropriou do Sganzerla, mas ele mesmo não fazia parte desse movimento».

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Assaz Atroz recomenda o vídeo...

Fotograma - Ney Matogrosso Luz nas trevas A volta do bandido da luz vermelha

Luísa Sequeira entrevista Ney Matogrosso sobre a participação na longa-metragem Luz nas trevas A volta do bandido da luz vermelha, um filme de Helena Ingês e Ícaro C.Martins.

Quarenta e um anos depois, foi finalizado Luz nas Trevas A Revolta da Luz Vermelha, uma seqüência do primeiro filme.

Entrevista com a realizadora Helena Ignês e Ícaro C. Martins e com a produtora Sinai Sganzerla.

O Bandido da Luz Vermelha é um filme brasileiro de 1968, do gênero policial, dirigido por Rogério Sganzerla e baseado na vida do famoso criminoso João Acácio Pereira da Costa, o "Bandido da Luz Vermelha", é considerado o maior representante do cinema marginal. Sganzerla tinha apenas 22 anos quando realizou o filme.



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*Rui Martins é ex-correspondente do Estadão e da CBN, após exílio na França. Autor do livro “O Dinheiro Sujo da Corrupção”, criou os Brasileirinhos Apátridas e propõe o Estado dos Emigrantes. Vive na Suíça, colabora com os jornais portugueses Público e Expresso, é colunista do site Direto da Redação. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

OS PORTOS E AEROPORTOS [e escrotos]

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[Clique na imagem para ampliar]

Laerte Braga

O ex-governador de São Paulo José Arruda Serra deu ênfase a dois aspectos em sua participação no debate promovido pela REDE BANDEIRANTES, quarta, dia quatro de agosto, isso além do tema saúde, que lhe valeu o “diploma” de hipocondríaco dado por Plínio de Arruda Sampaio, candidato do PSOL.

Arruda Serra falou dos recursos destinados às APAES e no dia seguinte o governo colocou em toda a mídia os valores repassados àquelas ONGs. Arruda Serra havia mentido. Entrou de sola na questão de portos e aeroportos, já que as fronteiras chamadas secas têm vigilância internacionalmente reconhecida como eficiente.

Na campanha eleitoral de 2006 os tucanos aliados ao grupo GLOBO e através da REDE GLOBO, criaram a chamada “Caravana da Cidadania”, onde exibiam os problemas do País e quase sempre com a presença do candidato Geraldo Alckmin.

Pedro Bial, o dos heróis do BBB, correu parte do Brasil exibindo problemas, ausência de ação governamental e como não poderia deixar de ser inventando fatos e problemas inexistentes, ou distorcendo.

Os portos foram alvo das atenções de Bial. Os comentários “técnicos” ficavam por conta de Miriam Leitão. Bonner entrava com a expressão de desolado, com peninha das pessoas atingidas pelos ditos problemas.

No caso do Paraná, porto de Paranaguá, investiram feio sobre irregularidades e congestionamento, necessidade de ampliação, modernização, etc., o discurso de sempre. A GLOBO apostava na candidatura do senador Osmar Dias contra o governador Roberto Requião, candidato a um segundo mandato.

Requião agüentou o tranco, ganhou a eleição no olho mecânico e naquele mesmo dia, em entrevista coletiva à imprensa, chamou Miriam Leitão de mentirosa (não foi desmentido, pelo contrário, a GLOBO falou em engano), Bial de mentiroso, referiu-se à mídia de seu estado como mentirosa, a um jornalista que tentou defender o patrão chamou de “puxa-saco” e explicou um dos fatos, uma das mentiras, distorções, invenções.

Na tal Caravana da Cidadania Pedro Bial e sua equipe filmaram um dos terminais do porto de Paranaguá cedido à CARGILL, empresa privada, multinacional, ligada inclusive ao agronegócio, como área de congestionamento e retrato da suposta falta de modernização do porto.

Eram dois os objetivos. Primeiro criar na opinião pública a idéia que o porto precisava ser privatizado (Miriam Leitão defendeu esse ponto de vista, tudo montadinho, ajeitadinho, tipo passe para deixar o centro-avante na cara do gol) e segundo desmoralizar o governador Requião por não permitir que transgênicos fossem exportados por Paranaguá.

No dia seguinte ao da bronca de Requião, a GLOBO desculpou-se com o tradicional “cometemos um erro”, ou coisa que o valha.

Ao referir-se a portos e aeroportos com capacidade superada, necessidade de modernização, etc., Arruda Serra está dizendo lá do fundo, implicitamente, que precisam ser privatizados.

As duas portas de entrada do Brasil, portos e aeroportos, privatizadas, entregues a empresas multinacionais e pronto, a troca pura e simples da grafia da palavra BRASIL. Passa a ser grafada assim, BRAZIL.

Vai ser mais ou menos que nem bueiro da Light no Rio, explode e mata.

Quando da inauguração do RODOANEL em São Paulo, a toque de caixa para ser exibido como obra de Arruda Serra, nos primeiros dias notou-se que o dito cujo tremia. A quadrilha QUEIROZ GALVÃO, que alguns insistem em chamar de empreiteira, foi convocada pelo governador Arruda Serra para verificar os motivos dos tais balanços, digamos assim, e para não dar na pinta, não deixar que o assunto ganhasse o domínio público, disfarçou seus engenheiros e técnicos de mendigos para que pudessem aferir o que de fato estava acontecendo e verificar as providências necessárias para corrigir o problema.

Passaram cerca de uma semana, engenheiros e técnicos, vestidos de mendigos, medindo o impacto do trânsito de veículos no RODOANEL e recomendando as providências para o “treco” não cair.

É o estilo Arruda Serra de ser mentiroso. Dissimulado. Traiçoeiro.

No domingo, dia dos Pais, o candidato Arruda Serra, ao contrário de todos os outros, não tinha agenda. Nem aliados querem saber dele. O jornal THE GLOBE, na versão brasileira, O GLOBO, anuncia em manchete de segunda-feira, dia nove, que os tucanos captaram menos recursos que a candidata do PT para suas respectivas campanhas. É indício claro que a turma está correndo de Arruda Serra, o típico, manda dizer que eu viajei só volto depois de outubro.

Aécio Neves, através do presidente estadual do PSDB de Minas, ao ser questionado sobre seu empenho na campanha de Arruda Serra mandou um recado claro – “acha que está ruim, então vem para cá fazer melhor”.

Arruda Serra é pilantra de quatro costados (não existe tucano que não seja)

Toda aquela conversa com os olhos estatelados de Jânio Quadros abstêmio é só para fingir que está preocupado com os portos e aeroportos, como se o caos aéreo não fosse essencialmente culpa das empresas privadas, mas doido para entregar tudo, dar de bandeja.

Só faltou falar como Collor, em nova “abertura de portos”.

As tevês no Brasil costumam exibir em suas “sessões cinematográficas” o filme MISSING, com Jack Lemon e que mostra o drama real de um pai e uma mulher cujo filho e marido foi assassinado pela ditadura de Pinochet no Chile.


Preso, foi levado para o Estádio Nacional de Santiago, onde várias execuções aconteceram no dia do golpe contra Allende mesmo. Entre os presos estava José Arruda Serra, supostamente comunista, ou de esquerda. Estava exilado no Chile. Foi o único a ser solto, quase que imediatamente.

Como? Interferência de FHC através da MERCEDES BENZ, empresa que no Brasil financiou a OBAN – OPERAÇÃO BANDEIRANTES – que pretendia, torturava, estuprava e matava presos políticos. Os corpos eram desovados como vítimas de atropelamento pelos caminhões da FOLHA DE SÃO PAULO. E entregues às famílias em caixões lacrados, e a proibição expressa de abri-los (agentes da ditadura permaneciam nos velórios o tempo inteiro). FHC estava no Chile e não foi molestado, era deles.

José Arruda Serra é muito mais que um político corrupto, venal, é uma figura repulsiva, causa asco em sua covardia, seu jeito dissimulado, cai-lhe bem o apelido de Vampiro.

Jânio uma vez vestiu-se de motorneiro de bondes. Quem sabe Arruda Serra não sai de mendigo, como os engenheiros e técnicos da QUEIROZ GALVÃO e repete aquela história de que “sou pobre”, etc. etc.

Não era Collor que não tinha um aparelho de som, só uma vitrola antiga por falta de dinheiro?

Nessa conversa fiada de portos e aeroportos está doido para ver tremulando as bandeiras de empresas estrangeiras nos portos e aeroportos brasileiros e de quebra, a norte-americana.

A propósito, Plínio de Arruda Sampaio é bem mais que um político decente, uma figura respeitável sob todos os aspectos. Conhece essa história do Chile, à época estava exilado por lá, só não fazia parte da turma de FHC. MERCEDES BENZ, FUNDAÇÃO FORD, o de sempre.

A diferença entre bom e mau caráter.

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terça-feira, 10 de agosto de 2010

O MOVIMENTO HIPPIE PASSOU PELA MINHA COZINHA

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Urda Alice Klueger

Às vezes, pessoas jovens com quem convivo me perguntam se eu fui hippie. Eu fico me questionando: fui? Não fui? Bem, eu não botei a mochila nas costas e fui para as estradas, como os hippies faziam, nem sentei em praças a fazer artesanato, nem vivi em fazendas comunitárias – na verdade, em todo o tempo em que as coisas estavam acontecendo, eu continuei a levar uma vida de pequena burguesa, em Blumenau, primeiro estudando, depois trabalhando e estudando, e sei que o meu pai jamais deixaria que eu botasse a mochila nas costas e saísse pelo mundo.

Por outro lado, eu estava ligadíssima em tudo o que acontecia: era adolescente quando chegaram as primeiras notícias sobre o movimento hippie, e quase fiquei adulta antes que ele terminasse. Minhas antenas estavam todas voltadas para aqueles jovens que estavam botando em xeque todos os valores pré-estabelecidos, que estavam derrubando tabus e preconceitos, e tudo o que eu queria na vida era ser como eles. Na verdade, absorvi ao máximo a filosofia hippie, e quando me perguntam se fui hippie ou não, acabo pensando cá comigo : "De uma certa forma, eu sou hippie até hoje!"

Daí, um dia, logo depois de 1970, o movimento hippie chegou em Blumenau. Os hippies tinham rotas pré-estabelecidas: do Rio desciam para a Ilha do Mel/PR, e de lá a Florianópolis, e de lá enveredavam para o Rio Grande do Sul e a Argentina, e depois iam conhecer mais coisas na América do Sul, e acabavam voltando ao Brasil via Bolívia. Em algum momento, no começo da década de setenta, eles colocaram Blumenau nessa rota, e foi lindo!

Eles chegavam sem pressa a Blumenau, e hospedavam-se num hotelzinho da Rua Ângelo Dias chamado Hotel Braz, e passavam os dias na escadaria da Igreja Matriz, fazendo os mais diferentes tipos de artesanato, e tocando violão, e compondo poemas, e filosofando e se curtindo, e eu daria um braço para poder ficar lá com eles - só que, pequena burguesa que era, tinha que ir trabalhar.

Nos finais de tarde, porém, parava diante da escadaria da Igreja, e ficava de papo com eles. Surgiram amizades daí, e os hippies começaram a ir lá em casa jantar. Meus pais tinham se mudado para a praia, e eu e minha irmã Margaret morávamos num "apertamento" na Rua XV de Novembro 1398, a principal de Blumenau. Com certeza, se morássemos, ainda, com nossos pais, as coisas teriam sido diferentes – mas em pleno movimento hippie blumenauense, Margaret e eu estávamos morando sozinhas - uma maravilha!

Nosso "apertamento" virou ponto de jantar de muitos hippies – porque eles estavam sempre indo ou chegando de algum outro lugar, e as amizades não duravam muito tempo. Estávamos, naquele tempo, num período de baixíssima inflação, e tínhamos bons salários, o que resultava em esmerados jantares feitos de camarão e outras coisas boas.

Nossos amigos andavam sempre meio esfomeados, e era um prazer cozinhar para eles. Nós entrávamos com a comida, e eles entravam com as histórias, e quantas histórias tinham para contar! A maioria deles tinha viajado muito, e contavam para nós as coisas do Brasil e da América, e alguns tinham viajado inclusive pela Europa, e era um nunca acabar de contar coisas. Discutíamos música e coisas filosóficas, falávamos mal da guerra do Vietnã e dos preconceitos da sociedade – eram noites estimulantíssimas!

Naquele tempo, porém, se dormia cedo. Meia noite era uma hora tardia, e era por essa hora que eu anunciava :

– Gente, hora de dormir! – e nossos amigos se despediam e iam escada abaixo, mas quantas coisas e quantas experiências nos deixavam! Quantas coisas, na minha vida de hoje, ainda são influenciadas por aqueles papos e por aquele tempo! Eram doces amigos que foram educados e gentis, sequer alguma vez acenderam um baseado na nossa cozinha. E como os mais velhos falavam mal deles! Acho que fui uma felizarda pelo contacto com eles. E afirmo, hoje, com orgulho, que o movimento hippie passou pela minha cozinha!

Urda Alice Klueger é escritora, historiadora e doutoranda em Geografia pela UFPR. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz.
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A Editora Hemisfério Sul Ltda. comunica que já está nas melhores casas do ramo o livro “Caos e cosmos: uma proposta de futuro” de autoria do escritor Raul Longo. O livro conta com orelha da cientista social Sandra Tolfo e teve ainda cuidadosa revisão gramatical de Daise Fabiana Ribeiro, saindo com primorosa capa de Johnny H. Kamigashima.

Sobre o autor:

Raul Longo nasceu em 1951 na cidade de São Paulo. Em 1968 foi publicado pela revista Recreio da Editora Abril, dando inicio a colaborações em roteiros de historias em quadrinho, crônicas, artigos e reportagens.

Residiu em Salvador, Recife, Campo Grande, Rio de Janeiro e Ubatuba e viajou por diversos países da América Latina. Desde 1997 se considera “uma pipa desgovernada que o vento sul encostou à Ponta do Sambaqui, em Florianópolis”.

Em 1978 foi um dos vencedores do Concurso Nacional de Literatura Unibanco e o conto premiado tornou-se roteiro de uma comédia cinematográfica.

Em 1979 publicou o livro que escrevera durante sua estada na Bahia: “Filhos de Olorum – contos e cantos de Camdomblé”. No ano de 1982 recebeu o Prêmio Miguel de Cervantes, cujo prêmio foi uma viagem ao Chile, onde escreveu o livro de poesias “A Cabeça de Pinochet”.

Em Campo Grande, no ano de 1980, realizou o I Seminário Indigenista do Mato Grosso do Sul. Produziu livros de contos, poesias, novelas, romances, crônicas e peças de teatro, que são publicados/as no Brasil e em outros países e continentes.

Diz Sandra Tolfo a respeito do livro:

Estamos vivendo um momento de grande desafio social, no que tange às questões ambientais. Deparamos-nos com uma encruzilhada e precisamos escolher, rapidamente, para que lado queremos ir: se optamos pela via da continuidade e seguimos com a destruição de nossas “reservas de vida”, ou optamos pela via da sustentabilidade, onde possamos encontrar um novo caminho.

Em Caos e Cosmos: Uma proposta de futuro, Raul Longo, vem propor de forma lúdica esse debate. Nesta obra, seres de outro planeta olham para a Terra preocupados com o que nós estamos fazendo com o planeta azul, resolvendo, assim, intervir de alguma maneira para que nossas atitudes mudem, e decidem usar este livro para isso.

Sem sombra de dúvida, este é um livro intrigante, um livro desafiador, bem ao estilo da escrita de Raul Longo.

Caos e Cosmos é, por isso, um belíssimo livro, que deve ser lido por todos, principalmente pelos adolescentes, por trazer, em especial a eles, o desafio de construir uma proposta de futuro para a espécie humana e para a manutenção da vida em nosso planeta.

Lançamento:

O lançamento acontecerá às 20:00 horas do dia 13 de agosto de 2010, na festa do Cachorro Louco, na sede do Espaço Cultural Baiacu de Alguém, situado na entrado do Bairro Santo Antonio de Lisboa, Florianópolis – SC.

O livro tem 78 páginas e custará 25,00 reais o exemplar. ISBN 978 -85-86857-42-3 Editora Hemisfério Sul Ltda. – Blumenau – SC.

Contatos:

Editora Hemisfério Sul Ltda.
hemisferiosul@san.psi.br
(47) 3035-3181

Raul Longo
pousopoesia@ig.com.br
(48) 3206-0047

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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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O obscuro mundo branquinho, branquinho dos mineiros da Sérvia no Festival de Locarno

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Rui Martins - para a nossa Agência Assaz Atroz

O cineasta sérvio Oleg Novikovich afirma, no início do encontro com a imprensa, que seu filme Beli Beli Svet (na competição no Festival de Locarno) não é político, mas sim de relações humanas e amor, porém, não nega o evidente, as questões sociais nele mostradas, e seu epílogo, inspirado de tragédia grega, é um canto coral operário, onde se ouve «nossa mãe é a miséria e nossa irmã a pobreza»

O cenário é a cidade de Bor, região mineira sérvia, que, como em outros países, reúne os operários subterrâneos, unidos, corajosos, mas isolados e sujos. A pobreza crônica faz com que seus problemas familiares acabem por se transformar em dramas cotidianos, com as frustrações e decepções alimentadas pelos pequenos vícios dos operários – o álcool de má qualidade, cerveja barata e cigarro de arrebentar peito. Se resta um pouco de energia, depois de sair dos buracos das minas, faz-se sexo familiar ou sexo avulso que pode se transformar em tragédia. Ou simplesmente se amarga alguma decepção amorosa.

Essa situação de cidade mineira se tem agravado, comenta o cineasta, com a implantação do capitalismo (a Sérvia foi um dos últimos países a deixar o comunismo na Europa) «como está ocorrendo atualmente em todo mundo». Para ele, Bor, antes era uma cidade em desenvolvimento, hoje é uma cidade devastada e decadente, típica de uma fase pós-industrial, com as minas abandonadas e a poeira colada nos tetos e paredes das casas dando-lhe um aspecto de ruína geral.

«De certa forma, essa decadência é provocada pelo capitalismo selvagem e sua globalização, diz Novikovich, pois é o mesmo quadro que se vê em outros países. Mas não considero este filme um filme negro, pois os personagens querem encontrar uma maneira de viver sua vida e exercer sua energia vivante».

Nesse quadro, há o personagem central apelidado de King, que emigrou quando jovem, retornou alguns anos depois e comprou um bar. Solitário, de poucas palavras, tem uma moto e uma história sombria – tivera um caso com a mulher do seu melhor amigo, a crise levou-a a matar o marido e a ser condenada a alguns anos de prisão. Libertada, um tanto envelhecida, pensa em ficar com King, mas sua filha, jovem alcoólica e rebelde, a precede.

Só que sua mãe guardara um segredo, revelado tarde demais – ficara grávida na época de sua infidelidade e sua filha Ruzica não era filha do marido, mas do amante. Ruzica vivia, portanto, um caso de amor carnal, forte, violento, mas incestuoso com o próprio pai, que, ao saber, se suicida. Um drama da classe operária, no fundo conservadora, submissa aos seus tabus e incapaz de transgredi-los como na mitologia grega.

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[Indicação de vídeo p/Assaz Atroz: http://www.youtube.com/watch?v=zmVO_Dia91A
Vídeo postado no Youtube, sem descrição do conteúdo; arriscamos dizer que se trata de trecho do filme Beli Beli Svet que concorre no Festival de Locarno]
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Rui Martins é ex-correspondente do Estadão e da CBN, após exílio na França. Autor do livro “O Dinheiro Sujo da Corrupção”, criou os Brasileirinhos Apátridas e propõe o Estado dos Emigrantes. Vive na Suíça, colabora com os jornais portugueses Público e Expresso, é colunista do site Direto da Redação. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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Para melhor entender Beli Beli Svet, assista...



Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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Eles não contavam com programas do tipo Bolsa Família

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JEAN VALJEAN

Lúcia Nobre(*)

Era um rapazinho quando tentou roubar um pão na padaria. Seus sobrinhos estavam com fome e ele não encontrou diferente alternativa. Ficou preso durante dezenove anos. Pagou pelo crime da intenção de levar o pão. Vivia com a irmã que não tinha condições de alimentar os filhos. Resolveu aliviar a fome dos sobrinhos e não deu certo a tentativa.

Quando saiu da prisão procurou um local para jantar e dormir. Mais uma tentativa frustrada, ninguém na cidade o acolheu. Não poderiam acreditar em alguém que havia sido acusado. Ele era uma afronta àquela sociedade. Não encontrando pousada, deitou-se em um banco da praça vencido pelo cansaço. Passou uma senhora e o convidou para acompanhá-la. Ela tinha certeza que alguém o acolheria. Levou-o a casa do patrão que o recebeu com boa vontade. O dono da casa mandou servir o jantar ao homem, tratando-o como um ilustre convidado. Que fosse colocada a melhor toalha e a prataria que só era utilizada em momentos especiais.

O hóspede estava feliz com a cordial acolhida. Além do bom tratamento, tomara uma sopa gostosa e quentinha, coisa rara em sua vida. O anfitrião colocou o homem para dormir no quarto de hóspedes, vizinho ao cômodo que guardava uma prataria valiosa. No outro dia, logo cedo, o homem parte e nem se despede. A prataria permaneceu no mesmo lugar. O hospedeiro mandou procurar o homem e lhe presenteou o conjunto de utensílios de prata. Aconselhou que vendesse. Daria para sua sobrevivência por algum tempo. O homem levou a prataria, agradeceu e partiu. Recomeçaria uma nova vida, longe dali.

Mesmo em outra cidade a polícia perseguiu o homem e o prendeu. Estava levando algo valioso. Na opinião do policial, os objetos preciosos eram frutos de roubo. Uma vez ladrão, sempre ladrão. O homem não desejava terminar seus dias em uma prisão. Fugiu e foi para outra cidade com nome falso e disfarce. Trabalhou e ajudou aos necessitados. Foi eleito prefeito da cidade. Novamente foi descoberto pelo policial que o perseguia. A prisão do prefeito tornou-se um escândalo na cidade. Em menos de duas horas esqueceram o bem que praticara.

O homem evadiu-se da cadeia, procurou uma pessoa de sua confiança e mandou entregar ao bispo os dois castiçais que dele ganhara. Pede que esse pague o seu processo e ajude os pobres. Mais uma vez parte para escapar do policial. Não almejava tal sina. Valjean será sempre perseguido.

Victor Hugo 1802-1885. Já falava a linguagem do tempo presente, ou seja, do nosso tempo. Acontecimentos de sua época repetem-se hoje. Sua obra reflete com profundidade a condição humana e todos os níveis da sociedade, dos nobres aos excluídos. Suas personagens possuem vida própria, são capazes de denunciar miséria, injustiça e necessidade de construir um mundo melhor. E os mensageiros atuais? Fazem sua parte? Plantam a semente do bem na tentativa de construir um mundo melhor? Segundo Freud, o escritor criativo devaneia e transpõe para sua escrita as coisas como ele acha que deveriam ser.

Do livro "Os miseráveis" de Victor Hugo.

Alagoas [de Graciliano Ramos] na Net

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(*)Maria Lúcia Nobre dos Santos, professora da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas e Rede Municipal de Ensino de Maceió. Autora do livro “Do índio a Collor”. Sergasa, 1992: resumo dos principais acontecimentos políticos, econômicos e sociais do Brasil. Especialização e Mestrado em Letras. Área de Concentração: Literatura Brasileira/UFAL. Dissertação do Mestrado: “A recriação do sertão no verso e na prosa - A harmonia da arte popular e erudita: uma incursão na tradição cultural brasileira na contística de Guimarães Rosa”, UFAL, 1999. Redação que se transformou no livro: A Arte Rosa do Popular ao Erudito. Edufal, 2000. Articulista, colabora com revistas e jornais impressos e internéticos. Perfil mais amplo de Lúcia Nobre pode ser lido no Portal Maltanet

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