segunda-feira, 23 de julho de 2012

Merval faz guerra "decente", e Guerra tenta fazer a "paz" dos PSDBestas

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STF: imprensa prepara espetáculo da carta jogada

O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, e o jornalista Merval Pereira tocam instrumentos diferentes, mas nada impede que atuem na mesma fanfarra quando o assunto é a proximidade do julgamento do chamado "mensalão". Anos a fio, cada qual no seu campo específico, foram companheiros da banda de música do consórcio demotucano. Não surpreende, assim, a total semelhança entre o artigo do colunista, publicado no jornal O Globo, em 12 de junho, e a declaração de Guerra sobre uma suposta ofensiva do PT e do ex-presidente Lula contra o Supremo Tribunal Federal (STF), que representaria uma ameaça ao regime democrático.

“Vivemos um momento grave. Uma crise institucional. A democracia no Brasil está ameaçada. O Lula e o PT ameaçam o STF e o Procurador-Geral da República. Isso nunca aconteceu na história do país" (Sérgio Guerra, no encontro de pré-candidatos da legenda).

"Alegando que o “monopólio da mídia” quer condená-lo a qualquer custo, Dirceu exige um “julgamento técnico”, mas, no discurso, diz que “este julgamento é uma batalha política” que “deve ser travada nas ruas também”, marcando não apenas a contradição entre suas palavras e atos, mas, sobretudo, uma ameaça de pressão ilegítima de forças do aparelho partidário sobre o Supremo Tribunal Federal nunca vista antes" (Merval Pereira, em sua coluna de 12/06, no diário da família Marinho).
O jornalista, um imortal sob encomenda, toca violino e o deputado arrisca no bumbo. O jornalista tenta lidar com o vernáculo simulando fluência e elegância, esgrimindo sua cantilena com graciosa malignidade. Já o estilo do deputado está mais para manifesto udenista às vésperas de golpe. Mas o colunista e o parlamentar estacionam na mesma calçada da crítica veemente aos que insistem em denunciar o enredo midiático do "escândalo" e seus melancólicos intérpretes.


Fica a impressão de que ambos se apressam a dizer o que os outros querem ouvir com sofreguidão de primeiro da classe na hora da prova da chamada oral. Mas esta lição aprende-se depressa, como veremos abaixo. O jornalismo, como já definiu Bernardo Kucinski (2000:173), "é intervenção, é conhecimento em ação: implica escolhas, opções, direções a seguir, com diferentes consequências" [1]. E bem conhecemos as escolhas da nossa imprensa partidarizada e seus métodos.

Bem mais que os 300 volumes da Ação Penal 470, estão novamente em questão a imprensa e seu poder de agenda. As regras do xadrez determinam que o rei não pode ficar em xeque e, para escapar à ameaça do mate, a mídia corporativa terá de se movimentar com intensidade no tabuleiro político.

Voltam à ribalta os arrazoados de seus Torquemadas, repletos de incongruências, adjetivações fáceis e contorcionismos de estilo. Ressurge uma sucessão de relatos que nunca comportaram o princípio do contraditório. Em suma, o que os ministros da mais alta Corte do país têm que superar é, acima de tudo, produto de um jornalismo de ilações e invenções, obra de manipulação contextual e de acusação sem apuração.

Uma farsa que, como já tive oportunidade de escrever aqui mesmo, espera averbação judicial que legitime sua narrativa. Ou melhor, uma força que pretende legislar, submetendo o Judiciário aos mesmos constrangimentos impostos ao Executivo e ao Legislativo.

Querer não é necessariamente poder. E é justamente na distância entre esses dois verbos que repousam, agora, as preocupações do baronato midiático. Dela darão conta, além de Merval Pereira e outros articulistas, cientistas políticos e juristas de viés ideológico conhecido. O que teremos em telas e páginas? A intensificação de processos conhecidos. Métodos de desinformação que decorrem de uma escolha ético-política.

Teremos a multiplicação dos títulos inexatos ou tendenciosos para uma notícia fielmente escrita; uso tendencioso de aspas e adjetivos; editorialização do noticiário; distorção de fatos, mantendo uma parte da verdade, de modo que a inexatidão proposta pelo resto da notícia pareça verossímil; simulação de objetividade e desequilíbrio de informações.

A grande imprensa não só exerce a desinformação como também a utiliza como um código, uma gramática normativa dessa prestidigitação diária. Os nossos bravos "cães de guarda" sabem que devem se ater a esse conjunto de normas que sofre permanentes reajustes e atualizações. Disso depende o prestígio no campo jornalístico e a própria manutenção do emprego. Sabem que o verdadeiro diploma que o patronato quer é um atestado diário de fidelidade à ideologia das corporações.

Merval Pereira, o nosso "imortal" de coletânea, teria, como seus pares, condições para ser cidadão da modernidade. No entanto, como fiéis súditos de Macunaíma preferem alimentar o discurso primitivo de um Sérgio Guerra qualquer. No fundo, todos se merecem. Conluiados no propósito de desestabilizar o governo, nos próximos dias estarão empenhados em sair do ridículo e reinventar a roda. Um exercício inútil.

NOTA
[1] Kucinski, Bernardo. Jornalismo Econômico.São Paulo, Edusp, 2000.

*Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz.

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Corrupção, mensalão e eleição

Existem três tipos de corruptos.

1- o flagrado, filmado, gravado, testemunhado, documentado etc, 2 – o acusado, julgado e condenado sem nenhuma prova pela imprensa – seja pra vender mais jornal, seja para derrubar presidentes, e 3 – o corrupto desconhecido que, portanto, só vai nos interessar quando for descoberto.

Os 38 réus a serem julgados a partir de 2 de agosto pelo Supremo Tribunal Federal, foram reunidos num pacote de processos batizado de “mensalão” durante o festival pirotécnico de factóides promovido pela imprensa em 2005. Quem não se lembra que durante mais de 6 meses, acusações sem provas, palpitaria novelesca e uma enxurrada de sensacionalismo barato inundaram as páginas de todos os jornais, revistas e canais de TV acusando, julgando e condenando o governo Lula de cabo a rabo? Foi uma bola de neve sem pé nem cabeça que paralisou o governo, derrubou ministros e quase conduziu o país a um desastre institucional.

Nem impeachment, nem fracasso, Lula venceu, convenceu e manteve o projeto de governo avançando nas mãos de Dilma. 7 anos depois, num Brasil mudado para melhor, surgem muitos sinais da inconsistência do formato e conteúdo daquelas acusações.

(Enviado à nossa redação por Roni Chira, autor do artigo e editor do blog O que será que me dá, a título de colaboração. Clique no título e leia completo.)
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COMUNICADO DA VILA VUDU SOBRE O CÂNCER DO JAGUAR



Rimos até as 5 da manhã, ontem, relendo O Pasquim -- votamos e decidimos que temos a coleção completa, somando-se todos os jornais e revistas e livros velhos de todos, por aqui -- pensando no Jaguar.
Lembramos que a mulher do Jaguar que nós conhecemos, bela poeta de haikais e de poesia erótica da boa, chama-se Olga Savary.

Lembramos que um dia, depois de jantar em casa, um dos nossos (de fato, foi uma das nossas), em surto de entusiasmo poético, deu de presente à Olga Savary, arrancado na horinha da própria prateleira, o livro CURTIUS, Ernest Robert. Literatura européia e Idade Média latina. Rio de Janeiro: INL, 1957, magnífico livro, magnífica tradução, magnífica erudição de alemão erudito magnífico, magnífica edição do Instituto Nacional do Livro, que nossa companheira ganhou de presente do namorado que mais amou na vida, com dedicatória e data.
(Clique no título para ler completo. Recebido por e-mail da redecastorphoto. Acesse o blog da rede e leia (quase) tudo sobre os conflitos no Oriente Médio, em geral traduções de textos dos mais qualificados jornalistas, escritores e intelectuais estrangeiros, versões elaboradas pelo Coletivo de Tradutores da Vila Vudu)

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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA


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