domingo, 29 de outubro de 2017

Fábula: "O pintassilva aquilino e o urubu-atucanado travestido de condor"

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"O pintassilva aquilino e o urubu-atucanado travestido de condor" 

por Fernando Soares Campos 

Portal do jornal russo Pravda, versão em português 
CPLP » Brasil - 29.10.2017

Trecho:

Naquela época, o Reino Unido do Pau-Brasilis vivia sob o governo de um urubu-atucanado travestido de condor. A turba depôs o urubu-atucanado que nada tinha de condor, mas, sim, condottiere, e o pintassilva-aquilino assumiu os destinos do reino.

O aventureiro urubu-atucanado havia deixado a nação no mais lamentável estado de penúria, um miserê nunca antes experimentado pelos reino-unidenses, também conhecidos por paus-brasileiros. Durante o reinado do urubu-atucanado, o Reino Unido do Pau-Brasilis tornara-se submisso aos ditames da Fauna Mamífera Internacional (FMI) e empobrecido pela pilhagem a que os autóctones comparsas do monarca entreguista se aventuraram durante muitos anos, saqueando os cofres públicos e vendendo quase todo o patrimônio do Reino a preço de banana na hora da xepa.

Em quase uma década de reinado, o pintassilva-aquilino havia conseguido resgatar grande parte dos pardais, rolinhas, bem-ti-vis, sabiás e tantas outras espécies que, durante séculos, de geração a geração, viviam em extrema pobreza, verdadeiramente escravizados. Toda a fauna miúda, que nunca antes na História havia tido a atenção dos governantes, agora frequentava universidades, escolas técnicas, tirava férias e já nem precisava se desgastar batendo asas para percorrer longos percursos, pois passou a viajar confortavelmente de avião, comprava em shopping e dormia sob ar condicionado.


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O abismo brasileiro - A concentração de riqueza aprofunda a ferida nacional
por Guilherme Boulos [*]
CPLP » Brasil - 25.10.2017
Trecho:
Os números apresentados pelo estudo A Distância Que Nos Une, da Oxfam, são chocantes: a riqueza dos seis maiores bilionários brasileiros equivale à dos 100 milhões mais pobres. Considerando o 0,1% mais rico, seu rendimento [NR] em um mês é o mesmo que um trabalhador com ganho de um salário mínimo receberia em 19 anos. Difícil explicar pela meritocracia uma desigualdade tão gritante.


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