
André Lux, jornalista, crítico-spam, como ele se auto-intitula, costuma escrever, ou nos repassar, textos que enfocam questões relacionadas com as causas populares, destacando, quase sempre, os embates provocados pelos choques de interesse entre aqueles que trabalham e os que preferem explorar o trabalho alheio; os que fazem dos organismos políticos instrumentos de cidadania e os que transformam a política em instrumento de opressão e meio de manutenção dos seus privilégios. André Lux é, portanto, um desses cidadãos que a gente torce para que se multipliquem por este Brasil e mundo afora.
Mas estávamos sentindo falta de seus abalizados comentários sobre cinema, uma de suas paixões. Hoje, porém, fomos brindados com mais uma de suas análises sobre produção cinematográfica.
A equipe Assaz Atroz e os nossos leitores agradecem.
Fernando Soares Campos
Editor-Assaz-Atroz-Chefe
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"BASTARDOS INGLÓRIOS"
EXERCÍCIO DE ESTILO INTERMINÁVEL
O Filme tem duas ou três cenas engraçadas, mas é só. No final, não passa de uma chatice de um diretor que já perdeu a mão, não tem mais nada a dizer e limita-se a ficar namorando o próprio umbigo.
André Lux Quentin Tarantino enfrenta a mesma sina de todos os ex-garotos prodígios de Róliudi. Depois de ter feito duas obras geniais (“Cães de Aluguel” e “Pulp Fiction”), começou a se repetir na tentativa de reinventar a roda novamente. Mas, assim como “Jackie Brown” e “Kill Bill”, esse seu último longa “Bastardos Inglórios” também não apresenta nada de novo para o seu currículo, tornando-se meramente um interminável exercício de estilo do cineasta.
Novamente citando inúmeras obras cinematográficas do passado e imitando descaradamente o estilo do diretor Sergio Leone, Tarantino perde um tempo incrível construindo longas sequências que terminam quase sempre de forma abrupta e sem graça. Ou seja, muito diferente do vigor inventivo e chocante de “Pulp Fiction”. Não sabe nem mesmo aproveitar os Bastardos Inglórios do título, um comando que caça e trucida nazistas. Até as cenas de violência, marca registrada do diretor, parecem forçadas e gratuitas.
Outro problema que ajuda a implodir o filme é a presença de Brad Pitt, um ator limitado e canastrão que só funciona raramente em papéis que exigem o mínimo dele. Aqui ele faz o comandante dos Bastardos Inglórios, um personagem totalmente caricato que só funcionaria nas mãos de um ator realmente bom. É só comparar Pitt com Christoph Waltz que faz o oficial alemão caçador de Judeus. O segundo dá um banho de interpretação num personagem igualmente caricato, enquanto Pitt só consegue parecer um bobo alegre.
Irrita também a mania de Tarantino de usar músicas de outros filmes, a maioria composta por Ennio Morricone. Por que o diretor simplesmente não contrata o veterano compositor, ainda na ativa, para criar uma trilha inédita para seu filme? Sem dizer que, para os conhecedores da música do cinema, a cena é destruída porque ficamos imediatamente tentando lembrar de qual filme é aquela música!
A trama de “Bastardos Inglórios” é pífia e toda a sequência final dentro do cinema é tola e não convence nem um pouco. O mesmo pode-se dizer da escolha final do vilão nazista, totalmente sem lógica depois de toda a construção feita em cima de seu personagem.
O filme tem duas ou três cenas engraçadas, algumas boas sacadas (como chamar um dos personagens de Antonio Margheriti, que é o nome verdadeiro do diretor do trash "Yor, O Caçador do Futuro"), mas é só. No final, não passa de uma chatice interminável de um diretor que já perdeu a mão, não tem mais nada a dizer e limita-se a ficar namorando o próprio umbigo. Termina inclusive com uma frase reveladora: “Acho que essa é sua obra prima”, diz um dos personagens direto para a câmera. Mas não é mesmo!
Cotação: * *
André Lux faz parte da equipe que assessora e divulga os trabalhos do deputado Pedro Bigardi (PCdoB-SP), administra o blog Tudo em Cima (http://tudo-em-cima.blogspot.com/) e troca frequente correspondência com esta nossa Agência Assaz Atroz
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PressAA
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Um comentário:
Tarantino é um gênio,tu é um babaca.
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