Fernando Soares Campos
A equipe de humoristas da nossa Agência Assaz Atroz acompanhou atentamente a sabatina que o jornal Folha de S. Paulo aplicou no candidato do PSDB à Presidência da República, o ex-governador José Serra.
“Sabatina”, conforme nos informa um ex-ministro da Cultura, é o nome que se dá a uma “pequena tese que os estudantes de filosofia sustentavam ao fim do primeiro ano do curso”. Ou “atividade escolar, geralmente realizada aos sábados, como recapitulação da matéria da semana”. A palavra também pode ser empregada para designar a “recapitulação oral de certo número de lições através de perguntas e respostas”.
Considerando que o ex-governador de São Paulo já não frequenta os bancos escolares há, mais ou menos, não se sabe quanto tempo, deixemos de lado esses significados da palavra “sabatina”. Resta considerá-la através de uma das três outras acepções: “matéria a examinar, a discutir; tese, questão, debate”, ou “reza própria para o sábado”, ou ainda “reunião turfística que se realiza aos sábados” (só consideramos este significado como determinante das características do encontro Folha/Serra, se também levarmos em conta a questão do vice: Qual será o cavalo que vai assumir essa empreitada?).
Mas, entre os significados de “sabatinar”, que descrevem os aspectos a serem observados quando queremos especificar uma “sabatina”, também se faz alusão ao comportamento dos sabatinadores e sabatinados: “discutir miudamente e usando sofismas”.
Então, nesse caso, o leitor tem opções para estabelecer o significado mais apropriado para a tal sabatina, baseando-se no questionário elaborado pela editoria da Folha, na forma como foi feita a entrevista e no comportamento dos entrevistadores e do entrevistado.
Antes de fecharmos esta edição, consultamos mais uma vez o ex-ministro da Cultura no governo Itamar Franco, e ele tratou da questão dos sofismas: “Sofisma é argumento ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da verdade, que, embora simule um acordo com as regras da lógica, apresenta, na realidade, uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente enganosa”, garantiu o ex-ministro.
E foi assim que os humoristas desta nossa agência decidiram considerar a sabatina Folha/Serra como uma discussão miúda, mera sofistaria.
Confira os melhores momentos de Serra na sabatinada da Folha.
Serra em “Eu sou eu, Nicuri é o diabo"
Serra: “Fui eu quem introduziu. Quem inventou no Brasil a vacinação contra a gripe fui eu. Quem introduziu fui eu”.
Serra: "O eleitor deve olhar e julgar a história, a biografia. Coerência, capacidade de fazer. O Lula é muito experiente. Quando ele entrou no governo, era experiente. Ganhou na quarta vez. FH foi ministro da Fazenda e fez o Plano Real. Tinha experiência."
Serra [sobre o vice]: "Eu também tenho uma enorme curiosidade. Até o fim do mês resolve. Essa não tem sido uma questão estressante para mim nem para grande parte do PSDB. Estamos procurando fazer uma boa avaliação. Qualquer indicação acaba dando confusão."
Serra [sobre a popularidade de Lula]: "Claro que eu não temo. Imagina o escândalo que seria: "José Serra teme tal coisa". Posso dizer o seguinte: esta é uma eleição difícil. Nunca disse nada diferente disso."
Serra: "Adoraria ser um herdeiro [dos votos de Marina], mas a decisão é dos eleitores. Eu até que toparia uma tabelinha, mas não tem. Não acho que a Marina esteja fazendo algum viés. Eu me considero um ambientalista. Isso pode promover proximidades, mas não há nenhum tipo de entendimento político.
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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons
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PressAA
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