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Filmes: "A Dama de Ferro" - OS NEOLIBERAIS TAMBÉM AMAM?
Filme pretende pintar um retrato humano de Margareth Tatcher, mulher que governou seu país durante 11 anos com mão de ferro e crueldade nunca antes vistas
André Lux*, crítico-spam


“A Dama de Ferro” pretende pintar um retrato humano dessa mulher que governou seu país durante 11 anos com mão de ferro e crueldade nunca antes vistas, ao ponto de seu próprio partido (Conservador) se voltar contra ela e retirá-la do governo numa virada de mesa engendrada por seus ex-aliados.
Mery Streep tem uma atuação que está sendo bastante elogiada e concorre novamente ao prêmio Oscar da indústria cultural estadunidense, porém na minha opinião não é tudo isso. Primeiro porque é uma atuação de fora para dentro, toda baseada em efeitos de maquiagem e na cópia dos tiques e sotaques de Tatcher. Segundo, porque o roteiro não lhe dá grandes cenas e concentra-se quase todo nos últimos anos da musa do neoliberalismo, quando já sofria de demência em estado avançado, ao ponto de passar a maior parte do tempo conversando com o “fantasma” do marido morto.
Por meio de esparsos flashbacks, o filme vai mostrando sua trajetória, desde a criação familiar (seu pai pobre porém conservador - vejam que paradoxo! - teve importância fundamental na formação do caráter de Tatcher, diz o roteiro) até sua primeira vitória para o parlamento. Nesse ponto “A Dama de Ferro” resvala em uma certa ingenuidade, pintando Tatcher como uma mulher determinada que venceu o preconceito e o machismo dos homens de seu partido impondo sua visão de mundo e conquistando suas vitórias políticas.

Na vida real não me parece que isso tenha ocorrido desta forma, pois a elite econômica que dominava a política na Inglaterra pode ter muitos defeitos, mas de bobos não tem nada. Assim, é muito mais provável que tenham enxergado na tola e crédula Tatcher uma maneira de seduzir uma parte do eleitorado que era arredio à nata da sociedade, na figura daquela mulher que, embora oriunda das classes inferiores, defendia com unhas e dentes os dogmas ideológicos que serviam para manter os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres (que é o objetivo máximo do neoliberalismo).
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*André Lux, jornalista, presta assessoria na área de Comunicação Social, crítico-spam, administra o blog “Tudo em Cima”. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz.
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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons
PressAA
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