terça-feira, 18 de junho de 2013

Coquetel molotov dos pauteiros da PressAA

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Prosaico papiar de periodistas pauteiros da PressAA

― Falei pra você não embarcar naquela de que o movimento pelo passe livre era coisa armada. Mas você não me ouviu, seu turrão!

― E não era?! E não era?! Foi armado sim! Tudo começou com uma relativamente pequena armação! Era só pra queimar a imagem de Haddad e respingar em Dilma. Depois dariam continuidade. Até 2014 tem longa e tenebrosa caminhada.

― Você ainda acredita nisso depois de tudo que viu, ouviu e leu?

― Claro! Sei que as coisas tomaram novos rumos. Mas foi armado sim. Li o Luciano Martins no Observatório da Imprensa e tirei minhas conclusões. Taí um trecho da fala dele no dia sete último passado:

“Interessante notar a preocupação dos organizadores em definir seu perfil ideológico. Em sua página no Facebook.com, fazem questão de afirmar que o material "não foi feito por nenhum coletivo burguês-estudantil e sim por anarquistas insurrecionários".

“Pela rede social se pode acompanhar os relatos de manifestantes, provavelmente feitos de seus smartphones, ao mesmo tempo em que parte dos usuários critica os atos de vandalismo, enquanto outros lamentam ter que trabalhar ou estudar e não poder participar do movimento.

“A página também contém informações sobre o sistema de transporte de São Paulo, mostrando tabelas de subsídios pagos pela Prefeitura a um consórcio de ônibus que é campeão de multas e irregularidades.

“O material contido nas redes sociais digitais é mais extenso e mais diversificado do que as reportagens dos jornais, embora, por motivos óbvios, menos organizado.

“Por ali se pode observar que a causa é considerada justa pela maioria das pessoas que manifestam suas opiniões, mas há também uma condenação geral aos atos de vandalismo.

“O Passe Livre, que tem grupos organizados em várias cidades do País, se apresenta como um "movimento social autônomo, horizontal, independente e apartidário que luta por um transporte público gratuito e de qualidade, sem catracas e sem tarifa".

― Mas, dias depois, ele mesmo diz:

Essa diversidade deve incluir, por exemplo, o fato evidente de que os organizadores do Movimento Passe Livre perderam o controle de sua própria iniciativa, e que mesmo os grupos mais organizados, como os de militantes do Partido dos Trabalhadores, do PSOL, PCO e PSTU acabaram alijados da liderança".

― Perderam o controle porque os barões da mídia exageraram nas tintas. Empurraram o Alckmin e sua polícia pra cima do movimento.

― Tava cheirando a movimento tipo cansei...

― Militante do cansei não é aquele cara que engrossa movimentos oposicionistas e golpistas dizendo: “Tou cansado! Num guento mais tanta corrupção”? Aí mostra seu vigoroso cansaço pichando e depredando o patrimônio público.

― Aí, grande parte da mídia estúpida se apoderou do discurso daqueles que realmente passaram a se manifestar contra o estado de degradação dos serviços públicos e da truculência das polícias fascistas.

― Teve um apresentador de programa sensacionalista que berrou: “Olha lá! Essa marcha pra cima do Palácio dos Bandeirantes é coisa do prefeito Haddad, que jogou os manifestantes contra Alckmin”.

― O Jornal Hoje de segunda-feira fez parecer que o público no Recife passou mal para chegar e entrar no estádio. Mas as imagens mostravam sim os transportes superlotados, como em qualquer metrópole, porém um povo ordeiro... Mais que isso, feliz de poder desfrutar de alguns momentos de alegria. Os ingressos no Recife foram vendidos a mais de 90% do próprio povo pernambucano e turistas brasileiros. Antes, num caso desses, só os gringos e as elites podiam participar. Ao povo sobrava a geral. Quando muito!

― A repórter de Fortaleza, falando do jogo, parecia estar narrando o funeral de Chico Anísio, quer dizer, pior, pois no enterro deste contavam até piadas e se divertiam com as histórias do humorista. Ela falava como no funeral da princesa Diana, consternada, lamentosa.

― Mas o que aconteceu em Brasília?

― O Davis Sena Filho explica: “Além do mais, cerca de dez mil torcedores foram agraciados com entradas gratuitas concedidas pelos patrocinadores do evento esportivo, que adquiriram os ingressos junto à Fifa, o que significa que a maioria do público do jogo Brasil e Japão era composta por pessoas da classe média tradicional e da classe média alta, sendo que muitos deles convidados VIP e acostumados a viver nas altas rodas sociais”. Leia clicando em “Que povo vaiou a Dilma? Os miamiplayboys de Brasília”.


― Mas... cadê os partidos políticos? A gente não tá vendo mais faixas e cartazes com as siglas dos partidos nos movimentos. Sumiram?!

― Não. Mudaram de estratégia marqueteira, agora se vê faixas assim: “Seu filho ficou doente? Leve-o para o estádio" Protestando contra os gastos com a infraestrutura para a Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas.

― É verdade. Vi outro cartaz assim: “Com Lula, você tem TV, carro, casa, geladeira e eletrodomésticos. Da porta para dentro de casa, a vida mudou. Da porta para fora, a situação ainda não mudou”.

― Peralá! Da porta pra dentro de casa não mudou muito, não, cara! A tevê continua ligada na mídia golpista!

― Tem até fogo amigo dizendo: “Se for isso, a pauta é ótima para quem deseja a mudança social. Existe legitimidade para transformações mais profundas do que as realizadas nos últimos anos, como a recuperação do valor do salário mínimo, a elevação do nível de emprego e políticas sociais focadas”.

― Não faz muitos anos, os telejornais destacavam a bondade de empresários que concediam um emprego a um coitado entre milhares de candidatos.

― No governo do Coisa Ruim era assim. Ele mesmo chegou a dizer que a mídia estava sendo muito generosa com ele e que aquilo já estava pegando mal.

― Era como fazem hoje com esses programas tipo lata velha e reforma da casa de uns coitados. Eles mandam o infeliz de volta pra terra deles, deixam o desditoso lá, num dia de cinco minutos de fama. Mas quase ninguém percebe que, quando os holofotes da mídia vão embora, o infeliz é execrado pela comunidade. “Olha lá o cara que pediu esmola na tevê!”. Na escola, os filhos deles são bullynguinados.

― A imprensa e mídia elitista em geral já se apropriaram dos discursos de esquerda e de progressistas. Estão tentando falar a mesma língua dos verdadeiros manifestantes, mas dando um jeito de, ao mesmo tempo, desconstruir a legitimidade dos movimentos.

― Lembra-se do movimento Diretas Já? Pois é, a Rede Globo só enfocou o movimento e deu a entender que o apoiava... pura enganação... quando mais de um milhão de pessoas já estavam nas ruas.

― Aproveitadores! Como diz Komila Nakova: matrixiadores-matrixiados.

― O momento é periclitante?

― Não sabemos, ainda não dá para avaliar. Mas veja o que o general Valmir Fonseca Azevedo Pereira disse hoje:

“Na atualidade, as injustiças levam a qualquer autoridade militar a pensar muitas vezes, se valerá a pena um novo sacrifício. O povo brasileiro merece ou mereceu o esforço?


“Contudo, o outro lado, temeroso, também se prepara, caso aja [sic] uma mudança de cenário, e temos assistido a um tremendo esforço no treinamento das forças que o PT pretende mobilizar, caso pressinta que poderá ser obstado em suas pretensões.



“Recentemente, a Força Nacional de Segurança (FNS) tornou - se o braço armado do desgoverno em caso de necessidade. No âmbito legal da ilegalidade, recordem da elevação da sua capacidade de atuar em todo o território nacional e a malta de autoridades (hoje, além dos governadores, todos os ministros, o que fere a autonomia dos estados, prevista no pacto federativo!) com prerrogativas de solicitar o seu emprego.



“O esforço da Comissão da Verdade e a criação de Grupo de Trabalho para atuar nos quartéis demonstram que o desgoverno pretende matar o mal pela raiz. Os porcos selvagens têm que ser encurralados, é a ordem da cúpula”.


― Caracolas! É de arrepiar!

― Tudo isso e muito mais na publicação Pátria Amada Brasil.

― Tem mais. Já corre por aí uma petição do AVAAZ.Org, uma entidade formada por espertalhões que enriqueceram com doações de facebooksons, tuiteiros e com o apoio de sionistas, a quem eles defendem ardentemente. A tal petição é pelo Impeachment de Dilma.

― Putz! Vou ver se consigo uma chácara no Paraguai...

― Não! No Paraguai não! Lá já golpearam um governo legítimo.

― Na América Central, tá bem?


― Se não for em Honduras...

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Acompanhe também...

Ei, reaça, vaza dessa marcha!


Não, reaça, eu não estou do seu lado. Não vem transformar esse protesto legítimo em uma ação despolitizante contra a corrupção. Não vem usar nariz de palhaço, não tem palhaço nenhum aqui. Agora que a mídia comprou a manifestação tu vem dizer que acordou?

O povo já está na rua há muito tempo, movimentos sociais estão mobilizados apanhando da polícia faz muito tempo. São eles os baderneiros, os vândalos, os que atrapalham o trânsito. Movimento pelo transporte, Movimento Feminista, Movimento Gay, Movimento pela Terra, Movimento Estudantil… Ninguém tava dormindo! Essa violência que espanta todo mundo não é novidade, não é coisa de agora. Acontece TODOS os dias nas periferias brasileiras, onde não tem câmera pra registrar ou repórter para se machucar e modificar o discurso da mídia.

Não podemos admitir que nossa luta seja convertida pela direita numa passeata contra a corrupção. Não é uma causa de neoliberais. Não é uma causa pelos valores e pela família. Não estamos pedindo o fim do Estado – pelo contrário! – Esse “Acorda, Brasil” não tem absolutamente NADA a ver com a mobilização das últimas semanas.


Então se tu realmente acredita que a mídia tá do nosso lado, abre os olhos! São muitas as maneiras de se acabar com um levante: força policial, mídia oportunista, adoção e desconstrução do discurso…



“Não é nem um pouco fácil entender a proporção que as coisas estão tomando no Brasil. Os protestos estão cada vez mais heterogêneos, e amanhã (hoje) vai ser um dia gigante e imprevisível. Protestos são convocados por desde movimentos libertários e autogestionados (que se encontram na gênese das manifestações) até pelas páginas ufanistas/moralistas/udenistas como a antipetista Acorda Brasil, que dissemina desinformação e preconceito de classe. Se esse choque de alteridades pode ser potente, também pode gerar desmobilização numa questão de semanas. Começou a disputa pelos sentidos da efervescência. Reacionários estão determinados a também sair do facebook e transformar a insatisfação coletiva numa versão inchada do elitista Movimento Cansei, com sua pauta moralista e antipetista. Por outro lado, governistas estão mais preocupados em deslegitimar as manifestações e em blindar os governos petistas, que não se pronunciam sobre o que acontece por não conseguirem compreender o novo, e quando se pronunciam, não conseguem romper com o emcimadomurismo. A multiplicidade de pautas que desaguam nessa insatisfação generalizada torna impossível vislumbrar os rumos que as coisas irão tomar. Será árdua a tarefa de disputá-los.”

(Clique na imagem para vê-la ampliada)

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E para concluir com um papo ainda mais sério, leia...


No domingo, o Jornal GGN publicou longa entrevista que Dilma me concedeu. Nela, há clareza sobre os objetivos a serem perseguidos. Falta a estratégia sobre como chegar lá.

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O problema de fundo, do modelo Dilma,  é a excessiva centralização imposta ao governo.

A centralização sobrecarregou a presidente e criou um Ministério amorfo. Nenhum Ministro se sente responsável pelas políticas do seu próprio Ministério. Os Ministros responsáveis continuam trabalhando, mas sem força. E os medíocres usam a centralização como álibi para nada fazer.

( Clique no título e leia completo em blogoosfero )

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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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Um comentário:

Assaz Atroz disse...

Aldo Gonçalves no Facebook:

Essa Globo é uma irresponsável mesmo! Amanhece o dia o apresentador do Bom dia Brasil usa o termo "tomar" o prédio do governo em Brasília como se estivéssemos em guerra. Depois mostra imagens de manifestantes acuando policiais e depois mais violência: policiais atirando. Claramente ela está incitando a violência e querendo deixar a imagem que o povo é vândalo. SERÁ QUE NÃO ESTÁ NA HORA DE PROTESTAR TAMBÉM CONTRA O SENSACIONALISMO DA IMPRENSA?

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