quarta-feira, 1 de julho de 2009

Com Obama ou sem Bush o império permanece o mesmo

.




América todinha para os americanos do norte ao norte do Rio Grande. Em tempos de crise, com a coisa pegando feio no Oriente Médio, o império deve ter entendido que seria a hora de vender ditaduras na América Latina. "Como nos velhos tempos, hã-rã?!"

No final do século XX os ianques acreditaram que o "quintal" garantia o trivial e partiram para o Oriente Médio em busca de novas rendas que colocassem o caviar nos seus brioches. Já haviam consolidado as "democracias", depois de um longo período de "ditabrandas" no Continente.

Gastaram tanta grana nas últimas guerras que suas vitórias se tornaram pírricas. Diz o Goober que o Bush, ao receber votos de congratulações pelas conquistas no Afeganistão e Iraque, teria respondido: "With more of a victory, we drowned in a pool of gold, like Uncle Scrooge, and people die of hunger is even".

Mas eu não confio nas traduções do Goober, pois ele, além de garanhão, é um tanto mandrião e, quando eu lhe dou textos para traduzir, ele encurta caminho e pega um tradutor online qualquer. Na verdade eu o mandei traduzir esta frase do ex-presidente dos EUA: "Com mais uma vitória dessas, nós morreremos afogados numa piscina de moedas de ouro, como o Tio Patinhas, e o povo morre é de fome mesmo".

A exemplo dos israelenses que reivindicam a Palestina baseados no Velho Testamento, os norte-americanos sacaram a escritura monroísta e voltaram a reivindicar a “América para os americanos”. Mas desta vez foram mais discretos e, ao sentirem que os tempos são outros, fizeram coro com as nações que repudiaram o golpe em Honduras. Porém, não tenho dúvida, eles voltarão a atacar. Não sei onde, mas voltarão o mais breve possível. Quem escapar contará a história.


Fernando Soares Campos

* * *


Agora leia um texto sério que nossa correspondente em Minas nos enviou pelo malote da Wells&Fargo, na diligência desta madrugada.

HONDURAS E A AMÉRICA LATINA

Carlos César dos Santos*

O golpe militar que depôs o Presidente Manuel Zelaya de Honduras é, mesmo se interpretado serenamente, o retorno a um grande pesadelo que se julgava definitivamente extirpado da história de nossos povos.

Por isso, parece que o episódio não pode ser lido isoladamente, mas está inserido no contexto mais amplo e conjuntural da América Latina secularmente oprimida pelo imperialismo norte-americano que, em contrapartida, enfrentou e continua enfrentando um processo relativamente lento, porém perseverante e evolutivo, de resistência e libertação.

Só para reavivar a memória, com o triunfo da Revolução Popular Sandinista, na Nicarágua, em 1979, o governo dos EUA assumiu prontamente duas posições estratégicas, com o objetivo de conter o avanço do projeto revolucionário, e impedir que a Pátria de Sandino se tornasse “mau exemplo” para os demais países do Continente. De um lado, precisamente em Honduras, foram estabelecidas bases militares que, dirigidas pelos EUA e apoiadas pelos “contra” (nicaraguenses partidários de Somoza e seu séquito), tinham a missão oficial de matar os guerrilheiros e destruir e depredar completamente o que sobrara da já devastada Nicarágua. De outro, a partir de Costa Rica, foi constituída a base ideológica que, financiada pela CIA, se encarregava da propaganda exclusiva e exaustiva contra a revolução, onde a lei era a do vale tudo – da mentira à lavagem cerebral –, desde que se cumprisse a finalidade proposta de convencer os chamados radicais que uma nação só pode ser viável se subordinada aos interesses norte-americanos.

Hoje, ainda e até porque vivamos novos tempos, parece que o golpe militar em Honduras deve ser lido em estreita relação com a crise do imperialismo-colonialismo-capitalismo, e o consequente enfraquecimento da direita, nos setores tradicionalmente elitizados que dominam o Continente com o apoio dos EUA de Carter, de Reagan, de Bush... Obama condenou o golpe, mas de uma maneira tão tímida, que para quem lê nas entrelinhas logo percebe que sua condenação não tem fundamento e muito menos consequencia. Disse que “Zelaya deve retornar a Honduras, mas, evidentemente, não pela força”. Que interpretação dar a esta declaração? Os EUA nunca fizeram valer sua vontade pela força? Ou só agem pela força quando seus interesses estão em jogo? Ou, ainda, só usam de força para matar pobres e legitimar governos corruptos, como foi o caso, só para ficar entre nós, de Cuba, Nicarágua, El Salvador, Granada e tantos outros?...

O desespero ou síndrome do pânico estadunidense, apesar de vir de longe, atinge seu ponto crítico num momento em que “em nossa América, no meio de ambiguidades, crispações e desencantos, está-se dando uma virada para a esquerda” (Pedro Casaldáliga). O expressivo amadurecimento da consciência e participação políticas, somado ao anelo de libertação de todas as opressões, tem recuperado a auto-estima de cidadãs e cidadãos bolivarianos que fazem valer sua vontade em eleições de governos populares, que representam hoje, salvaguardadas as devidas proporções de intencionalidade e intensidade, uma alternativa à idolatria do mercado.

O Povo hondurenho que resiste e reage e, apesar do toque de recolher imposto pelos militares golpistas, organiza uma greve geral para reivindicar o retorno imediato de seu presidente é a prova cabal de que ajoelhar-se diante do inimigo é página rasgada do livro da história.

Todos proclamam alto e em bom tom que a opção hoje é pela democracia que conquista o poder pelo voto. Nem revoluções sangrentas, e muito menos golpes fascistas. Na prática, contudo, democracia supõe respeito à Constituição, às liberdades individuais e coletivas, à vontade popular, consagradas num autêntico e legítimo processo eleitoral, sem ingerências da mídia burguesa, do oportunismo e da corrupção dos politiqueiros, ou de coronéis magnatas da cidade e do campo.

Neste modelo de democracia, toda ação golpista, venha de onde ou de quem vier, deve ser contundentemente combatida como inaceitável, condenável e obsoleta. Com o Povo hondurenho, toda a Pátria Grande impõe o retorno do Presidente Manuel Zelaya, para que se restabeleça imediatamente, em Honduras, o Estado de direito, e sejam devidamente respeitados os direitos à soberania e autodeterminação dos povos.


Carlos César dos Santos* - nascido em Juiz de Fora (MG), em 1955, migrando, em seguida, com seus pais, para o Rio de Janeiro, onde cursou desde o ensino fundamental até o superior, escolhendo o campo das ciências humanas. Amadureceu sob o golpe de 1964, participando ativamente do movimento estudantil de combate ao regime militar. Ordenado presbítero, em 1981, na Diocese de Nova Friburgo (RJ), manteve-se vinculado aos movimentos sociais e populares, participando, efetivamente, nesta cidade, do processo de fundação do PT (Partido dos Trabalhadores). Assessorou e coordenou pastorais como a da terra e da juventude em meio popular, e movimentos de luta pela cidadania e comitês de fé e política. Conheceu a Nicarágua Sandinista e Cuba Revolucionária, tendo trabalhado, ao longo de 6 anos, na articulação de campanhas de conscientização e solidariedade com estas nações cruelmente agredidas pelo imperialismo norte-americano. Nesta ocasião fundou e dirigiu o Centro Oscar Romero de Solidariedade, com sede em Belford Roxo (RJ). Em Juiz de Fora, durante 14 anos foi pároco de periferia, responsável pela animação de comunidades pobres, urbanas e rurais. No projeto Igrejas-irmãs da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) é encarregado do diálogo e relação solidária com a Igreja-irmã de Juiz de Fora, a Prelazia de Óbidos (PA).
Atualmente é assessor das CEBs e do projeto Formação Missionária Permanente da Arquidiocese de Juiz de Fora e tem o sítio carlosonline.net


* * *
Nanda Tardin*

TEGUCIGALPA (AFP) — La OEA le dio este miércoles 72 a Honduras para restablecer a Manuel Zelaya como presidente, amenazando con la suspensión, en tanto España y Francia llamaron a consultas a sus embajadores, acumulando presión internacional sobre el gobierno hondureño provisorio que lo sustituyó.
La asamblea general de la Organización de Estados Americanos (OEA) instruyó a su secretario general José Miguel Insulza a que "junto a representantes de varios países, realice las gestiones diplomáticas dirigidas a restaurar la democracia y el Estado de derecho, y la restitución del Presidente José Manuel Zelaya Rosales".
"De no prosperar estas iniciativas en un plazo de 72 horas, la Asamblea General Extraordinaria aplicará inmediatamente el artículo 21 de la Carta Democrática Interamericana para suspender a Honduras", agregó.
http://republicavermelha.blogspot.com/2009/07/pra-dispertar-o-gigante-povo.html
Inserido em 1/7/2009, às 18:35
*Nanda Tardin é nossa colaboradora em Juiz de Fora

*

Makhs Abayomi*



Oi!!
http://www.ustream.tv/channel/100-

Noticias

canal de notícias. Cobertura sobre Honduras. Boa transmissão.

http://www.telesurtv.net/solotexto/senal_vivo.php

A tele Sur também transmite as noticias referente a Honduras. Acompanhei boa parte das notícias, no domingo. Boa cobertura.
Inserido em 1/7/2009, às 19:11
*Makhs Abayomi é nosso correspondente nômade.

*

Óperamundi.net
Golpe em Honduras teria sido planejado pelo Congresso com apoio de empresários.
O presidente deposto foi acordado de forma inesperada no domingo, às cinco e meia da manhã, quando soldados chegaram atirando à sua casa e desarmaram os seguranças. O Legislativo e o empresariado estavam por trás, segundo fontes ouvidas pelo Opera Mundi
http://www.operamundi.net/index.php
Inserido em 1/7/2009, às 19:30
.
PressAA
.

Um comentário:

Fernando Yépez Rivas disse...

Bom día prezado companheiro Fernando Soares
Press AA/Brasil.-

Um prazer ter esta importante oportunidade de compartir e troçar informaçao de tudo que acontece no Equador. Orgulhoso tambêm de ser um militante e ativista pelo Revoluçao dos povos Latinoamericanos...Sempre firmes em na luta !!!

Atte.-
Fernando Yépez Rivas
* Vicepresidente Federaçao dos Jornalistas de Pichincha
* Asesor Comité Equatoriano de Dereitos Humanos, Ambientais é Ecológicos-CEDHAE
Quito-EQUADOR