Bando traz terror ao Sertão de Alagoas relembrando os tempos do Cangaço
por Sérgio Campos*
Um bando que age com uma média de 15 homens, divididos em pelo menos cinco veículos, vem trazendo pânico aos sertanejos e já preocupa a cúpula da segurança pública de Alagoas.
Com ações rápidas e audaciosas, os ataques do bando também se caracterizam pela violência e pressão psicológica em suas vítimas.
Atentos às causas que levam à violência, sabemos que os ataques em bando já são bastante conhecidos dos habitantes dos sertões nordestinos. Entre as décadas de 20 e 30 cangaceiros agiam em vários estados do Nordeste, e, para que os ataques chegassem ao fim, as polícias das regiões atingidas se uniram numa caçada implacável aos vários grupos de cangaceiros, e no dia 28 de julho de 1938, depois de uma ação conjunta entre as polícias de Alagoas, Sergipe e Bahia, o principal nome do Cangaço, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, tombou na localidade de Angicos, sertão sergipano, depois de ser surpreendido durante a madrugada.
Corre por aí que Lampião e seu bando não entravam em Santana do Ipanema, limitando-se a apreciar a cidade lá do Alto do Cruzeiro. Entretanto, lendo a obra do escritor Breno Accioly, nosso conterrâneo, constatamos que o famoso Rei do Cangaço fazia regulares visitas "ao município" e que Breno, ainda menino, "foi mandado para a casa do Pe. Francisco Macedo, em Palmeira dos Índios, por causa de Lampião". Daí podemos deduzir que provavelmente Lampião, por um certo período, adentrava à nossa cidade.
Sai o cavalo e entra o carro
Mais recentemente, na década de 90, Alagoas, Pernambuco, Sergipe, e Bahia voltaram a se juntar para combater o banditismo. Daquela vez os sertanejos estavam sendo vítimas do bando de José Marcos Gama Correia, ou “Marcos Capeta”, o qual, segundo algumas de suas vítimas, se caracterizava pela violência na hora de seus assaltos. Durante alguns anos Capeta conseguiu enganar as polícias dos estados citados, sempre com ações rápidas e fugas para regiões diferentes, mas sempre no semi-árido.
Depois de algumas prisões e várias perseguições, Marcos Capeta foi morto em 99 com 22 tiros, em uma troca de tiros com a polícia baiana.
Novo bando
O novo bando que vem atacando no Sertão alagoano, e parte do Agreste, se caracteriza pela violência, rapidez e mudança de localidade.
Nas últimas ações criminosas o bando decidiu pelo ataque a residências, onde famílias são feitas reféns, e jóias, dinheiro e celulares são lavados, não antes de muita ameaça e ataques de fúria dos integrantes da quadrilha, com socos e coronhadas de pistola.
No último sábado (4) os bandidos atacaram a residência da prefeita de Santana do Ipanema, Renilde Bulhões, que é casada com o ex-conselheiro do Tribunal de Contas de Alagoas, Isnaldo Bulhões. Neste ataque, além do casal, outras pessoas foram feitas reféns enquanto os integrantes do bando buscavam por pertences pelos cômodos da casa. Uma das vítimas disse à nossa reportagem que sofreu agressão e ameaça de morte.
Antes do ataque à residência da prefeita de Santana do Ipanema, a polícia já havia tido informações de que outras residências nas cidades de Carneiros, São José da Tapera e Senador Rui Palmeira tinham sido atacadas. Nesses casos o bando teve como alvo alguns comerciantes.
Outras ações criminosas, com as mesmas características estão sendo atribuídas a este bando, como, por exemplo, a que ocasionou a morte do professor da Ufal, Sharlyton Harryson Barbosa da Silva, de 29 anos, no dia 07 de janeiro deste ano. Depois de tentar escapar de um cerco dos bandidos, o veículo do professor foi alvejado por vários disparos de arma de fogo, tendo sido atingido por três disparos e morrendo no local. Na ocasião o bando ainda teria tentado roubar outro veículo e chegou a usar uma família como refém, depois de balear a mão de um homem.
Nas ações criminosas os bandoleiros usavam vários veículos, todos tomados em assaltos e abandonados em seguida.
“Estamos tratando com um bando articulado, que conhece a região, e por isso escapa rapidamente”, disse um agente policial que preferiu não se identificar.
Violência entre as partes
Desde os tempo de Lampião que se fala de violência causadas por ambas as partes: polícia e bandido.
Como conta a história, Lampião teria entrado na vida do cangaço após ter tido seu pai morto de forma cruel e por motivo fútil por um rico fazendeiro de Serra Talhada, em Pernambuco. De acordo com alguns historiadores, após a morte do pai, Lampião, ainda apenas Virgulino, teria se juntado com seus irmãos e depois de procurar a Justiça se desiludiu e buscou a vingança, matando toda a família do fazendeiro que assassinou seu pai, em Mata Grande.
De acordo com informações, passadas à nossa redação por uma das vítimas do assalto à residência da prefeita de Santana do Ipanema, um dos assaltantes ameaçou matar o vigia da casa, depois de desconfiar que se tratava de um policial. “Não gosto de policiais e nem de advogado, pois quando estive preso ninguém foi me defender”, teria dito o assaltante.
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*Sergio Campos é servidor público e faz parte da equipe que mantém o site Alagoas na Net.
Colabora, eventualmente, com esta nossa Agência Assaz Atroz.
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Agora fiquem com um forró bom danado!
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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons (A charge lampião foi copiada de PoisÉ: jornaleco de opiniões e picuinhas )
PressAA
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