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Eliakim Araujo*
Os Estados Unidos pagaram cerca de 50 mil dólares como compensação por cada afegão morto no massacre praticado por um de seus soldados em pobres aldeias do Afeganistão. A informação está no MSNBC online deste domingo e a fonte é um funcionário do governo que pediu para não ser identificado.
O mais chocante na informação é que o funcionário que a revelou garantiu que o montante pago às famílias das vítimas era "significativo" e "substancial", porque a renda média anual de um afegão é de 425 dólares.
Pobre povo afegão. Explorado de um lado pelo seu próprio (e corrupto) governo. E por outro, pela tropas de ocupação que avaliam em 50 mil dólares a vida de pessoas, crianças inclusive, fuziladas enquanto dormiam em suas precárias residências. Em relação ao custo das guerras, estimado em três trilhões de dólares, 50 mil por uma vida inocente é uma miserável gorjeta. Mas é “substancial”, na avaliação do governo estadunidense.
A propósito do tal sargento Robert Bales, o autor do massacre na noite de 11 de março, sua biografia revela uma sequência de contradições. Por amigos e vizinhos, é apontado como dedicado chefe de família e soldado exemplar, que já participou de três jornadas no Iraque e uma no Afeganistão.
Mas não é isso que indica sua folha corrida policial. Além de indiciado por atropelamento e brigas no trânsito, Bales está envolvido em negócios fraudulentos em empresa de investimento da qual foi sócio na Flórida.
Agora, as autoridades castrenses afirmam que ele será julgado pelos dezessete homicídios que praticou, podendo até mesmo ser condenado à morte.
O que, evidentemente, não ocorrerá. Primeiro porque Bales será julgado por uma corte miltar. E entre os militares ele é considerado herói por seu passado nas guerras e pelas condecorações.
Além do mais, ao condenar Bales, o militarismo do Tio Sam estará se condenando, por permitir a volta à guerra de um soldado que passou por vários traumas durante seus períodos nas frentes de combate. Da ficha de Bales, constam ferimentros em combate e séria pancada na cabeça durante o capotamento do veículo militar em que viajava. Mantê-lo em combate com poderosas armas a seu alcance foi um erro gravíssimo do comando militar dos EUA.
Bales, de 38 anos, que está preso nos EUA, armou-se de uma pistola 9mm e um rifle M-4 com dispositivo de visibilidade noturna, e invadiu casas onde as pessoas dormiam. E matou à sangue frio, quatro homens, quatro mulheres, dois meninos e sete meninas. Ele diz hoje que não se lembra de nada e seu advogado afirma que ele teve uma momentânea crise de loucura.
Argumento falacioso, tudo indica que o massacre foi rigorosamente planejado. O homem estava tão consciente que se armou até os dentes, deixou a base de madrugada e foi percorrer as aldeias em busca das vítimas. Não teria sido mais natural que o ataque de loucura vitimasse aqueles que estavam mais próximos, seu colegas de farda? Ou foi uma crise “seletiva” de loucura?
Da guerra ao subemprego
Enquanto o sargento Bales e seu advogado tentam encontrar uma boa descupa para massacre, veteranos das guerras no Iraque e Afeganistão estão enfrentando a maior dificuldade para conseguir emprego em um mercado de trabalho que já não é fácil.
"Ser o homem mais duro do melhor batalhão no mundo não significa muita coisa quando você sai do Exército", disse Sean Parnell, autor de "Platoon Outlaw", um livro sobre suas experiências como um líder de pelotão do Exército, no Afeganistão 2006. "Cinqüenta por cento dos meus homens, que estão agora estão fora da vida militar, estão vivendo de subempregos, alguns até como ajudante de garçom e no metrô, quando conseguem um trabalho".
Mais de 2,2 milhões militares serviram no Iraque ou no Afeganistão, nesses quase dez anos de guerra. E o pior é que outros 90.000 soldados estão programados para voltar do Afeganistão até 2014.
A taxa de desemprego entre o pessoal que veio da guerra sempre foi mais elevada do que a taxa de desemprego da população em geral, quase 13 por cento. Graças a um grande impulso por parte dos empregadores e do governo, essa taxa caiu para 7,6% em fevereiro, ficando abaixo da taxa nacional de desemprego nos EUA de 8,3%.
Apenas 6 em 500
No país que tem um presidente negro, 99 por cento das maiores empresas não têm negros como principais executivos.
Quando Don Thompson (foto) assumir seu novo posto como principal executivo da rede McDonald, dia primeiro de julho, como foi anunciado nesta quinta-feira, ele será apenas o sexto negro como presidente de empresa na lista da Fortune 500, que relaciona as maiores dos EUA.
Thompson, que é atualmente o número dois da rede McDonald, irá se juntar a a Kenneth Frazier, da Merck, Kennety Chenault, da American Express, Ursula Burns, da Xerox, Clarence Otis, de Darden Restaurantes e Roger Ferguson , que dirige uma empresa privada Tiaa-Cref.
Estes os seis afro-americanos de empresas da lista Fortune 500. Se contados os seis atuais e os ex-executivos, o número de negros em postos executivos chega a apenas treze.
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*Eliakim Araujo ancorou o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa". Mora em Pembroke Pines, perto de Miami. Em parceria com Leila Cordeiro, possui uma produtora de vídeos jornalísticos e institucionais.
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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoon
PressAA
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