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CRIMINOSOFilme traz o que existe de mais desprezível na sociedade e funciona como uma máquina de entorpecer mentes a fim de deixá-las conformadas frente à realidade que as cerca.
- por André Lux, crítico-spam
Existem duas maneiras de se ver um filme como “Avatar”. A primeira é como pura peça de entretenimento da indústria cultural estadunidense e aí encher o texto com termos como “revolução digital” e outras tecno-baboseiras que vem junto com as suas campanhas publicitárias milionárias e são repetidas mundo afora pelos patéticos profissionais da opinião vendidos ao sistema. Outra é analisá-lo como o produto cultural de uma sociedade decadente e doente.
Eu prefiro a segunda. Assim, a partir dessa visão, “Avatar” traz tudo que existe de mais desprezível e grotesco nessa sociedade e funciona como uma verdadeira máquina de ludibriar e entorpecer mentes a fim de deixá-las conformadas e amorfas frente à realidade que as cerca.
O filme poderia ser resumido como “Pocahontas encontra Dança Com Lobos na Matrix” e tem uma história que não apenas é a mais batida de todos os tempos, como ainda por cima é altamente ridícula e absurda. Homem branco que vai viver no meio dos “bons selvagens” e, depois de muita dificuldade e desconfiança, torna-se um deles, apaixona-se pela mocinha e luta com seus novos amigos contra seus próprios “irmãos” de raça, que querem destruir tudo em nome do lucro. Assim, os vilões do filme são os malvados executivos de uma corporação capitalista e, claro, os militares. Os primeiros querem devastar o planetinha dos bondosos aliens azuis para minerar suas terras e os segundos, bem, querem jogar prazerosamente o maior número de bombas em tudo e em todos. Clichês dos clichês!
Mas não seria essa uma mensagem ótima, ainda mais quando enfia no meio um monte de jargões ambientalistas que estão na moda atualmente? Poderia até ser, se tudo não fosse embalado por uma resolução catártica e redentora das mais podres que eu já vi na vida. É como se o diretor James Cameron tivesse investido 15 anos de sua vida na parafernália eletrônica que dá vida ao filme e cinco minutos na criação do roteiro. Mas, como eu disse antes, não é nem isso o que mais incomoda. O que é realmente repugnante é a maneira como todos esses clichês são elencados na tela até o final feliz abismal, que nos ensina que os bonzinhos sempre vencem e conseguem, inclusive, botar o terrível exército dos EUA para correr (como se eles não fossem voltar dali a um mês ao planeta e explodir tudo com bombas atômicas!).
E qual o sentido disso, o que está por trás desse tipo de mensagem? Algo que ninguém parece perceber (ou prefere fingir não perceber): a necessidade de nublar a mente das pessoas e deixá-las entorpecidas e acomodadas aos valores morais mais torpes e hipócritas que existem, já que podem ver realizados na tela do cinema todos os sonhos e desejos de redenção e vitória que nunca se realizariam no mundo real. Ainda mais quando tudo vem embalado com louvor a crendices sobrenaturais (que alguns chamam de “religião”), do tipo "reze bastante que um dia você será atendido"!
A serviço dessa mensagem obscena temos o que há de mais avançado em tecnologia digital disponível. E daí? Como bem disse minha esposa arquiteta, um projeto de arquitetura ruim não vai melhorar só porque foi apresentado no programa de maquetes eletrônicas mais poderoso que existe, certo? “Avatar” não passa então de um desenho animado feito em computador que vai ficar obsoleto daqui a alguns meses quando inventarem algo mais “revolucionário”.
Enquanto isso, somos ensinados por gente mal intencionada ou simplesmente ingênua (de boas intenções o inferno está cheio, vide os igualmente catastróficos "Diamantes de Sangue" e "Wall-E") como James Cameron que não é preciso lutar contra o conformismo e as injustiças na vida real como fizeram Che Guevara e Ghandi, pois no mundo dominado pelo “american way of life” todos os seus problemas serão resolvidos no cinema – de preferência embalados por uma trilha musical grotesca de James Horner (que após esse filme deveria se aposentar) e um óculos 3D na cara. Depois você pode sair do cinema, esquecer tudo o que viu e ganhar um bonequinho do filme ao comer no McDonald’s.
Criminoso.
Cotação: *
http://tudo-em-cima.blogspot.com/2009/12/filmes-avatar.html
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PressAA
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