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Meu nome é Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima. Me diga mesmo: num parece nome de quem nasceu em berço de ouro?! Pois é, mas num foi, não! Eu nasci numa colocação chamada Breu Velho, no seringal Bagaço, lá no Acre. Hoje eu tenho orgulho de dizer que nasci e me criei junto a essa minha gente sofrida. Mas nem sempre foi assim, nem sempre tive esse orgulho todo...
Quando eu tinha 15 anos, vivia triste, acabrunhada. Ainda nem sabia ler. As revistas que chegavam por lá eram algumas fotonovelas, como Capricho, Destino e outras bem antigas, que o homem do barracão comprava os fardos em Rio Branco e usava para embrulhar mercadoria. Antes ele emprestava pra gente. Eu apreciava as fotos e sempre aparecia alguém para ler a novela. Cheguei a pensar em ser freira. Seria melhor viver num convento do que naquele fim de mundo. Foi então que adoeci. Todo mundo pensou que fosse malária, mas num era, não! Era hepatite. Aí me levaram para a capital. Lá em Rio Branco, o bispo se compadeceu de mim e me acolheu na casa das irmãs Servas de Maria. Entrei pro Mobral e aprendi a ler e escrever. Num gosto nem de dizer que fui beneficiada pelo programa de alfabetização da ditadura militar, mas... fazer o quê?! Infelizmente essa é a verdade. Mas eu posso dizer que fui vítima da ditadura, basta ver a vida que eu levava naquele tempo!
Fui levada à atividade política e social pela Igreja Católica, mas descobri que no movimento evangélico-protestante eu teria mais chances de me projetar. Basta ver que os neopentecostais cresceram muito, as bancadas deles nas assembleias legislativas e no Congresso são muito fortes. Bom, mas com a ajuda da Igreja Católica eu aprendi a ler, escrever e acabei me formando. Na minha página da Wikipédia o pessoal resolveu deixar apenas minhas relações com a Igreja Católica, nada de evangélicos, pois isso é coisa de minha vida privada, e ninguém tem nada com isso. Ah, o pessoal também omite o nome do PT quando fala de minhas eleições; deixa apenas a sigla PT quando se refere à eleição que perdi. Mas isso é coisa desses meninos metidos a marqueteiros. Bom, de qualquer forma, isso está sendo esclarecido aqui na Wikiphedia.
Infelizmente não tem como negar, todo mundo sabe que eu cheguei onde cheguei foi montada no PT. Em 1988, fui a vereadora mais votada do município de Rio Branco, conquistando a única vaga da esquerda na Câmara Municipal. PT. Em 1990 me candidatei a deputada estadual, pelo PT, claro, e obtive novamente a maior votação. Em 1994 foi eleita senadora da República, pelo PT do meu Estado, com a maior votação, enfrentando uma tradição de vitória exclusiva de ex-governadores e grandes empresários do Estado. O PT foi tudo na política para mim! Basta dizer que fui Secretária Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Partido dos Trabalhadores, de 1995 a 1997. Mas a glória veio mesmo foi com a eleição de Lula em 2003. Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República, fui nomeada ministra do Meio Ambiente. Deus do Céu! Vocês nem imaginam com o que eu comecei a sonhar! Imaginam?! Pois é, acertaram! Isso mesmo, se Lula chegou lá, porque eu num chegaria, né?! Olha, eu tinha um trabalho reconhecido no mundo inteiro! Fiz muito, mas muito mesmo, quando fui ministra do Meio Ambiente! Governo nenhum havia feito nem a metade do que eu fiz como ministra do governo Lula. Ah!, eu ia esquecendo: sou ativista em defesa do meio ambiente desde aqueles tempos em que lia Capricho, Sétimo Céu, Contigo... Eu ligava o radinho de pilha do meu primo e ouvia Roberto Carlos cantando: “Seus netos vão te perguntar em poucos anos pelas baleias que cruzavam oceanos...”. Me emociono, me arrepio toda só de lembrar! Muitas emoções!
Enquanto fui ministra do Meio Ambiente do governo Lula, criei muitas áreas protegidas na floresta amazônica. Comigo foram delimitados 24 milhões de hectares verdes, coisa nunca antes ocorrida na história deste país. Meu trabalho foi tão bom, mas tão bom!, que o mundo todo reconheceu. Ganhei prêmios mundo afora. Já em 1996, ainda como Secretária Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Partido dos Trabalhadores, recebi o Prêmio Goldman do Meio Ambiente pela América Latina e Caribe, nos Estados Unidos. Em 2007, por meio da Medida Provisoria 366, pela força de Lula, conseguimos desmembrar o Ibama e repassar a gestão das unidades de conservação da natureza federais para o Instituto Chico Mendes. Também em 2007, recebi o maior prêmio das Organização das Nações Unidas na área ambiental, o Champions of the Earth (Campeões da Terra), concedido a seis outras personalidades: o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore; o príncipe Hassan Bin Talal, da Jordânia; Jacques Rogge, do Comitê Olímpico Internacional (COI); Cherif Rahmani, da Argélia; Elisea "Bebet" Gillera Gozun, das Filipinas, e Viveka Bohn, da Suécia. Em 1 de abril de 2009 (primeiro de abril, mas num é brincadeira, não!), ganhei o prêmio norueguês Sofia, de 100 mil dólares, por minha luta em defesa da floresta amazônica. Tudo ainda pelo meu trabalho como ministra do governo Lula. A própria fundação que me concedeu o prêmio informou: "Ela reduziu o desmatamento na Amazônia para níveis historicamente baixos, 59%, de 2004 a 2007”. Áreas enormes foram conservadas, enquanto estive à frente do Ministério do Meio Ambiente. Mais de 700 pessoas foram presas por atividades ilegais na floresta, mais de 1.500 empresas foram fechadas, e equipamentos, propriedades e madeira ilegal foram apreendidos. É isso aí, gente! Porque a Polícia Federal e o Ibama no governo Lula não dormem! Também me preocupei com as populações indígenas. E, mesmo tendo saído do governo, tudo que fiz ainda repercute. Em 10 de outubro de 2009, recebi o prêmio Mudanças Climáticas, oferecido pela Fundação Príncipe Albert II de Mônaco. Fui considerada pela Revista Época uma dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009. Enfim, o PT e o governo Lula foram tudo para mim.
Tenho amigos no PT, sempre fui muito querida no partido e no governo. Eu era, por assim dizer, o xodó do governo Lula e do Partido dos Trabalhadores. Eu já sonhava com a Presidência da República... Afinal, se Lula chegou lá, por que essa não seria a minha vez?
Foi aí que me desgostei! foi quando eu descobri que o verdadeiro xodó não era eu! Quer dizer, eu poderia até continuar sendo a queridinha, a namoradinha do Brasil, como a Regina Duarte foi por muitos anos. Mas ela... Ela... pronto, todo mundo sabe quem é! Ela foi a escolhida. Ela, uma mulher quase tão braba quanto a Heloísa Helena! Ela foi a escolhida. E eu, um doce de criatura, a candura em pessoa, tinha que me contentar com um ministeriozinho! Ah, mas nem morta! Ela, com suas obras faraônicas, com aquela pose de executiva! Ares de administradora! Mandona! Isso, sim! Tá vendo essa foto aí em cima?! Pois foi tirada no momento em que eu disse NÃO a ela! Assim, na lata! Não ao projeto que ia atrapalhar o amor dos bagres no rio Madeira. Isso só pra construir uma usina hidroelétrica. Não! Eu disse assim, na lata: "Ninguém vai atrapalhar o amor dos bagres!" Os bichinhos também são filhos de Deus. E tá lá na Bíblia: "Crescei e multiplicai!"
Mas eu não deixei de graça, não! Eu não podia continuar num governo tão ingrato como esse! Pedi demissão do Ministério do Meio Ambiente. Voltei pro Senado, saí do PT, fui para o PV do Gabeira. Esse, sim, é ex-petista, já foi até ex-verdista, voltou pro PV, é ex-guerrilheiro, ex-candidato a prefeito do Rio, ex-político mais honesto do país, eleito pela ex-revista Veja. Gabeira também foi torturado pela repressão nos tempos da ditadura, enquanto eu era alfabetizada pelo Mobral e queria ser freira; mas Gabeira não quer ser presidente da República, ele sabe que essa é minha vez... Até o Serra me apoia! Serra é meu amigo de longa data! Eu nunca disse isso antes porque ia pegar mal. Mas disse recentemente e continuo dizendo: Serra é meu amigo do peito! Quem quiser pode conferir aí... Tá tudo registrado no vídeo que o Paulo Henrique Amorim divulga: http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=24277. Isso pra todo mundo ver que eu e Serra somos amigos pessoais há muitos anos!
Serra é tão meu amigo... mas tão amigo!, que quando Lula escolheu a outra... Aquela lá, sabe? Pois bem... aí o Serra tomou umas cachaças e ficou tão bêbado, mas tão bêbado!, que não sabia nem o que dizer. Até que, depois da ressaca, ele disse...
Renunciei à minha vocação para o celibato, deixei de ser freira para virar vereadora, deputada, senadora, ministra, celebridade política; me sacrifiquei, precisei viajar mundo afora, cumprir compromissos com chefes de estado, nobreza, imprensa, universidades. Depois de tudo isso, eles ainda têm coragem de vir me beijar. Até esse Judas e esse judeu!
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PresAA
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Um comentário:
Falta mais o que????, talves da mais destaque a ingratidão, ou a traição.
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