segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Manifesto pelo Desarquivamento e Federalização dos "Crimes de Maio de 2006"

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Fernando Soares Campos

Alguém aí já se esqueceu do Massacre de Maio de 2006, em São Paulo?

“Em uma cínica e mentirosa “onda de resposta” ao que se chamou na grande imprensa de ‘ataques do PCC’, foram assassinadas no mínimo 493 pessoas - que hoje constam entre mortas e desaparecidas. A imensa maioria delas - mais de 400 jovens negros, afro-indígena-descendentes e pobres – executados sumariamente. Sem dúvida, o maior Massacre da história brasileira recente.” [Leia o Manifesto pelo Desarquivamento e Federalização dos "Crimes de Maio de 2006", no final desta postagem]

O Massacre de Maio de 2006 foi utilizado politicamente. Virou discurso de palanque do PSDB-PFL (hoje DEM), mas não funcionou a contento.

Primeiro foi divulgado que tudo aquilo era coisa da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital ).

Segunda etapa: relacionar o PCC ao PT.

Com isso, tentava-se reverter a inevitável reeleição de Lula, elegendo Alckmin à Presidência e José Serra ao governo de São Paulo. Conseguiram, pelo menos, o governo de SP.

Acompanhe o caso, rememore os fatos e assine o Manifesto pelo Desarquivamento e Federalização dos "Crimes de Maio de 2006"

Depois do massacre, a imprensa que milita nas hostes do PSDB-PFL (hoje DEM), divulgou notas como as que se seguem:

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Sexta, 14 de julho de 2006, 09h12

Serra diz que há indícios de ligação PT e PCC

O candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB, José Serra, afirmou ontem que há indícios de ligação do PT com o PCC ao lembrar que um inquérito policial registrou a proximidade de Jilmar Tatto, ex-secretário municipal de Transportes em São Paulo quando Marta Suplicy era prefeita, com perueiros ligados à organização criminosa. O candidato petista ao governo paulista, Aloizio Mercadante, respondeu que a afirmação é "absolutamente leviana" e revela "desespero político".
http://noticias.terra.com.br/brasil/guerraurbana/interna/0,,OI1069661-EI7061,00.html


Quinta, 13 de julho de 2006, 07h08

Bornhausen diz que desconfia de elo entre PT e PCC

O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), lançou ontem a suspeita de envolvimento do PT nas ações comandadas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) contra policiais civis, prédios e veículos em São Paulo, informou o jornal Folha de S.Paulo. "O PT pode estar manuseando, manipulando essas ações". O senador teria afirmado ainda que o PT vive no submundo e nada mais o espanta no partido.

Leia nota completa...

http://noticias.terra.com.br/brasil/guerraurbana/interna/0,,OI1068598-EI7061,00.html


Quinta, 13 de julho de 2006, 15h44 Atualizada às 15h50

José Jorge relaciona ataques do PCC com pesquisas

Maria Clara Cabral
Direto de Brasília

O senador José Jorge (PFL-PE), candidato a vice-presidente na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), relacionou hoje os ataques da facção criminosa Primeiro Comando Capital (PCC) em São Paulo ao crescimento tucano nas pesquisas de opinião de votos. "Toda vez que surge uma pesquisa a favor de Alckmin, o PCC faz um movimento. Pode ser apenas coincidência, mas que tem relação tem", afirmou José Jorge.

http://noticias.terra.com.br/brasil/guerraurbana/interna/0,,OI1069080-EI7061,00.html

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Porém hoje podemos encontrar, internet adentro, matérias como estas:

O Governo Serra e o PCC

Por Leonildo Correa 14/05/2008

Outros artigos e textos no meu site e blog:
site - http://www.leonildoc.ocwbrasil.org/
blog - http://leonildoc.blogspot.com/

Em 2006 os tucanos acusaram o PT de ter ligação com o PCC. Uma grande mentira cabeluda. E agora descobriu-se que quem tinha ligação com o PCC eram eles, os tucanos, mais especificamente o assessor Malheiro do Joselito Serra.

Mas o mais interessante é que, para esconder e minimizar a ligação do Governo Serra com o PCC, ficam batendo na tecla do "suposto" dossiê com as contas do FHC. É só disso que a mídia dominante, que atua em conluio com os tucanos e o PFL, gosta de falar.

O que é mais relevante para o Brasil e para os Brasileiros: o dossiê fictício inventado pelos tucanos ou a ligação do Governo Serra com o PCC ?

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A motivação nos ataques do PCC

Com a descoberta da relação dos tucanos com o PCC, descobriu-se também que alguns ataques, por exemplo, o ataque de Suzano, foi motivado por negócio entre o bando tucano com a facção do PCC. O bando de tucanos não cumpriu o avençado, ou seja, libertou o enteado do Marcola, e a facção respondeu com bala.

Será que os demais ataques do PCC também foram motivados por negócios desse tipo ? Esta questão tem que ser investigada...

Portanto, os ataques do PCC contra delegacias era resultado de negócios de gente do Governo Tucano com a facção. Como os amigos do Serra não cumpriram o acordo que fizeram com os bandidos, os ataques aconteceram.

E todo mundo pensava que os bandidos eram loucos varridos que estavam atacando a polícia gratuitamente. Mal sabíamos que os ataques do PCC era acerto de contas entre os bandidos da facção e os bando do Governo Serra.
Leia mais...

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/05/419797.shtml

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Texto suplementar:

Quando buchas de canhão são promovidas a generais

Fernando Soares Campos

Marcola, PCC e "grupo de chefões de Bangu" são apenas a mão grande e suja das SSP’s, PM’s, políticos safados, imprensa sem-vergonha e outros cretinos. Servem ainda para alimentar a inconsciência da classe média idiotizada, que, à falta dos antigos bandidos românticos, teorizam sobre a rebeldia dos injustiçados, ao mesmo tempo em que faz o seu papel de vítima.

Saulo de Castro (SP) [Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo quando do massacre de maio 2006. Esse sujeito foi nomeado por Alckmin e mantido no cargo quando este se afastou do governo para concorrer à Presidência da República] e Álvaro Lins (RJ) são muito mais perigosos que qualquer Beira-Mar ou Marcola.

(...)

Em depoimento à CPI do Tráfico de Armas, Marcos William Herbas Camacho, o Marcola, líder do PCC, a facção paulista a serviço do verdadeiro crime politicamente organizado, declarou:

"Fui criado por determinadas pessoas, agindo de má-fé para ter um bode expiatório. E cada vez que as coisas dessem errado e eles não soubessem como controlar e a quem punir, tinha lá o Marcola".

E ainda completou:

"É muito fácil ter um cara igual a mim. Se eu fosse político, eu ia arrumar um Marcola também. Se eu fosse um governador, ter um Marcola, não é bom, não? A segurança pública tá um caos, a culpa é do Marcola!". (*)

A quem as autoridades responsáveis pela segurança pública e a imprensa serviçal querem tratar como "burro": a população em geral, ou "um grupo de chefes de dentro da cadeia"?

Leia artigo completo:

http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=504

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18/05/2006 - 19h52

Suspeitos mortos pela polícia em onda de ataques em SP somam 107

da Folha Online

O número de pessoas suspeitas de envolvimento na onda de violência que atinge diversos pontos do Estado de São Paulo desde a sexta-feira passada (12) mortas durante supostos confrontos com a polícia chegou a 107 nesta quinta-feira, segundo balanço da Secretaria da Segurança Pública.

Novas ações criminosas foram registradas entre a noite de quarta-feira (17) e a madrugada desta quinta, em diferentes pontos do Estado.

Liderado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), criminosos têm promovido uma série de ataques --principalmente contra forças de segurança do Estado. Entre sexta e segunda-feira (15), houve ainda uma onda de rebeliões que atingiu mais de 80 unidades prisionais paulistas.

Nos ataques foram mortas 45 pessoas: 23 policiais militares, sete policiais civis, três guardas municipais, oito agentes de segurança penitenciária e quatro civis --sendo uma namorada de um policial--, além de parte dos 107 suspeitos mortos em supostos confrontos.

Somadas às mortes de nove detentos de penitenciárias e CDPs (Centros de Detenção Provisória) ocorridas durante os motins, o total de pessoas mortas em decorrência da onda de crimes sobe para 161.

Outros nove presos também teriam morrido em motins, o que elevaria o número para 170.

Leia reportagem completa...

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u121716.shtml

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Associação dos Docentes da Universidade Federal de Goiás


23/05/2006

A elite não é só branca, é podre, doutor Bolívar

A elite se pôs de pé e fez beicinho nos jornais à surpreendente entrevista do governador Cláudio Lembo à Folha de S. Paulo de 18/5. Desde a personagem Odete Roitman, menos conhecida como Beatriz Segall, passando pelo primeiro-sociólogo do sociologismo tucano, Bolívar Lamounier, até chegar no ex da Carola, a princesa da Casa dos Artistas, aquele tal de Chiquinho Scarpa.

Mesmo com um sociólogo entre os ofendidos foi o ex-Carola quem melhor resumiu o sentimento da elite: “Se cada um voltasse para o seu estado, tudo funcionaria. O problema é que 80% dos votos para presidente são de São Paulo – e os nordestinos votam errado”. Pois é, entenderam?

O ex-Carola nem sabe direito o que está falando. Fala de porcentagem e pelo resultado da matemática percebe-se que mal sabe fazer conta de mais e menos. Mas não erra no alvo. Quer segregação. Quer que os nordestinos pobres (evidente, os ricos podem ficar), voltem para sua terra. Saiam daqui.

É dessa elite, oh Bolívar, que tratou um pouco na entrevista de ontem o governador Lembo. É dela que tratamos nós.

Mas o primeiro-sociólogo do sociologismo tucano prefere a retórica academicista barata: “A elite virou explicação para tudo no Brasil, de bicho-de-pé à dor no fígado. Tudo é culpa da elite”. Não, cara pálida, a culpa é dos nordestinos, como disse o seu colega, o ex-Carola. Ou pode ser culpa de preto, de favelado, de analfabeto, dos aposentados do INSS, das crianças do farol. Ou ainda dessa gente estúpida que fica clamando por direitos humanos ao invés de ir cuidar da vida.
Ou então, doutor Bolívar, podemos dizer que a culpa é de ninguém, do destino ou dos marcolas de aluguel. Esses atuais capitães do mato de uma sociedade que não tem escravos só pretos, mas onde eles ainda são imensa maioria da senzala moderna.

E se o doutor fica aturdido e resmunga, “ao enfiar o assunto branco-preto no meio foi ainda mais infeliz”, comentando a entrevista do governador, queria lhe dizer que até agora a secretaria de segurança pública se nega a entregar o nome dos 107 “suspeitos” mortos nesses 7 dias da guerra de São Paulo.

O doutor, ao invés de beicinhos para defender a elite, poderia perguntar disso.

Se tiver dúvida, lhe adianto. Não vou meter o assunto de branco-preto no meio. Até porque ele é quase todo preto. Dos 107, quantos brancos teremos? Quantos moram nos Jardins? Quantos estudam na USP?

Como muitos que se proclamam sociólogos nunca caminharam a pé nem pela Praça da Sé, vou contar uma historinha relatada num telefonema de um amigo na tarde de ontem.

No começo da noite de anteontem (17/5) dois jovens pretos, que moram na zona Leste, num bairro menos afastado do que São Matheus, onde aconteceu a chacina dos três metalúrgicos, do mecânico e do garoto que segunda começaria a trabalhar no Habib´s foram a um supermercado. Um dirigia a moto, outro na garupa. De repente, uma blitz. Como sabem os paulistanos, temos tido dias frios nesta semana. Um dos jovens, o que dirigia, além do capacete, estava com aquele gorro de motoqueiro para se proteger do frio. Pronto, tornarem-se suspeitos.

Por sorte, pelo destino ou pelo sei lá o quê, escaparam. Depois de uma humilhante revista e de mil e um xingamentos, puderam ligar a moto e voltar para casa.

É assim que se escolhem os suspeitos. Basta ser preto, nordestino, pobre, estar de moto ou carro velho. Se tiver de boné ou gorro então... Não é de se estranhar que o primeiro-sociólogo do sociologismo tucano não demonstre nenhuma indignação quanto ao assassinato dos 107 “suspeitos”. Afinal, está preocupado com a injustiça que está atingindo a moral de sua tropa, a tal elite.

Ontem o governador Lembo deu mais uma entrevista. Dessa vez para o jornalista Bob Fernandes.

Está publicada no site Terra Magazine (http://terramagazine.terra.com.br/).

Ele reafirma tudo que disse à Folha sem tergiversar. Ótimo. Como, já dito aqui, se assim é, concordamos, governador. E concordamos mesmo. Agora, vai ser preciso mais do que o discurso. É hora de fazer algo para impedir que as ruas da periferia de São Paulo deixem de ser campos de concentração.

A polícia precisa estar a postos. Precisa estar alerta. Precisa enfrentar o crime organizado, que não é algo que se resolve só com combate à injustiça social. Mas os jovens pobres não podem ser tratados como bandidos.

E o secretário de Segurança Pública, “aquele menino do Alckmin” [o Saulo de Castro], como prefere FHC, tem que respeitar o Estado de Direito.

A lista com o nome dos 107 “suspeitos” precisa ser entregue à imprensa. Precisa ser apresentada à sociedade. Que maluquice é essa? De onde esse Saulo de Castro tirou essa de que vai entregar a lista no “momento oportuno”.

Para impedir que seu governo chegue ao fim com a pecha de governo-assassino, o governador Lembo terá de enfrentar a turma que no comando da segurança pública de São Paulo desde a saída de José Afonso da Silva, levou São Paulo ao domínio do medo.

Reportagem

Renato Rovai [19/5/2006]

Fonte
Carta Maior

http://www.adufg.org.br/mm_acervo.php?idmateria=630&idlink=2&titulo_link=An%E1lise%20e%20Opini%E3o

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Procurador-geral denuncia Saulo de Castro [foto] por desacato

O Globo Online, CBN (18/11/2006)

SÃO PAULO - O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo Pinho, apresentou nesta quarta-feira denúncia contra o secretário estadual de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, por desacato. O Tribunal de Justiça de São Paulo vai analisar se aceita a denúncia, na qual Saulo é acusado de ofender deputados estaduais durante uma reunião da comissão de Segurança Pública, no último dia 6 de junho. Saulo teria que prestar esclarecimentos sobre a onda de violência promovida por uma facção criminosa. Se a denúncia for aceita, Saulo ficará sujeito a pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

De acordo com a denúncia, Saulo feriu a dignidade e o decoro dos parlamentares com gestos e atitudes ofensivas, além de chamar a audiência de "lengalenga". Cerca de 70 policiais fardados acompanharam a sessão e se manifestaram várias vezes em favor do secretário. De acordo com a denúncia, em um dos episódios ofensivos, Saulo chegou a ensaiar passos de dança e batucou na mesa enquanto era ouvido.

Leia reportagem completa...

http://oglobo.globo.com/sp/mat/2006/11/09/286584526.asp

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Um conto para ilustrar:


MORTOS ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA

Fernando Soares Campos

Geraldo e Cláudio são amigos inseparáveis. Aposentados, podem ser vistos a partir das duas da tarde, todos os dias, na mesa exclusiva da dupla, no Bar do Cardoso. Nos últimos 20 anos, só falharam um dia.

Foi no domingo passado, pois naquele dia o bar fechou devido ao recrudescimento da violência que toma conta da cidade há uma semana.

Geraldo abre o jornal e lê para o companheiro:

- Vê essa, meu: "Já somam 107 os suspeitos abatidos pela polícia desde sexta-feira passada".
- Suspeitos de quê?! - perguntou Cláudio
- Aqui só fala em suspeitos.
- Mas quem são esses suspeitos?
- Ora! eu já li isso pra você, são os mortos, meu!
- Sei. Mas quem são os mortos?
- Putz!, meu, você não saca uma! Quer que eu desenhe? Os mortos são os suspeitos, meu!
- Mas, meu, eu quero saber quem são os mortos suspeitos.
- Fácil: são os caras que a polícia matou.
- E esses caras têm nome?
- Tinham.
- Como "tinham"?
- Agora são somente números.
- São suspeitos de quê?
- Suspeita-se que alguns desses suspeitos participaram de um movimento suspeito, supostamente ligado ao suspeito crime organizado.
- Mas, se depois de investigados os casos, descobrirem que alguns dos suspeitos são inocentes?
- E daí?!
- O que acontece com esses que já morreram?
- O que acontece?! Ora, meu!, não acontece mais nada, os caras já morreram.
- E a polícia está procurando novos suspeitos?
- Claro.
- Mas, pelo que estou entendendo, qualquer pessoa que estava na cidade, nos últimos dias, é um suspeito.
- Claro que não!
- Por que não?
- A polícia não pergunta onde o cara estava aqui nos últimos dias.
- E se ficar provado que o morto suspeito não estava na cidade há mais de uma semana?
- Aí o suspeito morto passa a ser apenas morto.
- Hein?!!
- Torna-se um morto acima de qualquer suspeita.

Fernando Soares Campos
La Insignia. Brasil, maio de 2006.

http://www.olobo.net/index.php?pg=colunistas&id=382

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Manifesto pelo Desarquivamento e Federalização dos "Crimes de Maio de 2006"


To: Presidência da República do Brasil; Casa Civil; Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Direitos Humanos; População Brasileira e Internacional

Manifesto pelo Desarquivamento e Federalização das Investigações sobre os "Crimes de Maio de 2006" cometidos por agentes policiais do Estado de São Paulo grupos de extermínio paramilitares ligados a eles

à População Brasileira e Internacional de forma ampla, geral e irrestrita
à Presidência da República do Brasil, na pessoa do Presidente Sr. Luís Inácio Lula da Silva
à Casa Civil, na pessoa da Ministra Sra. Dilma Roussef
ao Ministério da Justiça, na pessoa do Ministro Sr. Tarso Genro
e à Secretaria Especial de Direitos Humanos, na pessoa do Secretário Sr. Paulo Vanucchi

ATÉ QUANDO O ESTADO CONTINUARÁ TORTURANDO E MATANDO?

ATÉ QUANDO A POPULAÇÃO VAI TOLERAR EM SILÊNCIO?


“De aqui, de dentro da guerra, qualquer tropeço é motivo. A morte te olha nos olhos. Te chama, te atrai, te cobiça. De aqui, de dentro da guerra, não tem DIU nem camisinha que te proteja da estúpida reprodução da fome, da miséria, da ínfima estrutura que abafa o cantar das favelas: antigas senzalas modernas. Cemitério Geral das pessoas.” Poeta Dinha, Parque Bristol, Periferia-SP


Se levarmos a sério tudo aquilo que o conceito de “democracia” promete, o Brasil obviamente nunca concluiu sua “transição democrática”. Muito pelo contrário. Quem vive nas favelas e comunidades periféricas do país, sabe na pele o quê isso significa. Vivemos num país cada vez mais dividido por um abismo entre duas classes de pessoas: aquelas que são consideradas “seres humanos portadores de direitos” porque têm mais dinheiro e, via de regra, tem a pele mais clara; e aquelas “pessoas que não são consideradas sequer seres humanos”, tratadas como bicho por terem a cor da pele quase sempre mais escura, não terem dinheiro e. quando muito, terem um emprego precário, podendo desse modo serem descartadas e massacradas pelo sistema que, sob sua lógica, as pode substituir com facilidade. A essa imensa maioria das pessoas, até para que elas permaneçam sendo exploradas ao máximo, é aplicado o Terror.

Um Terror cotidiano que tem na falta de condições mínimas para uma vida digna, por um lado e, por outro, no poder repressivo da polícia e de agentes paramilitares ligados ao estado, duas faces da mesma moeda da opressão. Uma opressão que se concretiza das mais diversas formas, concentradas ou difusas, em especial contra a juventude pobre e negra do país. Práticas que, cada vez mais, têm culminado em torturas cotidianas, encarceramento em massa, e seguidas execuções sumárias. Uma pesquisa recente divulgada pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, UNICEF e Observatório de Favelas, no dia 21/07/2009, afirma que, se as estatísticas permanecerem como estão, mais de 33,5 mil jovens terão sido executados no Brasil durante o curto período de 2006 a 2012. Os estudos ainda apontam que os jovens negros apresentam risco quase três vezes maior de serem executados em comparação com os brancos.

Os Crimes de Maio de 2006


Pois mal: foi neste contexto que, durante o mês de maio de 2006, no Estado de São Paulo, policiais e grupos paramilitares de extermínio ligados à Polícia Militar promoveram um dos mais vergonhosos escândalos da história brasileira. Em uma cínica e mentirosa “onda de resposta” ao que se chamou na grande imprensa de "ataques do PCC", foram assassinadas no mínimo 493 pessoas - que hoje constam entre mortas e desaparecidas. A imensa maioria delas - mais de 400 jovens negros, afro-indígena-descendentes e pobres – executados sumariamente. Sem dúvida, o maior Massacre da história brasileira recente.

São centenas de mães, milhares de familiares e amig@s que tiveram, no intervalo de pouco mais que uma semana, seus entes queridos assassinados covardemente, e até hoje seguem sem qualquer satisfação por parte do Estado brasileiro. Os casos permanecem arquivados sem investigação correta para busca da Verdade dos fatos; sem Julgamentos dos verdadeiros culpados (os agentes do estado e seus outros braços armados); sem qualquer Proteção, Indenização ou Reparação por parte das instituições que tiraram os seus jovens. Um estado que ainda insiste em sequestrar também o sentimento de Justiça dessas famílias.

Desde então, por meio de muita luta - sobretudo das Mães e Familiares de Vítimas à frente dela - um primeiro e importante desafio já vem sendo superado: a censura nos grandes meios de comunicação, e a barreira do desconhecimento. Hoje, passados três anos e meio desde os terríveis Crimes, milhões de pessoas ao redor de todo o Mundo já sabem o quê realmente aconteceu naqueles trágicos dias. Entretanto, muitas ainda precisam saber, principalmente aqui no Brasil, onde o massacre aconteceu, e onde a marcha fúnebre prossegue com o desconhecimento ou conivência de muitos.

No dia 15 de outubro de 2009, a Anistia Internacional enviou uma nota a todas as instâncias do Estado brasileiro, na qual repudia o absurdo arquivamento da imensa maioria dos casos que se multiplicaram nas periferias de São Paulo a partir de maio de 2006, ressaltando estar atenta em relação à impunidade que vigora até o momento, e atenta também ao futuro das investigações e providências. Há poucos dias, no início de dezembro, novamente em visita ao Brasil, representantes da AI voltaram a destacar e se solidarizar com toda a luta das Mães e Familiares que, segundo a entidade internacional, sofrem uma "dupla-violência”: além de terem perdido seus filhos de maneira brutal por parte de agentes do Estado, ainda têm renegado o seu legítimo direito à Verdade e à Justiça, sendo obrigadas muitas vezes a conduzir elas mesmas as investigações - sem nenhum suporte, reparação, e sequer a garantia da própria Vida. A Anistia Internacional também volta a exigir o desarquivamento dos casos.

Desarquivamento e Federalização


Agora é preciso dar novos passos, e superar novas barreiras simbólicas, políticas e jurídicas. Esta petição, lançada pelas “Mães de Maio” às vésperas do Dia Internacional dos Direitos Humanos de 2009, tem como objetivo geral exigir o mínimo que as pessoas com alguma decência e dignidade podem fazer diante de brutalidades como esta: manifestar seu Repúdio e reivindicar Justiça! Mas tem um objetivo específico muito preciso: exigir do Poder Executivo Nacional que este faça cumprir a Constituição Brasileira, a qual vem sendo constantemente vilipendiada pelos Poderes Judiciário e Executivo do Estado de São Paulo – de alguma maneira implicados politicamente com os referidos Crimes de Maio de 2006, sobre os quais cobramos Justiça.

Sabemos que uma sociedade realmente democrática não se constrói sem encarar todo o seu Passado, sem assimilar toda sua Verdade Histórica. Sabemos que isso não é fácil, e que no Brasil há uma blindagem pesada feita pelas elites civis e militares para que isto não aconteça. Entretanto, diante de todo este poder opressivo imposto pelo dinheiro, pelas mídias e pelas armas, nós que abaixo-assinamos esta petição não nos intimidamos.

Estamos absolutamente convictos de que não construiremos uma sociedade Justa, Igualitária e, sobretudo, Livre, sem fazer todas as devidas reparações históricas. Mais que isso: seria impossível dormir com a consciência tranqüila se nos calássemos, nos omitíssemos ou, pior, se colaborássemos para a manutenção desta situação. Tampouco atingiremos os nossos ideais coletivos, nacionais e internacionalistas, sem exigirmos a punição dos responsáveis pela sucessão de crimes históricos cometido pelas elites e por seus agentes incrustados no Estado brasileiro, de forma direta ou indireta. Principalmente aqueles altos responsáveis pela sucessão de Massacres que marca a nossa História. Sem o julgamento e a devida punição de todos os responsáveis por estes crimes inomináveis, a sociedade brasileira na prática continuará dando aval para que eles sigam ocorrendo, sobretudo contra a juventude pobre e negra do país.

A luta pelo Desarquivamento e pela Federalização das investigações sobre os Crimes de Maio de 2006 se insere nesta tradição de resistência de tod@s @s oprimid@s que lutaram e lutam pela Memória, pela Verdade e por Justiça, em relação a todos os massacres históricos. Não apenas as vítimas e familiares dos Crimes de Maio de 2006 agradecem o apoio a este manifesto, mas todas as vítimas diretas ou indiretas do Massacre de Canabrava (2009), do Complexo do Alemão (2007), da Baixada Fluminense (2005), da Praça da Sé e de Felisburgo (2004), de Eldorado dos Carajás (1996), da Candelária e de Vigário Geral (1993), do Carandiru (1992), de Acari (1990), da Ditadura Civil-Militar (1964-1989), e de todos os massacres históricos contra trabalhadoras e trabalhadores pobres, negros e indígenas ocorridos ao longo da história brasileira.


NOSSA LUTA POR JUSTIÇA HISTÓRICA É UMA SÓ!


E, neste momento, neste manifesto: a Luta é por Justiça frente aos Crimes de Maio de 2006!


EM DEFESA DO DESARQUIVAMENTO E DA FEDERALIZAÇÃO DAS INVESTIGAÇÕES SOBRE OS “CRIMES DE MAIO DE 2006” COMETIDOS POR AGENTES MILITARES DO ESTADO DE SÃO PAULO E GRUPOS DE EXTERMÍNIO PARAMILITARES LIGADOS A ELES.
07 de Dezembro de 2009,

Abaixo-Assinados

Use o link para assinar o Manifesto:

http://www.petitiononline.com/maesmaio/petition-sign.html

http://www.petitiononline.com/maesmaio/petition.html

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PressAA

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Um comentário:

Assaz Atroz disse...

"Hola Fernando recibo con mucho cariño tus reportes
besos

Alexandra de Ecuador"

(Mensagem recebida por e-mail, postada por Assaz Atroz)