sábado, 5 de dezembro de 2009

LULA – O FILHO DO BRASIL - Oscar e patrocinadores

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LULA - O FILHO DO BRASIL

NÃO VI E NÃO GOSTEI


Raul Longo

Amiga minha assistiu ao aguardado filme Lula – O Filho do Brasil e, maravilhada, elogiou tudo: atores, música, cenários, roteiro, montagem, fotografia. Tudo! Mas, estupefata, disse não entender a tamanha “poeira” levantada pela mídia e pela oposição ao acusar a obra de eleitoreira, garantindo que “... pasmem, não tem sequer uma estrelinha do PT. Aliás, o filme acaba antes da formação do PT”.

Como assim? Que história é essa? Não paguei, mas já quero o dinheiro de meu ingresso de volta!

Então, por que raios fizeram esse filme?

Não Sr. Barreto! Não é só isso, não! Não é só mostrar o Brasil de fundo! Tem de mostrar também a sobra. O que transborda! O que sempre esteve demais, o desnecessário, o que tem de ser banido da vida política do país!

Parabéns ao Barreto por mostrar a força, a inteligência, a superação de preconceitos e dificuldades de Luís Ignácio Lula da Silva. Parabéns por demonstrar, de forma brilhante segundo a abalizada opinião da amiga, a determinação deste sertanejo que confirma Euclides da Cunha, sendo antes de tudo um forte, e não apenas mais um letrado covarde.

Doutores covardes temos demais na história, e só serviram para acumular pó em bordas de molduras e pros pombos terem onde defecar. Mas jamais dariam roteiro que prestasse sequer pra comercial de 30 segundos. E o Fábio, com experiência herdada de família de cineastas, teve o bom senso e a perspicácia de escolher um personagem grandioso, de projeção internacional. Um temperamento que bem reflete a fibra de todo um povo que, apesar de desprestigiado por aqueles que se diziam seus representantes políticos, construiu o gigantismo desse país com uma obstinação impressionante.

Por tudo isso, devo cumprimentá-lo e concordar com todos os comentários e elogios à sua obra. Li e ouvi muitos desses elogios, inclusive de oposicionistas políticos do Lula, e não tenho dúvidas de que tenha produzido um excelente filme. Mas não se anime, pois, assim mesmo e ainda que não o tenha visto, não gostei.

Como é que o sujeito me faz um filme desses e não aproveita para fazer propaganda política? Não digo que devia demonstrar que precisamos da continuidade do atual governo através da Dilma Rousseff. Isso não é necessário, pois se trata mesmo de conclusão lógica, própria ao raciocínio e à inteligência humana. Mas parar a história quando ainda éramos uma das maiores vergonhas mundiais em dependência econômica, em concentração de renda, em subserviência às potências estrangeiras, sem contar que foi o Filho do Brasil que reverteu isso tudo é, no mínimo, um desperdício da atenção do público!

De que serve esse filme então? Como Fábio Barreto não aproveitou a oportunidade de conscientizar a platéia para de forma alguma permitir que nossa história volte atrás? Em nenhuma circunstância! Sequer em uma única cadeira da Câmara e do Senado! Em nenhum governo de Estado!

Como o senhor me deixa de demonstrar isso no filme, Seu Fábio? Apenas para a mídia não lhe acusar, ainda mais, de ter composto uma peça eleitoreira?

Pois o senhor devia ter mostrado também, que essa mesma mídia apoiou abertamente as torturas e assassinatos da ditadura, enquanto aprofundavam nossa dependência econômica e promoviam nossa degradação cultural.

Tinha de ter mostrado no seu filme, Senhor Fábio, que na época, essa mídia se referia ao Lula da Silva, então líder trabalhista, como a um marginal. Porque pra eles, até hoje, trabalhadores, filhos do Brasil, são marginais. Sub-raça!

O Senhor tinha de ter mostrado que essa mídia nos fez acreditar e eleger Collor de Mello e apoiou, como ainda apóia, as privatizações dos potenciais brasileiros, promovidas por Fernando Henrique Cardoso, que sucateou o país inteiro e nos transformou em uma das nações economicamente menos recomendáveis do planeta.

Tinha de ter demonstrado em seu filme, Senhor Fábio, que por três eleições essa mídia nos ludibriou com mentiras sobre Luís Ignácio Lula da Silva, fazendo-nos acreditar que seus oponentes é que eram honestos e capazes. Assim nos impediram de eleger Lula há muito mais tempo, para há mais tempo estarmos livres de crises, desvalorização de moeda, aumento de juros, inflação, constantes aumentos de combustível, desemprego, e todos os apertos que vivenciamos até 2003.

E em seu filme o senhor só conta até o Lula sindicalista?! E o Lula que nos resgata de uma das maiores dívidas externas do mundo? E o Lula que promove a maior aceleração de distribuição de renda da história, resgatando milhões de filhos do Brasil da miséria e da pobreza?

E o Lula que transforma nossa vergonha em orgulho perante o mundo? O Lula que nos devolveu o orgulho de sermos filhos do Brasil.

Esse o senhor não conta, Seu Fábio? Mas que decepção!

Claro que irei ver seu filme. Não há quem deixará de ver seu filme! Mas, imitando o Glauber Rocha, já vou avisando que, mesmo não o tendo visto, não gostei.

Raul Longo
pousopoesia@gmail.com
www.sambaqui.com.br/pousodapoesia
Ponta do Sambaqui, 2886
Floripa/SC

Raul Longo, jornalista, escritor e pousadeiro, colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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PressAA

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3 comentários:

Urda Alice Klueger disse...

Raul, cá de La Paz, a cabeça doendo por conta da altitude, te digo que o texto está o máximo!+ Acho que teremos a maior bilheteria da història do
cinema! Claro que eu irei tambem!
Vou guardar o texto para repassar quando voltar!
Muito carinho,
Urda.

(Mensagem recebida por e-mail, postada por Assaz Atroz)

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Dani Tristão disse...

Como sempre Raul longo Arrasou!
Excelente!!!

Nilson Cesar Fraga disse...

Parabéns Raul,
ensaio mais do que interessante!
Abraço!