quarta-feira, 17 de março de 2010

CAVALOS DE TRÓIA

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Laerte Braga

A cada dez pessoas às quais se pergunte se é de direita ou esquerda, mesmo que esse campo ideológico esteja “ultrapassado” segundo alguns ex-esquerdistas (para justificar o virar a casaca), todas dirão que ou estão à esquerda, ao centro-esquerda, nunca à direita. Para encontrar alguém disposto a assumir uma postura pública de direita será necessário que a pergunta seja feita a pelo menos cem pessoas, mesmo que a nona se declare de direita. Será a única em cem.

José Collor Arruda Serra (envolvido na Operação Satiagraha, agora convalidada pela Justiça por favorecimento a doleiro, negócio de oitenta milhões) não aceita, por exemplo, o rótulo de direita. Ou diz que essa forma de situar as pessoas do ponto de vista ideológico é superada, incorreta, ou imprecisa, ou se afirma, já disse isso, à esquerda do presidente Lula “em muitas situações”.

É claro que não é assim matemática essa divisão, maniqueísta, mas é um ponto de partida para que se possa perceber, entre outras coisas, no caso do Brasil, se alguém é a favor de privatizar a PETROBRAS ou do monopólio estatal do petróleo.

Há um processo em fase aguda de luta pela integração dos países e povos latino-americanos, vale dizer, sem a presença de norte-americanos e canadenses.

Governos e povos comprometidos com essa idéia, com esse propósito, movem-se num espectro à esquerda, conscientes que os interesses norte-americanos e canadenses (um grande estado dos EUA e um pouco mais ao norte dos EUA, com pretensão de súditos da rainha da Inglaterra, colônia européia desse mesmo EUA), não são interesses de nações e povos latino-americanos, pelo contrário, quando o são, tem o viés de colonizar, oprimir, intervir e acrescentar um “r” à palavra Latina. Vira Latrina, América Latrina. Que o digam mexicanos, colombianos, peruanos e hondurenhos para citar quatro. E todos os livros de História sobre aquela conversa de “a América para os americanos”.

O presidente dos Estados Unidos chegou à Indonésia, onde viveu por três anos de sua infância, debaixo de protestos generalizados da população muçulmana, a um ponto tal que o governo foi obrigado a retirar uma estátua de Obama posta no centro de Jacarta para simbolizar o tempo que ali viveu.


O presidente Lula do Brasil chegou a Israel e foi recebido como “profeta do diálogo”, sem necessidade de rever um único dos seus pontos de vista e reafirmando sua amizade com o presidente e o povo do Irã, além do direito do Irã ter seu projeto nuclear.

Em Jornal israelense que vê Lula como 'profeta do diálogo' está uma entrevista de Lula concedida a dois jornalistas israelenses e um jornalista árabe, em que até a ordem para saber se os de Israel fariam a primeira pergunta, ou o árabe, foi tirada num par ou ímpar. Valeu a Lula a classificação de imparcial.

Israel é um estado terrorista. Uma anomalia criada por interesses de britânicos, franceses e norte-americanos logo após a segunda guerra, escorado na “reparação aos judeus vítimas do holocausto” e que se constitui hoje em ponto de operações terroristas como assassinatos, seqüestros, falsificações, além, lógico de grandes lucros nas terras e água palestinas. O petróleo de lá, como querem o daqui.

Lula ainda vai à própria Palestina, ao Irã e à Jordânia.

Obama está sendo escorraçado de um país onde passou três anos de sua infância e antes de sua eleição, durante a campanha eleitoral, acreditava que sua realidade pudesse vir a ser compreendida, ou seja, que Obama fosse de fato negro e diferente.

É branco e igual a qualquer Bush da vida.

Difere apenas no método, na forma de agir, carrega um tubo de vaselina no bolso, mas já não consegue enganar ninguém. Caiu a máscara no golpe militar de Honduras, todos os dias no Afeganistão.

A integração latino-americana se impõe para que países como o Brasil, o maior dessa parte do mundo, ao lado de venezuelanos, argentinos, uruguaios, paraguaios, bolivianos, cubanos, nicaragüenses e todos os outros, possam aspirar níveis de desenvolvimento, soberania e integridade de seus territórios capazes de se lhes garantir para além da independência em seu todo, uma existência, coexistência e convivência em bases dignas e humanas para seus nacionais.

Isso preocupa Washington. Preocupa Wall Street e preocupa os vários “escritórios” dessa gente aqui em nosso país, por exemplo, entidades putrefatas de elites fétidas como a paulista (FIESP/DASLU), ou de um latifúndio alojado no DEMO, versão contemporânea e dissimulada (mas nem tanto) dos partidos escravocratas do século XIX.

E dos ladrões também, caso de José Collor Arruda Serra e do próprio José Roberto Arruda, o tal do “vote num careca e leve dois”.

Fossem apenas esses os “escritórios”, teríamos os adversários descobertos à luz do dia. Mas não. Somam o quem em linguagem internética hoje chamam de vírus. Organizações como a ANISTIA INTERNACIONAL, uma capa e outro conteúdo. Human Rights Watch, a mesma coisa, uma vasta e quase incontável quantidade de ONGs “protetoras” de todo mundo, desde que os juros sejam pagos em dia a bancos sionistas em Wall Street.

Há uma discussão em toda a América Latina que não pode deixar de ser feita pelo conjunto de forças populares. A questão das FARC-EP e do ELN, respectivamente FORÇAS ARMADAS REVOLUCIONÁRIAS COLOMBIANAS-EXÉRCITO POPULAR e EXÉRCITO DE LIBERTAÇÃO NACIONAL (a última guerrilha fundada por Guevara). Para a ONU são movimentos “insurgentes”, vale dizer, rebeldes, para os EUA, organizações “terroristas”.

Já o MOSSAD, serviço secreto de Israel, não. É legítima defesa, pode falsificar documentos, assassinar, seqüestrar, roubar, etc., que está defendendo a democracia.

Setores e organizações ditos ou ditas “de esquerda” restringem qualquer movimento de defesa do processo de integração latino-americana à presença das FARC-EP e do ELN. Acreditam ser possível a negociação com o governo títere de Pepe Lobo em Honduras e vivem da crítica a Cuba, por conta de um preso “político” em prisão domiciliar e em greve de fome, dispondo de toda a assistência prevista e recomendada pelos Direitos Humanos, ao contrário, por exemplo, de quem está preso em Guantánamo, ou nas prisões do Iraque, ou de Israel.

Pior, se é que isso é possível, nas prisões do latifúndio CST-SAMARCO-ARACRUZ, antigo estado brasileiro do Espírito Santo. O criminoso que lá chamam de governador, está sendo intimado a explicar a organizações de direitos humanos da ONU, as condições abjetas dos presídios do latifúndio (no antigo Espírito Santo, desde a chegada do “progresso” com as empresas como a VALE/CST-SAMARCO-ARACRUZ, anularam a lei áurea e reintroduziram a escravidão, sem falar na predação ambiental).

A mídia, aquela que, segundo Bial, não precisa de credibilidade, pois quem busca credibilidade é o pastor, o padre (nem isso mais; pastores com mínimas exceções são estelionatários a vender terrenos no céu e o papa atual, comandante da Igreja Católica, uma aberração saída das catacumbas do III Reich e que envergonha a maior parte do clero e dos fiéis), a mídia, repito, outro escritório dos EUA no Brasil e em muitos países, vende a idéia através de agentes nacionais a seu serviço (GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO, etc. Bonner, Miriam Leitão, Alexandre Garcia, Lúcia Hippólito, ali não tem exceção), que os brilhos de Hollywood, mesmo que sejam só brilhos e por baixo deles estejam milhões de famintos, de desempregados, de sem teto, sem terra, professores tratados como lixo ao longo de suas carreiras, que esses brilhos são melhores e acima de tudo patrióticos.

E que todos ou tudo o que se volte contra os que dirigem esse brilho ofendem a democracia cristã/sionista e ocidental.

Não existe integração dentro desse espectro “de esquerda” que exclua as FARC-EP, ou o ELN do processo nessa direção. Os pruridos de organizações ditas de “esquerda” contra a presença da guerrilha nos fóruns de debates trazem o viés moralista e hipócrita, o mesmo que cerca Obama. São cavalos de Tróia.

Não creio que possa existir algo mais doloroso que ser rejeitado pelos seus, e Obama foi rejeitado pelos indonésios, onde viveu três anos de sua infância e despertou esperanças que se viram frustradas quando arrancou a pele de negro que lhe cobria a ideologia branca. Ariana.

Pelo peso e pela importância do Brasil qualquer retrocesso (o retorno Tucano/DEM) trará conseqüências desastrosas e significará abrir mão do que foi conquistado em 1822. A independência.

Quando de um acordo de paz entre um governo colombiano e as FARC-EP, o movimento transformou-se em partido político, disputou as eleições e venceu em várias das regiões colombianas, elegendo mais de três mil representantes municipais, deputados regionais, ao Parlamento e viabilizou um caminho para mais à frente eleger o presidente da República. Os eleitos foram assassinados e as FARC-EP voltaram à condição de guerrilha.

Que nem a paz firmada entre palestinos e israelenses. Rabin, primeiro-ministro de Israel assinou um acordo com Arafat e na comemoração foi assassinado por um fanático judeu.

Dois livros não desmentidos e com tradução para o inglês, vendidos nos EUA, mostram onde está o tráfico na Colômbia. “Amando Pablo, odiando Escobar”, da ex-amante de Pablo Escobar, onde são contadas as suas ligações com o atual presidente colombiano, inclusive no financiamento de suas campanhas eleitorais. “Biografia não autorizada”, do jornalista Joseph Contreras, do jornal NEWSWEEK, que traz toda a história das ligações de Uribe com o tráfico e com Escobar.

Vetar as FARC-EP e o ELN na luta pela integração dos países e povos latino-americanos é ficar ao lado do narcotráfico, e isso é coisa da direita, do latifúndio, de banqueiros (que guardam o dinheiro dos traficantes), das grandes empresas, que muitas vezes abrigam entre seus acionistas poderosos narcotraficantes.

Abadia não morava numa favela em São Paulo e no condomínio de luxo onde tinha sua faraônica mansão, as festas eram freqüentadas pelas elites FIESP/DASLU e noticiadas nas colunas de fuxicos ditas sociais de jornais “paladinos” da democracia como a FOLHA, o ESTADO DE SÃO PAULO, muitos jornalistas de VEJA buscavam uma graninha ali para reforçar o “leite das crianças”.

É o parece que é, mas não é.


Laerte Braga, jornalista, colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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PressAA

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