segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O Coisa Ruim e os passageiros da agonia --- Espionagem: Enfim, temos nosso legítimo Snowden --- Concurso: A escolha da Monica Lewinsky de Obama

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Lúcio Flávio Pinto: A Vale que vale

A Vale como espiã

É legal ou legítimo que uma empresa privada tenha nos seus arquivos prontuários de pessoas que lhe interessam, incomodam ou são seus inimigos? Pois a Vale tem. Não se tratam de fichas, anotações ou clippings. A designação que a empresa deu a esses registros personalizados é mesmo de prontuários, consagrados pelo aparelho policial e tingidos de negro pelo aparato de repressão.
O batismo não deixa de ser um ato falhado. O serviço de informações e inteligência da maior empresa privada do Brasil, da qual o país depende como nunca antes, é conduzido também por ex-agentes do serviço de informações do governo, novos ou mais antigos, remanescentes da era do SNI e integrantes da Abin, hibridismo da época da ditadura com a democracia.
A coordenadoria de serviços especiais corporativos, ligada à auditoria interna, subordinada, por sua vez, ao conselho de administração, foi criada em 2003. Seu objetivo era prevenir perdas e combater fraudes dentro da empresa. Parece que a princípio ela se circunscreveu a essa missão, mas logo deu início a atividades ilegais de espionagem, recorrendo a grampos telefônicos, quebra de sigilo bancário e invasão de privacidade. Além do pessoal próprio, utilizou consultorias privadas.
Em abril, de 2010 a “atualização do prontuário do jornalista Lúcio Flávio de Farias Pinto” custou 10 reais à Vale. Não sei o que esse prontuário contém, mas já há um mau indício: colocaram um “s” excedente no meu sobrenome Faria.
Uma empresa do porte da Vale precisa ter o seu setor de inteligência. Ele cuida de informações e contrainformações para melhor atender a corporação na sua guerra de mercado, que envolve espionagem. Boicote e sabotagem, e nas relações com o mundo externo. Mas desde que um ex-integrante desse serviço, o gerente de inteligência André Almeida, demitido em março deste ano por justa causa, repassou documentos que permitiram à revista Veja revelar os intestinos da mineradora, a questão é saber se a Vale atua dentro de limites legais ou os extrapola e viola, agindo como se fora uma entidade pública, com direito de exercer o poder de polícia.
Quando o Serviço Nacional de Informações, concebido pelo general Golbery do Couto e Silva, foi criado, logo depois do golpe militar de 1964, que derrubou o presidente João Goulart, Carlos Lacerda observou com maldade certeira que o SNI não funcionava às segundas-feiras. Nesse dia poucos jornais circulavam – e não os mais importantes. Os arapongas de então não podiam se armar de cola, papel e recortes de jornais para preparar seus relatórios e informes. Não havia o que cortar e colar.
Lacerda já estava avinagrado com seus ex-colegas de golpe, preocupado com a perspectiva de jamais se candidatar a presidente da república, a maior das suas aspirações, mas boa parte do trabalho de inteligência é feito assim mesmo, através de análises de informações correntes, sobretudo da imprensa. Por sua própria razão de ser, o Estado vai muito além desse ponto, com seus agentes nas ruas, infiltrações e informantes, exercendo o poder de polícia que a sociedade lhe delega formalmente. Mas uma empresa privada pode agir assim? O regime democrático é compatível com esse procedimento?
A leitura de vários dos documentos vazados pelo informante da revista Veja não surpreende. Os arapongas da Vale também se baseiam em material da imprensa. Mas outros documentos dão a nítida sensação de que são produzidos por órgãos oficiais, não com o propósito legítimo de bem informar as autoridades públicas.
Estão contaminados pelo interesse de bisbilhotar, de invadir a privacidade alheia e de colocar etiquetas que definem e julgam os personagens visados, atribuindo-lhe carga de ilicitude e ilegalidade. Não é uma observação olímpica: o olhar discrimina o que vê como inimigos, merecedores, portanto, de punição. E assim eles são tratados.
A relação dos entes que estão sob a mira da inteligência da Vale compreende o MAB (que defende os atingidos por barragens), MST, Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul, Fase, Rede Brasileira de Justiça Ambiental, Instituto Rosa Luxemburgo, Forum Carajás, Campanha Justiça nos Trilhos, Conlutas, Movimento dos Atingidos pela Vale, CUT e Assembleia Popular, dentre outros.
A Vale não se restringe a acompanhar a movimentação dessas entidades: manda espiões se infiltrarem em suas atividades, com a missão de gravar, fotografar e anotar o que acontece. Foi assim que agiu em relação ao 1º Encontro dos Atingidos pela Vale, que acompanhou o lançamento da Caravana Minas, no Rio de Janeiro, em 2010.
Os líderes, identificados, foram acompanhados pelo olheiro, que também esteve ao lado dos participantes do encontro quando eles fizeram uma manifestação diante do condomínio de luxo em que morava o então presidente da Vale, Roger Agnelli, na rua mais famosa de Ipanema, a Vieira Souto.
As despesas com esse serviço custaram à Vale, em abril de 2010, 184 mil reais. Parte desse dinheiro foi gasto na inspeção de andares da sede da empresa, no Rio de Janeiro. O escritório Norte absorveu R$ 25 mil. Uma equipe básica II precisou de R$ 859 para cobrir o seminário “O Maranhão de volta ao século XIX: grandes projetos e seus impactos socioambientais”, em São Luiz.
Um informante quilombola em Barcarena saiu por quase R$ 4,4 mil. Naturalmente, esse informante é um espião. Já os dois que atuam em Carajás e Parauapebas têm carteira assinada, cada um deles recebendo R$3,7 mil..
Um ano depois, em abril de 2011, o mesmo serviço pulou para R$ 230 mil, com itens semelhantes. Mas a presença na região norte, entre Pará e Maranhão, se tornou ainda mais forte: além do informante quilombola de Barcarena e dos dois agentes de Carajás/Parauapebas, surgiu um “colaborador e agente” em Marabá (a R$3,4 mil) e uma rede em Açailândia (R$ 1,6 mil).
O relatório das atividades justifica essa nova frente: “Recrutamento de colaborador de nível superior, em fase experimental, para atuar junto à Justiça nos Trilhos e outras atividades dos MS [Movimentos Sociais]”. Pela tabela de remuneração, um analista desses MS tem direito a salário de 2,7 mil, mais gratificação de 1,7 mil.
Ao que tudo indica, o frenesi pela espionagem, interna e externa, abrangendo tanto aqueles considerados inimigos da empresa quanto seus funcionários, dirigentes e até acionistas, foi uma das marcas da gestão de uma década de Agnelli. Em março de 2012 as despesas do setor diminuíram ligeiramente, para R$ 224 mil, embora mantendo a mesma estrutura e reajustando os rendimentos das equipes.
Em setembro caíram mais, para R$ 197 mil. Talvez, quem sabe, desinflem para um patamar saudável – e, mais do que isso, legal. Mas para isso certamente é preciso iluminar as dependências sombrias da antiga Companhia Vale do Rio Doce, que permanece estatal nas suas estranhas impenetráveis.
Para dar consequência às denúncias, o MST e a Justiça nos Trilhos entregaram um pedido formal de investigação à Presidência da República, Ministério da Justiça, Ministério de Direitos Humanos, Procuradoria-Geral da República, Procuradoria-Geral do Trabalho, Direção-Geral da Agência Brasileira de Inteligência e às presidências da Câmara e do Senado.
A iniciativa é salutar. Mais recentemente, outra grande empresa, o consórcio que arrematou a hidrelétrica de Belo Monte, no Xingu, a maior obra em andamento no país, também foi flagrada em atividade de espionagem junto a grupos que se opõem à obra.
Esses dois são os exemplos mais graves. Quantos, porém, existem no desconhecimento público? A crescente promiscuidade entre os aparatos de segurança do governo e os das grandes corporações econômicas parece ser crescente, talvez tão acentuado quanto no período da ditadura, embora sem os mesmos objetivos, já que não há a repressão política aberta, estatizada.
Mas há uma circulação de pessoas entre os dois níveis de poder, desempenhando funções semelhantes ou, em muitas situações, numa distinção que inexiste, embora formalmente devessem ser separadas.
O setor de segurança pública fornece quadros para a inteligência corporativa e vice-versa. Essa circulação é perigosa. As dependências desse aparato devem ser iluminadas e higienizadas.
Agora é acompanhar e cobrar as providências para o esclarecimento satisfatório da questão e as medidas cabíveis para restabelecer a vigência da democracia junto à maior corporação econômica do Brasil e todas as demais que lhe seguiram o exemplo ou a antecederam.
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Venda da Vale: um golpe no Brasil


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De...
Boletim de Atualização - Nº 306 - 16/9/2013

...para a PressAA...
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Para retomar acumulação, em tempos de crise, capital ensaia estratégia particular. Inclui guerras, especulação financeira máxima e criminalização das "populações excedentes". Por William I. Robinson, com tradução de Taís Gonzalez



Caudaloso, selvagem e quase desabitado, ele tem potencial hidrelétrico equivalente a duas Itaipus. Mas, a depender dos projetos, exploração irá devastá-lo. Por Mario Osava, na IPS/Envolverde




Na contramão da tendência mundial, Congresso Nacional ameaça aprovar aprofundar proibicionismo e encarceramento – comprovadamente ineficazes e dispendiosos. Por João Mendes e Herbet Toledo Martins, no Le Monde Diplomatique




Ex-gerente de segurança aciona o Ministério Público e sustenta: empresa promove escutas, suborna servidores públicos e infiltra agentes para calar movimentos que a criticam. Por Marina Amaral, naPublica

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Ex-gerente de segurança aciona o Ministério Público e sustenta: empresa promove escutas, suborna servidores públicos e infiltra agentes para calar movimentos que a criticam
Por Marina Amaral, na Publica
“Tem que deixar o buraco do rato, não pode encurralar, isso eu aprendi no Exército”. A frase crua expressa a revolta de André Luis Costa de Almeida, 40 anos, ao explicar por que decidiu revelar o que sabe sobre a área de vigilância e inteligência da Vale S.A, onde trabalhou durante oito anos – nos dois primeiros como terceirizado e depois como funcionário do Departamento de Segurança Empresarial. Ele era responsável pelo serviço de inteligência e gestor de contratos da Vale com empresas terceirizadas da área, quando foi demitido, em março de 2012.
“Eu tentei conversar, mandei e-mails, nada: eles prometeram que não iam me demitir por justa causa, voltaram atrás, depois disseram que manteriam sigilo sobre o assunto mas chamaram meu novo chefe para dizer que minha presença dificultaria a relação comercial dele com a Vale. Tive que sair, não podia prejudicar o cara. Agora eu não me importo com mais nada: só quero que a verdade apareça”, disse logo no primeiro encontro com a Pública, em meados de maio.
Um ano depois de sua demissão – em 18 de março deste ano – André Almeida entrou com uma representação no Ministério Público Federal afirmando que “participava de reuniões, recebia relatórios e era informado formal e informalmente de diversas situações que considero antiéticas, contra as normas internas e/ou ilegais”, admitindo que “por pressão sobre o meu emprego, me sujeitei a executá-las”, e anexando demonstrativos de notas fiscais que descrevem entre os serviços contratados pela Vale à empresa de inteligência Network, do Rio de Janeiro: a infiltração de agentes em movimentos sociais (no Rio, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará e Maranhão); o pagamento de propinas a funcionários públicos (para obter informações de apoio às “investigações internas”, na Polícia Federal e em órgãos da Justiça em São Paulo); quebra de sigilo bancário e da Receita (de funcionários, até mesmo diretores), “grampos telefônicos” (entre eles o da jornalista Vera Durão, quando ela trabalhava no jornal Valor Econômico), “dossiês de políticos” (com informações públicas e “outras conseguidas por meios não públicos” sobre políticos e representantes de movimentos sociais).
(Para ler reportagem completa, clique no título)


Manifestação defendeu, neste sábado, entidade fundada por Paulo Emílio e Antonio Cândido para estimular cinema brasileiro -- mas ameaçada por descaso do ministério da Cultura. Por Gabriela Leite




Ela dadeira, dando sempre, até a morte. A cuidadeira, carinhosa, trepadeira. Já a programação do macho é outra: ele não se move muito. Por Fabiane M. Borges, em nova coluna: Fêmea
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 De: Silvio Pinheiro, via e-mail da redecastorphoto...
O ex-ministro tucano Celso Lafer escreveu um artigo na edição de hoje do jornalão dos Mesquita, defendendo a fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina pela ação do diplomata Eduardo Saboia e apresenta o que ele chama de análise jurídica da questão para maior compreensão do assunto:


Pela sua análise, o governo brasileiro deve conceder asilo político a Roger Molina, para o que invoca legislação e fundamentos jurídicos que só se aplicam aos que sofrem perseguição política, o que não é o caso do senador fugitivo.

Roger Pinto Molina é um assassino fugitivo da Justiça boliviana, por ter sido condenado pelo massacre de 19 campesinos no Departamento de Pando, onde é latifundiário.

E por ter insultado o presidente Evo Morales e uma ministra de Estado, comportamento que lhe valeu duas condenações por desacato.

Confiram:


Trata-se, portanto, de um marginal comum, que não faz jus à concessão de asilo, fato que o Sr. Celso Lafer deveria saber, advogado e jurista que é (será?). 

Resta, então, cristalino que o objetivo do artigo de hoje foi fustigar o governo da presidente Dilma Rousseff, posto que Celso Lafer é membro do bando tucano, que adora envergonhar o Brasil.

A começar pelo Fernandinho Vendilhão da Pátria, que quando presidente desfilava seu servilismo discursando em inglês e francês, Celso Lafer se prestou a tirar o sapato para ser revistado num aeroporto norte-americano:

Segurança nos EUA faz Lafer tirar sapato - Folha de S.Paulo - Uol

 E tem gente que aplaude e, até, justifica a submissão desses 
desavergonhados.

É o que o Nelson Rodrigues chamou de "complexo de vira-lata".


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Silvio de Barros Pinheiro.
Santos.SP.
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PressAA: Trecho do artigo de Celso Lafer, extraído do blog Democracia Política e novo Reformismo:

Neste caso, o governo da Bolívia não concedeu o salvo-conduto prontamente, como previsto na CCAD: o senador permaneceu 455 dias na sede da representação brasileira em La Paz em condições precárias. Registro que é da prática da América Latina a concessão de salvo-conduto e dela não se afastaram nem o regime Pinochet nem o regime autoritário militar brasileiro.

Leia também...
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No blog da redecastorphoto...


15/9/2013Tlaxcala (artigo e vídeo)


Bruce Springsteen e a banda E Street Band iniciaram a parte final do tour 2013 Wrecking Ball com um show de 29 canções, em três horas e 10 minutos na Movistar Arena em Santiago, Chile, na 5ª-feira (12/9/2013) à noite.

Foi o primeiro de quatro shows na América Latina, que terminará no Rock in Rio, dia 21/9. A única vez que Springsteen tocou na América do Sul foi em setembro de 1988, quando fez três shows.

Apresentou sua lista padrão de sucessos, mas outra vez começou com uma surpresa. Acompanhado só por Nils Lofgren no violão acústico e Curt Ramm no trumpete, Bruce cantou em espanhol, uma canção escrita por Victor Jara, intitulada “Manifiesto” [Manifesto]. A seguir:

Foi uma das últimas composições de Jara, antes de ser assassinado no golpe de Pinochet contra o Chile, em setembro de 1973. Victor Jara foi cantor chileno, professor, diretor de teatro, ativista político e membro do Partido Comunista do Chile.

Na manhã de 12/9/1973, Jara foi preso, com milhares de outros, e levado para o Estádio [de futebol] Nacional do Chile (rebatizado “Estadio Víctor Jara” em setembro de 2003). Nas horas e dias seguintes, muitos daqueles detidos foram torturados e mortos pelos militares golpistas. Jara foi brutalmente espancado; teve as mãos e costelas quebradas. Prisioneiros políticos no mesmo local contaram que os torturadores zombaram, dizendo que Jara tocasse violão para eles, quando jazia no chão com as mãos quebradas. Jara cantou-lhes versos de “Venceremos” (hino da coalizão Unidade Popular). Ouça a seguir:
Dia 16/9/1973, Jara foi assassinado a tiros de metralhadora, seu corpo foi jogado numa estrada nos arredores de Santiago. Encontrado e recolhido a um necrotério, encontraram-se no cadáver 44 balas.

Dia 3/12/2009, afinal se fez o funeral oficial, no “Galpón Víctor Jará”, em frente à “Plaza Brasil”. Jara foi homenageado por milhares de pessoas. Seus restos mortais foram re-sepultados no mesmo local em que fora sepultado em 1973. Dia 28/12/2012, um juiz chileno ordenou a prisão de oito ex-oficiais do Exército por participação no assassinato de Victor Jara. O mesmo juiz expediu mandato internacional de prisão para mais um deles, Pedro Barrientos Núñez, acusado de atirar contra a cabeça de Jara, numa sessão de tortura. Barrientos vive na Flórida, e as autoridades dos EUA até agora têm-se recusado a cumprir a ordem de prisão.

Dia 4/9/2013, o Centro pela Justiça e Transparência deu entrada em processo de acusação contra Pedro Barrientos numa corte dos EUA, em nome da viúva e filhos de Victor Jara. O CJT acusa Pedro Barrientos pelos crimes de detenção arbitrária; tratamento cruel, desumano ou degradante ou castigo de prisioneiro; execução extrajudicial; e de crimes contra a humanidade, nos termos do Estatuto Contra a Tortura [Alien Tort Statute (ATS)]; e de tortura e morte, nos termos Lei de Protecão às Vítimas de Tortura [orig. Torture Victim Protection Act (TVPA)], todos crimes ligados à morte de Víctor Jara. A queixa-crime acusa Barrientos como perpetrador direto do crime de assassinato de Víctor Jara, e como comandante, e colaborador indireto de outros crimes cometidos no Estádio Nacional do Chile.
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Para Camila Vallejo, Allende é um homem do presente...




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Para nós que fazemos a PressAA, Obama é um homem de futuro...


14/9/2013Blog Moon of Alabama, EUA
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

O Congresso dos EUA desobedeceu ao AIPAC e ao lobby  israelense.  Foi a primeira vez que isso aconteceu, em 22 anos.

A Síria reconquistou a própria independência. O mais provável é que, em 2014, Bashar al-Assad seja reeleito presidente da República Árabe Síria. A história síria o recordará para sempre, como governante civilizado e herói do seu povo.

O povo dos EUA, pela primeira vez em décadas, conseguiu fazer parar uma guerra que o presidente desejava. Essa é vitória imensa e um precedente. Que todos os norte-americanos lembrem bem desses dias, quando aparecer outra guerra inventada, ou esse ou aquele país pequeno ou distante levantar-se. Os norte-americanos, nós, temos os meios para fazer parar qualquer guerra.


Mapa atualizado (até 22/8/2013) da guerra da Síria
(clique na imagem para aumentar)

Em 2006 os EUA estavam em guerra no Iraque. Muitas das forças inimigas contra as quais os EUA lutavam furiosamente chegavam ao Iraque através da Síria. No mesmo ano o Hezbollah derrotou Israel, que invadira o Líbano. As forças armadas de Israel eram emboscadas cada vez que tentavam penetrar no Líbano, enquanto o Hezbollah usava foguetes contra as posições do exército israelense e nas cidades. O Hezbollah recebia apoio e suporte da Síria e do Irã, que chegavam através da Síria. Os planos de longo prazo dos EUA e Irã, para manter a supremacia no Oriente Médio dependiam de interromper as vias de abastecimento para o  Hezbollah.

Os países sunitas sectários do Golpe viram seus sunitas serem derrotados no Iraque e um governo xiita, apoiado pelo Irã, assumir no Iraque. Todos esses países tinham motivos para tentar atacar a Síria. E também havia razões econômicas, que tornavam necessário derrubar uma Síria independente. Um gasoduto, do Qatar à Turquia, competia com outro, do Irã à Síria. Grandes reservas de gás natural descobertas nas águas de Israel e Líbano, faziam aumentar muito a possibilidade de que também houvesse gás em águas nacionais sírias.

No final de 2006, os EUA começaram a financiar uma oposição externa ao partido Baath, que governava a Síria. Aqueles opositores eram na maioria exilados da Fraternidade Muçulmana expulsos da Síria depois que fracassaram várias tentativas de golpe de Estado, entre 1976 e 1982. Em 2007, EUA, Israel e Arábia Saudita construíram um plano para “mudança de regime” na Síria. O objetivo do plano era destruir a aliança da “resistência” entre o Hezbollah, Síria e Irã:

Para minar o Irã, predominantemente xiita, o governo Bush decidiu, de fato, reconfigurar suas prioridades no Oriente Médio. No Líbano, o governo cooperara com o governo da Arábia Saudita, que é sunita, em operações clandestinas que visam a minar o Hezbollah, organização de xiitas apoiada pelo Irã. Os EUA também tomaram parte em operações clandestinas contra o Irã e seu aliado, a Síria. Resultado colateral dessas atividades foi provocar a radicalização de grupos sunitas extremistas, que têm uma visão militante do Islã e são hostis aos EUA e simpáticos à Al-Qaeda.

Em 2011, três anos de seca, provocada pelo aquecimento global e pela Turquia, que construiu barragens e gigantescos projetos de irrigação na região, haviam enfraquecido a economia síria. Grandes populações, das áreas rurais mais pobres, perderam seus meios de sobrevivência e acorreram às cidades. Esses fatores criaram o terreno fértil a partir do qual lançar um golpe contra o estado sírio.

(...)

Obama tem agenda urgente a cuidar, no plano doméstico [AA: Que nem Dilma]. Há o Obama-care, o orçamento, e disputa já iminente pelo teto da dívida. Depois de perder a guerra no Congresso, Obama não poderia, baseado só em pressupostos poderes presidenciais, ir à guerra. Os riscos eram altos demais: ou um impeachment imediato, ou status de pato manco até o final do mandato. O que fazer?

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[PressAA: Tristes opções a Ku Klux Klan da Nova Era ofereceu ao negro Obama: a alma incinerada na fogueira das reputações, transformando-o numa espécie de zumbi a vagar num inferno alasca-siberiano; ou, se preferir, continuar como gentil mordomo, pajem, truão e, talvez (como prêmio de consolação), "libertino", que nem um Bill Clinton, ou seja, sem o "romantismo" de um Kennedy.]



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Putin ofereceu um negócio: a Síria aceitaria entregar armas não convencionais; e os EUA aceitariam que o governo sírio e o presidente Assad permanecessem no poder. Não é ideia nova: apareceu há um ano, em agosto de 2012, quando o ex-senador  Richard Lugar propôs exatamente isso, em Moscou." 

Foi quando o cavaleiro russo, Vladimir Putin, acorreu em socorro de Obama.

Richard Lugar
Putin ofereceu um negócio: a Síria aceitaria entregar armas não convencionais; e os EUA aceitariam que o governo sírio e o presidente Assad permanecessem no poder. Não é ideia nova: apareceu há um ano, em agosto de 2012, quando o ex-senador  Richard Lugar propôs exatamente isso, em Moscou.

As armas químicas sírias são praticamente inúteis, no campo tático. Mas podem ser usadas contra centros de população israelenses – e têm, por isso, importante poder dissuasório e de contenção, contra a violência de Israel. Mas nas atuais circunstâncias converteram-se em risco a evitar. Ao mesmo tempo, os mísseis convencionais do Hezbollah já se comprovaram muito efetivos, como força de contenção; e não implicam os mesmos problemas associados às armas não convencionais. A Síria pode, com segurança, entregar parte de seu armamento de contenção dissuasória. E confia que seus aliados Irã e Rússia providenciarão substitutos efetivos, se necessário.

Obama agarrou-se à boia que Putin lançou para ele. Sabia que entrar abertamente em guerra contra oponente bem preparado e aliados significaria guerra longa e incerta. Metera-se em situação de perde-perde, mas agora voltava a ainda parecer vencedor. Resgatou Israel de uma situação em que estava ameaçada por bombas de gás e ainda arranjou a alguma coisinha para fazer trotar seu cavalinho de batalha premiado – o desarmamento de armas de destruição em massa.

Hoje, os ministros de Relações Exteriores da Federação Russa e dos EUA assinaram umas “Linhas Gerais para a Eliminação das Armas Químicas Sírias” [orig. Framework for Elimination of Syrian Chemical Weapons]. Exige-se que, sendo possível, todas as armas químicas sírias estejam eliminadas até meados de 2014.

Rei Abdullah da Arábia Saudita, o grande derrotado

O documento nada diz sobre o futuro do governo Assad. Mas a Rússia com certeza já providenciou para dar e obter as necessárias garantias. Nem a Síria teria entregado suas armas sem negociação precisa e suficiente.

A Rússia, tanto quanto a Síria, sabe que Obama tem de manter a imagem, e ninguém falará sobre o real acordo firmado horas antes em Genebra. Agiram, aliás, como Nikita Khrushchev, que manteve silêncio sobre seu acordo com Kennedy, sobre a remoção dos mísseis nucleares norte-americanos da Turquia, depois da crise dos mísseis em Cuba. À parte as garantias anunciadas, o cumprimento das garantias de desarmamento, que pode demorar um pouco mais do que foi acordado hoje, depende da sobrevivência do governo de Assad. Derrubar Assad é assunto que, por hora, os russos proibiram.

Daqui em diante, Obama começará, aos poucos, a reduzir o apoio aos terroristas na Síria. Pressionará Israel, Arábia Saudita e Turquia para que façam o mesmo. Quanto mais rapidamente a Síria promover a eliminação das armas químicas, mais rapidamente Obama se recolherá. A imprensa-empresa nos EUA rapidamente descobrirá a disputa pelo orçamento e o negócio da espionagem pela Agência de Segurança Nacional dos EUA, que voltarão às manchetes. E, aos poucos, a opinião pública dos EUA esquecerá que existe Síria.

A oposição síria não está gostando do acordo e não deseja que dê certo. O Conselho Militar Sírio fará o possível para que dê errado. Mas logo perceberá que ficou sem apoio político e sem dinheiro. Enquanto isso, as forças locais do CMS combatem contra grupos aliados da al-Qaeda. É bem possível que alguns grupos locais anti-Assad rapidamente se aliem ao exército sírio, contra os terroristas jihadistas. O general Selim Idris talvez consiga algum emprego burocrático de baixo escalão em Dubai ou no Qatar.

(Para ler texto completo, clique no título)

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Facebookada

Verusca Oliveira compartilhou a foto de Grupo Anti-PIG.

Apenas para lembrar o quanto é seletiva a "justiça" que o STF aplica.






Apenas para lembrar o quanto é seletiva a "justiça" que o STF aplica.


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Celso de Mello é a última tentativa de legitimar o enforcamento

Não se iludam com Celso de Mello.
Suas atitudes mais prováveis serão:
1.     Votar pela aceitação dos embargos de infringência.
2.     No segundo julgamento, ser o mais severo dos julgadores, fortalecido pelo voto anterior.
A aceitação dos embargos será uma vitória de Pirro.
O resultado mais provável da AP 470 será um segundo julgamento rápido, em torno da tipificação  do crime de formação de quadrilha. Poderá resultar em condenações um pouco menores, mas não o suficiente para livrar os condenados da prisão.
Com isso, se dará um mínimo de legitimidade às condenações.
Celso de Mello é um garantista circunstancial, apenas a última tentativa de legitimar um poder que perdeu o rumo.

A deslegitimação do STF

Para entender melhor o jogo. Leia mais »


Coluna Econômica - 16/9/2013

A exploração do pré-sal poderá tornar o Brasil um dos grandes players globais de soluções tecnológicas. Ontem, mostrei parte da apresentação de João de Negri, diretor de Inovação da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) no Seminário Brasilianas sobre as redes de pesquisa do pré-sal.

Nele, Negri enfatizava a importância, para o país dispor de autonomia tecnológica, do desenvolvimento de empresas de capital nacional.

Lançado recentemente, o programa Inova Empresas - de estímulo à inovação - tem como uma de suas principais pernas o Inova Petro, R$ 3 bi para desenvolvimento de tecnologia nas áreas de petróleo e gás.

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Trata-se de uma cadeia bastante extensa, que começa na sísmica, vai até a petroquímica, podendo passar pela distribuição.

O primeiro passo foi definir as tecnologias críticas. Concluiu-se que seriam os produtos e serviços sob a lâmina d’água, especialmente dutos flexíveis, árvore de natal molhada, serviços e instalações.

A árvore de natal molhada é a válvula que vai na cabeça do poço e faz todo o trabalho de separação do petróleo e gás.

Atualmente, todas as árvores de natal são produzidas por empresas estrangeiras. Existe uma empresa de capital nacional há quatro anos trabalhando no desenvolvimento de um similar. Caso a Petrobras encomendasse vinte árvores de Natal, explica Negri, ela conseguiria desenvolver a primeira etapa para profundiades de até 5 mil pés.

Recentemente, uma pequena empresa do nordeste desenvolveu um duto flexível único. Em geral há a necessidade de um tipo de duto para cada modalidade de exploração. Ela conseguiu desenvolver um duto universal.

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Expositor do seminário, autor do livro "Petróleo em águas profundas - uma história tecnologia da Petrobras na exploração e produção offshore", José Paulo Morais, do IPEA (Instituto de Pesquisas Aplicadas) identificou quatro fatores críticos a  demandar pesquisas no setor:

* Condições climáticas, geológicas e ambiente marinho.
* Grandes distâncias, seja do poço à plataforma ou da plataforma ao continente.
* A invisibilidade das operações, em oceano profundo.
* Os elementos contaminantes, como a viscosidade do petróleo.

O Brasil tem uma falta de competitividade sistêmica. Mas nessas áreas os ganhos de redução do custo podem ser tão expressivos, que o desenvolvimento autônomo torna-se não apenas necessário como competitivo.

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Passo relevante será o monitoramento e avaliação de impacto atendendo, aliás, a uma exigência da presidente Dilma Rousseff.

Para se obter bons indicadores, faz-se uma boa coleta de informações sobre a empresa e o setor antes da contratação, para poder avaliar depois os avanços pós contratação.

A avaliação passará pelos seguintes pontos:

1. Aumento da eficiência da cadeia produtiva e participação das PMEs (Pequenas e Micro Empresas).

2. Possibilidade de redução dos custos de produção da Petrobras, em comparação com concorrentes estrangeiros.

3. Aumento da competitividade sistêmica da cadeia produtiva do petróleo.


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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA



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