sábado, 30 de outubro de 2010

VOVÓ DILMA OU VOVÔ SERRA?




- "Gabi, solta um peidinho pro vovô ouvir, solta!"

De quem é essa frase? Quem fez esse pedido despudorado na presença de várias testemunhas? Foi José Serra, avô coruja da Gabi, do Kiko e do Tonho, quando brincava com os netos na sua mansão na Rua Antônio de Gouveia Giudice, no bairro nobre de Alto Pinheiros, em São Paulo? Ou Dilma Rousseff, implorando para que o único neto, Gabriel, recém-nascido, bombardeasse o avô, seu ex-marido Carlos Araújo, na visita que os dois fizeram à maternidade Moinhos de Vento, em Porto Alegre?

Você conhecerá o (a) autor (a) da frase nessa edição. Se você ficar conosco saberá ainda os resultados da pesquisa – única no Brasil - sobre a intenção de votos dos netos feita pelo Data/Taquiprati que, em vez de consultar eleitores, ouviu 2925 crianças. A pergunta foi: se você votasse hoje, qual dos dois avós escolheria para presidir o Brasil? O resultado foi surpreendente, com uma margem de erro muito menor do que a dos institutos tradicionais.

O peido da vaca

Quem não tem netos pode achar estranho um avô querer ouvir o peidinho de uma criança. No entanto, nada mais natural para aqueles que, depois do exercício da maternidade ou da paternidade, se encontram agora em plena curtição da avocidade. Esses acham o pedido plausível, pois sabem que avós são seres que estão se lixando para o que pode ser considerado ridículo. Existe até mesmo uma espécie de maçonaria dos avós, uma rede secreta através da qual trocam esse tipo de experiência, com exemplos incríveis mostrando que qualquer coisa que venha dos netos é bonita.

Foi uma dessas confrarias de avós que celebrou a frase. Afinal, quem é o seu autor? O Papa Bento XVI, com certeza, não é. Ele não criou filhos, não tem netos e, com todo respeito, tudo o que fala sobre crianças é pura abobrinha, não é fruto da experiência própria, não tem valor ético, é politicagem do Vaticano. Se o papa fosse avô, certamente puniria a pedofilia no clero, em vez de ficar jogando para a plateia, como cabo eleitoral.

Mas Dilma e Serra são avós. Ambos se manifestaram contra o aborto, não iriam querer que o neto abortasse um peidinho. Um deles, portanto, pode muito bem ser o autor da frase. Pode mesmo? Vamos ver. O assunto, de importância transcendental, merece uma análise tanto do ponto de vista programático quanto lexical.

Um exame minucioso dos programas de governo de Dilma e Serra comprova o desprezo deles pela questão ambiental defendida por Marina Silva no primeiro turno. Ora, o Brasil é o quarto emissor de gases tóxicos do mundo, devido às queimadas e à emissão de gás metano, produzido pelos gases do gado. Peidos de bois e vacas geram 80% do hidreto de metila disperso na atmosfera. O gás humano, expelido por uma criança a uma velocidade de 0,080m/s, pode contribuir para a poluição ambiental.

Serra e Dilma não estão preocupados com isso. O modelo que defendem é o do crescimento econômico a qualquer custo, com geração de renda e emprego. Ambos são capazes de engarrafar os gases produzidos pelos netos, misturando-os com propano e butano, para uso na cozinha. A única diferença, a favor de Dilma, é que ela mantém os recursos naturais como patrimônio do povo brasileiro, já Serra privatiza tudo, o pré-sal e até o pré-peido. Programaticamente falando não existe, portanto, qualquer impedimento para que o autor da frase seja um dos dois.

Balança a roseira

A prova dos nove, decisiva, fica então transferida para o campo lexical. Na qualidade de avô, Serra seria bem capaz de fazer esse pedido ao neto, mas jamais usaria a palavra “peido”, muito vulgar para um tucano emplumado. Se o autor da frase fosse ele, diria:

- “Expele um flato ruidoso pro nono ouvir, expele”.

A máxima concessão lexical seria trocar “expelir” por ‘liberar’. Por isso, Serra está descartado como autor da frase. E a Dilma? Bom, ela é pop, não fala tucanês, jamais falaria ‘flato’, mas também é demasiado recatada e formal para empregar a palavra “peidinho”. Prefere termos como ‘pum’, ‘traque’, ‘triscada’ ou ‘vento’. Talvez, se estivesse inspirada, diria poeticamente: “Balança a roseira pra vovó, balança”. Portanto, do ponto de vista lexical, fica comprovado que nenhum dos dois candidatos pode ser o autor da frase.

O autor, na realidade, não é candidato a nada, só a avô anônimo. Trata-se do meu melhor amigo, cuja neta, Ana Pereira, nasceu há duas semanas na Vila Feliz, no Rio Grande do Norte. A frase não se refere a ‘Gabi’, que entrou aqui como Pilatos no Credo, por intriga da oposição. O que ele disse repetidas vezes para sua neta - os vizinhos testemunharam - foi: - “Aninha, solta um peidinho pro vovô ouvir, solta”.

Não estou tentando justificar, mas a frase do avô de Ana só adquire significado dentro do contexto em que foi dita. Aninha tem um primo, de nome Marcelo, que por educação ou por consciência ecológica, não balança a roseira, nem expele flatos, o que lhe traz cólicas dolorosas. A avó do menino, preocupada, telefonou ao meu amigo para trocar experiências. Foi ai que ele falou do treinamento intensivo feito com Ana.

O treino começou com o avô cantando frevo e chacoalhando a neta. Hoje, quando ele implora para ela se pronunciar, Aninha fica vermelhinha, estica os dois bracinhos, move as perninhas como se estivesse pedalando uma bicicleta, franze o cenho e manda ver. O método se revelou tão eficiente que Aninha está indo a Manaus, onde vai ministrar um workshop aos primos com objetivo de ensinar como é que se balança a seringueira.

O avô, babão, declara que já esteve várias vezes perto da morte, mas nunca ficou tão perto da vida quanto no convívio com a neta. Ele lembra a frase de Gore Vidal: “Nunca tenha filhos, só netos. Os netos são a sobremesa da vida”.

Seguindo sugestões do avô de Ana, o Data/Taquiprati fez uma pesquisa de intenção de votos com 2925 netos, numa amostragem probabilística, dentro da linha de Cochran, Bolfarine e Bussab. A margem de erro é de 2%, e o nível de confiança de 97%. Diante da pergunta - qual dos dois avós você escolheria para presidir o Brasil? – 58% dos netos optaram por Dilma, muitos lamentando não poder escolher Marina.

A democracia avançou no Brasil. Os eleitores não são obrigados a optar para presidente da República pelo lixo: Collor, Barbalho, Roriz, Calheiros et caterva. Os dois candidatos, Dilma e Serra, independente das alianças que fizeram e das limitações pessoais e políticas de cada um, são nomes dignos e capazes de presidir o país. Afinal, ambos são avós.

Se for correta a pesquisa Data/Taquiprati entre os netos, dirigida por dois estatísticos de renome – Geraldinho Pai-da-Greta e Pão Molhado – o Brasil será dirigido pela primeira vez por uma avó. Vamos juntar os cacos e cobrar dela as promessas de campanha.
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José Ribamar Bessa Freire é professor universitário (Uerj), reside no Rio há mais de 20 anos, assina coluna no Diário do Amazonas, de Manaus, sua terra natal, e mantém o blog Taqui Pra Ti

Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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Pode chover canivete, o povo vai estar sempre presente


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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

As bolas de papel da democracia desejada


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O Jornal Nacional de 21/10 não foi só uma tentativa patética de recriar o tiro que matou o Major Vaz. Os 7 minutos gastos na “fabricação” da fita adesiva que teria atingido o candidato tucano revelam desorientação no tempo e no espaço. A Rua Tonelero não fica em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro.
Gilson Caroni Filho

Quando as redações da grande imprensa, em campanha aberta pela candidatura Serra, erigem o preconceito como norma de juízo, a mentira não é apenas abominável: é suicida. A opinião pública brasileira dispõe, hoje em dia, dos elementos necessários para julgar os acontecimentos políticos, sociais, econômicos e culturais sem se deixar levar pelo filtro ideológico de conhecidas técnicas de edição. Há muito tempo, a sociedade aprendeu a aquilatar a qualidade ética da informação oferecida, os desvios de apuração e o descompromisso do noticiário com a verdade factual.

O Jornal Nacional de quinta-feira, 21/10, não foi apenas uma tentativa patética de recriar o tiro que matou o Major Vaz. Os sete minutos gastos na “fabricação” da fita adesiva que teria atingido o candidato tucano revelam desorientação no tempo e no espaço. A Rua Tonelero não fica em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Além disso, passados 56 anos, não há lugar para atores políticos com indefinição ideológica evidente. Serra não é Lacerda; falta-lhe talento. O PSDB não é a UDN; tem lastro histórico mais precário. Mas em ambos, no candidato e em seu partido, convivem a vergonha de serem ostensivamente autoritários e o medo de serem inteiramente democráticos. A face dupla do moralismo udenista, transposto para 2010, realça o desbotamento de um Dorian Gray mal-acabado.

A campanha oposicionista padece de velhos vícios e truncamentos de origem. Parece acreditar que o povo, em toda a parte, é uma entidade incapaz e como tal deve ser tratado, sob pena de hecatombe social iminente. Deve-se também ameaçar a esquerda com a hipótese sempre latente de um golpe de Estado. E lembrar aos setores populares, principalmente à nova classe média, que se eles não tiverem juízo virão aí os bichos papões e, com eles, os massacres dos Kulaks, as igrejas fechadas, os asilos psiquiátricos, a supressão da liberdade, em suma, o socialismo sem rosto humano.

Essa agenda está superada, mas seu simples ressurgimento deve nos remeter a pontos importantes. Se atualmente é difícil calar organizações que expressam as demandas dos seus membros e representados, como é o caso do MST, do movimento estudantil e do mundo do trabalho, muitos obstáculos ainda têm que ser ultrapassados.

Exigir liberdades democráticas não é uma gesticulação romântica, desde que se dêem consequências às suas implicações. É preciso apostar na organização crescente das forças sociais com o objetivo de consolidar uma saída definitivamente nacional e popular para temas que vão da questão agrária ao controle social dos meios de comunicação.

A análise histórica mostra que, quando não avançamos na democracia concreta, damos aos seus adversários tempo para que se reorganizem, utilizando as oficinas de consenso para caluniar, difamar, fazer o que for necessário, para deter o ímpeto vital que lhes ameaça.

Nos dias de hoje, é preciso senso crítico sempre atilado, não se deixar envolver pela vaga e traiçoeira tese do aperfeiçoamento democrático a qualquer preço, pois as forças retrógadas costumam cobrar bem caro por nossas distrações ou equívocos. Por tudo isso, a eleição de Dilma Rousseff é um passo decisivo para erradicarmos de vez o cartorialismo econômico, a indiferença moral e a incompetência administrativa que marcaram vários governos até 2003.

Na Rua Tonelero, o futuro vislumbrado é o de um país que realizará suas potencialidades. O que importa saber é que atores são capazes de assegurar uma democracia com ênfase social, assentada também nos direitos individuais e na liberdade econômica. Nesse cenário, as bolinhas de papel passeiam na calçada. O vento-e não mais o cálculo político-dita o rumo de cada uma delas.
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Gilson Caroni Filho, sociólogo, mestre em ciências políticas, professor titular de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), é colunista da Carta Maior, colabora com o Jornal do Brasil e com esta nossa Agência Assaz Atroz.

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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Vem aí o golpe final

Pesquisas internas do PT – avisa-me um colega muito bem informado - mostram que a diferença entre Dilma e Serra segue a se alargar: nesse fim-de-semana, em votos válidos, o resultado é Dilma 57% x Serra 43%.

Desde o debate na “Band” – quando partiu para o confronto, e mudou a pauta do segundo turno – a tendência tem sido essa. O que aparece nas pesquisas Ibope, DataFolha e Vox Populi da última semana - que apontam vantagem entre 10 s 12 pontos para Dilma. Só o Sensus trouxe um levantamento diferente, com vantagem de 5 pontos.

A última capa da “Veja” – que muitos viam como ameaça para Dilma – foi apenas mais um factóide, sem importância, que não para em pé. Além disso, nas bancas de todo o país, estará exposta ao lado da “Istoé” e da “CartaCapital” – que trazem capas desfavoráveis a Serra. Nese terreno, o jogo está empatado. O progama de TV de Dilma segue melhor.

Então, qual seria a aposta de Serra para virar o jogo? Como sempre, a aposta está nas sombras.

Escrevi há alguns dias um texto sobre as “Cinco Ondas” da campanha negativa contra Dilma. O texto está aqui. O desdobramento final dessa campanha de medo e boatos (ou seja, a ”Quinta Onda”) seria ”mostrar” ao eleitor que a “Dilma terrorista” e o “PT contra as liberdades” não são apenas boatos. A Quinta Onda, pra dar resultado, precisa gerar fatos. Não pode viver só de boatos.

Serra parece ter chegado à Quinta Onda, com o factóide da bolinha de papel em Campo Grande. Caiu no ridículo, é verdade. Mas a mensagem que interessa a ele segue no ar (especialmente na Globo): “os petistas agridem, são violentos”.

Por isso, o grande risco dessa reta final é a criação de um factóide de maior gravidade: temo muito pelo que possa acontecer no Rio nesse domingo, com passeatas do PT e PSDB marcadas para o mesmo dia (felizmente, o PT mandou cancelar qualquer atividade na zona sul, onde os tucanos vão marchar).

Serra precisa de tumulto, de militantes tucanos feridos. Ou até de uma agressão mais grave contra ele mesmo. Imaginem só, entrar na última semana de eleição com essa pauta: “PT violento”, “a turma da Dilma é terrorista”. Imaginem Serra com um curativo na cabeça no debate da Globo!

A emissora dirigida por Ali Kamel já mostrou que não terá limites na tarefa de reverberar a onda serrista – seja ela qual for.

Serra quer criar tumulto. Serra precisa do tumulto. Só o tumulto salva Serra.

sábado, 23 de outubro de 2010

PEDRO E O GLOBO




“A política é a melhor alternativa que a humanidade encontrou para substituir o maior prazer que um ser humano pode ter: bater até à morte para depois comer o fígado do outro, abocanhando-o com a carne ainda quente e o sangue ainda fresco. Quem não está disposto a reconhecer isso, não consegue superar a própria vontade de devorar o outro. Por isso, se num debate político te chamo de criminoso e te xingo, fica contente, isso ainda é melhor do que você ser servido à minha mesa”.

Quem diz isso é meu amigo Henrique Sobreira, professor da UERJ, crítico, irônico, debochado, passional, lúcido, gozador e, sobretudo, fazedor de frases. Para relativizar a oposição entre civilização e barbárie, Henrique lembra que os maiores atos de violência humana sempre foram cometidos por pessoas que se autoproclamaram civilizadas e consideram que “o outro” era alguém que devia ser “educado”. Isso pode ser comprovado nos últimos cinco séculos: de Isabel - a Católica e Dom Manoel - o Venturoso, até os Georges Bushinho e Bushão. Os índios e os mulçumanos que o digam.

No Brasil, pelo menos nas campanhas eleitorais, a política substituiu a antropofagia. Salvo o bispo de sugestivo nome Sardinha, ninguém foi jantado e devorado pelo adversário, ainda que pequenas violências realizadas dentro de certos limites e hipócrita ou sinceramente condenáveis, tenham sido cometidas ao longo da história, como mostram exemplos mais recentes.

Cantando “espada de ouro quem tem é o marechal”, eleitores do marechal Lott cuspiram na cara de Jânio Quadros; o general Figueiredo chamou os estudantes de Florianópolis pra porrada; jogaram ovo e apedrejaram o Mário Covas; atiraram uma galinha preta na Marta Suplicy; esbofetearam o Collor em Niterói; lançaram uma torta na cara do Berzoini, então presidente do PT. Um velhinho deu umas bordoadas no Zé Dirceu. Vaiaram o presidente Lula na abertura do PAN. Esses gestos de violência não deixaram sequelas físicas ou morais.

Dois Serra

Um dia, caminhando pelo calçadão de Icaraí, em Niterói, encontrei um amigo, também professor da Uerj, Ronaldo Coutinho, um doce radical, que se arrastava, todo esparadrapado, exibindo hematomas pelo corpo. Dias antes, ele havia dado um soco no Collor e os seguranças moeram-lhe o corpo de porrada. Apesar de dolorido, estava feliz, feliz da vida: “estou quebrado, mas acertei o pústula” – dizia, rindo, como um menino travesso. Confesso que fiquei na fronteira da política e do canibalismo, quando invejei a façanha do Coutinho. Ele fez o que eu e a metade do povo brasileiro queríamos fazer. Estou orgulhoso de ser seu amigo.

E isso porque a bofetada no Collor foi mais simbólica do que física, se situou entre a sapatada no Bushinho e a estatueta de metal lançada contra o Berlusconi na Itália. Agora acertaram José Serra com uma bolinha de papel, que assumiu várias formas: “fita adesiva”, “artefato”, “tampa de garrafão de água mineral”, “objeto contundente”, “projétil”, até chegar a uma “bobina de papel crepe que arremessada com força pode provocar danos graves na pessoa atingida” segundo o bobinólogo Merval Pereira, articulista do jornal O GLOBO. E é aqui que o fiofó da cotia assovia, ou como poderia dizer Orozimbo Nonato: Hic culum cotiae sibilare.

A cotia assovia quando digo que admiro o José Serra. Sinceramente. Sem ironia. Juro. Faço um juramento amazônico: quero ver minha mãe mortinha no inferno, quero que Santa Luzia me cegue se estou mentindo. Mas o Serra que eu admiro é o de carne e osso, que nasceu pobre, filho de um feirante, ex-presidente da UNE, que amargou o exílio, lutou pela redemocratização do país, foi deputado, senador, prefeito, governador, ministro da saúde – bom ministro. Aquele que no início da campanha reconhecia os acertos do governo Lula. Nesse até que dava pra votar. Mas ele não é candidato.

O candidato é o outro Serra, aquele conivente com a mídia conservadora - que o inventou - comprometido com interesses dos setores mais atrasados e obscurantistas do país, arrogante, gigolô do sagrado e da religião, dono da verdade. Aquele cuja mulher declara que a adversária é a favor de matar criancinhas, que quando questionado sobre isso posa de vítima e baixa o nível do debate, que usa o tema do aborto no palanque eleitoral, que se deixa liderar pelo seu vice Indio da Costa – um paspalhão – em política externa e de segurança. E ai Serra perdeu: na emblemática escolha do vice.

A credibilidade

Nesse outro Serra, metamorfoseado em Opus Dei, que espetaculariza sua fé na Virgem de Aparecida, eu não voto, embora o respeite, porque ele é o candidato de mais de 40 milhões de brasileiros, alguns deles amigos muito próximos, com quem mantenho fortes laços afetivos, mesmo se nesse momento um de nós vai pra lá e o outro vem pra cá. No Serra que não voto é no Serra da Rede Globo, que arma, desinforma, sataniza, que zomba da minha inteligência, que acha que o cidadão é um otário, que esqueceu os gritos do povo nos comícios das Diretas Já: “O povo não é bobo, abaixo a TV Globo”.

Nessa semana, os telejornais da Rede Record e do SBT mostraram que Serra foi atingido por uma bolinha de papel atirada por um grupo de mata-mosquito que ele demitiu quando ministro da Saúde. O Jornal Nacional dedicou sete longos e caríssimos minutos para “provar” que a bolinha de papel era só parte da história, tinha havido outra agressão. Apresentou imagens nebulosas, interpretadas por um perito de reputação duvidosa, que diz que está vendo aquilo que não estou vendo, embora olhemos as mesmas imagens. O atentado, então, justificaria que Serra procurasse o médico, ex-secretário de saúde do Cesar Maia, para fazer uma tomografia computadorizada.

Francamente. Por serdes vós quem sois! Não exagereis para não serdes exagerado. Imaginem vocês se depois da cuspida que levou na cara, o histriônico Jânio Quadros exigisse um exame de abreugrafia, desconfiado de que o eleitor de Lott era certamente um tuberculoso que numa guerra química queria contaminá-lo. Serra é o primeiro paciente no planeta que faz tomografia por causa de um arremesso de uma fita crepe. Num país gozador como o Brasil, ele passou a ser objeto de piada, quando merecia contar com nossa solidariedade, se o fato não fosse manipulado e hiperdimensionado.

O episódio de violência, mais que nada simbólica, tem que ser condenado de qualquer forma, com veemência, com a mesma veemência com a qual devemos rejeitar sua exploração política, da forma mais torpe e manipuladora de factoides. Apesar disso, é preciso discordar também da intervenção do Lula que, como presidente da República, representa todos os brasileiros e não podia bater boca com um candidato. Não cabia a ele esse papel.

Numa época em que não havia escrita, no século VI antes de Cristo, na Grécia, um ex-escravo, chamado Esopo, que tinha o dom de narrar, contava entre outras a história de Pedro e o Lobo. Pedro, pastor de ovelhas, todo dia enganava a população gritando: “Olha o lobo!”. No dia em que o lobo apareceu, efetivamente, ninguém acreditou nos seus gritos. Quem acredita num mentiroso contumaz? Lembrei-me dessa história vendo o Jornal Nacional e a primeira página de O Globo, nessa sexta-feira. Assim, quando no domingo, 24 de outubro, o Globo escrever que é domingo, 24 de outubro, duvide, procure outras fontes antes de vestir sua roupa dominical.

P.S. – Às vezes, autoritário. Às vezes, ranzinza e ligeiramente rabugento. Sempre, amigo dos índios Guarani. Armando Barros, professor da UFF, parceiro em tantos projetos, nos deixou nesse sábado, com muita saudade. Seus alunos, seus colegas e os guarani choram a perda.

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José Ribamar Bessa Freire é professor universitário (Uerj), reside no Rio há mais de 20 anos, assina coluna no Diário do Amazonas, de Manaus, sua terra natal, e mantém o blog Taqui Pra Ti

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Brasil - Batalha de ideias

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Ana Helena Tavares


Quem tem medo do Lula - José Serra, como ex-ministro da saúde, deveria saber que o ser humano não é feito de papel, tem sentimentos.

Também não é (só) feito de fel, salvo em alguns momentos. Mas ele não sabe de nada disso.

Caçoa, zomba da inteligência alheia, ridiculariza a si próprio. Não mais se pode ver ao espelho com o perigo de este se voltar contra si.

Na tarde de ontem, 20 de Outubro de 2010, resolveu caminhar pelo calçadão de Campo Grande, reduto popular do Rio de Janeiro. Acenava pro vento, mas, mesmo este, não tem andado a seu favor.

Iniciou-se uma confusão, embate natural entre militantes de causas tão distintas, quando, de repente, Serra é atingido na cabeça por algo. Continua acenando pro vento durante 20 minutos, quando após um telefonema, leva as mãos à cabeça. Foi a senha para fotógrafos bem treinados transformarem confusão em tragédia, showmício em shownalismo.

O telejornal noturno da emissora auto-intitulada líder de audiência levou para o povo, que tanto ama, a seguinte informação: “Serra foi agredido por petistas”. O jornal “O Globo” do dia seguinte, que hoje representa verdadeiro monopólio no Rio de Janeiro, enfatizou. Sem elementos para afirmar de onde partiu o tal objeto, colocar a culpa na militância petista só pode ser entendido como calúnia, injúria, infâmia, difamação e outros nomes piores. Tudo passível de processo, caso o partido estivesse interessado. Mas o diabo, às vezes, se esquece da concorrência ou, talvez, a menospreze, o que é mais provável.

Pouco depois de o JN mentir descaradamente, o jornal do SBT levou ao ar vídeo elucidativo. O “objeto pesado”, antes tido como um rolo de fita crepe, não passaria de uma mísera bolinha de papel que, ainda por cima, foi claramente atirada com pouca força. Vamos combinar que se isso é “agressão” guerra de travesseiro também é. Era o caso de o isento conglomerado midiático global levar ao ar um plantão: erramos! Era o caso de o diretor de redação do jornal impresso, a sair horas depois, ir à gráfica e gritar: parem as máquinas, erramos! Mas nada disso foi feito. Porque não foi erro, foi pouca-vergonha mesmo.

Pouca vergonha de tumultuar um processo eleitoral já tão tumultuado e com um teatro de quinta. Teatro que, além de Serra e seus jornalistas amestrados, contou com atores de renome como o Dr. Jacob Kligerman, cirurgião de cabeça e pescoço, que atendeu o “ferido” em uma clínica em Botafogo. O citado médico é diretor do Inca e amigo do candidato. Quem disse que Serra não tem amigos? Além disso, Dr. Kligerman foi secretário municipal de Saúde do Rio, durante a gestão do ex-prefeito César Maia. Tudo em casa.

É digno de nota que o jornal carioca O Dia cumpriu hoje um bom jornalismo ao dar manchete para o incidente de ontem simplesmente como uma “confusão”.

Mas, vejam vocês que, para o bem ou para o mal, este episódio foi amplamente noticiado. Enquanto isso, 5 dias antes, em 15 de Outubro, o jornal O Estado do Acre, terra de Chico Mendes, berço do PT, dava um grito sem eco, denunciava sozinho que um militante petista foi morto por um opositor por motivo absolutamente torpe: o petista teve a infelicidade de fazer uma brincadeirinha, colando nas costas do outro um adesivo pró-Dilma. Foi o suficiente pro sujeito ir até sua casa, pegar uma espingarda, voltar ao bar onde estavam e assassinar friamente o petista, com uma única bala disparada à queima-roupa. Selvageria pura.

O assassino está até hoje foragido. Imaginem se fosse o contrário e ele fosse do PT? Mereceria de certo um plantão da Rede Globo, com um indignado casal de apresentadores, e uma capa especial da Veja, sob o título: “Chico Mendes chora.”
Este arbítrio máfio-midiático, a que o brasileiro que não tem internet está submetido, é o que emperra a democracia. É verdadeiramente o que se pode chamar de barbárie. O resto é bolinha de jornal.

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*Ana Helena Tavares é jornalista por paixão, escritora e poeta eternamente aprendiz. Editora-chefe do blog "Quem tem medo do Lula?". Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz.

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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A santíssima trindade dos homens de bem

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Na disputa política, o “iluminismo tucano" tem levado o candidato do PSDB a ficar muito parecido com tudo que ele, em seu passado como homem de esquerda, rejeitava como lixo. É assim que a oposição fabrica um ”homem de bem".

Gilson Caroni Filho


A canalhice eleitoral também pode ser cruel e humilhante, quando adiciona à degradação do corpo político a desordem das idéias. Às vezes, para sorte dos náufragos, o processo é lento, de se medir em anos. Outras vezes, tem a perversão da rapidez e produz em suas vítimas súbita metamorfose. Esta velhice, a mais sofrida para quem dela padece e a mais chocante para quem a vê, abateu-se sobre a candidatura Serra.

A versão global-carismática da desmodernização brasileira parece não conhecer limites. Na disputa política, o “iluminismo tucano" tem levado o candidato do PSDB a ficar muito parecido com tudo que ele, em seu passado como homem de esquerda, rejeitava como lixo. Os dois fenômenos, o da fé mercantilizada e o da política dessecularizada, tornaram-se imbricados, um aprendendo a usar os recursos do outro para alavancar os seus projetos que guardam inequívoca afinidade eletiva. É assim que a oposição fabrica um ”homem de bem".

Se acrescentarmos ao quadro dantesco a Justiça Eleitoral usada como instrumento de poder, veremos o quanto está ameaçada a legitimidade da representação popular, sem a qual não existe democracia. Estaríamos assistindo à implantação no país de uma justiça de gabinete, considerada pelo pensamento jurídico mundial a forma mais infame de prepotência principesca? Este é o projeto demotucano? Oremos todos.

A temperatura da campanha, agitada com os debates entre os candidatos e a demonização do Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH), nos obriga a retroceder no tempo para lembrar ao eleitor de classe média a tessitura do retrocesso em andamento. É interessante retornar a 2001, para aquilatarmos alguns dados e falas esquecidas.

Há nove anos, Márcio Pochmann, fazia uma precisa radiografia do desemprego e da precarização do trabalho, que assolava a economia brasileira(*). O autor apresentava quais os principais elementos que asseguravam a (triste) presença do Brasil no pódio, como um dos campeões do desemprego em escala mundial. Em suas palavras: “Em 1999, por exemplo, o Brasil ocupou o terceiro lugar no mundo em desemprego aberto, representando 5,61% do total do desemprego mundial, apesar de contribuir com 3,12% na PEA global. Em contrapartida, no ano de 1986, a colocação do Brasil no ranking mundial foi a décima terceira, com participação de 2,75% e representação de 1,68% do desempenho mundial".

O economista alertava que o perfil ocupacional do trabalhador brasileiro o deixava exposto aos efeitos deletérios da globalização, decorrentes da liberalização comercial e da desregulamentação do mercado de trabalho, sem constrangimento por parte das políticas macroeconômicas e sociais nacionais. Para quem acredita que Lula nada mais fez senão dar continuidade ao governo FHC, é legítimo indagar sobre as bases em que está assentada esta crença.

O descontentamento com a crise energética influía negativamente na avaliação do governo FHC, de acordo com pesquisa do Instituto Vox Populi, feita em junho de 2001. O percentual de ruim e péssimo saltava de 34 para 42%. A taxa de ótimo/bom refluía de 22% para 17%. Os entrevistados apontavam como piores áreas do governo: a saúde (29%), a energia elétrica (23%) e a segurança (17%). Ou seja, a gestão do “melhor ministro da Saúde que o país já teve", como alardeia a propaganda tucana, era a que apresentava a pior avaliação. Os tempos eram duros para o “homem de bem" dos púlpitos do Opus Dei.

Em 2002, aliados e estrategistas dos principais candidatos à Presidência acreditavam que o fechamento de um acordo com o FMI aliviaria o clima da campanha eleitoral por trazer mais estabilidade à economia e afastar a "argentinização" do Brasil.

O candidato do PSDB, José Serra, pretendia faturar o momento, apresentando-se como o único capaz de repetir o feito de fechar, se necessário, um novo acordo. Seu raciocínio era contestado por outro ”homem de bem". O presidente do PPS, senador Roberto Freire, conhecido como “líder do governo na oposição", reagia com ironia aos prognósticos do tucano.

“Isso é uma besteira, algo risível. Esse acordo está sendo fechado para corrigir os equívocos da equipe econômica, totalmente subordinada ao FMI.
Porque reduziram o estrago, agora querem virar os salvadores da pátria".

Freire, como se sabe, viria a apoiar Alckmin em 2006 e está na coligação tucana em 2010. Sua trajetória, como político de esquerda, é conhecida. Desde os tempos do velho PCB, o oportunismo açoita-o em direção da direita, em nome de evitar a vitória da direita pior. Sempre aderiu ao blablablá de combater o "inimigo de dentro"- o que, na linguagem cristalina da política, significa descolar uns empreguinhos no governo. E, quem sabe, um dinheirinho para a campanha. Esta sempre foi sua interpretação sobre o conceito gramsciano de "guerra de posição"

O DEM completa a tríade da santidade oposicionista. Nunca foi capaz de matricular-se num curso intensivo sobre como fazer campanhas eleitorais sem recursos do Orçamento da União, que fosse só na base do palanque, aqui entendido como discurso de identificação com a sociedade. Para tal, precisaria arrumar um projeto de país, coisa que jamais passou pela cabeça do seu ex-presidente, Jorge Bornhausen, conhecido pelo apelido de “Alemão", por conta do temperamento gélido e da ascendência genética.

Serra, Freire, Borhausen. Eis a santíssima trindade. Por ela, as redações rezam em editoriais e colunas: “dai-me sempre guarida, tende de mim piedade" O Estado laico não pode dizer amém.

(* ) Pochman, Márcio. O Emprego na Globalização. SP, Boitempo, 2001

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Gilson Caroni Filho, sociólogo, mestre em ciências políticas, professor titular de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), é colunista da Carta Maior, colabora com o Jornal do Brasil e com esta nossa Agência Assaz Atroz.

Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Quem é o Serra dos debates?

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Gilson Caroni Filho


Quando entrou nos estúdios da Rede Bandeirantes para o segundo confronto com Dilma Rousseff, Serra parecia confiante. Afinal, pesquisas recentes indicavam que sua candidatura registrava uma curva ascendente. Amparado pelo confortável clima de terror criado por demotucanos, com auxílio inestimável do oportunismo de grupos religiosos partidários da teologia da prosperidade, "IN NOMINE DEI”, o massacre da adversária era tratado como favas contadas. Mas, como costuma acontecer na luta política, o açodamento voraz aumenta a voltagem de fracassos inesperados.

A adversária se mostrava surpreendentemente bem mais preparada do que no encontro anterior, disparando alguns petardos para os quais o PSDB - e a mídia corporativa que lhe apóia - não encontraria proteção adequada nem mesmo no dia seguinte. Do assessor que fugiu com R$ 4 milhões da campanha a uma possível privatização do pré-sal em um caso de vitória tucana, Serra manteve a fisionomia tensa, perdendo-se nas respostas, sem conseguir esboçar contra-ataques com os detalhes que a televisão exige. O desempenho do personagem preocupou assessores e a base social que lhe dá sustentação.

Quando perguntado sobre fatos provados, respondia com evasivas. Nem mesmo a mulher, Mônica Serra, foi capaz de defender. Foge como o diabo da cruz quando são feitas comparações entre os governos FHC e Lula. Quem tirou 14 milhões da miséria, levou 32 milhões para a classe média, criando 13 milhões de empregos? Que governo fez o Brasil crescer como nunca, libertando o país dos ditames do FMI? Quem proporcionou acesso de um enorme contingente popular às universidades, mudando a fisionomia e as expectativas educacionais de uma formação social marcada pela exclusão? Sob o manto das redações que o protegem, Serra é poupado de contraditórios incômodos. Quando exposto ao confronto, sobram o sorriso nervoso e as mãos trêmulas no ar.

Ficou claro, no debate de ontem, que Serra promete coisas sem base e silencia sobre como vai cumpri-las. Chegou o momento de mostrar, às claras, quem é o ex-governador que paga os piores salários do Brasil para os professores e policiais de São Paulo, recusando qualquer possibilidade de diálogo com representantes das duas categorias. Serra envereda pela ficção quando diz que criou os genéricos e o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). E mente quando diz que tirou do papel o Seguro-Desemprego.

Nos próximos encontros, Dilma deve mostrar ao país o perigo de ter religiosos fundamentalistas dando palpite na administração pública. Precisa alertar que nas regiões metropolitanas, em comunidades carentes, além da crônica falta do Estado, os poderes conferidos a seitas e outros espertalhões, aliados a uma polícia medíocre e corrupta, acabam facilitando a vida de milicianos e traficantes. O que faz soar, no mínimo, ridícula a proposta tucana de criação de um Ministério da Segurança.

É importante indicar ao eleitor que um eventual governo Serra representará um mergulho nas trevas, com direito a TFPs, Opus Dei, Carismáticos e outras denominações legislando o nascimento de um poder assentado em bases teocráticas. Sobre isso deveria refletir uma parcela da classe média. Aquela mais apegada ao consumo que à cidadania, sócia despreocupada do rentismo e do poder nos tempos neoliberais.


Acostumada, desde a ditadura militar, à apropriação dos recursos que o mercado ou o Estado lhe ofereciam para a melhoria de seu poder aquisitivo e seu bem-estar material, ainda conserva vícios de origem, reagindo negativamente ao aumento da participação e da inclusão política de novos setores. Instalada em um desencanto abrangente, como estamento arraigado, abriga forças que não ameaçam apenas o processo democrático. O perigo vai bem além. Por tudo que vimos nessa campanha, a candidatura de Serra é incompatível com os valores mais caros à modernidade.

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Gilson Caroni Filho, sociólogo, mestre em ciências políticas, professor titular de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), é colunista da Carta Maior, colabora com o Jornal do Brasil e com esta nossa Agência Assaz Atroz.

Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

BRASIL Dom Tomás Balduíno: ‘Trata-se de derrotar a direitona que é contra os pobres, negros, índios e camponeses’

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Adital -

Faltando duas semanas para a realização do segundo turno, religiosos/as católicos/as e evangélicos/as lançaram uma carta declarando o voto na candidata do PT Dilma Rousseff.

A IHU On-Line entrevistou, por telefone, Dom Tomás Balduíno, bispo emérito de Goiás e presidente honorário da Comissão Pastoral da Terra (CPT nacional), que também assinou o documento. Na entrevista, ele fala sobre a necessidade de escrever o documento em apoio à Dilma. "A questão não é o amor à Dilma, mas o ódio ao projeto de Serra. A opção por Dilma é simbólica, o significado da opção por Dilma é o mesmo de Lula, é a possibilidade da caminhada dos Sem Terra, dos negros, dos índios sem repressão", explica.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Quando se sentiu necessidade de escrever esse documento de apoio à Dilma?

Dom Tomás Balduíno - Foi no momento do beco sem saída. Só temos duas alternativas: ou Serra ou Dilma. Agora, é salvar o que se pode salvar. A questão não é o amor à Dilma, mas o ódio ao projeto de Serra. O significado da opção por Dilma é a possibilidade da caminhada dos Sem Terra, dos negros, dos índios sem repressão. A prioridade não é a concentração, não é a privatização. Trata-se de derrotar a "direitona" que é contra os pobres, negros, índios e camponeses. Em oito anos, o governo Lula teve muitos defeitos e equívocos, mas ele não implementou a repressão. Todo mundo me fala da carta, alguns acham bom, outros ruim, mas isso significa que ela está seguindo o seu caminho e chegou em boa hora, ainda em tempo de se refletir.

IHU On-Line - No primeiro turno, alguns bispos aconselharam a sociedade a não votar na candidata do PT. Assim como há um movimento dos evangélicos apoiando Serra em função da discussão sobre o aborto e a união civil homossexual. Como o senhor vê esses posicionamentos?


Dom Tomás Balduíno - Alguns bispos tiveram esse posicionamento no primeiro turno porque havia mais opções, eu mesmo votei em Plínio.

IHU On-Line - Como o senhor percebe esse debate que está sendo feito acerca do aborto?

Dom Tomás Balduíno - Isso é um gancho favorável à oposição. Mas tanto um lado quanto o outro tem problemas com relação à compreensão do aborto. Nós, da Igreja, questionamos esse pessoal que só fala em proteger a vida intra-uterina. Está certo, mas o pessoal é tão fanático que esquece que a vida vai além disso, que Jesus valoriza a vida do marginalizado, do oprimido, do pobre, do escravo.

IHU On-Line - Como o senhor vê a dimensão que a religião está tomando nesse debate para o segundo turno?

Dom Tomás Balduíno - Acho que a Cúpula da CNBB está tendo uma posição respeitosa com a cidadania. Cada um é livre. Então, a Igreja não vai se apropriar do seu prestígio e força histórica para pôr um candidato ou vetar outro. Isso aconteceu no passado e foi um desastre. Do ponto de vista da direção da CNBB, tudo bem, foi corretíssimo. A nota da CNBB foi serena e bem vinda porque respeita o nosso direito de votar em quem se acha melhor.

IHU On-Line - Como a Igreja Católica sairá dessa eleição?

Dom Tomás Balduíno - Não há uma crise na Igreja Católica. O centro de decisão tomou uma posição racional, não passional, mas respeitosa. Isso vai balizar o andamento da carruagem depois da eleição. Haveria crise se essa esfera não fosse atingida. Para nós é uma referência muito importante em termos de compreensão do conjunto do respeito pelas diversas opções.

IHU On-Line - Quem fez mais pelo povo indígena brasileiro?

Dom Tomás Balduíno - FHC foi contra esse povo. A direita, quando entra no poder, faz concentração, porque ela é classista e faz política de exclusão e mercantilização. Minha posição pode ser dura e intempestiva, mas continuo pensando que no dia em que a bancada ruralista dominar o Congresso, nós estaremos, literalmente, perdidos.

IHU On-Line - Os povos indígenas estão apoiando quem?

Dom Tomás Balduíno - Eles estão com eles. Os povos indígenas têm sido muito mal tratados, mas atualmente não tanto como em outros governos. Antes de Lula, os povos indígenas sofreram muito. Na questão de Raposa Serra do Sol, por exemplo, devemos tirar o chapéu. Mas também tivemos retrocessos, como, por exemplo, por parte do Supremo Tribunal Federal que colocou restrições aos direitos dos povos indígenas. Os índios estão num patamar de consciência e organização que é importante, eles assumiram a posição de sujeitos da sua própria história. A causa indígena está salva por isso, não por governo A ou B, mas porque eles tomaram uma posição mesmo com todo o sofrimento pelo qual passam. O próximo governo terá pela frente povos organizados.
* Instituto Humanitas Unisinos

Ao publicar em meio impresso, favor citar a fonte e enviar cópia para: Caixa Postal 131 - CEP 60.001-970 - Fortaleza - Ceará - Brasil

sábado, 16 de outubro de 2010

PARE E PENSE! NESSA GUERRA “SANTA” QUAL O SEU PAPEL? MARIONETE?

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Laerte Braga

Em 1985, num debate mediado pelo jornalista Boris Casoy, os candidatos a prefeito de São Paulo, Fernando Henrique Cardoso e Jânio Quadros, foram surpreendidos com perguntas um tanto inusitadas do mediador.

Casoy (que apóia José FHC Serra e acha que garis são a mais “baixa categoria da escala social) perguntou a FHC se ele acreditava em Deus. O então senador respondeu que não, mas respeitava aqueles que acreditavam. Com todas as letras o ex-presidente se declarou, naquele debate, ateu.

É de fato um direito legítimo de FHC e de qualquer um.

Fé é um direito de consciência de cada um. Há que ser respeitado e a Constituição o garante. Não se impõe e não se vende.

José FHC Serra é ateu. Em tempo algum escondeu isso de ninguém. Ou seja, até ser candidato a presidente da República em 2002 e virar católico, evangélico, espírita, tudo, de carteirinha.

Em 2010 seu partido com apoio de setores da Igreja Católica Romana e grupos evangélicos proclama através de uma propaganda distribuída em seus comitês que “Jesus é verdade e justiça” e transforma as eleições numa cruzada, numa guerra santa.

Quando Cristo expulsou os “vendilhões do templo” não estava expulsando trabalhadores, ou fiéis que ali estavam para vivenciar sua fé. Expulsou mercadores, homens de negócio, líderes religiosos que faziam da fé um comércio, um negócio.

Jesus Cristo não foi condenado a ser crucificado pelo governador romano da Judéia, Pôncio Pilatos. Pilatos entregou-o aos judeus depois de lavar as mãos e dizer que a Roma ele não ofendia, contra Roma não cometera crime algum.

O “crime” de Cristo foi o de se opor ao poder dos líderes religiosos da Judéia e mostrar as vísceras desses líderes, mercadores da fé, da religião, da convicção da existência de Deus e de sua palavra. Revelada pelo próprio Cristo.

O PADRE AUGUSTO

Um típico vendilhão do templo. Faz da fé um instrumento de negócio, faz da religião mercadoria e usa sua condição de sacerdote para iludir e enganar fiéis. Imagina que católicos de sua paróquia sejam como que marionetes nesse jogo sórdido a que se presta e do qual é um dos protagonistas, pouco se importando com a Igreja em si, com a fé, mas com os interesses que representa.

Teria sido expulso do templo por Cristo como vendilhão.

Padre José Augusto, ou padre Augusto como é conhecido, é integrante da comunidade Canção Nova e é responsável pela formação de outros padres. Mora em São Paulo (base eleitoral do candidato José FHC Serra).

No dia cinco de outubro dirigindo-se a fiéis de uma igreja em São Paulo disse que se “O PT ganhar vai piorar”. Estava vendendo a sua mercadoria escorado na condição de sacerdote.

Imaginou e imagina que como tal, padre, pode conduzir e guiar as pessoas segundo a sua vontade, supõe-se acima do bem e do mal, guia e condutor.

E que as pessoas sejam marionetes.

É incapaz de dirigir-se aos fiéis de forma sensata e honesta – isso mesma honesta, sua atitude foi desonesta – recomendando-lhe um atento exame dos candidatos, uma correta verificação do programa de cada um e ao final, uma prece para que cada um possa escolher o melhor a seu juízo e o Brasil encontre um caminho de harmonia, de verdade, de justiça.

Não. Tem que vender seu peixe, usa a religião para esse fim, é pago – pago sim – para isso. Não importa que em sua comunidade existam vozes discordantes, importa que lhe foi atribuída, na condição de vendilhão do templo, a tarefa de mentir do púlpito, de ludibriar do púlpito. Isso é o de menos para esse tipo de gente.

A canalhice é intrínseca a ele.

A venda do templo feita por padre Augusto está em

http://www.youtube.com/watch?v=vgWdrcWNSbY&feature=player_embedded#!

A MULTIPLICAÇÃO DOS MILHÕES

O jornalista Paulo Henrique Amorim reproduziu em seu site CONVERSA AFIADA, os comentários de um especialista no setor imobiliário em São Paulo, a propósito do apartamento onde mora o engenheiro Paulo Vieira de Sousa, acusado de sumir com quatro milhões de reais da campanha de José FHC Serra, o ateu, amigo do padre Augusto.

Paulo Vieira de Sousa mora em São Paulo, à rua Doutor Eduardo Sousa Aranha, 255, Nova Conceição, área nobre da capital paulista.

A maioria dos apartamentos é duplex, dispõe de piscina, sauna, adega, churrasqueira, biblioteca e acabamento de alto luxo, além de 10 vagas na garagem e segurança ostensiva 24 horas por dia. No prédio moram banqueiros, empresários, as chamadas socialites e atrizes.

Segundo Paulo Vieira de Sousa, funcionário público do governo de São Paulo, o apartamento foi comprado com um dinheiro que lhe emprestou o senador eleito Aloísio Nunes, por 300 mil reais.

O custo apartamentos naquela área residencial chega a dez milhões de reais. Sim. DEZ MILHÕES DE REAIS.

Multiplicação dos 300 mil emprestados por Aloísio Nunes, naturalmente milagre feito pelo padre Augusto. Em muitas oportunidades o engenheiro sai do prédio num Jaguar de sua propriedade, blindado ou chega de helicóptero.

Paulo Vieira de Sousa é aquele que aparece na foto ao lado de José FHC Serra quando da inauguração do RODOANEL e que José FHC Serra disse que não conhecia até o momento que o engenheiro ameaçou abrir o bico. Aí, José FHC Serra não só o conhecia, os fatos são indesmentíveis, como chamou-o de “competente”.

Cristo, o padre Augusto deve saber disso, imagino, afinal pelo menos para disfarçar se diz sacerdote, multiplicou os pães e peixes para mitigar a fome da multidão que acorrera à montanha para ouvir exatamente um dos seus mais extraordinários sermões, o da Montanha.

O Jaguar do engenheiro que José FHC Serra não conhecia custa quatro vezes o salário do dito cujo.

Paulo Henrique Amorim revela, ainda, que a filha de Paulo emprestou 300 mil ao chefe do Gabinete Civil do então governador José FHC Serra.

Que conste dos autos que Paulo Henrique Amorim não é de VEJA, ou da FOLHA DE SÃO PAULO, deixou a GLOBO por não aceitar ser bandido, logo, é jornalista de caráter, sem medo e acima de qualquer suspeita.

Já o padre Augusto... O engenheiro que José FHC Serra não conhecia... O candidato cristão católico, evangélico, espírita, líder da cruzada pela moral e bons costumes, José FHC Serra, ah! Esse.. Bem, é especialista em multiplicar corrupção e vender países como o Brasil.

Tutti buona genti.

Essa notícia não vai ser vista no JORNAL NACIONAL (está comprado), nem em VEJA (idem), tampouco em FOLHA DE SÃO PAULO (ibidem).



E OS FIÉIS?

Há dias ouvi uma líder Umbandista explicar o seguinte. Que recebe de braços abertos as pessoas que acorrem ao templo que dirige. Oferece-lhes a oração e passes sem perguntar nome, cor, profissão, sexo, preferência sexual, sem induzi-los a nada. Apenas pratica a caridade espiritual na forma concebida pelos umbandistas.

Sei que a líder a que me refiro tem seus candidatos. Em momento algum ouvi qualquer menção a esses candidatos. Pelo contrário. Uma proibição expressa de campanha política no âmbito do templo que dirige.

Segundo costuma afirmar, sempre, reiteradas vezes, cabe a cada um abraçar sua fé e buscar, no respeito à fé do outro, do próximo, praticar o amor, a solidariedade, o respeito, viver a vida segundo suas convicções a partir de sua consciência.

“Não posso obrigar ninguém e nem devo a pensar como eu penso, a viver como eu vivo. As portas do templo estão abertas a todos e aqui dentro se pratica a caridade, o amor, o respeito e a solidariedade, sem perguntar a quem”.

“Busco compreender cada um e confortar-lhe. Entender o problema de cada um e dar uma palavra de fé e amor. Mas não posso pegar as pessoas pelas mãos e levá-las onde desejam. Cabe a cada um buscar o seu caminho a partir do conhecimento”.

“Do conhecimento”.

“Conhecei a verdade e a verdade vos libertará”

Padre Augusto não tem a menor idéia do que seja isso. Respeito à individualidade. É como o engenheiro Paulo Vieira de Sousa. Multiplica mentiras. É como José FHC Serra, não conhece pela manhã e conhece à tarde.

O que são os fiéis na concepção de padre Augusto? Ou do ateu José FHC Serra? Ou do engenheiro que com 300 mil comprou um apartamento de milhões?

Valem-se da mentira. Valem-se da canalhice típica de vendilhões do templo para usar a fé, a convicção religiosa, a boa fé e iludir, ilaquear, ludibriar, tudo para que possam atingir seus objetivos bandidos.

Não tem respeito pelo próximo. Imaginam a sociedade de marionetes. Escoram-se nas contumazes mentiras da mídia privada (comprada, venal) como GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA, RBS, etc.

Se Mônica Serra, mulher do candidato José FHC Serra e que se afirma teria feito um aborto com consentimento do marido tivesse respeito mínimo por si própria, por sua condição de mulher, pelas mulheres, jamais se referiria ao bolsa família como “bolsa esmola”.

Não deve ter lido, nunca, é atéia, o Sermão da Montanha, ou escutado contar do milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. Multiplica milhões nas concorrências, ou ausência de concorrências, dos negócios do marido.

Ser católico, ser evangélico, ser espírita, umbandista, o que seja, é um direito legítimo de cada um, inclusive de não ser nada, ou ser ateu.

Esconder-se sob o manto de uma crença para tentar vencer uma eleição é canalhice. Usar a religião, qualquer que seja, para eleger-se a qualquer preço, é vender o templo.

Quando estava já num processo final de vida, em sua última entrevista, Jean Paul Sartre recebeu uma jornalista que lhe perguntou se ainda continuava ateu. O filósofo respondeu assim – “continuo, mas com a esperança esperante que Deus exista, do contrário a vida não tem sentido”.

Fiel não é rebanho, gado tangido que se possa iludir, como o fez padre Augusto. Deveria ter tido a decência e a dignidade de despir-se do seu hábito e não usar o púlpito da sua igreja para pedir votos.

Fiel é alguém que busca na fé, na prática religiosa, o caminho para que possa viver a vida em acordo com seus princípios, os princípios da fé que abraça e não ser usado de forma vergonhosa por um sacerdote vergonhoso, a serviço de um político ateu que se finge de religioso, além de ser corrupto.

O ser ateu é o de menos, demais é o fingir, a hipocrisia. A conivência de um padre abjeto.

Quem aos porcos se mistura, farelo come...

Fico a pensar se Cristo aparecesse diante desse tipo sórdido de fariseus, gente como padre Augusto, José FHC Serra, ou o engenheiro Paulo (o que ameaçou abrir o bico se o candidato o abandonasse) e se mostrasse como revelam os vários evangelhos do Novo Testamento.

Iriam chamá-lo de louco, dar-lhe uma esmola e se insistisse muito, iriam chamar a polícia e naturalmente se dizerem vítimas de um maluco, ou um terrorista.

São canalhas lato senso e pensam que podem enganar por todo o tempo as pessoas.

Quem sabe, na próxima prédica, padre Augusto não leva lá o senador eleito Itamar Franco, o trêfego, ex-quase prefeito de Aracaju passando por Niterói, para falar sobre os genéricos que José FHC Serra criou e o Plano Real de FHC?

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Laerte Braga é jornalista e colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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SERRA: A FÉ DE UM AMBIENTALISTA

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Eleições 2010. Dilma afirmou mesmo que nem Jesus Cristo impede que ela vença essas eleições? Quando? Onde? Para quem? Quem foi que ouviu? Não importa, a “notícia” está circulando velozmente no cyber espaço, onde se trava a guerrilha da informação, na qual alguém ataca e logo se esconde, subindo a serra do anonimato para evitar confrontos.

A mulher do José Serra, dona Mônica disse, de fato, que “Dilma é a favor de matar criancinhas”? E o aborto feito por dona Mônica Serra, denunciado por uma de suas ex-alunas de dança, ocorreu mesmo? Em quais circunstâncias? Quem entrevistou a ex-aluna? Para que serve essa informação? Por que vasculhar a privacidade alheia?

Vale tudo em busca do voto dos incautos, dos indecisos, dos desinformados. Histórias escabrosas de fontes duvidosas com informações inúteis e repetitivas, muitas delas falsas, bombardeiam diariamente os usuários da internet e entopem as caixas de correspondência. Nem sempre conseguimos distinguir o que é relato de um fato daquilo que é invencionice beirando a calúnia.

Se informação é tudo aquilo que reduz a incerteza, então esse entulho de dados falsos ou desnecessários constitui pura manipulação, gerando o que os estudiosos estão denominando de ‘obesidade informacional’. O obeso informacional perde um tempo precioso consumindo, em forma nada criteriosa, um excesso de ‘gordura’, que não é processada e digerida pela mente, nem é metabolizada de forma equilibrada, o que adoece o organismo.

Sugiro que as escolas reformulem o currículo e introduzam uma nova disciplina – Leitura na internet ou Nutrição Informacional – para ensinar os alunos a separarem o joio do trigo nas mensagens que circulam no ciberespaço.

Em nome da verdade, é preciso dizer que os dois candidatos pouco fizeram para evitar essa guerrilha. Depois de quase 20 milhões de votos dados a Marina Silva no primeiro turno, a gente esperava ouvir propostas sobre o meio ambiente no segundo turno. Afinal, um dos dois candidatos vai presidir o Brasil, que é a maior potência ambiental, com a mais rica biodiversidade do planeta. Mas no debate de domingo passado, eles não deram um pio sobre o tema. Piarão no debate de hoje?

Até agora, ambos fizeram um silêncio ensurdecedor sobre o modelo de desenvolvimento que propõem e sobre seus projetos ambientais, o que pretendem fazer com os recursos naturais, a floresta amazônica, as terras indígenas, a poluição dos rios, o agrotóxico, o Código florestal, as mudanças climáticas, o lixo nas cidades, o trânsito, o excesso de carros, enfim, a qualidade de vida dos eleitores. Nem um pio.

O pio do Serra

Minto. O Serra deu um pio. Não no debate televisivo, frente a Dilma, que poderia replicar, mas sozinho, numa entrevista a uma rádio local de Chapecó (SC). O pio do Serra foi registrado pelo enviado especial da Folha de São Paulo, Ricardo Westin, que publicou uma matéria deliciosa assinada no domingo passado intitulada “Por votos de Marina, Serra afirma que é ambientalista”.

- Eu sou ambientalista, eu defendo muito o patrimônio florestal – disse Serra, jurando sobre a Bíblia que desde criancinha está preocupado com o tema, com o qual não revela a menor intimidade segundo narra o enviado da Folha, órgão insuspeito nesse caso:

- O tucano falou sobre a necessidade de respeitar as diferenças ambientais de cada região, mas se atrapalhou. “Tem que levar em conta as biodiversidades regionais. Como é que eles chamam? Bio...?”, questionou. E foi ajudado por um assessor. “Hein?”. E o assessor soprou novamente. “O bioma de cada local” – disse o tucano.

Ou seja, Serra, que repentinamente se diz tão preocupado com o verde e com a vida, não sabe o be-a-bá ambientalista, não tem qualquer intimidade com os conceitos de uso corrente. Precisa de cola para falar sobre bioma, biota, biosfera, ambiente oligotrófico. Seu recente ambientalismo é de um oportunismo assaz atroz, soa tão falso quanto FHC lambendo os beiços depois de comer uma buchada de bode em Juazeiro (BA) na campanha eleitoral de 1994. O coração do Serra só é verde porque ele torce pelo Palmeiras. Nada mais.

Serra e Dilma acreditam que Marina ganhou votos também de um importante segmento religioso e não apenas dos eleitores preocupados com a questão ambiental. Saíram, portanto, à caça desses votos. No dia de Nossa Senhora Aparecida, a Folha publicou na primeira página foto do Serra, no palanque, em frente à multidão, beijando o terço, com uma cara de fé de mais, levando o Macaco Simão a questionar esse tipo de catolicismo: “católico mesmo é o Roriz, que em tudo que faz leva um terço”.

Só existe uma forma de avaliar a fé e a devoção dos dois candidatos: aplicando o teste das irmãs Feitosa, que andam sempre com a fé, que não costuma falhar.

O teste das Feitosa

As irmãs Feitosa – essas sim, mulheres de fé – puxam os hinos nas novenas de terça-feira na paróquia de Aparecida, em Manaus. Elas seriam convidadas a abrir o debate de hoje, na televisão, entoando o hino “Viva a Mãe de Deus e noooossa, sem pecado concebiiiida...”. Ganharia o candidato que completasse: “Salve oh Virgem Imaculaaaada, oh Senhora Apareciiiiida”. Ou então elas atacariam com o outro hino: “Virgem Mãe Apareciiiiiiida...”. Quem continuasse: “Estendeeei o vosso olhaaar” provaria que conhece mais o babado e tem mais capacidade para governar o Brasil.

Dou o meu pescoço francês em praça pública se um dos dois candidatos passar no teste. Essa espetacularização da fé – a Dilma pelo menos foi mais discreta - é algo assustador e ofensivo para quem vive a religião cotidianamente. De qualquer forma, declaro o meu voto no segundo turno para que os poucos leitores saibam com quem estão falando e se defendam do texto que estão lendo: agora é Dilma. E isso porque estou reginaduartemente morrendo de medo, pensando no exemplo da Alemanha nazista.

Lembro que Hitler foi eleito com o voto popular, derrotando a Social Democracia nas eleições de 1932, quando os nazistas elegeram 230 representantes para o Parlamento. Hitler conseguiu isso por causa da omissão do Partido Comunista, que se justificou, alegando que “não votava em traidores”, que eram os sociais-democratas. Leon Trotsky que lutava contra a Social Democracia, considerou, no entanto, um erro do Partido Comunista, declarando – cito de memória – algo assim como: “É preciso saber diferenciar, de um lado o amigo que está traindo os princípios, e de outro o inimigo que te golpeia e apunhala”.

Dilma, certamente, não é o inimigo que nos apunhala. É preferível elegê-la e no dia seguinte berrar na oposição, cobrando uma postura coerente com o programa original do PT, do que permitir, com o voto nulo, a vitória do obscurantismo e do retrocesso.

P.S. – Pereira deu pera. O meu melhor amigo amazonense, o cara que eu mais admiro, se tornou avô pela primeira vez no dia 13 de outubro. Sua filha teve um parto natural, de cócoras. Meu voto “no Serra não” é um compromisso com a neta desse amigo, a Ana de Natal, a Ana da Vila Feliz, a Ana Pereira que não pode ver o Brasil regredir, que merece ter a felicidade de viver num Brasil melhor.

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José Ribamar Bessa Freire é professor universitário (Uerj), reside no Rio há mais de 20 anos, assina coluna no Diário do Amazonas, de Manaus, sua terra natal, e mantém o blog Taqui Pra Ti

Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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O BEATO JOSÉ FHC SERRA

Laerte Braga

O pastor Silas Malafaia, um dos entusiastas do beato José FHC Serra (usou o disfarce Marina da Silva), começa a dar uma guinada para não ir a lugar nenhum, mas ficar livre do ônus de carregar o peso da cruz tucana. Olhou melhor e percebeu que a tal cruz é nada mais, nada menos que uma suástica estilizada em baba peçonhenta que escorre do candidato. É o finge que está, mas não está, fala que é ali, mas é acolá, te esconjuro, importante é o dízimo.

Deve ter se orientado com o Padre Augusto, um dos porta-vozes do beato e percebido que o “rebanho” não é tão bobo assim. De qualquer forma a palavra final sobre como as forças dessa cruzada irão se movimentar vai depender do que acha o arcebispo da Paraíba, revoltado com as sanções aplicadas a Cássio Cunha Lima, seu pupilo na política daquele estado (apareceu no horário eleitoral do candidato dizendo que Deus mandou votar nele).

O que líderes religiosos sensatos e íntegros sabem é que o envolvimento descarado, partidário, de qualquer religião ou seita numa campanha política pode trazer em curto e médio prazo prejuízos que, em longo prazo, serão irrecuperáveis.

E ainda mais se o santo a ser vendido tiver os pés de barro. Caso do beato José FHC Serra, ateu de carteirinha.

Neste momento alguns começam a orientar as secretárias ou secretários para o clássico diga que sai e não você não sabe a hora que volto. Quando o beato José FHC Serra liga.

Das tumbas emerge o faraó Fernando Henrique Cardoso e assombra o Brasil com um desafio ao presidente Lula para um debate. Deve ter olhado no espelho mágico (corrupto como ele) e perguntado se existe algum presidente melhor e mais inteligente que ele. Como ouviu não o senhor é o maior de todos, acredita piamente que assim o seja.

Já convocou o secretário Itamar Franco para ajudá-lo a carregar as pastas da verdade divina. No caso de FHC ele imagina que Deus seja ele.

A palavra do beato José FHC Serra é complicada, não vale nada. A assinatura? Menos ainda.


A PALAVRA DO BEATO

Um dos fundadores do PSBD, o ex-governador do Pará Almir Gabriel declarou apoio a candidata Dilma Roussef em seu estado. Segundo ele José FHC Serra é um ególatra. Ou seja um sujeito doente consigo mesmo e sua convicção que para além dele não existe nada. Mais ou menos isso.

Não chega a ser um Narciso, lhe falta poesia. E principalmente um dilema. O que sobra é hipocrisia.

Candidato a prefeito de São Paulo em 2004 começou a ser questionado se não estava usando a perspectiva de vir a ser prefeito para ter um trampolim com vistas às eleições presidenciais de 2006. Negou de pés juntos, jurou que iria cumprir o mandato até o final.

Esse juramento, essa promessa virou mote de campanha. Os marqueteiros do beato perceberam que o eleitorado da capital paulista temia um prefeito transitório, alguém que fosse apenas servir-se da Prefeitura da cidade para chegar a cargos mais elevados.

Em cada comício, em cada reunião, reiterava o compromisso de cumprir o mandato integralmente.


A ASSINATURA DO BEATO

Vai daí que numa entrevista concedida ao jornalista Boris Casoy surgiu o tema. Ser ou não ser prefeito por quatro anos caso fosse eleito. Em setembro de 2004, encontro patrocinado pelo jornal FOLHA DE SÃO PAULO, hoje um dos templos do beato.

Para que não pairassem dúvidas sobre a palavra do beato José FHC Serra, Casoy perguntou ao dito cujo se ele assinaria um termo se comprometendo a cumprir o mandato na sua totalidade.

Pego de surpresa, sem ter como sair. José FHC Serra disse que não via necessidade daquilo, que sua palavra era o bastante, mas que assinaria se isso ajudasse ao povo paulista a ter certeza que, eleito, seria prefeito por quatro anos.

Dito e feito. Assinou. É sé ir procurar na FOLHA. Está lá o documento com firma reconhecida.

Em 2006, derrotado dentro de seu partido na pretensão de vir a ser o candidato a presidente, renunciou ao cargo de prefeito para disputar o governo estadual. Ao ser questionado sobre a promessa e a assinatura disse que poderia fazer “muito mais por São Paulo sendo governador do que prefeito”.

Nem a palavra vale nada, nem a assinatura, aliás, muito menos.

Fala e assina qualquer documento, qualquer negócio, o que quer que seja, para alcançar seus objetivos.

Não tem escrúpulos nem em fazê-lo e nem em voltar as costas ao que falou e assinou.

Essa característica é da natureza tucana. O cinismo.


A CAMPANHA DE 2010

Num dado momento da disputa interna em seu partido, ele o beato José FHC Serra e o ex-governador de Minas Aécio Neves disputavam a indicação como candidato a presidente da República. Aécio começou a percorrer o País visitando diretórios e seus integrantes do partido. Foi ao exterior jurar submissão aos grandes empresários norte-americanos, enfim, começou a colocar em risco o projeto presidencial do beato.

José FHC Serra chamou um dos seus diáconos, o jornalista Juca Kfhoury e encomendou-lhe missa especial de réquiem para a pré-candidatura de Aécio. O jornalista em sua coluna noticiou que o governador de Minas, à época, em estado lamentável (drogado e bêbado), havia dado um tapa em sua namorada num evento num hotel no Rio de Janeiro e causado espécie entre os presentes. E alertou os brasileiros sobre os riscos de eleger políticos assim.

Aécio tirou o time de campo, mas lógico, muniu-se de documentos através de um jornalista e ficou pronto para o embate, caso o beato encomendasse outra missa, essa de sétimo dia.

Ao contrário, o beato tentou seduzir Aécio de todas as formas para que aceitasse vir a ser o vice presidente em sua chapa.

Aécio sumiu para a Europa, mas antes de viajar declarou que “o primeiro compromisso que eu tenho é com Minas e os mineiros”.

Instalou-se em Minas o DILMASIA, mistura de Dilma com Anastasia (candidato a governador de Aécio). E de quebra Aécio ainda pegou o mala Itamar Franco, próximo da auto comiseração absoluta e elegeu-o senador.

Reiteradas vezes o beato e seus seguidores reclamaram do tratamento dado à sua campanha em Minas Gerais. A um ponto tal que o presidente do PSDB mineiro irritou-se e mandou um recado. “Se querem melhor que venham fazer”.

Terminado o primeiro turno o ex-governador mineiro, naturalmente em viagem nos moldes denunciados por Juca Kfhoury correu a São Paulo e disse que “agora é Serra”. A reboque Itamar Franco (havia feito duras críticas a Serra ao longo dos últimos anos a propósito dos genéricos e do plano real).

O tal compromisso com Minas e os mineiros terminou no dia seguinte ao três de outubro, o negócio no dia quatro passou a ser “o que eu levo”.

Deve receber o chapéu cardinalício em Minas Gerais, só pode. Itamar vai ser cardeal in pectori, em segredo.

Enfiaram a viola no saco, não tinha e não têm compromisso com ninguém que não com seus interesses políticos e pessoais e integram a corte do beato José FHC Serra, na santa pregação de nos levar ao estágio de Terra de Vera Cruz, só que dessa vez a colonização será feita pelos norte-americanos.

Nem paulistas, nem mineiros, muito menos brasileiros merecem uma quadrilha nesse nível.

Sugiro que as últimas frases da coluna de Juca Kfhoury sobre Aécio, recomendando cautela ao eleitorado em escolher candidatos assim, seja lida, relida, para que se compreenda o que de fato está por trás do beato José FHC Serra e toda a corja – opa, toda a corte celestial – que o circunda.

O tesoureiro é o tal Paulo que com 300 mil reais emprestados pelo senador eleito Aloisio Nunes conseguiu comprar um apartamento de milhões de reais, chega de helicóptero e deixou claro ao beato que se for abandonado no meio do caminho abre o bico. Uma investigação atenta mostraria que o Padre Augusto deve ter abençoado e multiplicado os tais 300 mil reais.

Foi abençoado pelo beato. Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão.

Nem a palavra, nem a assinatura do beato valem coisa alguma.

Um detalhe, a assinatura do beato está com firma reconhecida.

Olhe, o Brasil é um país com dimensões continentais, peça decisiva no contexto latino-americano, de extrema importância em todo o mundo e principalmente, protagonista da história de nossos dias.

Não pode virar coadjuvante por conta de um beato falsificado, um político corrupto.

Há que se ter consciência do que é ser brasileiro.

O beato José FHC Serra é um embuste em tudo e por tudo. Em sua trajetória brigou até com Xuxa, chamando-a de pecadora por ser mãe solteira.

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Serra vira pastor de araque

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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Segundo deputados petistas, Paulo Preto gastou R$ 1 milhão em festa árabe

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“Homem-bomba do PSDB” faz festança com direito a camelo e odalisca, acusa PT

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Uma festa que custou R$ 1 milhão com direito a camelo e odaliscas em uma das baladas mais caras de São Paulo. Foi assim que os deputados estaduais do PT falaram nesta quarta-feira (13) do aniversário do ex-diretor da Dersa (empresa estatal do governo de São Paulo) Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, que ganhou o apelido de “homem-bomba do PSDB” depois ter sido acusado por tucanos de alta plumagem de desaparecer com R$ 4 milhões supostamente arrecadados para ajudar a campanha presidencial de José Serra (PSDB). (Clique aqui e entenda o caso)

Os petistas dizem que a festa aconteceu no dia 7 de março de 2009. Eles, no entanto, tomaram o cuidado de não dizer que o dinheiro usado saiu dos cofres públicos. Segundo o deputado José Mentor, a festança precisa ser tornada pública em razão das acusações de desvio a que o “homem-bomba” é acusado.
- Não se sabe de onde veio o dinheiro [da festa].
A acusação aconteceu junto com uma outra, mais grave. A de que a filha de Paulo Preto, a advogada Priscila Arana de Souza Zaharan, do escritório de advocacia Edgard Leite Advogados Associados, facilitou licitações com empreiteiras no governo do Estado de São Paulo quando Serra ainda era governador de São Paulo.
Os deputados estaduais do PT dizem que o esquema era simples: tanto a Dersa quanto as empreiteiras eram clientes do mesmo escritório. A função da advogada era resolver tudo juridicamente para que essas empresas fossem contratadas pelo governo.
De acordo com o deputado Adriano Diogo, Priscila “requentava os contratos e dava as bases legais para as contratações”.
O PT colheu assinaturas de todos os deputados estaduais para, amanhã, entrar com uma ação na Procuradoria Geral de Justiça contra Serra e Paulo Preto por improbidade administrativa.
A reportagem ligou tanto para o escritório de advocacia em que trabalha Priscila quanto para o advogado de Preto, mas até a publicação desta reportagem ninguém havia retornado o contato.
Clique aqui e entenda o caso.

Serra diz que acusação sobre ex-diretor da Dersa “é pauta petista”
Dilma promete a evangélicos vetar leis pró-aborto
Agnelo está 21 pontos à frente de Weslian no DF

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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Dia 31 vote 13


Capítulo 13 A LEI DA NUMEROLOGIA DAS ESCRITURAS
ESTUDOS EM HERMENÊUTICA BÍBLICA

Ou, Leis Básicas de Interpretação da Bíblia

Pr. Davis W. HuckabeeMuitos dos números usados nas Escrituras têm um significado e importância definidos, de modo que muitas vezes o próprio número indicará o assunto geral do contexto em que é usado. Essa é só mais uma das muitas provas infalíveis de que Deus não faz nada descuidadamente ou por mero acaso, mas que tudo é feito de modo que fique em harmonia com o grande e totalmente abrangente plano e programa de Deus.

O número um (1) é a unidade principal usado na composição de todos os outros. É o número da unidade, e conseqüentemente é associado à Divindade, pois Deus é uma unidade ao mesmo tempo em que Ele é uma Trindade. Assim, as Escrituras declaram: "Ora, o medianeiro não o é de um só, mas Deus é um". (Gálatas 3:20) "Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem,". (1 Timóteo 2:5)

Muitas vezes esse número é usado onde se declara o pensamento da unidade como em Mateus 19:5-6: "E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne" Assim não são mais dois, mas uma só carne...". "E no dia seguinte, pelejando eles, [Moisés] foi por eles visto, e quis levá-los à paz, [à união, no grego]". (Atos 7:26) "Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor". (João 10:16) "Eu e o Pai somos um". (João 10:30) "Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste". (João 17:21) "Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito". (1 Coríntios 6:17) E muitas outras referências há que mostram o significado do número um. Esse número é tal que não se pode dividi-lo sem fragmentá-lo, de modo que deve significar unidade de algum tipo.

O número três (3) é o número da manifestação, pois Deus se manifesta nas três Pessoas da Trindade. Pelo fato de que esse número tem esse significado, é também o número da ressurreição, e aparece nessa ligação mais do que em qualquer outra. A própria primeira vez em que esse número aparece no Novo Testamento lida com isso. "Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra". (Mateus 12:40) Que esse número é tanto o número da Deidade quanto da ressurreição é revelado onde essas duas coisas são reunidas em Romanos 1:4: "Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor". Enquanto está ligado várias vezes ao número dois, como em Mateus 18:16, é revelado que onde há duas testemunhas testificando a verdade de um assunto, o três é um passo a mais. É uma manifestação maior da verdade.
Dia 31 VOTE 13

domingo, 10 de outubro de 2010

Frei Betto: Dilma e a fé Cristã

Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária aos princípios do Evangelho e da fé cristã


Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em Belo Horizonte.
Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência.
Anos depois, nos encontramos no presídio Tiradentes, em São Paulo. Ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho.
Nada tinha de “marxista ateia”.
Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.
Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula. De nossa amizade, posso assegurar que não passa de campanha difamatória -diria, terrorista- acusar Dilma Rousseff de “abortista” ou contrária aos princípios evangélicos.
Se um ou outro bispo critica Dilma, há que se lembrar que, por ser bispo, ninguém é dono da verdade.
Nem tem o direito de julgar o foro íntimo do próximo.
Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica.
Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. Preferem comprovar, por suas atitudes, que “a árvore se conhece pelos frutos”, como acentua o Evangelho.
É na coerência de suas ações, na ética de procedimentos políticos e na dedicação ao povo brasileiro que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam.
Sobre Lula, desde as greves do ABC, espalharam horrores: se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo; expropriaria fazendas e sítios produtivos; implantaria o socialismo por decreto…
Passados quase oito anos, o que vemos? Um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente.
Até o segundo turno, nichos da oposição ao governo Lula haverão de ecoar boataria e mentiras. Mas não podem alterar a essência de uma pessoa. Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho.
Certa vez indagaram a Jesus quem haveria de se salvar. Ele não respondeu que seriam aqueles que vivem batendo no peito e proclamando o nome de Deus. Nem os que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem quem se julga dono da doutrina cristã e se arvora em juiz de seus semelhantes.
A resposta de Jesus surpreendeu: “Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; oprimido, e me libertastes…” (Mateus 25, 31-46). Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos vida digna e feliz.
Isso o governo Lula tem feito, segundo a opinião de 77% da população brasileira, como demonstram as pesquisas. Com certeza, Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.


FREI BETTO, frade dominicano, é assessor de movimentos sociais e escritor, autor de “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros. Foi assessor especial da Presidência da República (2003-2004, governo Lula).

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O ENCARDIDO: SEU FILHO, SEU NETO

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Segundo mister Kabokinho, a criação do mundo foi assim. No primeiro dia, Deus criou o céu, o sol, a lua e as estrelas. No segundo, a noite, o dia e a aurora. No terceiro, a terra, as águas e a cachaça. No quarto, as plantas e as frutas, incluindo o cupuaçu e a pimenta murupi, com seu cheiro, sabor e ardência. No quinto, os animais aéreos, terrestres e aquáticos, entre eles o pirarucu e o tambaqui. No sexto, o homem, a mulher – ah, a mulher! - o namoro, o carnaval e o futebol. Quando Deus já ia gozar, no sétimo dia, o merecido repouso, sentiu uma profunda sensação de incompletude. Queixou-se:

- O que é que está faltando ainda para o mundo ficar perfeito, meu Deus do céu?

Viu que, sem querer, tinha invocado a si próprio, esquecendo que ELE é que era Deus. Foi aí que, assumindo plenamente o milagre da criação, descobriu o que faltava para a perfeição do mundo: o professor universitário. “Faça-se o professor universitário” - disse. E o professor universitário foi feito. Só então, satisfeito, Deus descansou.

Bastou que Ele dormisse para que o Diabo, que tudo observara, entrasse em ação, disposto a anular a obra divina e a caprichar na imperfeição do mundo. Aproveitando o cochilo do supremo arquiteto do universo, Satanás fez uma diabrura e criou... o colega de departamento. Junto com ele, a inveja e a hemorroida. Desde então, ali onde há um professor universitário surge sempre o colega de departamento, com intriga, fofoca, futrica, baixaria e perseguição.

Hoje, esses filhos do Capiroto ocupam universidades no mundo inteiro. Um deles atua, com um sabor local, no Departamento de Língua e Literatura Portuguesa (DLLP) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Seu nome: José Enos Rodrigues. Ele é o Colega de Departamento da professora Sandra Campos, a quem denunciou, instaurando um processo de sindicância contra ela, que se doutorou recentemente pela UFF, título que ele não possui, o que gerou um sentimento exacerbado de inveja que, como todos sabem, é uma merda.

Namoro epistemológico

Foi esse sentimento que levou o Colega de Departamento a apontar suas armas também contra os alunos. O DLLP discutiu, em reunião de 16 de setembro, entre outros, dois temas de altíssimo interesse acadêmico: “o uso de notebooks e a formação de casal de namorado em sala de aula”. A ata da reunião registra que - abre aspas - “o professor Enos fez questão de se colocar contra tal comportamento, afirmou que os professores tem autonomia para banir tal atitude” - fecha aspas.

Enos quer porque quer banir uma das criações divinas: o namoro. Não está preocupado com o conhecimento, mas com a proibição da troca de afetos em sala de aula, algo que é, epistemologicamente, desastroso. Tiro por mim. Se o professor Nina não tivesse permitido o namoro no Colégio Estadual do Amazonas, jamais eu teria aprendido química inorgânica. Só estudei ácidos, hidróxidos e estado de oxidação, porque queria me exibir pra Marluce Saubinha, a calipígia, com quem trocava ardentes olhares em sala de aula. Isso foi no século passado.

Hoje, em pleno século XXI, a troca de olhares está proibida no curso de Língua e Literatura Portuguesa da UFAM. Olhar afetuoso, mãos dadas, ternura e carinho foram banidos pela cruzada moralista do Colega de Departamento, que nunca paquerou em sala de aula e não percebe que o namoro, além de favorecer o processo de aprendizagem, produz energia e entusiasmo pela vida, contribuindo para o equilíbrio emocional e a formação da personalidade.

Um professor é um educador responsável pela formação integral de seus jovens alunos e não um delegado de polícia que vigia e fiscaliza. É inacreditável que se gaste horas discutindo fofoquinhas como personagens de telenovela. Que diabo de curso é esse cujo coordenador reprime algo saudável e benéfico ao coração e ao sistema nervoso? Por que os demais cursos não têm esse problema? Além disso, por acaso, a reitora assinou alguma portaria proibindo o namoro? Ou o uso de notebook?

A futrica

Na ata da mesma reunião se defende a proibição também do uso de notebooks porque – abre aspas - “muitos alunos atrapalham as aulas com o uso desses aparelhos” – fecha aspas. Ora bolas, então por que o professor não incorpora logo o notebook ao processo de aprendizagem? Que tipo de aula é essa? Será que é o notebook que atrapalha a aula, ou é o tipo de aula dada que está atrapalhando o uso do notebook?

O que é, afinal, que estão tentando ensinar aos nossos alunos? Futrica. É. É isso mesmo: futrica. Olhem o que aconteceu: sem notebook e sem namoro, os alunos passaram a fazer aquilo que Enos com o exemplo lhes ensinou: brigar entre si. A futrica se generalizou tanto pelo corpo discente, que se instaurou um clima assustador de “intrigas na sala”. A ata da reunião informa que “alunos querem assistir aulas nas outras turmas por estarem em conflitos com os colegas das turmas de origem”.

O pau está comendo entre os alunos do curso, a brigalhada corre solta, prejudicando as aulas. Enfim, os enos se reproduziram em senos e cosenos. Inventaram aquilo que nem o diabo ousou criar: o Coleguinha Discente, que vem a ser filho do Colega de Departamento e, portanto, neto do Encardido. Isso tudo prova que quem namora, não agride colegas.

Vejam o mau exemplo. O ponto central da reunião foi a “instauração de processo de sindicância contra a professora Sandra Campos”, para saber se o doutorado dela foi em Letras ou em Linguística. A ata registra o disse-me-disse: Enos disse que a Sandra disse que sua orientadora disse que o doutorado dela era em Linguística, quando o coordenador do curso da UFF disse que o doutorado é em Letras, “o que para o professor José Enos configura-se como falsidade ideológica, já que são áreas diferentes”.

Valei-me minha Santa Etelvina! Ele sequer sabe distinguir os níveis das áreas do conhecimento e ignora que uma mesma especialidade pode ser enquadrada em diferentes grandes áreas, áreas e subáreas. Considera a simples menção delas como irregularidade e desenha o seu grandioso programa de luta acadêmica, planejando o que fará nos próximos três anos, quando, então, se aposenta:

“Diante dos fatos – diz a ata - o professor Enos enfatizou que enquanto for decano e coordenador do curso não vai deixar passar o que tanto o incomoda”. Ele jurou que vai dedicar “os dois anos e três meses que lhe restam na coordenação” na “luta para apurar tais irregularidades, pois não há como admitir esse desvio de comportamento”.

O bulhufismo

O que fazer diante do furor bélico, policialesco e ensandecido de um colega de departamento? Sandra fugiu desse inferno doentio e pediu transferência para o Departamento de Comunicação que a aceitou de braços abertos. Seu ex-Colega de Departamento passou a dedicar suas energias e sua – digamos assim – inteligência para apurar as “irregularidades”. Aí, né, sobrou pra mim. O gostosão aqui, que fez parte da banca de doutorado da Sandra, entrou nessa história como Pilatos entrou no Credo: de gaiato. Diz a ata:

“O professor José Enos afirmou que irá também questionar junto a CAPES a participação do professor Ribamar Bessa na banca examinadora de doutoramento da referida professor uma vez que Bessa confessou publicamente que não entende “bulhufas” de fonética e fonologia”.

Por que “questionar junto a CAPES”, quando o fórum mais apropriado para assunto tão grave e transcendental – o bulhufismo em fonética - é uma CPI no Congresso Nacional ou quiçá a Assembleia Geral da ONU?

Repito aqui o que escrevi: “não entendo bulhufas de fonética”, o que traduzido do discurso jornalístico para a linguagem acadêmica significa: “esse não é meu campo de especialização”. Mas não foi “confissão”, foi uma declaração que está lá pra quem quiser ler, no texto intitulado “Uma reitora para a UFAM”, seguido de outra frase esclarecedora, omitida por Enos, que indica qual é o meu campo e qual foi minha função na banca.
(http://www.taquiprati.com.br/cronica.php?ident=24).

Se Enos disser de mim o que eu digo de mim, eu o processo por calúnia, por ser um leitor raso, que acredita piamente, ao pé da letra, naquilo que está impresso. Ele prefere pensar que alguém é capaz de caluniar a si mesmo do que entender que o processo de leitura é a produção de significados, que são múltiplos, sobretudo se o texto contém ironia, sarcasmo, humor, duplo sentido.

Entender a acidez dos comentários requer um gesto inteligente do leitor. Quem não desenvolve a prática da leitura – parece ser o caso de Enos - lê apenas o que está escrito, só a linha e olhe lá! Bom leitor é quem consegue ler o não escrito, a entrelinha, exercitando a capacidade de uma leitura crítica, meditada, descobrindo os vários sentidos de interpretação como propõe o linguista Oswald Ducrot. Ler ironia requer sagacidade para ponderar sobre o exagero proposital do autor. Mas isso é pedir demais para um colega de departamento.

Um professor de verdade, que não é “colega de departamento”, Mateus Coimbra, presente na reunião, bem informado, explicou na hora e foi registrado em ata que o papaizinho aqui “hoje é professor da UERJ, fez pós-graduação em Letras e Literatura, sua tese de doutorado transformou-se em livro chamado Rio Babel, na realidade, é um tratado social da Língua Geral, do Nheengatu”. O que seria um esclarecimento suficiente para um professor universitário não satisfaz um “colega de departamento”, que é insaciável e blindado contra qualquer tipo de argumento.

PS. - Dois recados: 1) Enos, meu bom Enos, não seja tão amargo assim. Arrepende-te de teus pecados, renuncia a Satanás, a suas pompas e a suas obras. Apaga as velas que acendeste para Santa Etelvina e te ocupa com questões mais criativas. Vai estudar, Enos! Ah, e deixa os meninos e as meninas namorarem. 2) Recado para os alunos e alunas de Letras (ou será Linguística?): em vez de brigar, namorem, que é muito bom. Escolham o lugar apropriado. E se possível, longe dos olhos dos enos, usem o notebook para enviar mensagens ao amado e à amada.

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José Ribamar Bessa Freire é professor universitário (Uerj), reside no Rio há mais de 20 anos, assina coluna no Diário do Amazonas, de Manaus, sua terra natal, e mantém o blog Taqui Pra Ti

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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