domingo, 29 de novembro de 2009

Tudo pólvora do mesmo cartucho

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Fernando Soares Campos

Por que eu teria que acreditar em jornais como a Folha, revistas como a Veja, redes de TV como a Globo se eles já deixaram bem claro que estão a serviço do golpe contra o metalúrgico que lhes “usurpou” o poder institucional?

Bom, se querem que eu acredite neles, então vou ter que acreditar no que a repressão diz sobre César Benjamin. Nada mais justo. Se esses golpistas publicam o que César Benjamin escreve, deveriam publicar o que os golpistas de pijama publicam sobre o mesmo sujeito.

Se o site Ternuma, por exemplo, publicasse sobre Lula o que publicaram sobre César Benjamin, toda a imprensa golpistas daria crédito ao site Ternuma e reproduziria o que pudessem ter dito contra Lula. Bastava que eles considerassem relevantes as denúncias contra Lula.

Quem faz o Ternuma?

Para não perder tempo, copiei e colo aqui a página da Wikipédia sobre a tal instituição:

Ternuma ou Terrorismo Nunca Mais é um grupo de extrema direita composto por simpatizantes e ex-integrantes da Ditadura Militar Brasileira. O termo "terrorismo" é usado pelo grupo para se referir aos guerrilheiros que se opuseram à ditadura militar no Brasil.

O Ternuma é totalmente contrário aos movimentos sociais e estudantis de esquerda. A organização Também apoia integrantes da ditadura militar que estiveram envolvidos em casos de tortura e morte de militantes políticos, como Carlos Alberto Brilhante Ustra, que foi condenado recentemente pela justiça brasileira.[1] No fim de 2008, o Ternuma publicou uma nota, classificando o comando do exército do Brasil de "covarde" e "omisso", por não ter defendido o coronel Ustra de sua condenação.[2]

A definição de "esquerdista" usada pelo grupo vai além do posicionamento político. Para o Ternuma, pessoas que participam de passeatas, manifestações e que de alguma maneira criticam o próprio Ternuma também são "comunistas" ou de "esquerda".

...................

Eu jamais condenaria a atitude de alguém que, sob tortura, entregasse seus companheiros. Eu nunca a experimentei na pele, mas tenho idéia do quanto deve ser doloroso.

Os golpistas contam a história de repressão chamando-a de “combate ao terrorismo”. E, para eles, a ditadura foi apenas uma “ditabranda”.

Em alguns casos, eles foram os próprios autores das verdadeiras ações terroristas, e essas eles costumam saltar, ou soltam uma versão insustentável. Como no caso da bomba do Rio Centro.

Em outros episódios, “suicidaram” as vítimas.

Existem casos de “confronto” em que os que tombaram estavam até desarmados, e os agentes da repressão “provam” que eles resistiram “trocando tiros”.

Sobre o caso do assassinato do marinheiro inglês, atribuído a um grupo de esquerda (“terroristas”, para os membros do Ternuma), já escrevi artigo que chegou a ficar em destaque por quase dois meses no site do jornal russo PRAVDA: "Justiceiros do IRA ou ira dos justiceiros?" http://port.pravda.ru/cplp/brasil/17848-0/

Publicado inicialmente no diário espanhol La Insignia: http://www.lainsignia.org/2005/diciembre/ibe_025.htm

Qual a diferença entre os generais e oficiais de alta patente que formam o grupo Ternuma e determinados diretores, editores e chefes de redação de grandes empresas detentoras de importantes veículos de comunicação de massa no Brasil?

É que os militares do Ternuma assumem claramente suas posturas reacionárias, declaram-se golpistas de carteirinha, evocam o golpe aos brados, enquanto os camuflados golpistas das redações são (eram?) mais sutis, falsas vestais que falam em nome da “democracia”. De resto, são todos iguais, pólvora do mesmo cartucho.

Sendo assim, indicado por um assaz antenado leitor da nossa agência, o qual me indicou uma página do site Ternuma, fui conferir o que eles falam sobre César Benjamin, o “Cesinha”.

Da seção “RECORDANDO A HISTÓRIA”, capítulo intitulado “Lamarca: a trajetória de um desertor”, vou copiar e colar aqui o item 7 – "A Morte no Sertão da Bahia”, com o nosso grifo em todo o antepenúltimo parágrafo:

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07. A MORTE NO SERTÃO DA BAHIA

À primeira vista, parecia que o MR-8 se fortalecia com a vinda do "Cid" ou "Cláudio", aumentando o seu prestígio junto às esquerdas. Na realidade, a organização recebia, mais do que um militante, um verdadeiro "elefante branco" e a responsabilidade de mantê-lo na absoluta clandestinidade. Para Lamarca, o ingresso no MR-8 representou, nada menos, que o início do seu fim.

Carlos Lamarca e Iara Iavelberg passaram os meses de abril, maio e junho de 1971 escondidos de "aparelho" em "aparelho", dentre os quais o de Renato Perrault de Laforet ("Zé"), em Botafogo, e o de José Gomes Teixeira ("P1").

A prisão deste último, em 11 de junho, que veio a se somar a uma série de prisões de militantes e dirigentes do MR-8, precipitou a decisão de levar o casal para o sertão da Bahia, junto ao trabalho de campo na região do Médio São Francisco. Para o transporte, conseguiu-se um Volks e uma Kombi, cujos proprietários e também motoristas eram, respectivamente, Rui Berford Dias ("Aguiar") e Waldir Fiock da Silva ("Dirceu", "Pantera", "Gota Serena", "Roberto").

No início da noite de 25 de junho, os quatro encontraram-se, junto ao BOB'S da Avenida Brasil, com José Carlos de Souza, que viera especialmente para buscá-los. No Volks, seguiram Lamarca, Iara e José Carlos. Um pouco mais à frente, para verificar as barreiras policiais, a Kombi com Waldir e Rui.

No dia seguinte, ao chegarem em Vitória da Conquista, Rui retornou com seu Volks e os outros quatro seguiram com a Kombi até Jequié. Depois de pernoitarem, o casal se separou: Iara e Waldir foram de ônibus para Salvador, enquanto Lamarca e José Carlos dirigiram-se para Itaberaba e Ibotirama. Ao chegarem na ponte da BR-242 sobre o Rio Paramirim, encontraram-se, no fim da tarde de 27, com José Campos Barreto, o "Zequinha". Depois de dormirem numa pensão no início da estrada que demanda a Brotas de Macaúbas, chegaram nessa cidade na tarde de 28 e, no dia seguinte, Lamarca e Zequinha foram a Buriti Cristalino, enquanto José Carlos seguia com a Kombi para Salvador, a fim de encontrar-se com Iara e Waldir. Sem o saber, Lamarca, acobertando-se como o "geólogo Cirilo", chegara em sua penúltima morada.

Na tarde de 06 de agosto, encontraram-se, no centro de Salvador, César de Queiroz Benjamin ("Menininho") e José Carlos de Souza. Como assunto principal, estabeleceram que Iara seguiria para Feira de Santana, onde havia melhores condições de segurança, e ele, José Carlos, incorporar-se-ia ao trabalho de campo, em Brotas. Há algum tempo na vigilância, policiais deram voz de prisão aos dois militantes. O "Menininho" atracou-se com os agentes, chegou a atirar e conseguiu fugir (pela 2ª vez) ao cerco, dirigindo-se para a então Guanabara. Menos feliz, José Carlos foi preso e começou a denunciar diversos companheiros.

A partir de 17 de agosto, Iara Iavelberg, agora com os novos codinomes de "Gil", "Liana" e "Leila", passou a residir no apartamento 201, do Edifício Santa Terezinha, na Rua Minas Gerais, 125, na Pituba, com Jaileno Sampaio da Silva e sua companheira Nilda Carvalho Cunha, além da irmã desta, Lúcia Bernardeth Cunha.

No dia 20 de agosto de 1971, através das declarações de José Carlos, a polícia cercou o Edifício Santa Terezinha e exigiu a rendição dos ocupantes do apartamento 201. Após terem sido presos Lúcia, Jaileno e Nilda, Iara Iavelberg foi encontrada no apartamento vizinho, o 202, onde se escondera no início do cerco. Não vendo possibilidades de fuga e assolada por bombas de gás lacrimogênio, a amante de Lamarca suicidou-se com um tiro no coração.

No dia seguinte, um sábado, às 1900 horas, logo depois de passar um telegrama do Rio de Janeiro para Iara (sem saber que ela já estava morta), o "Menininho", num Volks com Ney Roitman, Alberto Jak Schprejer ("Souza", "Beto") e sua amante Teresa Cristina de Moura Peixoto ("Tetê"), é detido por uma "Operação Pára-Pedro", na Avenida Vieira Souto, na altura do Jardim de Alá. Ao serem solicitados os documentos, o "Menininho" saiu rapidamente do carro, fugindo correndo entre os transeuntes. Pela 3ª vez, conseguia escapar de um cerco policial. No veículo, ficaram o diário de Lamarca e cartas para Iara, escritas de 29 de junho a 16 de agosto, que forneceram, aos órgãos de segurança, a certeza de onde deveriam procurar e concentrar esforços a fim de capturá-lo.

Enquanto isso, as declarações de José Carlos de Souza ajudavam a colocar mais dirigentes do MR-8 na cadeia. Em 27 de agosto, foi a vez de Diogo Assunção de Santana e Milton Mendes Filho.

No dia seguinte, a polícia chegou em Buriti Cristalino, dando voz de prisão aos ocupantes da casa dos irmãos Campos Barreto, que reagiram com intenso tiroteio. Ao final, Olderico foi preso, ferido no rosto e na mão direita, enquanto Otoniel foi morto, quando tentava a fuga. Dentro da casa, o cadáver de Luiz Antônio Santa Bárbara, que se matara com um tiro na cabeça. Era o 3º suicídio de militantes do MR-8 para não denunciarem Lamarca que, acampado a poucos quilômetros do lugarejo de Buriti Cristalino, ouvira os tiros e fugira, internando-se com Zequinha mata a dentro.

Sem saber do acontecido e sentindo-se "queimado" no Rio de Janeiro, César de Queiroz Benjamin retornou a Salvador, sendo preso em 30 de agosto, num "ponto" delatado por Jaileno, no Rio Vermelho. Após longa série de assaltos e ter escapado de três choques com a polícia, o "terrível Menininho", com apenas 17 anos, mostrou-se extremamente dócil nos interrogatórios. Suas extensas declarações, todas de próprio punho, desvendaram a linha política e as ações do MR-8. Muitos militantes foram, então, identificados. Chegou, inclusive, a fazer uma análise dos métodos de interrogatório aplicados, declarando-se surpreso com o bom tratamento recebido e com o nível de seus interlocutores.

Com essa nova e importante fonte, os órgãos de segurança, que já haviam retirado boa parte de seus efetivos da região de Brotas de Macaúbas, retornaram ao local, iniciando-se nova caçada a Lamarca e a Zequinha.

No meio da tarde de 17 de setembro de 1971, uma equipe de agentes, integrantes da Operação Pajussara, localizou os dois militantes, que descansavam à sombra de uma árvore, perto do arruado de Pintada, município de Oliveira dos Brejinhos. À voz de prisão, tentaram sacar de suas armas. Uma série de tiros pôs fim ao ex-Capitão comunista - que deixara um rastro de sangue atrás de si - e a José Campos Barreto.
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Agora analisemos.

Nesse item, os militares falam em três escapadas do Benjamin, mas só relatam duas, uma delas de forma “espetacular”. Faz até lembrar uma daquelas ações de “Bond, James Bond”, que naquela época fazia tremendo sucesso nas telas. A segunda não é tão espetacular, lembra mais um trombadinha escapando da vítima que se aventura a persegui-lo.

Estranhos, muito estranhos, ambos os casos são estranhos. Muita sorte! Só cabo Anselmo teve tanta facilidade quando de suas fugas. Gostaria de saber como ocorreu o outro caso, pois falam de três escapadas, três dribles em cima dos preparados agentes da “redentora”.

Mas isso aí é fichinha, pois tudo é possível, até César Benjamin ter desempenhado na vida real o que os agentes de verdade só conseguem nas produções hollywoodianas.

O que impressiona mesmo é um dos mais “corajosos” elementos da guerrilha contra a ditadura militar, capaz até de fazer Fleury tremer nas bases e pedir o penico quando ouvia seu nome, “Menininho, o terrível!”, esse elemento, ao ser preso, foi “extremamente dócil nos interrogatórios”, ao ponto de elogiar os seus inquisidores e “Suas extensas declarações, todas de próprio punho, desvendaram a linha política e as ações do MR-8. Muitos militantes foram, então, identificados.”

Sabe de uma coisa? Não acredito em uma só linha do que o grupo Ternuma publica. Como não dou o menor crédito à Folha, tudo pólvora do mesmo cartucho.

Só sei que eles fizeram muita gente perder tempo escrevendo desmentidos sobre o que César Benjamin escreveu sobre Lula, muita atenção foi desviada de casos realmente graves, como o de Tuma e Maluf acusados pelo Ministério Público de terem ocultado cadáveres de pessoas desaparecidas, vítimas das forças de repressão a serviço da ditadura que se abateu sobre este país a partir de 1964. Isso praticamente passou batido. A crônica do Cesinha deu até um refresco no caso da corrupção do José Roberto Arruda, o governador (DEM) do Distrito Federal, cotado para ser candidato a vice-presidente da República na chapa de José Serra.

Tirando o foco da reta

- Alô! Cesinha, é o Pé-de-Mesa.

(...)

- Hein?! Num lembra de mim?!

(...)

- Como?!

(...)

- Não, menino...

(...)

- Ah! Lembrou-se? Bem, a parada é a seguinte: me contaram que você escreve bem pacas, e hoje um chapa meu me falou que o MP, depois do caso do Tuma e Maluf, vai ajuizar uma ação contra a raia miúda...

(...)

- Isso mesmo, vai ser uma gritaria duca!

(...)

- É verdade, eu ainda uso gírias daquela época. Mas, como eu ia lhe dizendo, vem aí uma ação coletiva contra a turma mão na massa... Você entende... Aí, eu queria saber se dá pra você escrever alguma coisa sobre alguma coisa...

(...)

- Hein?! Eu não disse coisa com coisa?! Então vou ser mais direto, primeiro quero que você saiba que tenho uma boa memória...

(...)

- Ah, sim! Num preciso falar mais nada, né?

(...)

- Então, tá! Beijunda!

(Crackt! Scrasht!)

- Tô brincando, cara! É só trocadilho infame daquela época!

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PressAA

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Quem se habilita a quebrar o galho do Arruda?

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O PODEROSO CHEFINHO

Laerte Braga

O jornal FOLHA DE SÃO PAULO (o tal que emprestava caminhões para transporte de presos políticos a serem torturados e assassinados na ditadura) noticia que teve acesso a DVDs onde o governador de Brasília, José Roberto Arruda, aparece recebendo dinheiro, propina.

Não que a FOLHA tenha tido um ataque de bom caratismo em matéria de jornalismo. Pelo contrário, execução de um aliado que se tornou incômodo e que não tem tanta importância assim, ainda mais depois desses episódios, pois antes era um dos cotados para ser vice de José Jânio Serra. Candidato tucano e preferido de onze entre dez quadrilheiros da política brasileira, sem falar na preferência especial do garçom branco da Cervejaria Casa Branca, o tal Obama. Quer arrematar o resto do Brasil a preço de banana, levar o que FHC não conseguiu vender.

No filme “O poderoso chefão” de Francis Ford Coppola, o conselheiro do chefe da família Corleone, num dado momento, acho que no segundo filme, vai a um antigo mafioso preso e considerado testemunha chave numa comissão do Senado contra o “chefão”, lembrar-lhe dos velhos tempos de lealdade da máfia, em que aqueles que representavam risco para a organização saiam de cena. Se matavam. Na cena seguinte, seguindo os velhos ritos que remontam a Roma antiga, o preso aparece morto, suicidara-se na banheira da prisão cortando os pulsos e o “chefão” fica salvo.

“Dignidade” é isso.

O PPS, trailer (reboque) do carro tucano, naquele negócio de falsa virgem, já divulgou em nota oficial que está saindo do governo de José Roberto Arruda. Esqueceu-se seu chefe, o “chefinho” Roberto Freire, que não poderia é ter entrado, o que em si e por si, para um partido dito socialista, é uma vergonha. Farsa. E ainda mais levando em consideração que Roberto Freire pega doze mil reais por mês do povo paulista para ser conselheiro duma arapuca qualquer em troca do apoio a Serra.

O DEM, partido de José Roberto Arruda, da senadora Kátia Abreu (capitulável em dez ou doze crimes diferentes em nome da democracia e do dinheirinho sagrado para ela, desde que público), que de início dizia não acreditar e que iria dar apoio ao governador já avisou que é hora de José Roberto Arruda entrar no banheiro e cortar os pulsos para não prejudicar o resto da quadrilha e não atrapalhar a candidatura do representante de Washington, da turma FIESP/DASLU, o tal José Janio Serra, mesmo porque, com a grana que recebeu ao longo de sua vida pública, não vai deixar ninguém passar fome em seu meio.

Cortar os pulsos nesse caso é renunciar.

A FOLHA só fez disparar a metralhadora, ou entregar a navalha por baixo dos panos, ou dar a dica. Lá estão acostumados com esse tipo de negócio, na ditadura seus caminhões eram parte do esquema Fleury, OBAN, essas coisas assim de ditaduras.

Se o “chefinho” vai entender ou não é outra história. Primeiro tem o tal juramento de lealdade das máfias e tanto PSDB, PPS, como o DEM querem que Arruda cumpra o seu. O que Arruda deve estar esperando é garantia de impunidade, ou seja, um Gilmar Dantas da vida para dar um habeas corpus caso venha a ser preso. São negociações complicadas, tipo “vocês garantem que não serei preso, pois se for abro a boca”. E os caras, de pronto, “fique tranqüilo, já entramos em contato com o Gilmar e o habeas corpus está garantido, depois rola devagar na justiça e pronto”.

Aí o bandido pega o dinheiro público posto em lugar seguro e corre para o exterior, a fim de recuperar-se dos traumas sofridos, deixar a poeira baixar e FOLHA DE SÃO PAULO, os jornais das máfias tucanas e DEMO (PPS é “mafinha”, coisa de doze mil por mês) posam de incansáveis defensores da moral, dos bons costumes, etc, etc, enquanto continuam mentindo, iludindo e pegando por fora. O de sempre.

O arcebispo de Mariana vai ser chamado para abençoar a ação e celebrar a missa de sétimo dia de José Roberto Arruda. E vai chamá-lo, com certeza, de injustiçado. Sai mais uma reforma no palácio episcopal e convite especial para mais missas na base norte-americana em Honduras. Esse é pule dez para cardeal de Reichtzinger.




O jornalista Laerte Braga colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz
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PressAA

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sábado, 28 de novembro de 2009

Satiricon: Lula interpreta Encólpio, mas o "intelectual" César Benjamin não identifica Petrônio

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"O gênio é filho da frugalidade.

Tu, cujo orgulho aspira à imortalidade,

Deves fugir de lautos banquetes, de luxos pérfidos.

Os vapores de Baco ofuscam a razão,

E a rígida virtude, diante do vício feliz,

Teme inclinar a cabeça."


Fernando Soares Campos

Por que Encólpio (ou Petrônio, o autor) teria dito isso antes de narrar sua própria "devassidão" ao participar do Festim de Trimalquião?

Creio que foi para informar aos possíveis leitores aspirantes a vestal, virgens até na imaginação tentadora, exorcistas da tentação pecaminosa, que aquilo que ele iria relatar não passaria de uma sátira de costumes.

Quando li o artigo do César Benjamin dizendo que o presidente Lula havia revelado que teria tentado subjugar um jovem preso político que se encontrava na mesma cela que ele, na tentativa de “estuprá-lo”, não tive dúvida de que teria se tratado de uma piada de Lula, e que o César Benjamin, agora rebuscando o lixo de sua memória para atacar o presidente, havia transformado a piada em dramalhão do tipo "chocou a loura burra".

No almoço em que César Benjamin diz que Lula "confessou" o tal ato degradante, ele fala do marqueteiro americano que viera trabalhar na campanha de Lula, afirmando que o gringo "Dizia-me da importância do primeiro encontro, em que tentaria formatar a psicologia de Lula, saber o que lhe passava na alma, quem era ele, conhecer suas opiniões sobre o Brasil e o momento da campanha, para então propor uma estratégia. Para mim, nada disso fazia sentido, mas eu não queria tratá-lo mal ". E conclui "Cesinha": "O primeiro encontro foi no refeitório, durante um almoço. Na mesa, estávamos eu, o americano ao meu lado, Lula e o publicitário Paulo de Tarso em frente e, nas cabeceiras, Espinoza (segurança de Lula) e outro publicitário brasileiro que trabalhava conosco, cujo nome também esqueci (grifos nossos).

Esqueceu-se de Silvio Tendler, destacado cineasta. Mas nada acontece por acaso. Por que César Benjamin "esqueceu-se" de Silvio Tendler? Ora, claro que foi para evitar que o cineasta se manifestasse contando a verdadeira história. Foi para que o Silvio não se sentisse envolvido com tão escandalosa "denúncia".

Não citando nominalmente Silvio Tendler, Cesinha imaginou que este não se sentiria na obrigação de se manifestar.

Quebrou a cara!

Silvio Tendler já respondeu às acusações de César Benjamin.

Veja o que disse Silvio Tendler:

"- Ele diz não se lembrar de quem era o 'publicitário', mas sabe muito bem que sou eu. Eu estava lá e vou contar essa história..."

Tendler confirma o que milhões de brasileiros já desconfiavam sobre o dramalhão que César Benjamin fez em cima da piada de Lula.

"- Era óbvio para todos que ouvimos a história, às gargalhadas, que aquilo era uma das muitas brincadeiras do Lula, nada mais que isso, uma brincadeira. Todos os dias o Lula sacaneava alguém, contava piadas, inventava histórias. A vítima naquele dia era um marqueteiro americano. O Lula inventou aquela história, uma brincadeira, para chocar o cara... só um débil mental, um cara rancoroso e ressentido como o Benjamin, guardaria dessa forma dramática e embalada em rancor, durante 15 anos, uma piada, uma evidente brincadeira..."

Por que César Benjamin, hoje, quinze anos depois, prefere assumir o papel daquele personagem de programa humorístico que nunca entendia a piada? Se você não sabe a resposta, leia os últimos parágrafos da postagem imediatamente anterior a esta.

Em 2007, escrevi uma crônica intitulada "Frustração de infância", publicada em diversos portais. Trata-se de uma sátira de costumes, na qual, como narrador-personagem, "assumo" que vibrei com o assassinato de minha professora pelo seu marido, até acuso o cara de ter me roubado "o direito de matar minha professora". Uma evidente sátira, comentada por diversos leitores, entre eles alguns professores. Muitas foram as análises, por onde a crônica passou... Em geral elogiosas.

Mas também tivemos esse caso aqui:

“Caro Fernando Soares


O site Novae foi, ao longo dos últimos cinco anos, minha página inicial na internet. Antes de ler as baboseiras que a “grande mídia” traz, lia as vossas matérias. Fiquei impressionado pelo enfoque crítico destinado à revista Veja e à Folha de São Paulo. A cobertura de diversos assuntos foi muito esclarecedora e engajada, forte mesmo. Imprimi, não sei quantas vezes, a matéria "Laboratório de invenções da elite" para distribuir entre familiares e amigos. Soube, por intermédio destes, que o conteúdo estava sendo usado por professores da área de jornalismo.

No entanto, seu texto "Frustração de infância" poderia fazer parte de quaisquer dos periódicos por este site combatidos.[Ele quer dizer que o meu texto é reacionário, pois os textos dos colaboadores da NovaE, em geral, expressam caráter humanista].

Além de ser um escrito de péssima qualidade, fere uma das profissões mais aviltadas ao longo das últimas décadas no Brasil. “Só sei que me senti frustrado por não ter matado minha professora”. Lamentável. “Mas não senti dó quando a professora escorregou em sala de aula e fraturou a bacia. Quem mandou ela escorregar na casca de banana que deixei nas imediações do quadro-negro? Além do mais, não foi para ela que eu coloquei a casca de banana. Foi para um colega exibicionista, que sempre se apresentava para resolver as questões que a professora escrevia no quadro”. Igualmente lamentável.

Não bastasse isso, as manifestações dos leitores sustentam esta linha de argumentação. Sim, o celular deve ser banido da sala de aula pelo simples fato de causar enorme interferência neste ambiente de trabalho – como em qualquer outro. Sim, as professoras continuam "de salto alto" (não sei definitivamente o que motivou essa expressão), gritando nas escolas e nos sindicatos, para que pessoas como a senhora Glória Reis possam tacar-lhes pedras e chamar-lhes de retrógradas.

Por essas e outras, minha página inicial, a partir de agora, fica em branco. Obrigado por todos estes anos de esclarecimento.

Atenciosamente,

Guilherme Leão"

Enviei e-mail ao Guilherme: "Caro Guilherme, deixei resposta ao seu comentário à minha crônica, na revista NovaE.
Tenha um domingo de paz e muita alegria.
Abraços.
Fernando"

Dois dias depois o Guilherme me responde:

“Olá Fernando

Rapaz, que bagunça...

De fato, trata-se de um texto literário, e como tal deve ser lido com todas as licenças poéticas possíveis.

Fiquei muito chateado com o tom do comentário da leitora Glória Reis, pois já lecionei e convivo com professores que sofrem um bocado em sala de aula com celulares , mp3s, etc. Isso para não falar nos problemas da educação que nos acompanham desde sempre. O ataque dela foi muito forte neste sentido.

E isso levou ao meu desabafo. Sobrou um pouco pra ti, não teve jeito. Raiva de momento é assim mesmo.

Mas continuo a ler a revista, tranqüilamente. O trabalho de vocês continuará muito bom.

Outro abraço e boa semana,

Guilherme"

http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=845

Certa ocasião o Ziraldo sugeriu que deveria ser criado o "ponto de ironia", a exemplo dos sinais de pontuação existentes e oficialmente reconhecidos: "Existe o ponto de interrogação e de exclamação, o ponto de ironia acabaria com vários malentendidos", garante o Ziraldo.

O tal "ponto de ironia" seria parecido com o ponto de exclamação, teria apenas um ponto em cima e outro embaixo. Mas eu acho isso faria perder a graça da própria ironia, seria uma forma de embotar a imaginação das pessoas a quem nos dirigíssemos de forma irônica, a fim de fazê-los rir do que pretendemos dizer quando usamos uma figura de linguagem para expressar o contrário do que estamos falando. No entanto me parece que "intelectuais" como César Benjamin precisam de ponto de ironia para entender uma piada.

Mas o que tem a ver tudo isso com o título e a epígrafe desta postagem?

Sei lá! Isso é coisa do chato do Henfil, que de vez em quando vem aqui me obsidiar. Agora é ele e o Fausto Wolff.

Chegaram e simplesmente sopraram: "Vai, coloca isso, vai!"

Respondi: "Mas eu nem sei quem são esses tais de Encólpio e Petrônio! Quanto a 'Satiricon', só conheci o programa humorístico de TV com esse nome".

Insistiram: "Porra, cara!, tu não confias no que estamos dizendo?!", perguntou o Fausto.

"Fernando, se você não escrever isso, vou exigir que apague a frase atribuída a mim na apresentação desse blog", ameaçou o Henfil.

"Tá bem! Eu me rendo. Vai ficar lá em cima, pronto!"

Subiram.

Então, vamos voltar à vaca fria.

Em 2006 escrevi artigo intitulado "Gafanhoto Maroto", republicado na agência assaz atroz - redação como parte do artigo "Partidos mudos, partidos surdos, partidos sujos..." (http://pressaa.blogspot.com/2009/08/haja-canalhas.html). Através dele falo a respeito de uma conversa de Lula com César Benjamin, em 1989, sobre um caso ocorrido na campanha Lula vs Collor de Mello.

Essa foi a minha conclusão:

"De qualquer forma, senadora Heloísa Helena, imagino que V.Exa. não bebe, mas, se rezar junto com o pessoal da Globo, peça a Deus para que seu vice não saiba, pois Cesinha gosta de contar suas conversas reservadas."

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"19 de agosto de 2009: Quando Cesinha se desiludiu, sacando que não seria ele o vice de Lula, nem o próximo da lista para presidente da República, caiu fora do PT. Haja despeito! Haja inveja! Haja pavão! Haja covardes! Haja corruptos! Haja acordos de compadrio! Haja golpistas! Haja filhos da puta!"

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PressAA

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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

BLEEEAAARRGH pra você, Cesinha!


Teste sua personalidade

Fernando Soares Campos

Este teste, elaborado pela equipe de psicólogos da nossa Agência Assaz Atroz, ajudará você a conhecer o âmago de sua psique. Ele vai revelar a sua verdadeira personalidade, os aspectos mais ocultos do seu caráter, a banda podre de sua personalidade.

Responda às seguintes questões, confira a avaliação feita pelos nossos psicólogos e saiba que tipo de cretinice você é capaz de praticar. Ou não!




Questão 1

O que você faria se fosse filiado a um partido, membro da equipe coordenadora da campanha do candidato a presidente da República, e este, em plena campanha, lhe confessasse que, há poucos anos, havia tentado subjugar um jovem idealista a ter relações sexuais com ele (uma espécie de tentativa de "estupro"), quando ambos se encontravam presos na mesma cela?

a) Você se calaria e até desconversaria se alguém ao lado lhe perguntasse o que foi que o candidato falou, encobrindo o mau-caratismo do sujeito?

SIM - NÃO

b) Você continuaria apoiando esse candidato, como se ele nada tivesse lhe revelado?

SIM - NÃO

c) Você denunciaria o candidato, independente das consequências, pois não iria permitir que a Nação elegesse presidente da República um sujeito tão mesquinho, tão vil?

SIM - NÃO

d) Como membro do partido, você peticionaria exigindo a expulsão do cretino do partido, ou, se não tivesse poder para isso, solicitaria a alguém que o fizesse?

SIM - NÃO

Se você respondeu SIM a uma das perguntas “a” e “b”, você é tão cretino, safado, estúpido, imbecil e filho da puta quanto ele.

Se você respondeu NÃO a uma das perguntas “c” e “d”, a avaliação de sua personalidade é a mesma definida por ter respondido SIM em um dos itens anteriores.

Questão 2

(Só responda a esta questão se você respondeu SIM, em “a” e/ou “b”, e NÃO, em “c” e/ou “d”, da Questão 1.)

Tendo consciência de que, na época em que o candidato a presidente da República lhe confessou a tentativa de “estupro”, você foi safado, conivente, frouxo, imbecil, cretino, aproveitador, enganador e colocou a Nação em risco, agora, 15 anos depois, seria capaz de:

a) Denunciar o filho da puta, depois de ele ter sido eleito e reeleito presidente da República, escrevendo artigo para um jornal que faz oposição sistemática a ele, o mesmo jornal que apoiou a repressão e emprestou seus veículos para transportar presos políticos que seriam torturados junto com você nos porões da ditadura, que esse jornal chama de “ditabranda”?

SIM – NÃO

Se você respondeu SIM, nem adianta fazer outra pergunta, basta isso para confirmar que você é tão cretino, safado, estúpido, imbecil e filho da puta quanto ele.

Nota da equipe de psicólogos que elaborou e aplicou o teste Assaz Atroz de personalidade:

I) Se você falou a verdade no seu artigo, depois de tantos anos, tendo permitido que toda a Nação elegesse um sujeito dessa espécie para presidente da República, você é apenas tão cretino, safado, estúpido, imbecil e filho da puta quanto ele.

II) Se você mentiu, porque, além de invejoso, perdeu uma eleição na qual concorria ao cargo de vice-presidente da República, numa chapa adversária à do caluniado, então, você não é apenas cretino, safado, estúpido, imbecil e filho da puta... Você é... (ug!) Você é... (ug!) Você... (ug!) Espere um poucom leitor, preciso ir... (ug!) ...ao... (ug!) ban...

BLEEEEEAAAARRRG!!!!!!

Desculpe, não deu tempo de ir ao banheiro.

Mas, como eu ia dizendo, você é muito... muito mesmo!, muito nojento, César Benjamin!

E eu que pensava que o cabo Anselmo teria sido o maior alcaguete dos tempos da “redentora”.

Tem muita gente chantageada por aí. Gente fraca, infeliz.

Estranho é que o artigo do César Benjamin acusando Lula de ter confessado a ele que, em certa ocasião, havia tentado subjugar um jovem, numa das celas do DOPS, tenha sido escrito e publicado exatamente no momento em que “O Ministério Público Federal em São Paulo ajuizou duas ações na Justiça Federal pedindo a responsabilização do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) e do senador Romeu Tuma (PTB-SP) pela ocultação de cadáveres de desaparecidos políticos no período da ditadura, nos cemitérios de Perus e Vila Formosa”. [Uma notinha que a Folha se sentiu na obrigação de publicar, mas é um caso que a imprensa em geral está fazendo que não vê e tem raiva de quem contar mais que isso].

Estranho! Muito estranho!

O que uma coisa tem a ver com outra?

Ora!, pergunte ao Tuma, ele deve saber bem mais que o Maluf, que só entende de corrupção.

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PressAA

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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Um mentiroso de verdade?!

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(Para ver em tamanho ampliado, clique na imagem)

Fernando Soares Campos

Fui informado de que, se fizesse uma pesquisa no Google digitando a palavra "mentiroso", a página "Luiz Inácio Lula da Silva - Wikipédia, a enciclopédia livre" encabeçaria a lista de alguns milhões de resultados.

Fui testar, conferi, comprovei, copiei e aí está a prova.

Em contrapartida, tente encontrar fotos da queda das vigas do Rodoanel. Sumiram, evaporaram-se no fogo do ódio que a oposição e a imprensa nutrem contra o governo Lula.

Mas encontrei uma charge interessante. Veja:

Na mesma página em que relacionam os primeiros 10 resultados da pesquisa sobre a palavra "mentiroso", aparece também "Como identificar um Mentiroso" e "COMO RECONHECER UMA MENTIRA E DESMASCARAR MENTIROSOS".

Bom, essa é fácil. No caso de um político candidato a presidente da República, basta analisar o seu passado.

Observe esse caso:

1- Ele se elege prefeito da maior cidade do país, prometendo cumprir todo o mandato, mas renuncia, coloca um apadrinhado no lugar e se candidata a governador.

2- Garante que não é privateiro, mas o seu ex-chefe diz que ele foi o maior incentivador das privatizações da Companhia Vale do Rio Doce a da Light.

Faça o teste:

Digite "José Serra", aí você vai encontrar a biografia de um MENTIROSO DE VERDADE.

Tá lá:

José Serra - Wikipédia, a enciclopédia livre

Em 2004, disputou a Prefeitura de São Paulo, sendo eleito no segundo turno com 3,3 milhões de votos (55% dos votos válidos).


No dia 1º de janeiro de 2005 tomou posse do cargo de prefeito com mandato para até 1º de janeiro de 2009. Deixou, um ano depois, a prefeitura de São Paulo nas mãos do seu vice Gilberto Kassab para concorrer às eleições para governador do estado de São Paulo, mesmo tendo assinado um documento dizendo que não o faria quando candidato à prefeitura[31][32]. Na mesma época José Serra recomendou a seus eleitores que não votassem mais nele caso deixasse a prefeitura antes do fim de seu mandato[33]. Foi eleito governador em primeiro turno.

Quanto a ser privateiro, quem o entrega é o seu próprio ex-chefe e atual cabo eleitoral, FHC:

Confira:

Em entrevista exclusiva concedida ao jornalista Augusto Nunes, colunista da revista Veja, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) revisa os aspectos mais importantes de seus dois mandatos (1995-2003) e da transição para o governo petista comandado por Luis Inácio Lula da Silva.

A entrevista é dividida em 15 partes (vídeos).

No vídeo 5/15, que pode ser encontrado mais facilmente logo abaixo do Share Playlist, quando FHC fala das privatizações, ele dedura José Serra como privatista, numa inconfidência prestada ao jornalista:

"Serra foi um dos que mais incentivou a privatização da Vale (do Rio Doce) e da Light (do Rio)"

Assista e comprove.


http://br.noticias.yahoo.com/s/24112009/48/manchetes-fernando-henrique-cardoso-concede-entrevista.html

Claro que não estamos recomendando que você assista aos 15 vídeos da entrevista! Seria uma verdadeira tortura. Mas não perca o de número 5. Ele revela um mentiroso de verdade.

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PressAA

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Fidel: "O império não decretou bloqueio econômico à Venezuela (...) porque se teria bloqueado a si mesmo..."

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Reflexões de Fidel

A Revolução Bolivariana e a paz

EU conheço bem Chávez; ninguém como ele seria mais renuente a derramar sangue de venezuelanos e colombianos, dois povos tão irmãos como os cubanos que vivem no leste, no centro e no extremo oeste da nossa Ilha. Não tenho outra forma de exprimir o grau de irmandade que existe entre venezuelanos e colombianos.

A caluniosa imputação ianque de que Chávez planeja uma guerra contra a vizinha Colômbia levou um influente órgão de imprensa colombiano a publicar no domingo passado, 15 de novembro, sob o título "Tambores da guerra", um desdenhoso e injurioso editorial contra o presidente venezuelano, onde se afirma, entre outras questões, que "a Colômbia deve levar bem a sério a mais grave ameaça a sua segurança em mais de sete décadas, pois foi feita por um presidente que, além disso, é de formação militar..."

"A razão – continua – é que cada vez são maiores as possibilidades de uma provocação, que pode ir desde um incidente fronteiriço até um ataque contra instalações civis ou militares na Colômbia."

Mais adiante, o editorial acrescenta como algo provável "...que Hugo Chávez intensifique seus ataques contra os ‘esquálidos’ — alcunha com que chama os seus opositores – e tente tirar do poder municipal ou regional a quem o contradiz. Já o fez com o prefeito de Caracas... e agora quer fazê-lo com os governadores dos estados fronteiriços com a Colômbia, que se recusam a se submeterem a sua autoridade... Um confronto com forças colombianas ou a acusação de que elementos paramilitares planejam ações no território venezuelano pode ser o pretexto de que precisa o regime chavista para suspender as garantias constitucionais."

Tais palavras apenas servem para justificar os planos agressivos dos Estados Unidos e a grosseira traição da oligarquia e da contrarrevolução na Venezuela contra a sua Pátria.

Coincidindo com a publicação desse editorial, o líder bolivariano tinha escrito o seu artigo semanal em "As linhas de Chávez", no qual julga a impudica concessão de sete bases militares aos Estados Unidos em território da Colômbia, o qual tem 2.050 quilômetros de fronteira com a Venezuela.

Nesse artigo, o presidente da República Bolivariana explicou com coragem e lucidez sua posição.

"...eu disse-o nesta sexta-feira, no ato pela paz e contra as bases militares dos Estados Unidos em terra colombiana: tenho a obrigação de fazer um apelo a todos para nos prepararmos para defender a Pátria de Bolívar, a Pátria dos nossos filhos. Se não o fizesse, estaria cometendo um ato de alta traição... A nossa Pátria é hoje livre e vamos defendê-la com a vida. A Venezuela nunca mais será colônia de ninguém; nunca mais se ajoelhará diante do invasor ou de qualquer império... o gravíssimo e transcendental problema que tem lugar na Colômbia não pode passar despercebido pelos governos latino-americanos..."

Mais adiante acrescenta conceitos importantes: "...todo o arsenal bélico ianque, contemplado no acordo, responde ao conceito de operações extraterritoriais... torna o território colombiano um gigantesco enclave militar ianque..., a maior ameaça à paz e à segurança da região sul-americana e de toda Nossa América."

"O acordo... impede que a Colômbia possa dar garantias de segurança e de respeito a ninguém; nem sequer aos colombianos e às colombianas. Um país que deixou de ser soberano e que é instrumento do ‘novo colonialismo" vaticinado pelo nosso Libertador, não pode dá-las."

Chávez é um verdadeiro revolucionário, pensador profundo, sincero, corajoso e trabalhador incansável. Não galgou o poder mediante um golpe de Estado. Revoltou-se contra a repressão e o genocídio dos governos neoliberais que entregaram os enormes recursos naturais do seu país aos Estados Unidos. Sofreu prisão, alcançou maturidade e desenvolveu suas ideias. Não assumiu o poder por meio das armas, apesar de sua origem militar.

Possui o grande mérito de ter iniciado o difícil caminho de uma revolução social profunda, a partir da denominada democracia representativa e da mais absoluta liberdade de expressão, quando os mais poderosos recursos da mídia do país estavam e estão nas mãos da oligarquia e a serviço dos interesses do império.

Em apenas onze anos, a Venezuela conseguiu os maiores avanços educacionais e sociais alcançados por um país no mundo, apesar do golpe de Estado e dos planos de desestabilização e descrédito perpetrados pelos Estados Unidos.

O império não decretou bloqueio econômico à Venezuela —como o fez em Cuba — após o fracasso de seus golpes sofisticados contra o povo venezuelano, porque se teria bloqueado a si mesmo, devido a sua dependência energética do exterior, mas não renunciou ao seu objetivo de destruir o processo bolivariano e o seu generoso apoio com recursos petroleiros aos países do Caribe e da América Central, suas amplas relações de intercâmbio com a América do Sul, a China, a Rússia e numerosos Estados da Ásia, da África e da Europa. A Revolução Bolivariana goza de simpatias em amplos setores de todos os continentes. Dói especialmente ao império suas relações com Cuba, depois de um bloqueio criminoso ao nosso país, que já data de meio século. A Venezuela de Bolívar e a Cuba de Martí, através da ALBA, promovem novas formas de relações e intercâmbios sobre bases racionais e justas.

A Revolução Bolivariana tem sido especialmente generosa com os países do Caribe em momentos extremamente graves de crise energética.

Na nova etapa atual, a Revolução na Venezuela encara problemas completamente novos que não existiam quando, há quase exatamente 50 anos, triunfou a nossa Revolução em Cuba.

O tráfico de drogas, o crime organizado, a violência social e o paramilitarismo mal existiam. Nos Estados Unidos ainda não havia surgido o enorme mercado atual de drogas que o capitalismo e a sociedade de consumo criaram nesse país. Para a Revolução, não significou um grande problema combater o tráfico de drogas em Cuba e impedir sua introdução na produção e no consumo das mesmas.

Para o México, a América Central e a América do Sul, estes flagelos significam hoje uma crescente tragédia que está longe de ter sido ultrapassada. Ao intercâmbio desigual, ao protecionismo e ao saque de seus recursos naturais, somaram-se o tráfico de drogas e a violência do crime organizado que o subdesenvolvimento, a pobreza, o desemprego e o gigantesco mercado de drogas dos Estados Unidos criaram nas sociedades latino-americanas. A incapacidade desse país imperial e rico para impedir o tráfico e o consumo de drogas deu lugar em muitas partes da América Latina ao cultivo de plantas, cujos valores como matérias-primas para as drogas ultrapassavam muitas vezes o dos demais produtos agrícolas, criando gravíssimos problemas sociais e políticos.

Os paramilitares da Colômbia constituem hoje a primeira tropa de choque do imperialismo para combater a Revolução Bolivariana.

Precisamente, por sua origem militar, Chávez sabe que a luta contra o narcotráfico é um pretexto vulgar dos Estados Unidos para justificarem um acordo militar que responde inteiramente à conceição estratégica desse país no fim da Guerra Fria, para estender seu domínio do mundo.

As bases aéreas, os meios, os direitos operativos e a impunidade total dada pela Colômbia a militares e civis ianques no seu território, não têm nada a ver com o combate ao cultivo, à produção e ao tráfico de drogas. Este é hoje um problema mundial; estende-se não apenas pelos países da América do Sul, mas também começa a se estender pela África e por outras áreas. No Afeganistão já reina, apesar da presença em massa das tropas ianques.

A droga não deve ser um pretexto para instalar bases, invadir países e levar a violência, a guerra e o saque aos países do Terceiro Mundo. É o pior ambiente para criar virtudes cidadãs e levar educação, saúde e desenvolvimento a outros povos.

Enganam-se os que acreditam que dividindo colombianos e venezuelanos terão sucesso em seus planos contrarrevolucionários. Muitos dos melhores e mais humildes trabalhadores da Venezuela são colombianos e a Revolução lhes deu educação, saúde, emprego, direito à cidadania e outros benefícios para eles e seus entes mais queridos. Todos eles juntos, venezuelanos e colombianos, defenderão a grande Pátria do Libertador da América; juntos lutarão pela liberdade e pela paz.

Os milhares de médicos, educadores e outros cooperadores cubanos que cumprem seus deveres internacionalistas na Venezuela estarão junto a eles!



Fidel Castro Ruz



http://www.granma.cu/portugues/2009/noviembre/juev19/Reflexoes-18nov.html

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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Às vezes as vozes vagueiam...

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AS VOZES DOS ANOS 60/70

Raul Longo

Por vezes escuto Beatles, mas as vozes que queria ter esquecido lá nos anos 60/70 são as que mais me assombram e metem medo.

Vejam trechos de alguns diálogos que ainda me corrompem a tranqüilidade do sono, lembrando as comunicações que conseguíamos com amigos da Argentina, do Uruguai ou do Chile:

hondurenho: buen dia, te envie un par de emails de la red FIAN.

brasileira: hola, como vai?

hondurenho: la cosa se esta poniendo mas dificil. Represion anoche, se especula sobre un muerto, sujeto a confirmacion, pero si reprimieron un sector popular de Tegucigalpa.

outro:

brasileira: Cuidado HERMANO muito cuidado

hondurenho: exacto, el temor es que hagan una emulacion de esos dias del golpe fascista en Chile, en los dias que viene y nosotros estamos tan indefensos como los chilenos de entonces

e mais outro:

hondurenho: ahora voy a viajar a Nacaome, donde anoche hubo represion y un secuestrado de la resistencia. Regreso a las 2:00 pm hora local, entonces escribire

brasileira: não vou colocar seu nome na informação, ok?

hondurenho: si, lo se. Ok, lo hago ahora mismo.

Hoje as comunicações são muito mais fáceis, mas vozes continuam as mesmas, repetindo o lamento das mães que na Plaza de Mayo reivindicavam seus filhos e netos desaparecidos, seqüestrados. As mesmas crianças que choravam por seus pais levados na calada da noite. Os mesmos gritos das masmorras e delegacias, os mesmos estampidos dos executores dos Esquadrões da Morte. O mesmo baque cavo de um corpo tombado.

Era um jovem: talvez meu amigo. Uma jovem: talvez minha namorada. Era ninguém. Era eu. Éramos todos nós.

E as vozes me perseguindo no silêncio do continente. O silêncio da mídia que rodava, rodava, rodava, mas nunca avisava da minha morte, do seqüestro do filho que não tive, do amigo que nunca mais vi, da namorada que nunca mais pode me amar.

Novamente busco na TV, nas páginas dos jornais, e o mesmo barulho, o mesmo ruído de engodo da mídia, encobrindo o grito e a dor dos hondurenhos.

A dor dos hondurenhos de hoje, dos guatemaltecos de amanhã, dos nicaragüenses, venezuelanos, paraguaios, brasileiros, chilenos e depois... Depois, quem sabe quem mais? Certamente: todos nós.

Enquanto nos anos 80 as ditaduras se estabeleceram sobre os destroços de democracias arrasadas, essas vozes foram se silenciando em minha enorme solidão. E me senti irremediavelmente derrotado. Não mais acreditei em um continente possível para os que tivessem alguma boa vontade com a multidão de humanos.

Enquanto governos corruptos nos espoliaram ao longo dos anos 90, vi crescer a miséria e a degradação dos filhos que não tive: marginalização, drogas, amontoamento, promiscuidade, degradação.

Vivi a fome enquanto se entregava as poucas bananas que restaram de nossas repúblicas, para o repasto dos meninos gordos do hemisfério norte. Mas então as vozes calaram definitivamente e pensei ter ficado surdo.

Havia a vantagem de não mais acordar com os vozes do passado, é verdade. Mas também me era impossível sonhar com o futuro.

Então veio o novo século, e daqui e dali, de várias partes do continente, começo a ouvir um novo canto falando em soberania e determinação dos povos, em inclusão e justiça, resgate dos excluídos. Vou me encantando, imaginando rever o saudoso cinturão cósmico da Violeta Parra a cingir o continente.

Quando começo a dançar por este novo canto, nessa nova voz, a me embriagar no perfume dessas novas flores e no sumo desses novos vinhos, imaginando a possibilidade de novos amigos e namoradas, a pensar em possíveis filhos; de Honduras os fantasmas voltam a murmurar assombrando minhas noites.

Pensei exorcizá-los encarando de frente minhas lembranças de guerra. Até iniciei um série de resumos da história de nossas repúblicas. Os escreveria de uma a uma, desde Guatemala. Cada golpe, cada genocídio: pela United Fruit, pela ITT, pela Chiquita Brands, por todos os criminosos do capitalismo norte-americano e seus embaixadores, agentes da CIA, senhores do medo e da morte. Aliciadores do crime organizado internacional.

Um dia ouvi o presidente da OEA chamando de "mequetrefe" ao golpista de Honduras. Miguel Insulza afirmou que não seria diplomático indicá-lo pela palavra que sufocava sua garganta, como não seria diplomático esmurrar a mesa, mas "hasta cuando este mequetrefe nos dará tapas en la cara?"

Então, pensei comigo que não deveria continuar resgatando a memória do que melhor se esquecido para não soterrar este pretendido mundo novo sob os escombros da indignidade e do assassínio. Achei não haver porque fazer medo aos mais jovens, pois se amadurecera o mundo, a América Latina. Insulza me fez acreditar na determinação dos novos líderes de um novo mundo. Mais viável e humano.

Quis acreditar em instituições mais valorosas, uma humanidade mais civilizada, uma OEA capaz de conter os fascistas do continente, os interesses dos manipuladores de anacrônicos títeres e tiranetes de "mierda", como diria Insulza se não coibido pela diplomacia.

Mas insistem as vozes dos anos 60/70. Exatamente as mesmas vozes que me assombram a memória e calam a boa vontade dos novos líderes.

Hasta cuando? Até quando seremos tão fracos? Tão impotentes?


Raul Longo
www.sambaqui.com.br/pousodapoesia
Ponta do Sambaqui, 2886
Floripa-SC

Raul Longo, jornalista, escritor e pousadeiro, colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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Errata Assaz Atroz


Ratada Assaz Atroz




Ontem, esta nossa assaz agência reproduziu postagem do blog TUDO EM CIMA, do jornalista André Lux, sobre a pesquisa CNT/Sensus. Na ilustração destacamos os percentuais referentes a "transferência de votos". De acordo com a postagem do Tudo em Cima, Lula teria potencial de 57,1% de tranferência de votos, ou seja, influência para que os eleitores votassem em candidato à Presidência da República por ele indicado; enquanto FHC influenciaria apenas 3,0% do eleitorado. Não consultamos outras fontes. Reproduzimos a postagem do Tudo em Cima na íntegra.

Hoje recebemos a edição do Brasília Confidencial e observamos uma considerável diferença entre os números do Tudo em Cima e os que o Brasília Confidencial veicula.

Lula realmente exerceria influência sobre 51,7% dos eleitores, porém FHC tem bem mais que 3% de poder de transferência; na verdade, a pesquisa indica que 17,2% dos eleitores votariam em candidato apoiado por FHC.

Confira (clicando nas imagens, você pode ler em tamanho ampliado)



76% preferem governo de Lula ao de FHC

A pesquisa aponta que 51,7% dos entrevistados votariam ou poderiam votar em candidato apoiado por Lula. Por outro lado, 49,3% disseram que não votariam de jeito nenhum em um político apoiado por Fernando Henrique.

51,7% dos entrevistados votariam ou poderiam votar em candidato apoiado por Lula. Enquanto isso, ainda segundo a pesquisa, uma indicação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não acrescentaria votos para José Serra ou Aécio: 49,3% responderam que não votariam de jeito nenhum em um nome apoiado por FHC e apenas 3% [17,2%] votariam em um candidato do ex-presidente.

A pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta segunda feira traz uma comparação entre a percepção dos entrevistados sobre o governo do Presidente Lula e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para 76%, os sete anos do governo Lula são melhores que os oito anos da era FHC, 10% acreditam que Fernando Henrique foi melhor e 11,1% afirmaram que os dois governos são iguais. A pesquisa CNT/Sensus foi realizada entre os dias 16 e 20 de novembro e entrevistou 2 mil pessoas. A margem de erro é de 3%.

Segundo Clésio Andrade, a candidata do governo começa a estimular a guerra eleitoral, crescendo nas simulações e se favorecendo da avaliação negativa da imagem do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

"O Serra cai em função do apoio do Fernando Henrique, que fala em nome dele, independente dele querer ou não. O apoio ostensivo de FHC é prejudicial", disse Clésio Andrade, presidente da CNT. Nas simulações para as eleições de 2010, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), apresenta queda nos percentuais de primeiro e segundo turnos.

"Ao longo dos últimos 12 meses, Serra perdeu 15 pontos nas intenções de voto", disse Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus. Na primeira lista que inclui todos os prováveis candidatos à presidência da República, José Serra aparece com 31,8%, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), com 21,7%, o deputado federal Ciro Gomes (PSB)tem 17,5% das intenções de votos e a senadora Marina Silva (PV) apresenta 5,9%.

Transferência de votos

A pesquisa aponta que 51,7% dos entrevistados votariam ou poderiam votar em candidato apoiado por Lula, enquanto 16% disseram que não votariam. Por outro lado, 49,3% disseram que não votariam de jeito nenhum em um político apoiado por Fernando Henrique, sendo que apenas 17,2% responderam que votariam no candidato de FHC.

O poder do Presidente Lula em transferir votos para um candidato à Presidência da República se manteve inalterado. Os números mostram que 20,1% dos entrevistados votariam em um nome apoiado pelo presidente Lula, 31,6% poderiam votar e 16% não votariam. Em setembro, o percentual dos que votariam no candidato apresentado pelo governo era de 20,8%.

Enquanto isso, ainda segundo a pesquisa, uma indicação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não acrescentaria votos para o candidato: 49,3% responderam que não votariam em um nome apoiado por FHC e apenas 3% votariam em um candidato do ex-presidente.

Segundo o presidente da CNT, Clésio Andrade, a aprovação do governo Lula estimula a intenção de votos num candidato apoiado pelo petista. "A avaliação do presidente Lula e de seu governo continua crescendo, resultado do bom desempenho econômico e dos programas sociais, percepção de que houve melhora da imagem do País interna e perante o mundo e o forte discurso do presidente Lula na sua linguagem de identificação com o povo", disse Andrade.

"Com relação ao cenário eleitoral, nota-se uma queda de José Serra, crescimento de Dilma e crescimento de Aécio nos cenários estimulados", disse o presidente da CNT.

http://tudo-em-cima.blogspot.com/2009/11/cntsensus-76-preferem-governo-de-lula.html



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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pesquisa CNT/Sensus comprova: Lula transfere votos

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76% preferem governo de Lula ao de FHC

A pesquisa aponta que 51,7% dos entrevistados votariam ou poderiam votar em candidato apoiado por Lula. Por outro lado, 49,3% disseram que não votariam de jeito nenhum em um político apoiado por Fernando Henrique.

51,7% dos entrevistados votariam ou poderiam votar em candidato apoiado por Lula. Enquanto isso, ainda segundo a pesquisa, uma indicação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não acrescentaria votos para José Serra ou Aécio: 49,3% responderam que não votariam de jeito nenhum em um nome apoiado por FHC e apenas 3% votariam em um candidato do ex-presidente.

A pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta segunda feira traz uma comparação entre a percepção dos entrevistados sobre o governo do Presidente Lula e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para 76%, os sete anos do governo Lula são melhores que os oito anos da era FHC, 10% acreditam que Fernando Henrique foi melhor e 11,1% afirmaram que os dois governos são iguais. A pesquisa CNT/Sensus foi realizada entre os dias 16 e 20 de novembro e entrevistou 2 mil pessoas. A margem de erro é de 3%.

Segundo Clésio Andrade, a candidata do governo começa a estimular a guerra eleitoral, crescendo nas simulações e se favorecendo da avaliação negativa da imagem do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

"O Serra cai em função do apoio do Fernando Henrique, que fala em nome dele, independente dele querer ou não. O apoio ostensivo de FHC é prejudicial", disse Clésio Andrade, presidente da CNT. Nas simulações para as eleições de 2010, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), apresenta queda nos percentuais de primeiro e segundo turnos.

"Ao longo dos últimos 12 meses, Serra perdeu 15 pontos nas intenções de voto", disse Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus. Na primeira lista que inclui todos os prováveis candidatos à presidência da República, José Serra aparece com 31,8%, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), com 21,7%, o deputado federal Ciro Gomes (PSB)tem 17,5% das intenções de votos e a senadora Marina Silva (PV) apresenta 5,9%.

Transferência de votos

A pesquisa aponta que 51,7% dos entrevistados votariam ou poderiam votar em candidato apoiado por Lula, enquanto 16% disseram que não votariam. Por outro lado, 49,3% disseram que não votariam de jeito nenhum em um político apoiado por Fernando Henrique, sendo que apenas 17,2% responderam que votariam no candidato de FHC.

O poder do Presidente Lula em transferir votos para um candidato à Presidência da República se manteve inalterado. Os números mostram que 20,1% dos entrevistados votariam em um nome apoiado pelo presidente Lula, 31,6% poderiam votar e 16% não votariam. Em setembro, o percentual dos que votariam no candidato apresentado pelo governo era de 20,8%.

Enquanto isso, ainda segundo a pesquisa, uma indicação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não acrescentaria votos para o candidato: 49,3% responderam que não votariam em um nome apoiado por FHC e apenas 3% votariam em um candidato do ex-presidente.

Segundo o presidente da CNT, Clésio Andrade, a aprovação do governo Lula estimula a intenção de votos num candidato apoiado pelo petista. "A avaliação do presidente Lula e de seu governo continua crescendo, resultado do bom desempenho econômico e dos programas sociais, percepção de que houve melhora da imagem do País interna e perante o mundo e o forte discurso do presidente Lula na sua linguagem de identificação com o povo", disse Andrade.

"Com relação ao cenário eleitoral, nota-se uma queda de José Serra, crescimento de Dilma e crescimento de Aécio nos cenários estimulados", disse o presidente da CNT.

http://tudo-em-cima.blogspot.com/2009/11/cntsensus-76-preferem-governo-de-lula.html


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As vantagens de um Irã nuclear

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Traduzido pelo coletivo Política para Todos

(Recebido por e-mail da Rede Castorphoto)

Dêem a bomba ao Irã!

As vantagens de um Irã nuclear

Aetius Romulous, “Speaking Freely”, Asia Times Online

“Speaking Freely” [Falando Francamente] é uma sessão de Asia Times Online na qual escrevem autores convidados.
Se quiser oferecer sua colaboração, clique em http://www.atimes.net/speakingfreely/
. Aetius Romulous, que vive no Canadá, é jornalista freelance.

É possível que o Irã esteja construindo “a bomba”. O Irã, assim, seria a segunda potência na Região a possuir a bomba, e certamente seria a primeira de uma rápida sequência de Estados regionais com o dinheiro e os talentos necessários para comprar a bomba. Além disso, essa proliferação de Estados com bomba é função da economia e, como tal, inevitavelmente, não será contida por nenhum tipo de medida racional.

De fato, “a bomba” propriamente dita é apenas mais uma ficha do jogo de barganha entre os Estados-bomba já estabelecidos, que a usam para obter vantagens na direção do que realmente lhes interessa, a saber... o petróleo.

O Paquistão tem várias bombas atômicas e é um dos Estados-nação mais instáveis do mundo. Tem a bomba porque seu arqui-odiado rival, a Índia, tem seu próprio kit de bombas. Israel tem um saco de mais de 200 bombas, nenhuma das quais é controlada de modo algum por seja lá quem for. É segredo. Os EUA têm bombas. Milhares de bombas. Os EUA são o único Estado que, até hoje, detonou duas bombas sobre cidades habitadas, e, não bastasse, têm vários sacos de bombas, da melhor qualidade, espalhadas pelo território de seu Estado-vassalo, o Iraque. Há montanhas de bombas atômicas no Oriente Médio, tantas, que a quantidade tornou irrelevante a evidência de que só uma delas, detonada, já faria todo o serviço de derreter até os ossos todo o mundo Ocidental.

Todas as bombas que realmente existem no Oriente Médio – ou em qualquer parte do mundo, em terra, mar ou ar, ou ainda mais acima, no espaço sideral – pertencem a Estados de tecnologia muito avançada, donos das imensas quantidades de riquezas necessárias para projetar, construir, esconder e manter uma arma de custo inimaginável. Exceto o Paquistão e a Coreia do Norte, que simplesmente acharam caminho até a bomba pela porta da cozinha e são os convidados mais mal vestidos da festa. Como manda a natureza do nosso sistema econômico global, onde riqueza é poder, a marcha atual do progresso rapidamente gerará mais e mais nações emergentes as quais, dentro de algum tempo, serão suficientemente ricas para também ter “a bomba”.

Já temos a primeira bomba muçulmana no Paquistão, a primeira bomba sionista em Israel, e bem poderemos ter, em breve, a primeira bomba persa. Está faltando – não demorará, e alguém verá – uma bomba árabe, para completar o conjunto. A Turquia precisará da bomba e, logo, logo, terá dinheiro para comprar uma. Então haverá uma cadeia ininterrupta de Estados-bomba que se se estenderá do Estreito de Taiwan ao Canal de Suez, cobrindo todas as principais religiões, culturas e modalidades de governo e política. Será um autêntico “cinturão-bomba”. Pobre África! Também dessa vez ficará excluída. Nada de bomba p’ra vocês!

Quero dizer, então, que há sacos e sacos de bombas na região mais instável do planeta, e tudo faz crer que se reproduzirão rapidamente. O Irã tem todo o direito de ter sua bomba. Afinal, considerado o grande quadro, que diferença faz? E daí, se o Irã tiver sua bomba? A verdade é que, com o Irã sem bomba, a coisa lá fica ainda um pouco menos estável do que com o Irã com bomba; e um pouco, na era nuclear, é muito.

Que as nações sintam-se compelidas a enterrar quantidades gargântuais da produtividade de seus cidadãos para produzir bombas é efeito das lições que aprenderam no tempo em que foram tratadas como peões sem qualquer valor, na era de ouro da Guerra Fria. O dinheiro fala; e nada representa mais claramente a voz do dinheiro, que a bomba. Como escamas coloridas, um sinal de “Material radiativo” é indicador, para todos, de que qualquer deslize no plano das ações e movimentos terá consequências terríveis.

Longe de ter ensinado ao mundo que a bomba é terrível máquina do Apocalipse, a Guerra Fria só ensinou que a bomba é excelente instrumento de defesa. Embalada em medos e perigos de futuros desconhecidos, uma ogiva nuclear é ameaça terrível. Detonada, já não vale coisa alguma; porque a bomba se auto-consome, ela também, na destruição geral, mútua, aritmeticamente garantida, de tudo e todos.

Para ter alguma serventia, uma ogiva nuclear tem de encontrar, contra ela, ameaça grave. Até a bomba precisa de inimigos. O fracasso de não poder responder com catástrofe equivalente à catástrofe provocada por uma bomba torna racional o emprego da bomba. Querem um mundo estável, bem estável? Entreguem uma bomba ao Irã. Dêem. Mandem entregar. Entreguem lá. Esse simples gesto fará sumir de todas as mesas de negociação, não apenas a bomba iraniana, mas todas as demais bombas. Uma montanha de armas de ataque serão, todas, imediatamente convertidas em armas de defesa.

A coisa chama-se “Teoria dos Jogos” e é item essencial do Manual do Proprietário de bombas. Uma série perfeitamente racional de equações matemáticas que regem a idade atômica, desde o tempo em que os físicos jogavam pôquer. Uma análise de sistema do conjunto de decisões que têm de ser tomadas pelos proprietários de bombas para maximizar a própria posição, sem jamais somar mais que 21. A “Teoria dos Jogos” prevê que a superioridade nuclear depende do que o outro sujeito esteja pensando sobre você. E impõe a exigência de que os dois lados sejam capazes de impor ameaças verossímeis, críveis, cada ameaça com consequências que todos os jogadores saibam que, com certeza, não estão incluídas entre seus interesses de longo prazo. A destruição mútua garantida depende do equilíbrio e paridade entre as ameaças feitas e recebidas de cada lado. Sem essa paridade, o desequilíbrio torna praticamente garantida e inevitável a detonação da bomba atômica, em circunstâncias nas quais, se houvesse paridade entre as ameaças, nada aconteceria.

Essa foi e ainda é uma doutrina norte-americana. Mesmo assim, acabou por servir de coluna central da arquitetura básica da contenção na idade atômica. Quando os norte-americanos lutam para demonstrar que um Irã nuclear seria péssimo para todos, eles mesmos entendem perfeitamente a irracionalidade do argumento. Os norte-americanos alertam para o fato de que a bomba iraniana será usada contra Israel, e que essa seria a única razão pela qual o Irã deseja ter a bomba. Israel responde que o Irã tem de ser contido porque seria “ameaça existencial” (contra a existência de Israel) e a bomba, de fato, marcaria o fim daquela existência, dentre outras.

Todos sabem, é claro, que as coisas absolutamente não são assim. Todos sabem que, se os iranianos tiverem a bomba (apenas uma; duas bombas, no máximo), evidentemente não a dispararão, uma contra Israel, a outra contra os EUA. A detonação da bomba, sempre de só uma bomba, a primeira e única, não teria efeito sobre o inimigo que se compare ao castigo-retaliação que o Irã sofreria como resposta à decisão de usar a bomba. Nada disso interessa ao Irã. O mesmo raciocínio explica também por que o Irã há 600 anos não invade país algum e mantém sua civilização há milhares de anos. Os iranianos não são idiotas.

Então, por que tanta conversa fiada?

O Irã tem petróleo. O Irã é o quarto maior exportador do mundo de óleo cru, o que lhe vale a carteirinha de membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, OPEP [ing. Organization of Petroleum Exporting Countries, OPEC] que bombeia um excedente de 2,5 milhões de barris/dia de gororoba translúcida, leve e preta. A reserva iraniana de cru de excelente qualidade é a terceira maior do mundo. O Irã controla também o Estreito de Hormuz, pelo qual fluem 40% do óleo de todo o ocidente, e está na rota de bola de profundidade que chega até Ras Tanura, principal ponto de exportação de petróleo da Arábia Saudita.

O Irã é suficientemente rico para construir sua bomba, porque o Irã tem petróleo. O Irã é uma ameaça ao suprimento de petróleo para o ocidente, tanto quanto outros players árabes que são tradicionais inimigos dos persas. O Irã está localizado praticamente na outra calçada em relação ao Iraque, quer dizer, bem próximo do quintal dos EUA. Israel está localizado praticamente na rua ao lado, em relação ao Irã, quarteirão-cenário de cinco mil anos de história entre persas e judeus.

O Iran vive deitado sobre verdadeiro mar da mercadoria de mais alto valor estratégico para o mundo, e cercado por interesses ocidentais mal-intencionados – todos eles Estados-com-bomba. Então, o Irã quer a bomba. A sério.

O Irã vende 16% de seu petróleo exportado, para a China, cerca de 411 milhões de barris/dia, e aumentando; e é a segunda maior fonte de petróleo cru para a China, perdendo, só, para a Arábia Saudita. A China precisa de petróleo em quantidades jamais antes imaginadas, para fazer andar seu crescimento, e está vasculhando o mundo à procura de flores não contaminadas por ideologia política. A China está comprando a África, bem aí, sob o nariz dos tolos querelantes da Guerra Fria, e não tem cachorro seu nas pistas das velhas corridas do Oriente Médio. Precisa de petróleo e ponto. Para comprovar, investiu mais de 100 bilhões de dólares no Irã.

A China considera o Irã como novo amigo num mundo ex-insular. E amigo carente é amigo no qual se pode confiar. A China enfrenta suas próprias ameaças regionais, uma das quais a Índia, outro desses inimigos de tipo tradicional que fazem pirar as sensibilidades ocidentais. Um Irã amigo da China, nadando em petróleo, é excelente trunfo para empurrar a Índia a partir de um outro ponto de apoio. A China, é claro, tem a bomba.

A Índia também tem a bomba, mas também é outro dos grandes centros de progresso mundial. A Índia precisa tanto de petróleo quanto a China, e pelas mesmas razões; e importa praticamente a mesma quantidade de petróleo, do Irã, que a China. Um terço das exportações iranianas de petróleo vão diretamente para as economias em super-desenvolvimento, de China e Índia. Não bastasse, o Iran re-importa, na forma de gasolina refinada, boa quantidade do petróleo que exporta para a Índia, o que faz do negócio um modelo de arranjo perfeitamente estabilizado e estupidamente lucrativo para todos os envolvidos.

Para ambos, China e Índia, uma bomba iraniana significaria segurança para seus recursos e investimentos petrolíferos. Sem bomba iraniana, China e Índia terão de tomar algumas atitudes em relação a ameaças que pesem sobre seu fornecedor de petróleo – exatamente o que já estão fazendo hoje. Sempre ajuda ter uma bem-defendida fonte de petróleo que também tem interesse em defender o próprio preço. Ter acesso ao petróleo é uma coisa; ter dinheiro para comprar é outra.

A Rússia não quer que o Irã tenha bomba. A Rússia está na posição difícil de líder mundial tanto em matéria de bomba quanto em matéria de petróleo. Tem muito, tanto de bombas quanto de petróleo. Ao vender apoio tecnológico ao Irã para o seu programa nuclear para fins “civis”, os russos estão tocando os negócios em várias frentes. Se o Irã construir a bomba, haverá instabilidade no curto prazo, o que incidiria favoravelmente sobre os preços do petróleo russo, do qual os russos têm de cuidar, porque aquele petróleo mantém em movimento a agenda econômica progressista dos russos. Não bastasse, a Rússia tem meios para controlar a velocidade e os objetivos do desenvolvimento nuclear iraniano – fato que os estadistas norte-americanos evidentemente não ignoram, mas todos os jornais e televisões ignoram completamente.

Para a Rússia, a bomba iraniana é moedinha de barganha perfeita para usar com vistas a obter, extraídos dos norte-americanos, segurança geográfica e mercados abertos. Mas se os iranianos querem uma bomba, pensam os russos, ok, a Rússia poderá ajudar. É bom negócio e amplia a área de influência dos russos no Oriente Médio, justamente nas regiões nas quais os EUA foram hegemônicos.

Ao mesmo tempo, a Rússia partilha as mesmas preocupações dos EUA em relação à proliferação de armas nucleares. É absolutamente essencial para os ex-inimigos na Guerra Fria conseguir conter qualquer aumento no número de países equipados com bomba atômica. Russos e norte-americanos já enfrentam cada vez mais dificuldades financeiras para construir e manter imensos – e absolutamente inúteis – arsenais atômicos. (A Teoria dos Jogos exigia número sempre crescente de armas, para que não perdessem o valor e o efeito de contenção.)

É difícil determinar o momento em que acabou a teoria e começou a insanidade, mas os líderes atuais, nos EUA e na Rússia, já entenderam que, quanto mais cada um reduza seus arsenais, em ritmo que não perturbe o equilíbrio, mais cada um conseguirá economizar tempo, dinheiro e preocupações. O aumento no número de Estados-bomba tende a manter artificialmente alto o piso da ameaça nuclear; e devorará os bilhões de dólares cuja economia já está prevista nos orçamentos.

É difícil decidir quem precisa mais de petróleo, se os EUA ou a China. E cada um aborda a questão a partir de um ponto. A China está usando em silêncio suas indústrias estatais tamanho-Golias para consumir todos os recursos do planeta necessários para empurrar seu futuro. Pode fazer isso, porque o capitalismo não tem potência para deter o consumo de recursos controlado pelo Estado. Ao mesmo tempo, os EUA têm fracassado nas tentativas de empregar seus superpoderes e sua invencível máquina militar para influenciar as principais fontes acessíveis de petróleo leve que há no mundo.

Viciados em petróleo, dependentes químicos, os EUA só contam com a força do ‘livre mercado’ para obter algum (fraco) controle sobre os suprimentos futuros. Os EUA carecem não só de petróleo, mas, também, de preços politicamente previsíveis para aquele petróleo, para assim proteger sua economia e o dólar norte-americano que depende da economia dos EUA.

Os EUA têm arsenal de bombas e tecnologias ‘de-bomba’ que já cresceram a tal ponto que qualquer investimento do arsenal e das tecnologias sempre dará mais prejuízo que lucros. Basta que alguém dê só uma espiadela na direção do botão detonador, e uma explosão nuclear termal fará voar pelos ares todos os lares norte-americanos. Gasolina a sete dólares o galão. O custo da indústria da guerra já se aproxima do trilhão de dólares/ano e é perfeitamente inútil para proteger o mais valioso patrimônio estratégico, do ponto de vista dos EUA: o petróleo de que os EUA precisam e que não têm.

Os EUA são amigos dos sauditas e dos israelenses, e cada um desses é inimigo jurado de morte pelo outro. Os EUA cedem equipamento militar e estendem seu guarda-chuva nuclear também sobre os sauditas, em troca de petróleo. Os sauditas precisam dessa proteção contra seus vizinhos, o falecido grande Saddam Hussein e seu Estado Islâmico herético; e os temidos persas. O guarda-chuva norte-americano, contudo, é perfeitamente inútil contra uma Israel armada até os dentes com bombas próprias.

Israel está compreensivelmente cada dia mais nervoso face à realidade geográfica que herdou dos britânicos em 1948. Israel importa absolutamente tudo que valha alguma coisa, inclusive petróleo. E Israel está plantado sobre o patrimônio imóvel mais irracionalmente criado e defendido de toda a história do mundo. Por sorte, ataques sem bomba atômica já se comprovaram castigos eficazes mais de uma vez; de fato, muitas vezes. Isso, porque o castigo nuclear contra ameaça existencial pode lançar no inferno, simultaneamente, vários dos principais aliados de Israel, em escala infernal que aumenta sempre. Uma resposta nuclear iraniana contra a sempre agressiva Israel terá efeitos e ramificações de que nem a melhor Teoria dos Jogos jamais cogitou. Ninguém, absolutamente ninguém, está em posição de imaginar o que Israel fará se for atacado por bomba atômica iraniana. Não haverá depois.

E o que fará a China, sobre seus investimentos no Irã? E a Índia? Como o Paquistão reagirá à Índia? O que farão os russos – sentar e assistir ao show, enquanto o preço de seu abundantíssimo petróleo alcança as planícies desabitadas da estratosfera? E o que farão os norte-americanos? Quem sabe? E, ainda mais importante: quem quer descobrir? Ninguém.

A única saída segura para os EUA, do impasse em que se meteram, é dar a bomba ao Irã. É solução racional, a única solução racional para o problema. É muito provável que o Iran consiga fazer a própria bomba; se quiser, pode recorrer ao apoio dos russos. Um Irã nuclear restaurará o equilíbrio e devolverá a paridade à insanidade da jogatina nuclear. Todos os envolvidos voltarão a ter de encarar a mesma consequência racional para suas decisões de política exterior. Se for desenvolvido com apoio dos EUA, o programa nuclear iraniano poderá ser vacinado contra uma muito provável e muito real ameaça israelense.

Ficarão inutilizadas algumas das tradicionais ferramentas regionais que o Irã usa, como o Hizbóllah no Líbano. Se os EUA garantirem a bomba ao Irã, ficará assegurado o suprimento de petróleo para China e Índia, com a vantagem de que será contida a expansão da influência russa sobre o Irã, o qual – atenção! – está localizado exatamente entre o Iraque e o Afeganistão. Os EUA oferecerão armamentos em troca da estabilidade do mercado de petróleo. Assim, todos ganham.

Claro que nada disso será feito desse modo, e por razões que todos conhecemos intuitivamente, as quais ninguém precisa (nem consegue) explicar. Simplesmente não acontecerá assim. O que acontecerá será diferente, outra coisa. Acontecerá algo insustentável e desigual, solução que deixará aberto um buraco tamanho-Versailles. Apesar da situação desesperadora em que vive o planeta Terra, porque crescimento ilimitado exige devoração ilimitada de recursos escassos, várias decisões desencadearão várias ações, que têm mais, muito mais, a ver com dogma, religião e nacionalismo, do que com algum realismo racional.

É sempre assim. Hoje, se acrescentaram ao sempre-assim a Teoria dos Jogos da Guerra Fria e centenas de ogivas nucleares. Eca! [ing. Ugh!]

O artigo original, em inglês, pode ser lido em:

http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/KK18Ak01.html

Ilustração: Atroz em "parceria" com os cartunistas do NY Times.


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