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Os presidentes Daniel Ortega (Nicarágua), Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Manuel Zelaya (Homduras) durante encontro no Palácio Miraflores, em Caracas, na Venezuela. (Foto: AFP)
[G1 - 02/02/09]A história de Chávez se repete em Honduras!
Golpe de Estado en Honduras, militares secuestran a Zelaya [Presidente da República]
Tropas del Ejército sitiaron la casa del presidente, según la información de dirigentes sindicales ofrecidas a teleSUR. Lor grupos sociales hacen un llamado a las organismos internacionales para que intervengan frente a la acción de estos militares.
http://www.telesurtv.net/solotexto/nota/index.php?ckl=53007-NNAssista, ao vivo, debate e alerta em TV Venezuelana sobre golpe de Estado em Honduras
http://www.radios.com.br/playtv/1_anventv-ve.htmDomingo, 28/6/2009, 12:41...
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O GOLPE É INACEITÁVEL – COMO FICA O BRASIL?
Laerte Braga
O golpe de estado em Honduras é inaceitável em todos os sentidos. A diplomacia brasileira e o presidente Lula, mais que ninguém, têm que tomar posição dura e clara, inclusive não reconhecimento da barbárie militar, rompendo relações com aquele país até que seja restabelecida a vontade popular.
Não é hora de notas de condenação. É hora de atitudes concretas e efetivas. Não existe conversa de acordo nesses momentos. Existe um presidente eleito seqüestrado por militares encapuzados – típico dos golpistas em qualquer lugar do mundo, inclusive aqui no Brasil – momentos antes do início de uma consulta popular.
Os fóruns internacionais clássicos, Nações Unidas e OEA – Organização dos Estados Americanos – têm a obrigação de reagir e impedir que se consuma um atentado ao processo democrático em Honduras.
Está evidente a intervenção do embaixador dos EUA no processo golpista, denunciada desde quarta-feira quando um general, desses com medalhas de bom comportamento e por saber comer de boca fechada e com garfo e faca, se opôs a uma decisão presidencial, com largo apoio popular, insurgindo-se em nome dos interesses de elites nacionais subordinadas, lógico, como as daqui, aos grandes grupos econômicos e bancos no perverso modelo de globalização segundo a ótica exclusiva dos donos do mundo.
A posição do governo brasileiro não pode limitar-se a uma condenação oficial do golpe. O tamanho, o peso, a importância do Brasil o tornam parte ativa do processo político latino-americano e não se pode permitir que essa região volte a ser palco de golpes de estado desfechado por elites e militares quando têm seus interesses contrariados.
Elites, em qualquer lugar do mundo, são apátridas. Regem-se por lucros e escoram-se na hipocrisia – demonstrada agora – da farsa democrática.
Não têm escrúpulos quando seus “negócios” são contrariados e quase sempre têm os militares como parceiros. Militares se arrogam o privilégio do patriotismo doentio e fanático que na verdade disfarça características de forças da barbárie a serviço dos grandes grupos.
É recente, e Lula tem que se lembrar, a defesa que o ex-comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno fez de empresas estrangeiras que atuam ali, criticando índios, trabalhadores sem terra com o pretexto que estavam sendo manipulados por organizações internacionais. Como se a VALE, que patrocina o general, hoje na reserva, em conferências Brasil afora defendendo o “patriotismo” e a Amazônia, fosse nacional.
O discurso é igual em qualquer lugar do mundo entre golpistas.
Não há o que contemporizar. É restabelecer a vontade popular e pronto. Isolar Honduras enquanto estiver submetida a militares golpistas e elites pútridas – como as nossas –. Não há que se falar em congresso e corte suprema, basta tomarmos como exemplo o nosso congresso, a nossa corte suprema. Lembrarmo-nos de Gilmar Mendes. De José Sarney.
E nem há que se falar em “gorilas”. Os gorilas não merecem. São generais golpistas a soldo de empresas, bancos e latifúndios. Consideram o país, nesse arremedo de patriotismo canalha, como propriedade privada.
A ação diplomática, até para evitar que a moda volte a imperar, são várias as tentativas contra os governos de Chávez e Evo Morales. Se prestarmos atenção a cada proposta ou cada decisão do presidente do Paraguai que contraria essas elites aparece alguma figura a dizer-se estuprada ou forçada a sexo com o presidente. Lula deve lembrar-se da campanha de 1989 contra Collor quando foi vítima da mesma prática de chantagem e mentira.
Nem é hora de acreditar na grande mídia – aliás hora nenhuma pode-se acreditar –. Os próprios militares golpistas mostram isso quando cortam os sinais de tevê e rádio das emissoras oficiais e mantêm os sinais da emissoras privadas. São cúmplices.
Há um golpe e repressão brutal e violenta como em todos os golpes.
Não é um golpe só contra o povo hondurenho. É contra todos os povos da América Latina. E a despeito do show do presidente dos EUA, com interferência do embaixador norte-americano em Tegucigalpa. Escorados na representação diplomática dos EUA.
O desafio do governo Lula é mostrar agora que essa época de golpes é coisa do passado e tem que ser sepultada.
Não cabe a militares e nem a banqueiros, empresários e latifundiários decidir os destinos de um povo. Cabe ao próprio povo. E era isso que Zelaya pretendia com o referendo. Ouvir o povo sobre as reformas na constituição de Honduras.
E nem cabe analisar o governo de Zelaya. Essa é uma prerrogativa do povo hondurenho.
É isso que deve ser considerado, nada mais. Esse tem que ser o norte da diplomacia brasileira, do governo brasileiro, do contrário num futuro próximo podemos ser novamente vítimas de “trogloditas” como disse Chávez.
E não vale culpar o presidente do Irã, ou a revolução islâmica e popular naquele país. Os velhos pretextos de golpistas.
“Ou é democracia ou não é”, como dizia Sobral Pinto. “Não existe democracia a brasileira, ou a francesa, democracia não é como peru”.
E quem enche a boca para falar em democracia são eles.
Lula tem o dever de bater de frente com essa corja que mantém intocados privilégios de elites e dos EUA. O chanceler Celso Amorim é um dos maiores da nossa História exatamente por ter a percepção da importância do processo político em curso na América Latina. Tem consciência que o seqüestro do presidente, dos embaixadores de países como a Venezuela, Cuba e Nicarágua por militares/bandidos em Honduras é um crime sem tamanho.
Não se pode deixar esse tipo de criminoso impune de forma alguma. Não importa que Obama seja só um show e que os EUA continuem o mesmo.
O golpe é inaceitável e o Brasil tem o dever, por seu governo, de não aceitar esse tipo de prática dos que se acham donos da vontade popular.
Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, trabalhou no Estado de Minas e no Diário Mercantil.
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Chávez e Evo Morales denunciam "golpe de Estado" em Honduras
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, denunciou o que chamou de um "golpe de Estado" contra o hondurenho Manuel Zelaya, e pediu um pronunciamento a respeito do presidente Barack Obama, porque "o império ianque tem muito a ver".
Assim como o colega venezuelano, o presidente da Bolívia, Evo Morales, também chamou a deposição de "golpe de Estado militar" em Honduras e conclamou a comunidade internacional e movimentos sociais a condenarem esta "aventura" antidemocrática.
"Faço um apelo a organismos internacionais, a movimentos sociais, a presidentes a condenarem e repudiarem este golpe de estado militar em Honduras", disse Morales à imprensa, no palácio presidencial. "Já não estamos mais no tempo das ditaduras", acrescentou.
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Mais LAERTE BRAGA , 29/06/2006
OVERDOSE DE “PATRIOTISMO”
As forças armadas de Honduras movidas a ”espírito democrático” estão distribuindo doses maciças de “patriotismo” em forma de borduna, tiros e outras opções mais para “acalmar” o povo hondurenho que não foi “capaz” de compreender o “elevado sentimento nacionalista” dos militares, todos a soldo das elites e das grandes corporações multinacionais, participação especial da indústria farmacêutica.
Como determinadas pessoas, a grande maioria da população não entende esse caráter ”cívico” de militares, de políticos padrão José Sarney, Artur Virgílio (10 mil dólares de “ajuda emergencial” recebidos de Agassiel) e como o fantoche colocado na presidência falou em “paz”, em “liberdade” e disse que Honduras é “soberana”, só mandam lá os que pagam aos golpistas, a solução encontrada para manter a “ordem” e a “constituição”, foi colocar uma metralhadora apontada para o peito do presidente constitucional Manuel Zelaya, deportá-lo para a Costa Rica e comunicar aos “patrões” que o serviço estava feito.
Vai daí que os militares e políticos que têm o “descortínio” de perceber a hora certa do bote e pegar cada um o seu, caem de quatro para esses patrões e caem de porrete em teimosos resistentes que não compreendem os “desígnios divinos e democráticos salvadores de Honduras”.
Essa história é antiga. No Brasil mesmo vivemos essa situação quando o general norte-americano Vernon Walthers assumiu o comando das forças armadas e derrubou o presidente constitucional João Goulart, em 1964.
Essa overdose de “patriotismo” não é mostrada pela mídia. Não há interesse em divulgar nem fatos e nem imagens que digam e mostrem a resistência popular em Honduras. Quem prestar atenção nos intervalos do plim plim ou qualquer blim blim vai encontrar a salvação em marcas de xaropes, em descongestionantes, em emagracedores mágicos, toda uma linha de “patriotismo” que pode ser comprada nas melhores redes de farmácias.
As forças armadas hondurenhas receberam doses cavalares de viagra para enfrentar dificuldades e obstáculos naqueles que não percebem que o futuro está em se voltar para Wall Street, cair de joelhos e achar que Barak Obama é presidente de alguma coisa e não um ator num papel privilegiado. O que parece que é, mas não é. E mesmo assim que trate de incorporar o papel na integralidade, decorar as falas direitinho, nada de cacos que possam complicar as coisas para a edição “democrática” do “God save the América”.
O jornal THE GLOBE – versão brasileira O GLOBO – chama o novo “presidente” de Honduras de “presidente eleito”. E confere legitimidade a um Jereissati da vida eleito por um desses congressos onde pontificam decretos secretos, a regra geral das “democracias” sustentadas pelos grandes grupos econômicos.
A jornalista Miriam Leitão, especialista em bancos e fundos, diz que nessa questão “não há mocinhos”. Miriam repete o estilo de Marco Antônio no enterro de César, na célebre peça de William Shakespeare. Falta o brilho e a inteligência do autor inglês, lógico, a moça é ventríloqua, mas sobra o rastaqueiro acender a seta para um lado e virar para o outro. Truque de Marco Antônio, o que não quer dizer que dona Miriam seja uma versão contemporânea de Cleópatra. Nada disso. Ela é a que carrega a cesta com a maçã para Branca de Neve.
Segundo a senhora em questão o presidente Zelaya deve ser reconduzido ao poder e acatar a “constituição”, as decisões da corte suprema, no caso assemelhados de Gilmar Mendes. Ou seja, a “constituição” segundo a ótica deles.
Para a veneranda comentarista essa história de ficar fazendo referendo, quer dizer, ficar ouvindo o povo sobre o que o povo quer, enfraquece as instituições. Instituições para ela são bancos, grandes empresas e latifundiários.
Aí o cerne da “democracia”.
E tome viagra para farta distribuição às tropas mantenedoras da “lei”, da “ordem”, da “constituição”.
E no fim da brincadeira, um monte de medalhas pespegadas em peitos varonis de “valentes e intrépidos defensores da legalidade”. Todo mundo vira general.
Sugiro que em homenagem a “companheiros” neste momento postos em recesso chamem a principal avenida de Tegucigalpa de avenida Barak Obama. Um monte de letreiros luminosos vendendo ilusão. E não se esqueçam em ruas acessórias, digamos assim, da travessa Jarbas Passarinho. Do açougue Brilhante Ulstra. Da loja de miçangas e quinquilharias eletrônicas Pedro Carmona. E de introduzir o retrato de Pinochet, Médice, Costa e Silva, et caterva nas catedrais, nas escolas, nos palácios de governo, em todas as repartições públicas, ao lado do bravo general comandante do estado maior que num ato de extremo heroísmo mandou seqüestrar o embaixador da Venezuela, dar-lhe uma surra e abandoná-lo numa estrada deserta. ´
É para que o diplomata aprenda que embaixador é dos EUA. É só olhar o tamanho do capacho à entrada da embaixada dos norte-americanos. Está impresso com as cores da bandeira norte-americana, patrocínio da Pfizer e com os dizeres – “patriotas hondurenhos, entrem, mas limpem os pés antes”.
De qualquer forma está afastada a hipótese de participação do médico que estava com Michael Jackson à hora de sua morte. Só havia restos de comprimidos no estômago do cantor. E o general chefe do estado maior não é o pai biológico dos filhos de Jackson.
É o pai de um golpe de estado vergonhoso e que mais uma vez mostra a face “nacionalista” que historicamente caracterizam boa parte das forças armadas latino-americanas. O nacionalismo “general Custer”.
Os culpados são os índios.
Isso tudo ao toque da corneta da sétima cavalaria. John Wayne vem à frente. Se quiserem pompa e circunstâncias, chamem um representante do congresso brasileiro, o deputado Jair Bolsonaro. Ele carrega a bandeira com a suástica à frente do desfile da “vitória”.
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PressAA
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