sábado, 31 de outubro de 2009

Ex-BBB, ex-humorista, ex-gay, ex-global... Eis as questões!

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PENSA QUE É BRINCADEIRA? IMPLICÂNCIA?

Laerte Braga

O portal GLOBO.COM, da rede paladina da moral, dos bons costumes, da cultura e da democracia, noticia que o ex BBB Ton, o nome é Newton, estava passeando de barco depois de ter apresentado uma festa em Manaus em companhia da “bela” Milena e caiu de uma escada, altura de dois ou três metros. Feriu-se levemente. O portal destaca que o dito ex BBB postou as fotos dos seus machucados na internet e o próprio diz que “doeu paca, mas só de raiva pulei na água outra vez”.

Herói! Com direito a panteão no quarto de Pedro Bial, no mínimo. Há um convite para que embasbacados com o heroísmo do ex BBB façam um comentário, registrem sua opinião sobre o relevante assunto no próprio blog, o nome é EGO.

E registra o portal que o prazo para se candidatar a uma vaga na próxima edição do BBB termina hoje.

Fora isso, no afã de divulgar fatos de importância transcendental para o País, a cidadãos comuns, os pobres mortais cá embaixo, registra que a ex-nora de Luma de Oliveira posou “turbinada” para um paparazzo. A moça em questão chama-se Nicole Bahis

É interessante notar que contrariando um “falecido” humorista e apresentador de um talk show copiado da tevê norte-americana (falo de Jô Soares, que Deus o tenha) “ex” deixou de ser nada e passou a ser um monte de coisa.

O que tem de “ex” hoje não está no gibi. Quando era vivo Jô criou um tipo que arrematava suas falas dizendo que “vice” não é nada. Se vice não é nada, "ex" é muito menos. Imagine um "ex-vice" qualquer coisa.

Mas hoje "ex" é uma espécie de titular no banco de reserva.

Um relatório da Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo (hoje condado FIESP/DASLU), divulgado sexta-feira, 30 de outubro, revela que pelo terceiro trimestre consecutivo todas as modalidades de crimes possíveis, ou não, cresceram no condado. José Jânio Serra é o gerente geral do antigo estado. Tem planos de exportar esse modelo para o Brasil inteiro, quer ser presidente da República em 2010.

O dado mais significativo do relatório foi o índice de crescimento dos seqüestros em relação ao mesmo período ano passado. O aumento foi de 136%. Segundo o governo FIESP/DASLU/PSDB isso acontece em função da crise econômica. Registre-se que mesmo em estados considerados em guerra civil, como o do Rio de Janeiro, os índices são bem menores. É o tal negócio, nem no crime o esquema FIESP/DASLU quer ficar atrás. Mesmo porque em termos de máfia, o grupo associado a PSDB e DEM não abre mão da liderança.

Ênio Lucciola Lopes Gonçalves, porta-voz da Secretaria não quis se manifestar sobre os dados, alegando o horário. Ou era hora de alguma trapaça, marmelada, ou então o expediente já havia terminado e o dito cujo, sexta-feira, ia no esquema “deixa a vida me levar”. Ou, o mais provável, José Jânio Serra havia convocado uma reunião de emergência para saber qual o cretino deixou vazar os dados da pesquisa.

Não há registros de comentários da pitonisa Miriam Leitão sobre o assunto. Deve estar pesquisando para emitir sua abalizada opinião. A mesma que previu a morte de milhões de brasileiros por conta da gripe suína, a débâcle total do País como conseqüência da crise mundial e agora lança um programa de governo – em sua coluna no jornal THE GLOBE, conhecido por alguns como O GLOBO – para os candidatos de oposição ao atual governo do Brasil.

Passou na sede FIESP/DASLU, pegou um negócio escrito por banqueiros, latifundiários, empresários, etc, naturalmente álibis de todos, estavam noutro lugar, noutra hora no caso dos seqüestros, mas vivinhos nos desvios de dinheiro público e leu. E pegou o jabá, evidente.

A última e definitiva opinião deve ser a de William Bonner. Vai expor o assunto numa palestra numa universidade qualquer no Brasil, vender o seu livro sobre o JORNAL NACIONAL – NACIONAL DE WALL STREET/WASHINGTON – e dizer que a culpa é dos professores das faculdades de comunicação que ensinam de maneira deformada e dos “terroristas” do MST.

Até o momento que escrevia esse artigo a senadora Kátia Abreu, grande devedora do Banco do Brasil e “desviadora” de verbas públicas para sua campanha, continuava solta, e a mulher do presidente da STF DANTAS INCORPORATION LTD, Gilmar Mendes, anunciou sua aposentadoria – é funcionária do Judiciário – e vai trabalhar na coordenação de um escritório de uma das empresas do banqueiro Daniel Dantas.

E a culpa é da turma do Morro dos Macacos. Só no condado de São Paulo, neste mês de outubro, doze PMS foram presos por crimes diversos.

É a lei e a ordem a serviço da democracia. Não deixe de comentar os machucados do ex-BBB. Opine sobre o velho mercúrio cromo, ou sobre esses sprays contemporâneos, digamos assim, capazes de milagres prodigiosos, se é que milagre em si já não é um prodígio.

E se vai viajar no feriadão, pense bem, compre aquele spray que esparge cheiro de natureza pelo seu carro e a moça do pedágio vai largar os outros na mão e pular no assento do carona. Pelo menos é o que promete a propaganda.

Uma oração para pedir a bênção de Miriam Leitão (principalmente para não assombrar as crianças à noite) e outra para William Bonner e toda a corte global, não se esquecendo de incluir os heróis de Pedro Bial, ou seja, os ex BBB.

O jornalista Laerte Braga é colaborador desta nossa Agência Assaz Atroz
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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Nossa Mari canta lá do alto: Parabéns, Presidente... Oxente!

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“HAPPY BIRTHDAY TO YOU, MISTER PRESIDENT”
(a apaixonante e difícil missão de presidir o país do absurdo)

Raul Longo

Entoou a voz lânguida de Marilyn Monroe para John F. Kennedy na sede do Partido Democrático. Sensualíssima, a bela se metera num vestido que foi descrito como de pele e pérolas. "Só que não vi as pérolas" – confessou o relator.

Kennedy considerou que já poderia abandonar a política: "...depois de ter ouvido este feliz aniversário cantado para mim de modo tão doce e encantador”. Evidente, mera galanteria, mas em meu ciúme de ainda menino, considerei a fala daquele presidente de uma irresponsabilidade absurda.

Não consegui atinar em como conquistar e salvar Marylin daquela terra de malucos, e ela acabou sendo encontrada morta em agosto de 1962. Meu ciúme e desolação não chegariam a tanto, mas alguém assassinou John Kennedy em novembro do ano seguinte, confirmando minha má impressão daquele país.

No entanto, venho mudando de opinião, estimulado por alguns comentários ao Presidente do Brasil por ocasião de seu aniversário.

Claro que não terá uma Marilyn Monroe para cantar “Parabéns a Você”, afinal seria ridículo qualquer tentativa de reprodução do glamour hollywoodiano em festa de aniversário de alguém de origem sertaneja. Embora, em comemorações de anteriores presidentes, se tenha adotado modelos e padrões não só norte-americanos, mas também germânicos, britânicos, franceses, ou dos mais apegados às tradições lusitanas.

No entanto, para um sertanejo pernambucano de origem proletária – lamentam os mais refinados intelectuais – não há escola literária ou movimento de belas-artes que combine. Afinal, o que combinaria com os padrões culturais brasileiros?

Talvez responda Zé Celso Martinez Correa, que recente lançou abaixo assinado por um terceiro mandato do Lula. Zé Celso provavelmente terá justificado numa apresentação de espetáculo, um grito de “Parabéns, Presidente!”

Aliás, dois! Por si e pelo Augusto Boal, que há pouco saiu de cena, mas sempre assumiu o palco para apoiar abertamente ao Lula.

Boal do Teatro do Oprimido e Zé Celso do TBC, os mais revolucionários e criativos dramaturgos nacionais que influenciam tantos grupos e movimentos de todo o mundo, sobretudo na Europa, embora não sejam tão conspícuos quanto aos quais Lula se faz intragável boçal de tão incultamente sertanejo e proletariamente presidente.

Por mais que Gilberto Gil tenha berrado contra o conceito de que negro só poderia cantar samba, entende-se, nesse negócio de proletário trocar macacão de mecânico por paletó de presidente, absoluta falta de ética. Afinal, as máquinas não podem parar!

Só pra arrematar o assunto do teatro, antes de entrar na MPB, relembremos Máximo Gorki ao classificar a ética como propriedade pequeno-burguesa.


Qual a ética da fome? Será a de que todos são iguais perante Deus? Se for, então Jesus continuará aliado ao apóstolo Judas, como o foi até o desfecho da lenda bíblica! E, sobre aquele que repete a negação, assentará a pedra da propagação de idéias não corrompidas pelos fariseus que, atrás das togas da mentira, protegem os que, há décadas de nefasto reinado carlista, assoreiam e degradam 1850 m3/s de vazão do São Francisco, dos quais se captará 1,4%.

Míseros 1,4% de 1.850 m3 de água por segundo, que, atendendo 12 milhões de pessoas, obrigará o comprometimento de futuros governos pela revitalização do rio contra os interesses de mineradores, pecuaristas e agro-empresários a explorar a miséria dos interiores da Bahia. Não nas sedentas terras de Paraíba, Pernambuco, Ceará, onde não há nada além de Vidas Secas e sertões delirando em virar mar.

Fariseus de batina e fácil mentira que invertem todas as histórias de Judéia, Cariri e Cocorobó! Que ricos empreendedores são esses a serem beneficiados pela transposição de água para onde só há miséria e fome? Se houvessem grandes agronegócios, pra que transposição? A que terras pastoreiam esses prelados de tão limitadas paróquias?

É Deus ou é o Diabo na Terra do Sol?

Já entre as 906 mil famílias de sertanejos do Nordeste e de outras regiões, os quais estão retornando aos seus rincões, trazidos pelo Programa Luz para Todos, por certo existirão aquelas que, ao ligar a bomba do poço para aguar a lavoura ou dar de beber à criação, mandarão lá um “Parabéns, Presidente!”

Mas a pergunta ainda persiste: o que combina com os padrões culturais de um proletário do ABC? O que sabe ele da luta comunista? Quantas vezes leu Marx? Comunista é quem defende o proletariado e o proletário que se mantenha no papel de proletário, pois as máquinas não podem parar!

Certo que alguns comunistas como Oscar Niemeyer haverão de dar parabéns ao "companheiro Presidente!”. Mas Niemeyer está com mais de 100 anos, e nessa idade se combina com qualquer coisa. Afora isso, qual outra expressão intelectual, outra manifestação de inteligência, outra arte ou cultura combinará com o matuto?

Para a irmã da saudosa Nara Leão, não há nada mais ridículo do que o Presidente brasileiro e esposa comemorarem festas juninas vestidos de caipira! Sem dúvida, discípula do ex-presidente que xingava todos os brasileiros de caipira, Danuza também não combina com Lula, que melhor se afinaria com a doce Nara cantando os amargores do povo: “podem me prender, podem me bater, que eu não mudo de opinião”.

Nara não cantaria “Parabéns, Presidente” no mesmo estilo sensual da Marylin, mas tinha joelhos lindos e quando surgiu ao lado do Chico Buarque foi outra de minhas paixões. Do Chico não fiquei com ciúme. Como diz o Ruy Fernando Barbosa, não dá pra ter ciúmes do Chico Buarque, pois que, se mulheres fóssemos, também iríamos querer namorá-lo.

Na verdade, não sei se o Chico namorou a Nara (e, se não o fez, aí sim me dá raiva), mas evidente que mandou seu “Parabéns, Presidente” ao velho amigo de pelada.

Ainda assim, além da Danuza muita gente preferiria que o casal da Granja do Torto festejasse o Halloween, a Ação de Graças, ou coisa parecida. Mas, mesmo quando Lula tenta comemorar outras culturas que também compõe o universo brasileiro, se dá mal. Como quando tentou saudar: “Prost!”, levantando uma caneca de chopp na Oktoberfest da germânica Blumenau.

Larry Rother, o jornalista que se esforçou para denegrir o Brasil pelo New York Times usando a foto do brinde com caneca de chopp na festa do chopp, virou herói para os inconformados com o sertanejo. Como sou experiente em dores de cotovelo, entendi o despeito do Larry em razão do alcoolismo do texano Bush. Mas é a aversão de certos brasileiros, essa repulsa compulsiva ao Lula, que me faz compreender os norte-americanos como muito mais normais do eu pensava.

Fico imaginando, se o Obama conseguir tirar os Estados Unidos da situação em que está, como Lula nos tirou da situação em que estávamos em 2002, quais os motivos daqueles que ainda rejeitarão Obama como aqui alguns rejeitam Lula? É verdade que são apenas 20% ou nem isso, mas os sucessos destes sete anos de governo são tão significativos que preocupa. Teremos tantos maníaco-depressivos assim? Tantos complexados? Tamanha dificuldade de auto-estima?

Tom Jobim diria que acabei de usar a palavra-chave: sucesso. Como dizia o Maestro, no Brasil o sucesso do outro é sempre uma ofensa pessoal. Será isso? Se for, que fazer? Não há como impedir o reconhecimento da imprensa e das mais respeitáveis instituições internacionais, nem de intelectuais e estadistas de todas as linhas e ideologias, mais à esquerda ou à direita, desta ou daquela escola, que dão parabéns ao Presidente!

Sem discordar totalmente do Maestro Soberano, deduzo haver no caso do Lula séria agravante. Acontece que, por mais que admiremos e nos aprofundemos na refinada cultura européia, não passamos de seu verniz, não a adentramos além da película da forma. Não descobrimos num Plínio Marcos, por exemplo, o que um Sartre ou uma de Beauvoir encontraram num Jean Genet.

Será que nos falta suficiente humanismo para entender a importância de crianças na escola? Do controle preventivo de saúde que reduziu a mortalidade infantil? O que nos falta, para tanto condenarmos o programa Bolsa Família como demagogia eleitoreira?

Cheguei imaginar que seria mera mesquinharia, mas depois do jornal O Estado de São Paulo noticiar um ganho tributário de 70% acima dos benefícios pagos e que entre 2005-2006 o investimento de R$ 1,8 bilhão na dita “esmola” promoveu crescimento adicional no PIB de R$ 43,1 bilhões, concluo que nem mesmo chega a ser mesquinha a aversão.

Ainda assim, não será de ninguém dos Mesquitas ou outros empedernidos anti-lulistas que se ouvirá algum cumprimento ao aniversariante, pois não se comoverão com o desfiliamento ao programa de cerca de 40 milhões de pessoas que ascenderam à condição de classe média. Desses, sim, Lula certamente receberá um “Parabéns, Presidente!”, mas minha bela e ingênua Marilyn deveria ter percebido melhor os corações dos homens que ansiaram sua pele sem perceber suas pérolas.

Hoje, eu mesmo posso reconhecer que minha adolescente paixão também era onanista, tanto quanto o racismo ao negro Obama ou os preconceitos ao sertanejo proletário. Mas ainda não sei explicar ou evitar a solidão que levou Marilyn Monroe à overdose de barbitúricos. Talvez alguém, entre os tantos milhões desses países do absurdo, um dia conseguia ver as pérolas além da pele sob os vestidos de apaixonantes Marylins loiras, negras ou morenas.

Raul Longo
pousopoesia@ig.com.br
pousopoesia@gmail.com
www.sambaqui.com.br/pousodapoesia
Ponta do Sambaqui, 2886
Floripa/SC

Raul Longo, jornalista, escritor e pousadeiro, é colaborador desta nossa Agência Assaz Atroz

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domingo, 25 de outubro de 2009

FHC e os tocadores de trombone


O SENADOR PASTEL

Laerte Braga

À primeira vista pode parecer Eduardo Suplicy e seus cartões, cuecas, suas intermináveis e chatíssimas explicações sobre o movimento de rotação e suas diferenças com o movimento de translação.

Não é não. É Eduardo Azeredo, senador do PSDB de Minas Gerais. O dito está no fio da navalha. O ministro Joaquim Barbosa do STF cobrou do presidente da STF DANATAS INCORPORATION LTD, Gilmar Mendes, a colocação em pauta da denúncia contra Azeredo. O senador é o inventor do “mensalão”. Ele e o ex-deputado atual prefeito da cidade mineira de Juiz de Fora Custódio Matos.

Há meses a papelada rola para lá, rola para cá, mas fica no mesmo lugar.

É fácil explicar. Quando surgiram as denúncias e provas que Azeredo usou um esquema montado por Marcus Valério para colher dinheiro (tucano é fogo, colhe, pois planta em privatizações, concessões, etc) e tentar reeleger-se governador de Minas, o senador tratou de avisar a FHC que, se algo lhe acontecesse de ruim, iria jogar toda a sujeira tucana no ventilador.

FHC, cínico e falso “como nota de três reais”, expressão de Itamar Franco, chamou Gilmar ou mandou emissário, um trem qualquer, e deu a ordem. Nada de ruim pode acontecer a Azeredo, do contrário “estamos todos lascados”.

Gilmar cumpriu à risca, aquele negócio de sobrestar a denúncia contra Azeredo. Como vai resolver a confusão agora, já que o ministro Joaquim Barbosa estranhou a demora, não sei, é outra história. Mas isso soa como resposta às declarações do funcionário da STF DANTAS INCORPORATION LTD sobre as viagens de Lula e Dilma país afora, na inauguração de obras do PAC.

Azeredo foi eleito vice-prefeito de Belo Horizonte em 1988, na chapa de Pimenta da Veiga. Pimenta renunciou um ano e meio após a eleição para disputar o governo do Estado e foi derrotado por Hélio Garcia. Azeredo virou prefeito até o final de 1992. Em 1994 foi eleito governador de Minas por absoluta falta de opção do eleitorado.

Três candidatos disputavam o governo. O atual vice-presidente José Alencar, o ministro das Comunicações Hélio Costa e Azeredo. Por algo menor que um por cento Hélio Costa não levou as eleições no primeiro turno. Perdeu-as para Azeredo.

O hoje senador nunca foi levado a sério no mundo do tucanato. Prefeito por circunstâncias imprevistas, a renúncia de Pimenta da Veiga (ou previstas e fracassadas), virou candidato a governador quando se achava que ninguém conseguiria derrotar Hélio Costa. Uma espécie de vai lá, disputa e pronto. E vice-prefeito de Pimenta da Veiga nas alianças de oligarquias familiares de Minas. Eduardo Azeredo é filho de Renato Azeredo (o pai tinha caráter), um dos principais colaboradores de JK e depois de Tancredo. Pimenta da Veiga é filho de João Pimenta da Veiga, deputado estadual por vários mandatos e cacique do antigo PSD.

Em 1998 quem andou no fio da navalha foi FHC. O presidente tratou de comprar um segundo mandato. Uma espécie de liberou geral no Congresso Nacional. Leilão assim de concessões de rádio, tevê, dinheiro vivo, tudo sob a coordenação de Sérgio Motta (ministro das Comunicações à época) e ACM, então figura maior do conjunto de máfias do Congresso.

Comprados os deputados e senadores e “aprovada” a reeleição, FHC enfrentou o desafio de Itamar Franco. O ex-presidente lançou-se como pré-candidato e foi à convenção do seu partido à época, PMDB. Perdeu na fraude e na compra de votos dos convencionais. Segundo um deles, fato amplamente noticiado pela imprensa na ocasião, naquele dia não havia uma garota de programa disponível, estavam todas atendendo aos convencionais do PMDB. Junto com a tropa de choque tucana para qualquer eventualidade.

A candidatura Itamar colocava em risco a reeleição de FHC.

O ex-presidente decidiu então ser candidato ao governo de Minas e mandou um recado claro a FHC. Qualquer problema e eu boto a boca no trombone. O outro candidato era Azeredo, que disputava a reeleição.

FHC pouco apareceu em Minas e no segundo turno das eleições para o governo daquele estado, perguntado sobre seu candidato, respondeu que “os mineiros é que decidem quem devem governar Minas”. Só que, na mesma entrevista, havia defendido, minutos antes, o voto em candidatos tucanos em outros estados. Quer dizer, rabo preso, sentou em cima e jogou Azeredo às feras.

Itamar foi eleito governador do estado. Naquele ano outra figura mostrou seu verdadeiro caráter, embora não tenha sido, ainda, totalmente desmistificado. O senador Christovam Buarque de Holanda. Candidato à reeleição ao governo de Brasília, foi derrotado no segundo turno por Joaquim Roriz. Buarque apoiou tucanos explicitamente e recebeu o apoio também explícito do ministro da Fazenda de FHC, Pedro Malan.

Sem mandato Azeredo esperou as eleições de 2002 e candidatou-se ao Senado, eram duas vagas em disputa. Uma para ele, outra para Hélio Costa. Sem o trio que dizia para ele onde estava o óculos, onde assinar (sua mulher, Maresguia – vice-governador – e Roberto Brant – renunciou ao mandato de deputado para não ser cassado por corrupção –), cumpre mandato melancólico.

É uma espécie de depósito de projetos e serviços sujos. É dele o projeto que eliminava a perspectiva do voto impresso na urna eletrônica como forma de garantia da integridade do processo, já que as suspeitas de vulnerabilidade eram e são visíveis a olho nu. Apresentou-o atendendo a Nelson Jobim, então presidente do STF, líder tucano no Judiciário (ele próprio se definiu assim, mesmo sendo do PMDB).

É dele a ação para bloquear a aprovação do acordo que permite o ingresso da Venezuela no antigo MERCOSUL. Quer dizer, parece dele, mas é apenas laranja de outros interesses, como no caso do voto impresso.

Ao tomar conhecimento da reclamação do ministro Joaquim Barbosa, o senador já mandou avisar a FHC que ou o ex-presidente segura o trem com Gilmar Mendes, trata de arrumar um jeito de ser arquivada a denúncia, ou então vai colocar a boca no trombone.

Sem votos em Minas, não vai ser candidato à reeleição. Já cumpriu o papel que lhe cabia cumprir, vai para o almoxarifado dos inúteis, deve virar deputado federal.

O que vai acontecer a ele e ao prefeito de Juiz de Fora, Custódio Matos, seu parceiro nas extorsões do mensalão não sei. Sei, por exemplo, que Juiz de Fora está sendo loteada entre aqueles que contribuíram para a campanha e eleição do empregado de Azeredo, com ganhos significativos para os gerentes do “negócio”. Um dos mentores virou inclusive conselheiro do Tribunal de Contas do estado. O ex-deputado Sebastião Helvécio.

Azeredo é uma pálida demonstração da genética tucana. Mas é o tal negócio, se abrir a boca coloca os grandes cromossomos tucanos num buraco sem tamanho, pois o esquema ali é bravo, e chega a ser inimaginável tentar imaginar do que é capaz um tucano para chegar ao poder. E do que é capaz um tucano no poder.

Como Gilmar vai se sair dessa não sei, mas tenho um palpite que sai. O mundo institucional é exatamente uma aliança entre os representantes (auto presumidos) de Deus e os conhecidos do diabo.

Um paraíso fajuto onde só lucram figuras como essas. Um pastel de vento padrão Eduardo Azeredo. Agora que FHC está se mexendo para não correr riscos, isso está. É mais ou menos como se Azeredo tivesse espalhado papéis contando a história para todos os lados e o intocável do esquema FIESP/DASLU, com conexões na Fundação Ford, bota conexões nisso, estivesse, nesse momento, imprensado contra a parede. Mas sai.

VEJA está atrás de “provas” que possam deixar Azeredo em situações constrangedoras

É o jogo sórdido e um pastel de vento como o senador pode colocar por terra todo o esquema pacientemente montado para retomar a chave do cofre em 2010 e passar a escritura do Brasil para Brazil S/A.

O diabo é que as “provas” de VEJA podem respingar em FHC e em posições ridículas e ressuscitar Pimenta da Veiga num baita constrangimento.

Seria o caso, não é, pois pagamos as contas, de dizer eles que são grandes, eles que se entendam.

O jornalista Laerte Braga é colaborador direto desta nossa Agência Assaz Atroz

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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Prefeitos mentem sobre recursos dos municípios e tentam desacreditar o governo Lula

Entrevista com o ativista político Paulo Bomfim, advogado e funcionário público federal

Redução do FPM: verdade ou mentira?

Prefeitos reclamam da redução dos valores do Fundo de Participação do Municípios (FPM), mas silenciam sobre os valores dos demais recursos destinados aos municípios. Acompanhe a entrevista do ativista político alagoano Paulo Bomfim ao informativo do Fórum de Controle de Contas Públicas de Alagoas. O entrevistado desvenda a questão da “redução” do FPM e esclarece as dúvidas a respeito das arrecadações municipais.

A prefeitura de São Sebastião (AL), entre tantas outras do Estado, bem como a Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), continua a enganar a população são-sebastiãoense. Apenas informa, exibindo alguns percentuais, que o valor do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) diminuiu.

O Fórum de Controle de Contas Públicas em Alagoas (FCOP-AL) fez uma pesquisa e constatou a mentira, diz José Paulo do Bomfim, um dos Coordenadores do Fórum. Bomfim chama a atenção para o fato de a prefeitura não explicar à população o porquê da redução em percentual do FPM. “Convenientemente, os prefeitos não citam os valores do FPM e silenciam totalmente sobre os montantes dos demais recursos que chegam ao município, por intermédio dos governos Nacional e Estadual ou que a própria prefeitura arrecada no município”. Bomfim diz ainda que os prefeitos que fazem “greve” ou fecham a prefeitura ou simplesmente paralisam as políticas públicas estão cometendo improbidade administrativa e diversos crimes. Afirma que o prefeito que pratica tal ação só não é punido pela omissão do Ministério Público Estadual em cada comarca e do próprio Poder Judiciário alagoano.

Buscando alertar a sociedade em geral e “até as pessoas aliadas política ou apenas eleitoralmente” de prefeitos, bem como parte da imprensa, o Informativo entrevistou Paulo Bomfim.

Na entrevista ele cita valores do FPM e outros recursos que cada município movimenta, bem como informa as causas da redução do FPM. Provoca, dizendo que “o FPM realmente diminuiu, mas os demais recursos aumentaram e, portanto, o conjunto da arrecadação aumentou e muito”. Ele ainda adverte para o “estranho” silêncio de partidos políticos, vereadores e dos diversos tipos de entidades de cada município. “Parece que está todo mundo conivente ou cooptado pelos prefeitos”, arremata Bomfim.

A entrevista foi realizada na data em que muitos prefeitos realizaram passeata em Maribondo, município do Agreste alagoano, onde “o FPM diminuiu, sim, mas as transferências federais e estaduais aumentaram”, segundo o entrevistado.

Informativo – Os prefeitos dizem na mídia que o FPM diminuiu. Aparentemente muita gente discorda dessas notícias, mas há um quase completo silêncio das entidades a respeito desse fato. Por quê?

Paulo Bomfim – Os prefeitos são pessoas poderosas. Usam o dinheiro municipal para silenciar parte da imprensa e lideranças de vários segmentos. São propagandas, ajudas, fraudes, alianças políticas, superfaturamentos etc. Há também a “cordialidade” brasileira que não nos permite discordar. Desde que do outro lado esteja alguém poderoso, é claro! Há ainda o fator alianças eleitorais. A participação de diversos partidos no mesmo palanque ou administração impede que o real debate seja feito e a população esclarecida. Como resultado desses ajuntamentos eleitorais até os partidos de esquerda ficam mudos. O próprio PT só em alguns municípios, como em São Sebastião, repudia publicamente as falas dos prefeitos. Falas que tem a nítida intenção de, isto sim, prejudicar a possível candidatura de Dilma Rousseff à Presidência ou mesmo o exercício do mandato do Presidente Lula. O ano eleitoral foi, sutilmente, antecipado pelos prefeitos que, “naturalmente”, mentem. Aliás, o PPS, em Delmiro Gouveia e, se não me engano, em Penedo, desmentiu publicamente os respectivos prefeitos.

Informativo – Mas... O FPM realmente diminuiu? Se sim, por quê?

Paulo Bomfim – Diminuiu! Só que existem muitos outros recursos municipais. A causa da redução do valor do FPM é a crise da financeirização implementada pelo neoliberalismo, que a maioria dos prefeitos apóia. A causa não é o Governo Lula, como os prefeitos dizem. Apenas os prefeitos não admitem que o neoliberalismo que tanto apóiam resultou em fracasso. O montante do FPM é formado pela soma das arrecadações do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto sobre a Renda (IR). Com o objetivo de combater os efeitos da crise financeira e manter parte dos empregos, o Governo Lula reduziu a alíquota do IPI de veículos e nenhum prefeito reclamou disso ou pediu a volta da anterior alíquota. Por quê? Porque são eles que são grandes consumidores de veículos novos. Muitos desses veículos são comprados após a posse na Prefeitura, inclusive. Existem fortes indícios de roubo de muito dinheiro nas prefeituras para compra de carros. Lula reduziu também o IPI de eletrodomésticos, a chamada “linha branca”, e ninguém reclamou. Atendendo a antiga reivindicação da sociedade civil, o Governo Nacional ampliou de duas para quatro as faixas de isenção e incidência do IR. Com isso, mais pessoas deixaram de pagar o IR ou teve o valor do mesmo reduzido, em razão de ter mudado de faixa de incidência e ninguém reclamou. Até porque os senhores prefeitos e familiares são fortes beneficiados. Com essa redução da arrecadação, o montante do FPM realmente diminuiu, mas a choradeira dos prefeitos tem um objetivo não confessado. Vem aí um ano eleitoral etc.

Informativo – Dá para citar valores de algum município?

Paulo Bomfim – Dá! Vou citar o município de São Sebastião, onde resido e faço militâncias político-partidária e político-cidadã. Há aumento constante de dinheiros. Em 2005, São Sebastião teve uma receita de R$21.163.063,67; em 2006, R$29.983.903.43; em 2007, R$37.248.121,34 e em 2008, R$47.515.093,00. O FPM de cada exercício foi de R$6.965.572,45, em 2005; R$7.738.127,55, em 2006; R$8.684.903,83, em 2007 e R$10.693.448,65, em 2008. Sem esforço algum, percebe-se que o FPM representa apenas uma pequena parcela da arrecadação total. Porque o Prefeito não informa isso à população? Para tirar a dúvida é só comparar o aumento dos valores das transferências federais e estaduais no período de janeiro-junho de 2008: R$15.603.794,77 e no mesmo período de 2009: R$17.910.192,51, apesar da redução do FPM: R$5.148.968,10, em 2008 e de R$4.891.531,55, em 2009. No entanto, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) repassado pelo Estado foi de R$826.718, 18, em 2008 e de R$890.771,27, em 2009, no mencionado período. Essa situação de aumento do conjunto de recursos ocorreu em todos os municípios pesquisados pelo Fórum.

Informativo – Têm também os recursos próprios? Quanto somou?

Paulo Bomfim – Tem! São as receitas tributárias, que são impostos, taxas e contribuições. Além delas existem as receitas patrimoniais, agropecuárias, industrial, de serviços, de capital e outras receitas correntes. Nos anos 2005 a 2008, a soma dessas receitas foi respectivamente: R$703.758,31, R$1.036.899,41, R$1.546.821,05 e R$1.885.627,01. Aqui também houve aumento! Nesses tempos em que o Prefeito, dizendo que houve a redução do FPM, tenta dar a entender que todos os recursos diminuíram, a arrecadação própria também aumentou: R$1.169.285,09, em 2008 e de R$1.394.728,48, em 2009. A choradeira advém das tentativas de, eleitoralmente, denegrir a imagem do PT e até de encobrir a própria incompetência gestacional. Por que o Prefeito não mostra a prestação de contas à população? Ao contrário, sequer cumpre o artigo 49 da Lei de Responsabilidade Fiscal, cometendo, no mínimo, improbidade administrativa. Se o Ministério Público agisse... Cassaria sim!

Informativo – Por que o Prefeito não cita os valores do FPM, bem como de outros recursos municipais?

Paulo Bomfim – Para que a população não saiba que existe muito dinheiro. Citando apenas o FPM também dá a entender que não existem outros dinheiros. Com isso tenta fazer com que a população não reivindique os seus direitos sociais. Não cobre mais e melhores políticas públicas etc.; promove o desinteresse em fazer o controle social e, assim, possibilitar os desvios de recursos ou de finalidade. Até os aliados políticos, ou só mesmo eleitorais, são enganados. O Fórum sempre recebe esse tipo de reclamação ou envergonhas indagações, que procuram saber os valores da arrecadação ou de cada tributo ou de outro tipo de receita.

Informativo – Por que os vereadores não divulgam os valores, se são eles que os aprova e, depois, julgam a prestação de contas?

Paulo Bomfim – Ora, não dá para se iludir! A Câmara Municipal está cometendo desvios, falcatruas variadas etc. Ela fica com parte dessa dinheirama e não quer sequer dizer os salários de cada vereador. Com as exceções de costume, os nossos vereadores e vereadora perderam a credibilidade da população são-sebastiãoense. A Câmara não cumpre com suas finalidades institucionais, como fiscalizar, por exemplo. Algo chocante!

Informativo – Onde conferir e localizar os valores citados?

Paulo Bomfim – Eles estão espalhados na internet, em diversos sítios. Um deles é o portaldatransparencia.gov.br. Outro é o portaldatransparenciaruthcardoso.al.gov.br. No entanto, os documentos principais para alguém saber os valores e como os mesmos são gastos são a lei orçamentária anual (LOA), os balancetes e o balanço. Estes documentos devem ficar o ano todo à disposição de qualquer pessoa interessada. Devem estar na Secretária Municipal de Finanças e na Câmara Municipal. Qualquer dificuldade em obter uma cópia deles é denunciar ao Ministério Público ou à mídia. Nesses documentos estão os valores exatos da arrecadação de São Sebastião, inclusive a arrecadação do extraorçamentária e os gastos.

Informativo – Os valores citados representam muito dinheiro. Como fazer para que ele seja bem gastos?

Paulo Bomfim – Fiscalizar! Fazer controle social. Aliás, efetivar o controle social é a discussão do momento. Ontem acabei de chegar de Brasília, onde participei do “I Seminário Nacional de Controle Social”, cujo lema foi “A sociedade no acompanhamento da gestão pública”. De Alagoas foram oito pessoas. Representavam este Fórum, a “ONGUE” de Olho em São Sebastião, o Instituto Sílvio Viana e o Conselho Estadual de Saúde, Em 9 de dezembro a sociedade civil fará uma forte manifestação em Brasília e atividades em cada Estado, com o objetivo de combater a corrupção. E quanta corrupção existe em São Sebastião... Quanto superfaturamento e fraude. Mais informações sobre combate à corrupção e à impunidade no sítio http://abracci.ning.com/.

Informativo – No caso de São Sebastião, esses desvios são a razão do Prefeito dizer que o Município está quebrado?

Paulo Bomfim – Há muitos anos, o roubo do dinheiro público em São Sebastião é grande. E conta com a participação da Câmara Municipal, que, além de também desviar recursos, não fiscaliza. Em São Sebastião as mentiras ditas pelos prefeitos, inclusive na Igreja, são conhecidas há muito pela população. Essa história de o prefeito Zé Pacheco dizer que o Município está quebrado é apenas mais uma grande mentira. Por que será que ele esconde a prestação de contas? Por que será que a Câmara Municipal não quer transmitir as sessões? Por que não fazem o orçamento participativo, como determinam o artigo 48 da Lei de Responsabilidade Fiscal e o Estatuto da Cidade? Na verdade, o Prefeito e a Câmara praticam improbidades e crimes. Essa é uma das razões da grande violência em São Sebastião e da falta de combate à mesma. Eles não vão querer ser e ficar presos.

Informativo – Se durante essas más administrações, alguém for prejudicado... Morrer, por exemplo?

Paulo Bomfim – Se pode pedir uma indenização, por intermédio do Poder Judiciário. Agora a pessoa prejudicada ou os familiares deve pedir a indenização da pessoa do Prefeito ou até dos vereadores e não da pessoa jurídica do Município. Pedir do “viúvo” é sempre muito fácil... Todos nós pagamos. Até quem também foi prejudicado, pois o dinheiro sai do “bolo” municipal. Por isso é importante que a indenização seja pedida da pessoa física do Prefeito ou até dos vereadores ou até deles conjuntamente, a depender de cada situação. Assim, eles seriam punidos pela irresponsabilidade que praticam, no descumprimento das leis, em especial, das leis orçamentárias..

Informativo – Essa situação pode ser estendida para todos os municípios alagoanos?

Paulo Bomfim – Sim. Sem dúvida! A população e as lideranças que realmente sejam comprometidas precisam se mobilizar e denunciar a irresponsabilidade. O problema é que a maioria sofre calada.

Informativo – Bem... Este informativo agradece a entrevista.

Paulo Bomfim – Obrigado, digo eu. Ressalto que estou sempre à disposição para efetivar esse debate. Com ele, informando-se os valores que o Município arrecada e fazendo o controle social, contribui-se para melhorar a qualidade de vida daqui. Concluo convocando a população para deixar o medo ou a vergonha de lado e exigir do nosso Prefeito Zé Pacheco e de nossos vereadores e vereadora melhor bem-estar social.

Entrevista extraída do Blog do Sérgio Campos

http://sergioscampos.blogspot.com/2009/10/reducao-do-fpm-verdade-ou-mentira.html


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PressAA

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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

REDD - o novo sistema de combate a incêndios florestais (?!)

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Fernando Soares Campos

Os países imperialistas e colonialistas fazem de tudo para demonstrar que estão preocupados com a preservação da selva amazônica. Denunciam o desmatamento “indiscriminado” da floresta, protestam contra as queimadas para criar áreas de pastagem, reclamam da caça, pesca e extrativismos predatórios e acusam os governos da região de serem condescendentes em relação aos responsáveis por essas atividades “criminosas”.

Os interesses de países estrangeiros pela Amazônia são vários e, em alguns aspectos, conflitantes entre si, porém a mais evidente de suas intenções é evitar que os povos amazônicos assumam de fato, de direito e de uma vez por todas, a posse e controle daquela região.

Somente na Amazônia brasileira, milhares de ONGs estrangeiras e nacionais financiadas por entidades estrangeiras atuam em nome de uma suposta defesa do meio ambiente e dos direitos dos povos indígenas. Porém muitas dessas entidades com placa de “santa filantropia” na fachada escondem seus verdadeiros interesses: biopirataria, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, de armas e de pessoas para trabalho escravo e prostituição. A espionagem, visando a preparação do terreno para futura invasão militar, também é um dos objetivos de algumas dessas entidades, tudo camuflado pela suposta preocupação dos países ricos com a preservação da floresta amazônica.

As potências econômicas, industriais e bélicas temem que os governos das nações que detêm fatias do território amazônico aprendam definitivamente a lidar com a complexidade dos problemas advindos das necessidades de uma sociedade moderna, os quais invariavelmente se confrontam com a exploração da biodiversidade e a preservação dos ecossistemas naturais. Ao contrário do que pregam, os países ricos e abastados receiam mesmo é que os povos da floresta mostrem ao mundo que, há milênios, aplicam conscientemente os princípios da sustentabilidade. Quem nunca se preocupou com esses princípios foram os governos que por aqui passaram.

Algumas ONGs “filantrópicas” se instalam na Amazônia exatamente com o objetivo observar e aprender com os caboclos, os colonos autóctones e os índios. Estes, sim, são os verdadeiros experts em floresta tropical. Mas a presunção dos ricos e “cultos” faz com que eles “patenteiem” a fórmula de uma economia sustentável e venham aqui impor seus métodos de lidar com o meio ambiente.

Nesse contexto, o Brasil se transforma no principal alvo da rica comunidade internacional, que parece erguer a bandeira da defesa do meio ambiente em todo o mundo. A julgar pela maneira como tratam a questão, não tardará o dia em que o império estadunidense virá a declarar a Amazônia como seu legítimo protetorado.

Ou alguém pensa que as bases que estão instalando ao redor da maior floresta tropical do Planeta serviriam apenas para combater o narcotráfico, ou golpear a Venezuela de Hugo Chávez?

O big stick é bem mais grosso do que podemos imaginar.

Primeiro criaram a balela de que a Amazônia seria “o pulmão do mundo”. Teoria já desacreditada. Mas o fizeram exatamente para disseminar o conceito de que a floresta amazônica seria “patrimônio da humanidade”. Até aí morreu Neves, pois a Natureza é, em si, legítimo patrimônio da humanidade. A Natureza, em todas as suas formas e manifestações, com tudo o que nela houver ou dela provir, pertence ao ser humano, claro. O resto é apropriação indébita.

Claro que, do ponto de vista da Natureza, a Amazônia é patrimônio da humanidade. Assim como os Andes, o Deserto do Saara, o Ártico, a Antártida, os mares, os oceanos, toda a fauna e flora, as reservas minerais e até o produto da intelectualidade humana. Porém o que querem sugerir com “Amazônia, patrimônio da humanidade” é a internacionalização daquela imensa reserva florestal. Parece que só nesse item (Amazônia) o capitalismo expressa ares de socialismo, pois “patrimônio” é palavra chave dos princípios capitalistas. Cercas, muros e fronteiras delimitam propriedades em todo o mundo. Propriedades privadas ou administradas pelos estados.

A Amazônia é patrimônio da nação brasileira, tanto quanto o Alaska passou a ser patrimônio dos Estados Unidos, depois de ter sido adquirido da Rússia por um punhado de dólares.

Planeta Frankenstein

A Amazônia seria o “pulmão”, a África, bem sabemos, tem sido tratada como o “ânus”, a Europa deve ser o “pênis”; o Oriente Médio, o “sangue”; a América Central, uma “pequena artéria”; mais ao sul estaria a “barriga”, que, por questões dietéticas, deve ser mantida quase vazia; e assim vão identificando a anatomia do Planeta. E os países imperialistas e colonialistas se consideram o “cérebro”, claro!

Mas é um cérebro estúpido, pois durante séculos acreditou que poderia sobreviver sem preservar a saúde e o bem-estar do resto do corpo. Um cérebro que só se lembra dos demais órgãos vitais quando eles estão atrofiados ou definhando, prestes a sofrer um colapso.

Acontece que as doenças podem atacar qualquer desses órgãos, e o cérebro não está imune ao câncer, por exemplo.

Esse cérebro estúpido, acondicionado numa caixa craniana conhecida como poder de fogo, tem um rosto chamado american way of life, que já sofreu inúmeras cirurgias plásticas, mas agora as pelancas estão despencando.

Esse cérebro sofreu um derrame, provocado pelo entupimento de algumas de suas artérias. Precisou de tratamento emergencial, foi para a UTI. Claro que não poderia ter sido levado sozinho.

Sabe aquela coisa de morte cerebral, quando os demais órgãos podem ser mantidos em funcionamento, mas que aparentemente o cérebro pifou? Pois é o que deveriam decretar nesse caso: “O cérebro do mundo parou de funcionar! Vamos aproveitar os demais órgãos!”.

Bom, nessas horas sempre aparecem uns economistas metidos a médico. Daqueles que, baseados na nomenclatura anatômica acima descrita, chega a sugerir: “Irriga Oriente Médio na Europa, a vazão produzirá uma ereção instantânea, aí é só introduzi-la na África!”.

Também tem aquele médico fumante que chega baforando seu marlboro, ausculta o paciente, dá uma tragada, analisa as radiografias dos pulmões, dá outra tragada, diz que o paciente está precisando respirar melhor, traga novamente e parte para fazer respiração boca a boca com o moribundo.

Minha terra tem fumaça
Onde voa o sabiá
Os gases que aqui poluem
Não poluem como lá


Nesta nossa viagem do nada a lugar nenhum do Universo, a bordo do planeta Terra, os países considerados upper first class reclamam dos gases expelidos pelos passageiros da classe econômica.

Pelo visto, a flatulência dos pobres fede muito mais que a dos ricos.

Dizem que o desmatamento das florestas é o responsável direto por aproximadamente 20% das emissões de gases que provocam o efeito estufa em todo o Planeta. Mas onde li isso não há informação de quanto o Brasil contribui para esse percentual. Os 20% referem-se ao desmatamento global.

Precisei de outra fonte. Fui buscar. Encontrei uma que informa: “O pesquisador do Instituto Vitae Civilis, Délcio Rodrigues, afirmou que o Brasil é o sexto maior emissor mundial de gases de efeito estufa [?!]. Segundo ele, o desmatamento é responsável por 75% da emissão de gases poluentes no Brasil”. E outra que diz o seguinte: “Segundo o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, este importante passo a ser tomado [o anúncio, pelo governo brasileiro, de que o nosso país reduzirá o desmatamento em 80% até o ano 2020] vai contribuir significativamente para a redução do efeito estufa, já que o desmatamento no Brasil é responsável pela emissão de mais de 20% dos gases poluentes jogados na atmosfera do país”.

Aparentemente, os percentuais aí expostos são extremamente discordantes. Um fala em 75%, enquanto o outro diz ser de apenas 20%. Acontece que eles estão tratando a questão por diferentes ângulos. O primeiro refere-se ao que produzimos em termos de gases poluentes, o segundo trata da nossa cota de gases poluentes hoje existentes na atmosfera, apesar de se expressar com “jogados na atmosfera do país”.

Para falar em “atmosfera do país” e “atmosfera do Planeta”, nesse caso específico de poluição, como se estivesse falando de coisas distintas, precisa ser bastante claro. Afinal, a atmosfera é do planeta Terra, do globo terrestre.

O pesquisador brasileiro disse que, do total de gases poluentes que o Brasil lança na atmosfera, 75% é proveniente do desmatamento ocorrido no nosso país. Enquanto o primeiro-ministro sueco referiu-se à nossa contribuição tomando por base o total de gases poluentes que o “desmatamento global” produz. Pelas minhas contas, ambos estão corretos. Quer dizer, corretos matematicamente, o que um diz é confirmado pelo outro. Não sei se eles expressam a verdade sobre o que realmente ocorre.

Vamos pegar uma quantidade específica de gases poluentes na atmosfera. Por exemplo, uma tonelada. Dessa quantidade, pelo que nos informam, 200 kg teriam origem nas questões relacionadas com os desmatamentos em geral. O Brasil teria contribuído com 20%; portanto, com 40 toneladas. Os demais países desmatadores, com 160.

Resta ainda analisar a origem dos 800 kg restantes.

Baseado nos dados fornecidos pelo pesquisador brasileiro e pelo primeiro-ministro sueco, no período em que o Brasil produzisse 40 kg de gases poluentes atribuídos às questões do desmatamento florestal, o que corresponderia a 75% da nossa capacidade total de poluição da atmosfera, produziria, no mesmo período, apenas 13,3 kg (os 25% restantes) através de todas as outras nossas fontes poluidoras. Quer dizer, a cada 1.000 kg de gases poluentes na atmosfera terrestre, o Brasil se responsabilizaria por 53,3 kg, ou 5,33%. É com essa taxa que o Brasil aparece como sexto maior emissor de gases de efeito estufa.

Isolando as emissões por questões relacionadas com o desmatamento (na verdade, fala-se em “mau uso do solo”), o Brasil seria responsável por 1,33% dos gases poluentes na atmosfera do Planeta, emissões atribuídas às indústrias, à queima de combustíveis por veículos automotores e outras menos significativas. Em relação a estas fontes poluidoras, somente os Estados Unidos assumem a responsabilidade por cerca de 24% da emissão total de gases de efeito estufa.

As pesquisas disponíveis sobre a emissão de gás carbônico (CO2), o mais expressivo em termos de poluição atmosférica, são antigas, não se encontra praticamente nada atualizado, somente os estudos feitos no final dos anos 1990. Parece que, enquanto os pólos se derretem com o aquecimento global, congelaram as informações sobre a responsabilidade dos países poluidores. Pelo menos para o grande público, congelaram. Pode ser que tenham novas pesquisas que indiquem que os países ricos aumentaram suas cotas de sujeira na atmosfera. Mas não interessa a eles divulgar isso. O que interessa mesmo é criminalizar os "países em desenvolvimento". E, na medida do possível, congelar os seus desenvolvimentos.

Vejamos um gráfico antigo, representando pesquisas feitas no final dos anos 1990, mas que ainda hoje é utilizado pelos defensores do meio ambiente como prova de que somos um dos maiores vilões da poluição do Planeta:



Os colunões vermelhos da América do Norte, Europa e Ásia, representando a emissão de CO2 por processos industriais, fazem aquele toquinho (um traço) vermelho da América do Sul se tornar praticamente insignificante nessa história que teria como consequência o aquecimento global atribuído ao efeito estufa provocado pelos gases concentrados na atmosfera (uma relação contestada e até desmentida por alguns cientistas).

Mas aí pintaram aquela coluna azul e esticaram a nossa responsabilidade até acabar a tinta, pois precisavam de pretexto para nos inserir como um dos principais responsáveis pelo aquecimento da Terra e suas graves consequências. Atribuem a esse fator o aumento da incidência de ciclones, tufões, furacões e até tsunamis, em todo o mundo. Um prato cheio para os "defensores" da integridade da Amazônia. Coluna azul! E haja tinta azul!

Sim, o desmatamento existe, claro! Mas eles ainda conseguem outro feito: diminuir a criminalidade do desmatamento produzido sistematicamente por motosserras e tratores, transferindo a questão quase que exclusivamente para as queimadas, pois estas tornam mais evidente a poluição. Dizem que num só dia os satélites localizam milhares de focos de incêndios criminosos no Brasil. Em noites de festa junina devem ser milhões; pois, com a tecnologia avançada dessas máquinas espaciais, os satélites localizam até vagalume e ponta de cigarro.

Acontece que motosserras, tratores e engenharia de desmatamento para exploração de madeira são produtos de povos tidos como de civilizações avançadas, enquanto as queimadas podem ser atribuídas ao homem rústico, aos ignorantes. Tudo mentira. O chamado homem rústico explora a mata desde o surgimento da humanidade e sempre o fez com parcimônia. Quem vai pra cima da floresta com muito apetite e sem medida é o homem tido como civilizado e culto. Na verdade, um ser brutalizado pela ganância.

REDD - Reduce Emissions for Deforestation and Degradation -, ou Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação.

Esse negócio de REDD funciona mais ou menos assim: os países ricos prometem um prêmio àqueles que mantiverem suas matas e florestas intocáveis durante 60 anos, recebendo uma compensação financeira durante esse período.

Com isso eles aparentemente pretendem reduzir o desmatamento.

Continuariam borrifando a atmosfera com seus gases venenosos e provocando chuva ácida, mas o desmatamento seria "estancado".

Mentira.

Jamais eles deixariam de explorar madeira nobre, e a grande fatia do bolo de prêmio iria exatamente para eles mesmos, pois muitas empresas estrangeiras já possuem grandes extensões de terra na Amazônia. Os pequenos proprietários receberiam esmolas. No final das contas, os países ricos alcançariam o principal objetivo: evitar a ocupação da nossa Amazônia por aqueles que realmente sabem lidar com ela, os povos da selva.


É por isso que apoio as entidades que subscrevem a Carta de Belém.

Carta de Belém

Somos organizações e movimentos sócio-ambientais, trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar e camponesa, agroextrativistas, quilombolas, organizações de mulheres, organizações populares urbanas, pescadores, estudantes, povos e comunidades tradicionais e povos originários que compartilham a luta contra o desmatamento e por justiça ambiental na Amazônia e no Brasil. Reunimos-nos no seminário "Clima e Floresta - REDD e mecanismos de mercado como solução para a Amazônia?", realizado em Belém em 02 e 03 de outubro de 2009, para analisarmos as propostas em curso de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD) para a região à luz de nossas experiências sobre as políticas e programas implementados na região nas últimas décadas. Nesta Carta vimos a público manifestar nossa reivindicação que o governo brasileiro rejeite a utilização do REDD como mecanismo de mercado de carbono e que o mesmo não seja aceito como compensação às emissões dos países do Norte.

Rechaçamos os mecanismos de mercado como instrumentos para reduzir as emissões de carbono, baseados na firme certeza que o mercado não é o espaço capaz de assumir a responsabilidade sobre a vida no planeta. A Conferência das Partes (COP) e seus desdobramentos mostraram que os governos não estão dispostos a assumir compromissos públicos consistentes, transferem a responsabilidade prática de cumprimentos de metas, além do que notoriamente insuficientes, à iniciativa privada. Isso faz com que, enquanto os investimentos públicos e o controle sobre o cumprimento de metas patinem, legitima-se a expansão de mercado mundial de CO2, que aparece como uma nova forma de investimento de capital financeiro e de sobrevida a um modelo de produção e de consumo falido.

As propostas de REDD em debate não diferenciam florestas nativas de monoculturas extensivas de árvores, e permitem aos atores econômicos - que historicamente destruíram os ecossistemas e expulsaram as populações que vivem neles - encontrarem nos mecanismos de valorização da floresta em pé maneiras de continuar com e fortalecer seu poder econômico e político em detrimento dessas populações. Além disso, corremos o risco que os países industrializados não reduzam drasticamente suas emissões pela queima de combustíveis fósseis e mantenham um modelo de produção e de consumo insustentáveis. Precisamos de acordos que obriguem os países do Norte a reconhecerem a sua dívida climática e a se comprometerem com a reparação da mesma.

Para o Brasil, as negociações internacionais sobre clima não podem estar focadas no debate sobre REDD e outros mecanismos de mercado e sim na transição para um novo modelo de produção, distribuição e consumo, baseado na agroecologia, na economia solidária e numa matriz energética diversificada e descentralizada, que garantam a segurança e soberania alimentar.

O desafio central para o enfrentamento do desmatamento na Amazônia e em outros biomas do país é a solução dos graves problemas fundiários, que estão na raiz dos conflitos sócio-ambientais. O desmatamento - resultante do avanço das monoculturas, das políticas que favorecem o agronegócio e um modelo de desenvolvimento voltado à exploração predatória e exportação de recursos naturais - só será evitado com a resolução da questão fundiária, a partir de uma Reforma Agrária e de um reordenamento territorial em bases sustentáveis, e do reconhecimento jurídico dos territórios dos povos e comunidades tradicionais e povos originários.

Temos outra visão de território, desenvolvimento e economia, que estamos construindo ao longo do tempo, articulando o uso sustentável da floresta e o livre uso da biodiversidade. Faz-se necessário um conjunto de políticas públicas que permitam o reconhecimento e valorização dessas práticas tradicionais, baseadas na convivência entre produção e preservação ambiental.

Nos comprometemos a seguir lutando a partir destas premissas, e para que todo e qualquer mecanismo de redução do desmatamento esteja inserido em uma visão abrangente de políticas públicas e fundos públicos e voluntários que viabilizem nossos direitos e a vida na Amazônia e no planeta.

Assinam:

Amigos da Terra - Brasil
ANA - Articulação Nacional de Agroecologia
Associação Agroecológica Tijupá
APACC - Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes
APA-TO - Alternativas para a Pequena Agricultura do Tocantins
CEAPAC - Centro de Apoio a Projetos de Ação Comunitária
CEDENPA - Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará
COFRUTA - Cooperativa dos Fruticultores de Abaetetuba
Coletivo Jovem Pará
Comissão Quilombola de Sapê do Norte - Espírito Santo
CONTAG - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
CUT - Central Única dos Trabalhadores
FASE - Solidariedade e Educação
FAOC - Fórum da Amazônia Ocidental
FAOR - Fórum da Amazônia Oriental
FEAB - Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil
FETAGRI - Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará
FETRAF - Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil
FMAP - Fórum Mulheres Amazônia Paraense
FORMAD - Fórum Mato-Grossense pelo Desenvolvimento e Meio Ambiente
Fórum BR 163
Fórum Carajás
FUNDO DEMA
GIAS - Grupo de Intercâmbio em Agricultura Sustentável do Mato Grosso
GMB - Grupo de Mulheres Brasileiras
IAMAS - Instituto Amazônia Solidária e Sustentável
Instituto Terrazul
MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens
Malungu - Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará MAMEP - Movimento e Articulação de Mulheres do Estado do Pará
MMM - Marcha Mundial das Mulheres
MMNEPA - Movimento de Mulheres do Nordeste Paraense
MMTA-CC - Movimento das Mulheres Trabalhadoras de Altamira Campo e Cidade
Movimento Xingu Vivo para Sempre
MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
RBJA - Rede Brasileira de Justiça Ambiental
Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais
REBRIP - Rede Brasileira pela Integração dos Povos
RECID - Rede de Educação Cidadã
Rede Cerrado
Rede Alerta contra o Deserto Verde
Reserva Extrativista Marinha Araí-Peroba
Reserva Extrativista Marinha Mãe Grande de Curuçá
Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns
SDDH - Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos
STTR - Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais - Abaetetuba
STTR - Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais - Cametá
STTR - Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais - Lucas do Rio Verde - Mato Grosso STTR - Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais - Santarém
Terra de Direitos
UNIPOP - Universidade Popular
Via Campesina Brasil

Belém, 02 e 03 de outubro de 2009


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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Cine Assaz Atroz: "Jarbas Vasconcelos já foi um homem..."



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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A HISTÓRIA NÃO PODE SER IGNORADA

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Reflexões do companheiro Fidel

O passado primeiro de outubro foi comemorado o 60º Aniversário da República Popular a China.

Aquele histórico dia de 1949, Mao Zedong, como líder do Partido Comunista de China, presidiu na Praça de Tiananmen o primeiro desfile do Exército Popular e do povo da China. Os soldados vitoriosos carregaram as armas arrebatadas em combate aos invasores, oligarcas e traidores a sua pátria.

Ao concluir a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos, uma das potências que menos perdas materiais sofreu na guerra, monopolizava a arma nuclear, mais de 80% do ouro do mundo e desfrutava de um considerável desenvolvimento industrial e agrícola.A Revolução vitoriosa num imenso país como a China, no ano 1949 alimentou a esperança de grande número de países colonizados, muitos dos quais não levariam muito tempo em livrar-se do jugo imposto.

Lenine tinha previsto a fase imperialista do capitalismo desenvolvido e o papel que corresponderia na história do mundo para a luta dos países colonizados. A vitória da Revolução Chinesa confirmava aquela previsão.

A República Popular da Coréia foi criada no ano 1948. Na primeira comemoração da vitória chinesa estavam presentes os representantes da URSS que ofereceram mais de 20 milhões de vidas na batalha contra o fascismo; os da República Popular da Coréia que tinha sido ocupada pelo Japão, e os combatentes vietnamitas que, após de lutar contra os japonês, encaravam heroicamente a tentativa francesa de colonizar novamente o Vietnã com o apoio dos Estados Unidos.

Ninguém tinha imaginado então que a menos de quatro anos depois daquela memorável data, sem qualquer outro vínculo que o das idéias, na longínqua Cuba aconteceria o ataque ao Quartel Moncada, em 26 de Julho de 1953 e apenas nove anos depois da liberação da China triunfaria a Revolução cubana a 90 milhas da metrópole imperialista.

É ao lumiar destes acontecimentos que observei com particular interesse a comemoração do 60º Aniversário da Revolução chinesa. É conhecida nossa amizade com aquele país de milenária cultura, a mais antiga das civilizações conhecidas pelo homem.

No século XIX, dezenas dos milhares de cidadãos chineses foram enviados ao nosso país como semi-escravos, enganados pelos comerciantes ingleses. Muitos deles se juntaram ao Exército Libertador e lutaram pela nossa independência. Os nossos vínculos com a China partem, no entanto, das idéias Marxistas que inspiraram à Revolução Cubana e foram capazes de atravessar as difíceis provas da divisão entre os dois grandes Estados socialistas, que tanto dano causou ao movimento revolucionário mundial.

Nos difíceis dias do desaparecimento da URSS, tanto a China, quanto o Viet Vietnã, Laos e a Coréia mantiveram suas relações fraternais e de solidariedade com Cuba. Foram os únicos quatro países que junto a Cuba mantiveram em alto as bandeiras do socialismo nos dias escuros em que os Estados Unidos, a NATO, o Fundo Monetário e o Banco Mundial, impunham o neoliberalismo e o saqueio do mundo.

A história não pode ser ignorada. Apesar da enorme contribuição do povo da China e a estratégia política e militar de Mao na luta contra o fascismo japonês, os Estados Unidos ignoraram e isolaram o governo do país mais habitado do planeta e o privaram do direito a participar no Conselho de Segurança das Nações Unidas; interpuseram sua esquadra para impedir a libertação de Taiwan, uma ilha que pertence à China; apoiaram e forneceram os restos de um exército cujo chefe tinha traído todos os acordos subscritos na luta contra os invasores japoneses, no decurso da Segunda Guerra Mundial. Taiwan recebeu e ainda recebe o mais moderno armamento da indústria bélica norte-americana.

Os Estados Unidos não só privaram a China de seus legítimos direitos: intervieram no conflito interno da Coréia, enviaram suas forças, que, à frente de uma coligação militar, avançaram desafiantes para as vizinhanças dos pontos vitais daquele grande país, e ameaçaram empregar armas nucleares contra a China cujo povo tanto contribuiu para derrota do Japão.

O Partido e o povo heróico da China não hesitaram perante as grosseiras ameaças. Centenas de milhares de combatentes voluntários chineses, em enérgico contra-ataque, fizeram recuar as forças ianques até os limites atuais de ambas as Coréias. Centenas de milhares de corajosos combatentes internacionalistas chineses e um número semelhante de patriotas coreanos tombaram ou foram feridos naquela sangrenta guerra. Mais tarde o império ianque matou milhões de vietnamitas.

Em 1º de outubro de 1949, ao proclamar-se a República Popular, a China não possuía armas nucleares nem a avançada tecnologia militar de que hoje dispõe e com as quais não ameaça a nenhum outro país.

O que diria agora o Ocidente? A grande imprensa dos Estados Unidos foi, em geral, hostil. Os principais órgãos escritos intitulavam seus editoriais com frases como: "… pouco interesse pela ideologia", "… um espetáculo de poder", “China comunista celebra os 60 anos com Espetáculo Militar."

Porém, não foi possível ignorar a luta. Através de todos os meios foi reiterada a idéia de que era uma demonstração de poder. As notícias foram centralizadas essencialmente nas imagens do desfile militar.

Não esconderam a admiração deles pela ampla divulgação do desfile que a televisão chinesa ofereceu à opinião pública internacional.

Não passou inadvertido, senão mais bem foi motivo de surpresa o fato de que a China apresentara 52 novos tipos de armamentos, entre eles a última geração de carros de combate, veículos anfíbios, radares, aviões de exploração equipamentos sofisticados de comunicação.

Os meios da imprensa destacavam a presença de mísseis intercontinentais DF-31, capazes de bater com ogivas nucleares alvos localizados a 10 mil quilômetros de distância, bem como os mísseis de meio alcance e as defesas antimísseis.

Os 151 aviões de caça, os bombardeiros pesados, meios modernos de observação aérea e helicópteros surpreenderam os ávidos caçadores de notícias e os técnicos militares. “O exército chinês tem agora a maioria das armas sofisticadas que fazem parte dos arsenais dos países ocidentais”, foi uma declaração do Ministro da Defesa chinês que a imprensa ocidental salientou.

Os 500 veículos blindados e os carros alegóricos civis que desfilaram perante o mausoléu causaram um profundo impacto.

A avançada tecnologia era uma prova irrefutável da capacidade militar desenvolvida, que há alguns decênios partiu de zero. O insuperável era o fator humano. Nenhum país ocidental desenvolvido poderia conseguir o nível de precisão e de organização mostrado pela China nesse dia. Com certo desprezo falou-se de oficiais e soldados marchando a 115 passos de ganso por minuto.

As diferentes forças que desfilaram lá, homens ou mulheres, o fizeram com porte e elegância insuperáveis. Qualquer pessoa poderia negar-se a acreditar que milhares de seres humanos fossem capazes de conseguir uma organização tão perfeita. Tanto os que marchavam a pé quanto os que desfilavam em seus veículos desfilaram frente à tribuna e cumprimentavam com precisão, ordem e marcialidade difíceis de atingir.

Se essas qualidades pareciam ser resultado da disciplina militar e do rigor das práticas, mais de 150 mil cidadãos da enorme colméia humana de civis, homens e mulheres jovens em sua esmagadora maioria, surpreenderam por sua capacidade de atingir maciçamente o nível de organização e de aperfeiçoamento conseguido por seus compatriotas armados.

O início da comemoração, e o cumprimento das tropas realizado pelo Chefe de Estado e Secretário Geral do Partido Comunista, foi uma cerimônia impressionante. Foi possível observar uma enorme identificação entre a direção e o povo.

O discurso de Hu Jintao foi breve e preciso. Em apenas menos de 10 minutos exprimiu muitas idéias. Esse dia ultrapassou Barack Obama na capacidade de síntese. Quando fala representa a quase cinco vezes mais população do que o Presidente dos Estados Unidos. Não tem que fechar centros de tortura, não está em guerra com nenhum outro Estado, não envia seus soldados a mais de 10 mil quilômetros de distância para intervir e matar com sofisticados meios de guerra, não tem centenas de bases militares em outros países, nem poderosas frotas que navegam por todos os oceanos; não deve milhões de milhões de dólares e em meio a duma colossal crise financeira internacional oferece ao mundo a cooperação de um país cuja economia não está em recessão e cresce a elevados ritmos.

Idéias essenciais transmitidas pelo Presidente da China:

“No dia de hoje, há sessenta anos, após mais de cem anos de batalhas sangrentas travadas desde o início da história contemporânea, o povo chinês conseguiu, finalmente, a grande vitória da revolução chinesa, e o presidente Mao Zedong proclamou aqui mesmo, perante o mundo, a fundação da República Popular da China, o que permitiu ao povo chinês pôr-se em pé desde então e que a nação chinesa, que tem uma história de civilização de mais de 5 000 anos, entrasse numa nova era de desenvolvimento e de progresso.”

“O desenvolvimento e o progresso conseguidos nos sessenta anos da Nova China mostraram plenamente que apenas o socialismo pode salvar China e que só a reforma e a abertura podem permitir o desenvolvimento da China, do socialismo e do marxismo. O povo chinês tem confiança e capacidade para construir bem seu país e realizar suas devidas contribuições ao mundo.”

“Aderimo-nos firmemente aos princípios da reunificação pacífica...”

“...continuaremos trabalhando, junto aos diversos povos do mundo, para estimular a nobre causa da paz, do desenvolvimento da humanidade e da construção de um mundo harmônico baseado na paz duradoura e na prosperidade comum.”

“A história indica-nos que o caminho do avanço nunca é plano, mas que um povo unido que toma o destino nas próprias mãos vencerá, sem nenhuma dúvida, todas as dificuldades, criando continuamente grandes epopéias históricas.”

São respostas lapidárias à política belicista e ameaçadora do Império.

Fidel Castro Ruz
Agência Cubana de Notícias
http://www.cubanoticias.ain.cu/
ainportugues@ain.cu



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terça-feira, 13 de outubro de 2009

Tarantino medíocre tenta imitar Tarantino genial

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André Lux, jornalista, crítico-spam, como ele se auto-intitula, costuma escrever, ou nos repassar, textos que enfocam questões relacionadas com as causas populares, destacando, quase sempre, os embates provocados pelos choques de interesse entre aqueles que trabalham e os que preferem explorar o trabalho alheio; os que fazem dos organismos políticos instrumentos de cidadania e os que transformam a política em instrumento de opressão e meio de manutenção dos seus privilégios. André Lux é, portanto, um desses cidadãos que a gente torce para que se multipliquem por este Brasil e mundo afora.

Mas estávamos sentindo falta de seus abalizados comentários sobre cinema, uma de suas paixões. Hoje, porém, fomos brindados com mais uma de suas análises sobre produção cinematográfica.

A equipe Assaz Atroz e os nossos leitores agradecem.

Fernando Soares Campos
Editor-Assaz-Atroz-Chefe

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"BASTARDOS INGLÓRIOS"
EXERCÍCIO DE ESTILO INTERMINÁVEL

O Filme tem duas ou três cenas engraçadas, mas é só. No final, não passa de uma chatice de um diretor que já perdeu a mão, não tem mais nada a dizer e limita-se a ficar namorando o próprio umbigo.

André Lux

Quentin Tarantino enfrenta a mesma sina de todos os ex-garotos prodígios de Róliudi. Depois de ter feito duas obras geniais (“Cães de Aluguel” e “Pulp Fiction”), começou a se repetir na tentativa de reinventar a roda novamente. Mas, assim como “Jackie Brown” e “Kill Bill”, esse seu último longa “Bastardos Inglórios” também não apresenta nada de novo para o seu currículo, tornando-se meramente um interminável exercício de estilo do cineasta.

Novamente citando inúmeras obras cinematográficas do passado e imitando descaradamente o estilo do diretor Sergio Leone, Tarantino perde um tempo incrível construindo longas sequências que terminam quase sempre de forma abrupta e sem graça. Ou seja, muito diferente do vigor inventivo e chocante de “Pulp Fiction”. Não sabe nem mesmo aproveitar os Bastardos Inglórios do título, um comando que caça e trucida nazistas. Até as cenas de violência, marca registrada do diretor, parecem forçadas e gratuitas.

Outro problema que ajuda a implodir o filme é a presença de Brad Pitt, um ator limitado e canastrão que só funciona raramente em papéis que exigem o mínimo dele. Aqui ele faz o comandante dos Bastardos Inglórios, um personagem totalmente caricato que só funcionaria nas mãos de um ator realmente bom. É só comparar Pitt com Christoph Waltz que faz o oficial alemão caçador de Judeus. O segundo dá um banho de interpretação num personagem igualmente caricato, enquanto Pitt só consegue parecer um bobo alegre.

Irrita também a mania de Tarantino de usar músicas de outros filmes, a maioria composta por Ennio Morricone. Por que o diretor simplesmente não contrata o veterano compositor, ainda na ativa, para criar uma trilha inédita para seu filme? Sem dizer que, para os conhecedores da música do cinema, a cena é destruída porque ficamos imediatamente tentando lembrar de qual filme é aquela música!

A trama de “Bastardos Inglórios” é pífia e toda a sequência final dentro do cinema é tola e não convence nem um pouco. O mesmo pode-se dizer da escolha final do vilão nazista, totalmente sem lógica depois de toda a construção feita em cima de seu personagem.

O filme tem duas ou três cenas engraçadas, algumas boas sacadas (como chamar um dos personagens de Antonio Margheriti, que é o nome verdadeiro do diretor do trash "Yor, O Caçador do Futuro"), mas é só. No final, não passa de uma chatice interminável de um diretor que já perdeu a mão, não tem mais nada a dizer e limita-se a ficar namorando o próprio umbigo. Termina inclusive com uma frase reveladora: “Acho que essa é sua obra prima”, diz um dos personagens direto para a câmera. Mas não é mesmo!

Cotação: * *

André Lux faz parte da equipe que assessora e divulga os trabalhos do deputado Pedro Bigardi (PCdoB-SP), administra o blog Tudo em Cima (http://tudo-em-cima.blogspot.com/) e troca frequente correspondência com esta nossa Agência Assaz Atroz

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