sábado, 12 de dezembro de 2009

O Brasil pode ser mediador da Paz, sim; mero pombo-correio, não!

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Fernando Soares Campos

Circula pela internet mensagem contendo a relação de centenas de instituições que trabalham a serviço da Central Intelligence Agency, a famigerada CIA, um dos mais importantes instrumentos de apoio logístico para os Estados Unidos perpetrar golpes de estado e manter o funcionamento da sua poderosa máquina de guerra em todo o mundo. Muitos desses tentáculos da CIA atuam diretamente instalados em território brasileiro e na América Latina em geral.

O império norte-americano se sustenta a custa do sangue que derrama mundo afora, seguido de pilhagem, estupro e todo tipo de violação dos direitos humanos. Suas declarações de guerra são fundamentadas em falsas acusações; geralmente contraditórias, pois costumam imputar ao inimigo a intenção de cometer os crimes que eles próprios cometem. Assaltam, saqueiam, prendem e arrebentam; desrespeitam os mais elementares direitos humanos, tudo em nome da “liberdade”, ou do que chamam de “democracia”.

A serviço do poderio militar, o império conta com o poder da propaganda disseminada pelos conglomerados empresariais que controlam os mais importantes sistemas e meios de comunicação disponíveis para a humanidade; inclui-se nessa categoria a indústria cinematográfica, aparentemente voltada para o entretenimento.

Além das mais recentes guerras deflagradas pelo governo Bush no Afeganistão e no Iraque, mantidas e até reforçadas pelo Nobel da Paz Barack Obama, pesam sobre as cabeças dos iranianos a ameaça de iminente investida do terror norte-americano. Na verdade, essa ameaça paira sobre todo o mundo, pois aqui mesmo entre nossos vizinhos a Venezuela tornou-se alvo da artilharia propagandista a serviço dos colonialistas à moda antiga.

A Coreia do Norte na lista negra do terror

Há muitos anos a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) está na mira do arsenal nuclear dos Estados Unidos, que inclui “5.400 ogivas nucleares armadas em mísseis balísticos intercontinentais em terra e mar; outras 1.750 bombas nucleares e mísseis cruzeiros prontos para serem lançados desde aviões B-2 e B-52; adicionalmente têm 1.670 armas nucleares classificadas como ‘táticas’. E, ainda, mais ou menos 10.000 ogivas nucleares em bunkers por todo o país como ‘contrapeso’ a qualquer surpresa” (jornal Hora do Povo, reproduzindo informação veiculada pela revista Newsweek).

Os EUA, que possuem o mais poderoso arsenal nuclear do Planeta, mantém cerca de 40 mil homens de prontidão em suas bases na Coreia do Sul, uma permanente ameaça à Coreia do Norte, um país com o qual assinou, há mais de 50 anos, apenas um provisório acordo de paz e se recusa a firmar a paz definitiva; paz esta que a RPDC há muito tempo emprega esforços para que se consolide.

A Coreia do Norte já apelou para nações amigas, como a China, a fim de que persuadissem os EUA a firmar a paz definitiva, assumindo compromissos de não mais apontar suas ameaçadoras ogivas nucleares, estocadas na Coreia do Sul e no Japão, em direção ao seu território e a deixassem seguir seu destino sob a bandeira dos seus ideais socialistas. Em vão.

Em 2005 a Coreia do Norte inaugurou embaixada no Brasil. O Brasil, por sua vez, criou embaixada na RPDC em julho deste ano.

Quando o embaixador brasileiro Arnaldo Carrilho dirigiu-se ao país asiático para assumir as suas funções diplomáticas, precisou ficar hospedado em Pequim durante algumas semanas, pois os EUA haviam criando um clima belicoso na Península Coreana.

Agora leio no Portal Vermelho nota revelando que os EUA tentam usar o Brasil “...em sua campanha de infâmias contra a RPDC”.

Diz Osvaldo Bertolino, autor da nota: “Em sua campanha de infâmias contra a República Popular Democrática da Coréia (RPDC), os Estados Unidos pediram que a embaixada do Brasil no país socialista sirva para melhorar a situação dos ‘direitos humanos’”. Segundo Osvaldo, o enviado especial dos EUA para os Assuntos de Direitos Humanos na RPDC, Robert King, teria dito: “Espero que a Embaixada do Brasil faça pressão em favor dos direitos humanos”.

O mais curioso nessa história é que o governo da Coreia do Norte poderia utilizar a mesma fala do diplomata norte-americano e empregá-la, literalmente, para expressar seu desejo de que a Embaixada brasileira no mais importante país capitalista do Planeta sirva para melhorar a situação dos direitos humanos em todo o mundo, não só nos EUA.

Ainda segundo a nota, o diplomata americano, recém nomeado para o cargo pelo governo do presidente americano, Barack Obama, acrescentou: “Desejo que possa haver um espaço para o diálogo e para tratar sobre questões de direitos humanos” .

http://www.vermelho.org.br/blogs/outroladodanoticia/?p=14071
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Através de e-mail distribuído pela Rede Castorphoto, o embaixador Arnaldo Carrilho respondeu:

"Não usam nem usarão. A mundividência brasileira sobre o assunto não aceita os dois pesos e duas medidas e se baseia no acatamento à Lei Humanitária Internacional, às normas de Direitos Humanos e às Convenções genebrinas. Nossa política é abstencionista, quando fatos não puderem ser comprovados, de maneira inequívoca e convincente. Disse-me-disses e ouvir-dizeres não se coadunam às posições que assumimos no CDH."

Uma raposa travestida de cordeiro pode até enganar por algum tempo, pois são animais cujas dimensões e formas corporais apresentam consideráveis semelhanças entre si, o que favorece a camuflagem; mas uma velha águia rapineira sempre terá mais dificuldade em se disfarçar de pomba da paz.

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Mensagem do embaixador Arnaldo Carrilho ao nosso Editor-Assaz-Atroz-Chefe, depois de ler este artigo, por nós a ele enviado:

"Estará, meu caro Fernando, inch`'Allah! Obrigado pela remessa do seu artigo e pela citação do que me vi na obrigação de declarar, ao deparar-me com a nota de imprensa divulgada.

O Brasil não instalou, ou melhor, continua instalando, sua Embaixada em Pionguiangue para ocupar-se apenas dos contenciosos onuseanos que envolvem a RPDC. É da natureza de uma Missão diplomática bilateral cuidar das relações do país representado com o país acreditante, nos diferentes campos da cooperação e dos intercâmbios.

Tal implica o despojamento de juízos de valor preconcebidos, inspiração em lugares-comuns e visões distorcidas, com base em estereótipos e preconceitos. A adoção de qualquer um desses quatro comportamentos só envenenam uma ação diplomática.

Um abraço do
Arnaldo Carrilho"


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PressAA

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