segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Catástrofe Anunciada: Vamos Impedir um Novo Pinheirinho

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NOTA: Estava preparando este texto, quando ouvi a notícia de que o senador Suplicy apresentou uma denúncia de que alguns dos invasores fardados tinham ABUSADO SEXUALMENTE de moradoras.

TEMOS OUTRO ARGUMENTO, PREVISTO NO ESTATUTO DE ROMA, PARA PROCESSAR COMO CRIMINOSOS OS MEMBROS DA CÚPULA POLÍTICA, POLICIAL E JUDICIAL DE SÃO PAULO, além dos executores.


Carlos A. Lungarzo*

Os militantes de Direitos Humanos e os movimentos sociais costumam reagir com energia após a ocorrência de uma catástrofe humanitária, como aconteceu no bárbaro ataque de Pinheirinho.

(Cuidado: não estou incluindo os órgãos oficiais muitas vezes criados justamente para embaçar a luta pelos direitos humanos.)

No entanto, parece que não possuímos a capacidade de prever as catástrofes e de evitá-las. Isto não é um problema apenas na América Latina. Ativistas e organizações corajosas de todo o mundo encontram dificuldades para impedir novas crises humanitárias.

Nesse sentido, estamos atrás dos pacifistas e dos ecologistas. Os pacifistas do Norte da Europa conseguem bloquear pacificamente as ruas por onde passam veículos de guerra, e muitas vezes tiram as armas dos soldados sem usar nenhuma forma de ataque, apenas fazendo pressão com o próprio corpo e usando as mãos desarmadas. É claro que em Suécia e Noruega os militares e policiais não abrem fogo sobre pessoas desarmadas.

Os ecologistas são muito valorosos. Greenpeace usa barcos rápidos para interceptar navios que caçam baleias. Em alguns desses episódios, os intrépidos ecologistas tiveram alguns militantes machucados e outros feridos, mas nunca houve mortos. Obviamente, em ambos os casos a resistência é desarmada.

Por que não existe uma disciplina deste tipo para os defensores de Direitos Humanos?

O assunto é importante porque o judiciário de São Paulo está anunciando uma nova “façanha”. Eles anunciam um novo DESPEJO DE MORADORES, agora na favela SAVOY, em Carapicuíba (Grande São Paulo).

Uma quantidade de 700 famílias com mais de 3.500 pessoas corre o risco de sofrer os mesmos dramas de Pinheirinho.

A expulsão foi programada para o 6 DE MARÇO, e os inquisidores togados se recusam a estender o prazo.

A defensora pública reconhece que a situação é muito difícil. Veja o texto da Folha de S. Paulo:

A Defensoria Pública informou que ainda não decidiu se irá recorrer da decisão. De acordo com a defensora Carolina Dalla Valle Bedicks, a preocupação é com as pessoas que não têm para onde ir, já que CARAPICUÍBA NÃO TEM ABRIGOS PÚBLICOS E OS DOIS ÚNICOS GINÁSIOS DA CIDADE NÃO TÊM CONDIÇÕES DE SEGURANÇA E HIGIENE PARA RECEBER OS MORADORES. (Vide)

Isto mostra que a situação pode ser PIOR que em Pinheirinho. O número de moradores é menor, mas a quantidade de vítimas pode ser muito maior. Sem lugar para onde ir, os despejados serão empilhados como lixo, e estarão sujeitos às atrocidades dos fardados, que, por seu permanente treinamento na violência, não podem evitar a síndrome da alta velocidade (termo usado por psiquiatras para referir-se à necessidade incontrolável dos algozes de fazer vítimas).

É necessário que a comunidade que hoje trabalha tão duramente para punir os carrascos de Pinheirinho e tem demostrado tanta coragem, se preparem agora para tentar impedir um novo linchamento massivo.

Faço uma convocação a todos os amigos vinculados com os movimentos sociais, direitos humanos, grupos progressistas, parlamentares e membros da classe política, jornalistas, sindicatos e militantes de bases de todas as organizações.

A área da favela é aproximadamente da área de 16 campos de futebol. Portanto, devemos reunir a maior quantidade possível de voluntários. Temos pouco tempo para o fazer.

Ajudemos SAVOY!

Minha proposta é formar um grupo de defesa disciplinado, que forme várias linhas de contenção ao ataque policial, caso ele aconteça.

Essa defesa deve ser pacífica, limitando-se a resistir à expulsão pelo método de revezamento nas filas. Os voluntários deverão estar identificados por quaisquer métodos que provem sua origem.

NÃO SE DEVE ACEITAR QUALQUER PROVOCAÇÃO DA POLICIA

Os recursos para evitar o afogamento por gases (que são recursos muito limitados) deverão ser discutidos antes do encontro.

Nos próximos dias, envidarei todos os esforços para convidar a mídia internacional mais objetiva, para que se registrem os eventuais abusos.

A consigna será que a polícia deve se retirar e o judiciário deve anular sine die a ordem de expulsão.

O problema da reintegração só poderá ser colocado novamente, quando o governo e a prefeitura mostrem que sua promessa de atribuir casas populares aos expulsos É SÉRIA.

Estamos a favor de negociações, MAS NÃO PODEMOS CONFIAR NELAS. Se nos retirarmos com base em promessas do judiciário ou do governo do Estado, seremos tapeados logo que abandonemos o local.

Os ataques da polícia são mais frequentes entre as 3:00 e as 6:00 horas, quando os moradores estão atacados pelo sonho e são presas mais fáceis. Também a essa hora é mais fácil difundir o pânico.

Meu próximo passo é tentar comprometer pessoas que sejam representantes do povo para presidir nossa linha de proteção.

Estarei enviando novas mensagens, e respondendo os que receba a partir do dia Segunda 06/02.

Abraços a todos.

Não posso dizer, como se dizia em outra época: “venceremos”. Digo apenas: “não poderão nos dobrar; se quiserem, deverão quebrar nossa espinha”.
NOTA PARA OS AMIGOS DE GUY FAWKES:

A expulsão foi pedida pela CONSTRUTORA SAVOY. Remember, remember...

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*Carlos Alberto Lungarzo foi professor titular da UNICAMP até aposentadoria e milita em Anistia Internacional (AI) desde há muitos anos. Fez parte de AI do México, da Argentina e do Brasil, até que esta seção foi desativada. Atualmente é membro da seção dos Estados Unidos (AIUSA). Sua nova matrícula na Organização é de número 2152711. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

Para se comunicar com o autor, escrever a carlos.lungarzo@gmail.com

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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

PressAA


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