Urariano Mota
(Extraído do romance Os Corações Futuristas, Editora Bagaço, 1999 )
A pequena ascensão para o cargo de
escriturário, que tornou possível a compra de uma bela camisa, não se fez sem
grandes embaraços. O primeiro deles foi manter o emprego. Carlos achava, nos
primeiros dias de escritório, que dele seria exigido somente trabalho. Sem medir
esforços, afastando de si qualquer reflexão de como era desproporcional o seu
talento para o que dele se esperava, atirou-se com fúria à máquina. Para
quê?
– Seu Carlos – disse-lhe a figura
única de chefe e patrão, tendo às mãos uma correspondência recém-batida. – Seu
Carlos, isso aqui tá muito feio: é uma cagada só.
– Pois não… – ia dizer “chefe”, mas
se conteve, para não deixar impressão de servil – …sim, o senhor quer que eu
mude o modelo?
– Que modelo? Eu tou falando disso
– e abanou o papel –, o senhor não consegue cagar mais bonito? Olhe o pedação de
branco que sobrou na carta.
– Ah, é a estética. Eu bato
outra.
– Se for igual não presta. Só me
mostre se prestar. E isso é pra ontem, ouviu? Pra ontem.
O chefe, apesar de baixo, ganhava
altura de lhe puxar as orelhas. Carlos recomeçava, querendo ser rápido. O diabo
eram os tipos da máquina. Eles se abraçavam, grudavam–se, agarrando-se no ar sem
atingir a impressão na fita. Carlos respirava fundo e procurava reproduzir, no
que se lembrava, de um dos Cem Modelos de Cartas Comerciais. As palavras, unidas
numa frente contra qualquer inteligência, vinham-lhe cheias, aglomeradas de
letras. Não era à-toa que elas, as letras, se grudavam promíscuas nos tipos da
máquina, no ar, e no ar do que nada expressavam: “prezado senhor, vossa
senhoria, nesta, conceituada firma, protestos de consideração, atenciosamente”.
E isso era o mesmo que “prxsnh, awtyz rtw”. Então Carlos rasgava a folha e
rebatia-a. Isso não era o difícil. Difícil era organizar a margem direita, e,
pior do que isso, distribuir a mancha, a nódoa do modelo na folha em branco. Daí
a merda que o chefe e patrão Romualdo lhe via.
Para azar de
Carlos, Romualdo era o que se podia chamar de um self-made-man. Ou seja,
um produto do laboratório da selva, uma síntese de falta de escrúpulos, sorte e
obsessão por crescimento na sociedade. Como todo homem que “veio de baixo”, e
não vem ao caso aqui zombar de sua crença de que chegou “em cima”, como todo
homem que ascendeu sem títulos universitários ou “perda de tempo com o rabo
sentado no estudo”, ele odiava os intelectuais, ainda que não os chamasse por
esse nome. Reunia-os todos num saco, sob a denominação genérica de “cambada de
doutores”.
Os seus
escriturários, coitados, não passavam todos, sem exceção, de puxa-sacos dos seus
escrotos, aspirantes que eram, com seus conhecimentos de bosta, a um futuro de
doutores de merda.
Quando lhes
perguntava, na entrevista, a esses passa-fomes de camisa engomada e enfiada no
cinto, se estudavam, e lhe respondiam que sim, ele retornava, com malícia e
propósito: para quê você estuda? E se lhe devolviam, vou fazer vestibular para
direito, ou para administração, ou para contabilidade, coitados, ele os
expulsava lisos e com fome para o olho da rua.
Ah, não lhe
viessem fazer sombra. “Querem ser burros de canudo às minhas custas. Puta que
pariu”, dizia à massa escura de operários da oficina. Mas se lhe respondiam, e
este foi o caso e acaso de Carlos, quando lhe respondiam com voz magoada,
pesarosa, e olhos do Cristo na cruz fitando o céu, “pai, por que me
abandonaste?”, quando lhe respondiam, como Carlos, “já estudei. Não posso mais
continuar meus estudos”, ah, para estes ele decretava: “Muito bem. Eu preciso de
meio-burros. Pode começar”. E isso vinha numa entonação, que só mais tarde
descobririam: “Tirem a roupa. Vou marcá-los. Eu lhes dou o privilégio de
experimentar o meu chicote”. Porque Romualdo era um homem prático. Sem entender
uma só Lei de Faraday, e virando o traseiro para isso, gabava-se de construir
caixas para subestações elétricas cujos desenhos os doutores apenas assinavam.
“Só têm teoria. Não sabem de nada”.
Foi esse
homem que Carlos começou a entender, à custa de muitos e desaforados e
insultuosos esporros. À medida que os recebia, e calava, e com esse silêncio via
a fera tomar atitudes que se assemelhavam a afabilidade, foi compreendendo que
só o trabalho, e a fúria no bater à máquina, e os modelos de correspondência na
memória, e a hora a mais, além do expediente, e o chegar mais cedo, não lhe
asseguravam o emprego.
Era preciso
mais. Era preciso ouvi-lo, com um ar de aprendiz, ainda que tal disfarce muito
lhe custasse.
O problema
não era tanto, e era também, mas não era o principal, o problema não era bem
dobrar a cerviz. “Há necessidade de um embate de surdos? Quantas vezes ouvimos o
que não concordamos? E como é que vou responder a quem me paga o salário? Só se
fosse louco”, Carlos se dizia, repetia-se, ainda que pílulas amargas Romualdo
lhe empurrasse goela abaixo. Esse não era bem o problema. O diabo era a figura
do patrão – repugnante. Pois Romualdo não passava de um sujeitinho a quem
em outras
circunstâncias Carlos não sopraria um cumprimento, sequer um
gesto. Do alto dos ombros potencialmente hercúleos Carlos não o veria. Passou
então, como defesa, a ouvi-lo balançando-lhe o queixo, enquanto por dentro
ria-se dele, comentava-o. “Vá, eletricista, vá, analfabeto, fale. Mostre-se puro
e total na sua brutalidade”.
– Me diga uma
coisa, – o chefe lhe dizia, ao fim do expediente, enquanto Carlos fingia não ver
que suas 8 horas já estavam findas. – Me diga uma coisa, você come carne?
– Sim, como.
Assim… O senhor conhece algum modo novo de se comer
carne?
– Eu não
como.
– Ah,
entendo. O senhor está doente?
– Eu? Quantos
anos você tem?
– Vinte e
um.
– Pois eu
tenho quarenta e cinco. Vamos ver quem tem mais saúde?
E antes que o
chefe o chamasse para uma quebra-de-braço, e ele se visse convocado a perder,
Carlos respondia, rápido:
– De maneira
nenhuma, acredito. Então o senhor não come carne… é
impressionante!
– Me diga uma
coisa: o boi come carne?
– Não, o boi
não come carne.
– Aí está.
Veja a saúde do boi. O boi não come carne. Entendeu?
– É
interessante. Eu nunca havia observado que o capim … não, eu nunca havia
observado a saúde por esse lado.
– Então …
veja a força do boi. – E depois de uma pausa: – Nenhum doutor ainda lhe tinha
dito isso, hem?
Carlos
assentia. “E eu sou louco?” Estava começando a ganhar a sua
camisa.
Carlos não
percebia ainda, como uma lei geral, que no trabalho não se vende só o esforço
físico. Ele não percebia que assim como existem na terra as categorias de
metalúrgicos, industriais, comerciários, bancários, banqueiros, no inferno ou no
céu também existem as categorias de almas de banqueiros, metalúrgicos,
comerciários e industriais.
Ele julgava,
como uma lei geral, que no domínio de um ofício era possível manter a cabeça
livre do espírito da gente desse ofício. Seria como se nos dedos que batiam
aquelas asneiras protocolares, no corpo que se assentava nove horas batendo
aquilo, nos ouvidos que digeriam os sons da oficina e o malho da voz do chefe,
seria como se em meio a tudo a alma e o gosto não sofressem impressão, pois
estariam resguardados de fé e concreto, bem ocultos.
Essa crença,
diga-se de passagem, cairia melhor em João, que acreditava na lenda de Spinoza
polindo lentes, enquanto pensava em latim Sobre o Melhoramento do Intelecto. Em
Carlos essa ilusão recebera a variante de uma astúcia ingênua, mas astúcia, que
era o conforto de se enganar, como o indivíduo cansado e com muito sono e que
tem uma tarefa inadiável para concluir antes de dormir, mas que se diz,
“descansarei apenas 5 minutos”. O indivíduo dorme a sono solto por 100 x 5
minutos, a pedido do corpo lasso.
O trabalho
que Carlos julgava ser um custo sem embate, adaptando-se fisicamente, por
habilidades que de tanto serem feitas tornar-se-iam obra de um autômato, alheio
à sua pessoa, somente deixando no trabalho o corpo, numa migração mecânica da
alma, não se fez conforme a sua esperançosa astúcia.
A alma
regressou ao corpo, de onde nunca se havia apartado, e se entranhou nos dedos, e
se fez carne, ou mais precisamente busca de carne, ao tempo em que ouvia
histórias de bois que não a comem, e por isso têm muita força e saúde.
O que ele não
via como uma lei geral, percebia-o, no seu caso particular, embora disso não
formasse conceito, porque lhe era pesaroso o nível de adaptação a que se via
forçado. “E eu sou louco?”, a pergunta, que se fazia, evoluiu sem rastros de
percurso para um “é claro que não sou louco”, até um “longe de mim a loucura”,
quando passou a ser convidado para almoços rápidos, de 15 minutos, na casa do
patrão Romualdo.
Ora, estava
escrito que passasse a elogiar, e até mesmo a gostar (e não vem ao caso
distinguir a fronteira entre o gosto verdadeiro, sentido, e o gosto por
agradecimento), a gostar e fazer comentários judiciosos sobre legumes, frutas e
verduras. Pois a fome é onívora.
Se lhe servem
um bife suculento, muito bom. Se lhe servem um arroz com salada, não é mau. É
até ótimo, quando a digestão se faz de volta no carro do chefe, uma sólida Rural
Willys. Vontade de cochilar lhe dava, cochilar e voar para longe, migrando, mas
o matraquear de Romualdo não lhe dava trégua. Ele, Romualdo, tinha a consciência
de que lhe pagara o almoço, não fosse agora o empregado, de rabo cheio,
negar-lhe a dívida.
– O povo não
gosta de trabalhar, viu, rapaz? Não querem trabalho não. Querem só, ó – e tirava
uma das mãos do volante, agitando os dedos na boca aberta. – Esta é que é a
verdade.
E Romualdo
voltava a mão ao volante, firme, sério, cônscio da solidez do seu patrimônio,
ele próprio se vendo forte como o granito. Contente e eterno. Carlos dirigia os
olhos para a paisagem, que corria, de meio-fio, sol e gente. “Deixa pra lá”,
pensava, “isso passa. Vamos ao que importa”. E o que importava? Vácuo como
resposta.
Arrotava o
arroz com ponche de laranja. O arroto lhe era desagradável, um desagradável que
era motor de empurrar mais os olhos para longe da janela estável da Rural. “Isso
passa. Vamos ao que interessa”.
Desciam. Era
emendar o segundo expediente sem descanso.
Ora, estava
escrito que a lua-de-mel, como toda lua-de-mel, não podia durar sempre.
A intimidade
doada pelo chefe teve a contrapartida da quebra do respeito, ousemos esta
palavra, respeito que ainda havia nos momentos do esporro. Antes, Carlos era um
estranho, um objeto, podia ser executado com frieza. Agora o chefe lhe conhecia
a fraqueza, tinha-o na mão como um devedor – pois não lhe pagava às vezes até a
janta? – media-o pela medida do seu almoço.
Ora, era o
diabo. Se Carlos houvesse tomado distância, já teria sido posto no olho da rua.
Como não se distanciara, e aí residia a fina lâmina do equilíbrio, para se dar
ao respeito em público, o que vale dizer, para evitar a descompostura com
testemunhas, deveria viver com o chefe em permanente salamaleque. “A paz esteja
contigo” deveria expressar em constante mesura. Ora ,
não se pode exigir de um jovem tamanha ciência. E de um jovem espiritualizado, o
que é um agravante, muito menos.
Um dos
problemas de um caráter espiritualizado é que ele se envolve no encanto das
formas. O que isso quer dizer: num edifício levantado, por exemplo, ele somente
vê o acabamento, o desenho no resultado final, erguido. Pior, para ele é um
choque descobrir lajes, e que uma planta do prédio pode ser reduzida a
retângulos e semicírculos.
Falando mais,
digamos, concreto: o jovem espiritualizado acredita em Talento, Generosidade ,
Amor, Decência, como fenômenos puros. O que vale dizer, fenômenos vistos no seu
exterior.
Para ele as
estrelas são luzes lácteas. Ora ora. Se ao descer da Rural, voltando do almoço
na casa de Romualdo, Carlos não encontrasse ante os seus olhos os olhos da massa
escura de operários, de macacão aberto, com o riso infame insinuado nos lábios
grossos, ah, teria sido mais fácil atingir posturas próximas ao salamaleque, mas
que não o seria, misturado que estava à tapinha, ao insulto recebido como uma
característica jocosa, típica, de um patrão camarada.
“O secretário
do chefe”, “meu chefe”, começou a ouvir da oficina, e isso estava longe de ser
um elogio. Tratavam-no como um rameiro, pelo menos na tradução que Carlos dava a
essas irônicas antonomásias. “Inveja, é natural que sintam inveja”, pensou a
princípio. “Eles acham que a minha posição é importante. Como não podem estar
aqui … ” E deu de ombros. Mas não se sentiu por isso liberado.
A possível
inveja acabou por constrangê-lo. E passou a ser cordato com Romualdo, quase
pedindo desculpas à massa. O que quer dizer: às cobranças arbitrárias do chefe
deu-se ao embaraço de fazer ponderações.
– Carlos,
venha cá.
– Pois
não…
– As guias de
recolhimento do INPS de três anos. Eu quero elas.
– Hum… veja
bem. Quando eu cheguei aqui, não me foi possível conceber a organização do
arquivo – e a ponderação de Carlos era assim, cerimoniosa – sem um exame prévio
das condições gerais…
– Conversa
mole, seu Carlos – o chefe o interrompe. – Quando o senhor chegou aqui não sabia
nem um A. Me passe as guias, ligeiro.
– Certo. Mas
veja bem. Não é totalmente justo que me seja imputado…
– E quem
chamou o senhor de puta? Vamos. O senhor sabe ou não sabe das
guias?
–
Sinceramente, de uns três anos para cá… O senhor tinha mesmo arquivo
disso?
Aquilo acabou
por queimar o pavio curto de Romualdo.
– Eu lhe pago
pra me servir. Era só o que faltava! – Levantou-se, e se dirigindo ao armário,
arrancou de lá, às braçadas, pilhas de papéis, que jogou para o chão. E varrendo
com as mãos as prateleiras, ia exclamando: – Tá uma zona! Virou
frege!
O chão ficou
atapetado de cartas, algumas modelares, outras não, e mais notas fiscais,
faturas, algumas presas por grampos, outras por clipes, e pastas, de guias
amareladas, outras não.
– Quero tudo
separado – o patrão lhe gritou – com cada boi no seu curral. Hoje, daqui a
pouco, até a minha volta do almoço.
E bateu a
porta, saindo. Carlos ficou como um gigante faminto, sem almoço, com a multidão
de papéis nos calcanhares. “Mártir quis ser, cuidei qu’eu era. E um louco fui,
nada mais”, eram os versos de que se lembrava. E se pôs humilde, franciscano,
paciente e cristãmente a organizar os papéis sobre o
birô.
Uma semana depois tinha camisa nova
e, num protesto mudo, um tumor estourado no pé direito.
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Urariano Motta* é natural de
Água Fria, subúrbio da zona norte do Recife. Escritor e jornalista, publicou
contos em Movimento, Opinião, Escrita, Ficção e outros periódicos de oposição à
ditadura. Atualmente, é colunista do Direto da Redação e
colaborador do Observatório da
Imprensa. As revistas Carta Capital, Fórum e Continente também já
veicularam seus textos. Autor de Soledad no Recife (Boitempo, 2009) sobre a
passagem da militante paraguaia Soledad Barret pelo Recife, em 1973, e Os
corações futuristas (Recife, Bagaço, 1999). Colabora com esta nossa
Agência Assaz Atroz.
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Leia também...
José Antonio Gutiérrez D., La Pluma.net, Espanha
Traduzido pelo pessoal da Vila
Vudu
José Antonio Gutiérrez D. |
Volta-se
a cogitar de conversações de paz, com o beneplácito de boa parte do
establishment, na agenda política Colômbia na. Uma trapalhada de Uribe
[Alvaro Uribe, ex-presidente], que revelou movimento do governo, de aproximação
às FARC-EP, em Cuba, quando tentava canalizar apoio para seu projeto
ultradireitista [1],
bastou para gerar corrente de opinião favorável à aproximação. E o tiro saiu-lhe
pela culatra.
Santos
[Juan Manuel Santos, presidente] frente à questão, mostrou-se hermético, mas a
rede TELESUR, hoje, deu a notícia de um milhão de dólares: as FARC-EP assinaram
o início de um acordo de paz com o governo da Colômbia [2]. Há grandes
expectativas, dado que há apenas poucos dias, Gabino [Nicolás Rodríguez
Bautista], principal comandante do Exército de Libertação Nacional (ELN),
declarara-se disposto a unir-se numa iniciativa de diálogo da qual participassem
as FARC-EP [3]. Pronunciamento de alta importância, uma vez que, dentre
outras lições do passado, já se sabe que não é possível negociar em paralelo com
as diferentes expressões do movimento guerrilheiro colombiano. No momento em que
escrevo essas notas, estamos à espera do pronunciamento oficial de Juan Manuel
Santos sobre a mesma questão.
A
aproximação não acontece gratuitamente, nem é efeito da boa vontade do
presidente da Colômbia: é óbvio que a tese do “fim do fim” não se sustenta e que
o Plano Colômbia já faz água. A guerrilha respondeu ao desafio imposto pelo
avanço do militarismo e um novo ciclo de lutas sociais ameaça fazer deteriorar a
situação política no médio prazo, a ponto que a oligarquia encontrará
dificuldades para controlá-la. O cenário político mostra-se às vezes
perigosamente volátil. Por outro lado, também nada há de surpreendente na
disposição dos guerrilheiros para aproximar-se da mesa de negociações: em
primeiro lugar, porque a guerrilha nunca deixou de propor, já há 30 anos, em
todos os tons possíveis, a solução política do conflito social e armado; e em
segundo lugar, porque a guerrilha, nos últimos anos, melhorou notavelmente sua
posição de força, não só militar, mas, sobretudo, no plano político.
Atenção
às falsas ilusões
Embora
a assinatura desse acordo seja desenvolvimento positivo, não podemos ser
excessivamente otimistas, nem, e menos ainda, triunfalistas, pensando que a
“paz”, por si só, representaria alguma espécie de triunfo para os setores
populares e suas demandas históricas, que, há mais de meio século, o Estado
bloqueia a sangue e fogo. É preciso ter plena consciência de que o caminho até
eventual processo de negociações é eivado de obstáculos, e que há diferenças
substanciais, de fundo, sobre o que esperar dessas negociações e sobre o que se
entende por “paz”, palavra que anda em tantas bocas. É preciso ter plena
consciência de que a oligarquia com a qual se está negociando é a mais
sanguinária do continente e que não pensa em negociar movida por alguma súbita
mudança de espírito.
(Clique no título e leia matéria completa)
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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons
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PressAA
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