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Para que servem as fraudes nas pesquisas eleitorais?
a) Estimular o voto "útil"
b) Dar suporte, "legitimidade", às fraudes nas urnas
Para analista, avanço de Marina favorecerá voto útil
Atualizado: 29/08/2014 21:13 |
Por ELIZABETH LOPES, estadao.com.br
A pesquisa Datafolha divulgada há pouco indica um crescimento da candidata do PSB, Marina Silva, que começa a se...
A pesquisa Datafolha divulgada há pouco indica um crescimento da candidata do PSB, Marina Silva, que começa a se cristalizar e extrapola a comoção provocada pela morte do ex-governador Eduardo Campos. Ela está tirando votos dos seus concorrentes, da presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, e do candidato do PSDB, senador Aécio Neves. O maior prejudicado pelos números divulgados hoje é o senador Aécio Neves.
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Urna Eletrônica
Professor acompanhou relato de hacker: ‘Fraude plausível, muito séria’
O professor Pedro Rezende (na mesa, último à direita), da UnB, foi um dos palestrantes do seminário O voto eletrônico é confiável?, realizado no Rio de Janeiro
por Conceição Lemes
Na última segunda-feira 10, o auditório da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Rio de Janeiro, ficou lotado para assistir ao seminário O voto eletrônico é confiável?
O ponto alto foi o relato de um jovem hacker de 19 anos, que revelou fraudes em resultados na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, na última eleição, em outubro de 2012. Identificado apenas como Rangel por questões de segurança, ele mostrou como — através de acesso ilegal e privilegiado à intranet da Justiça Eleitoral no Rio de Janeiro — teria modificado resultados, beneficiando candidatos em detrimento de outros, sem nada ser oficialmente detectado.
O Viomundo reproduziu, aqui, a denúncia publicada no portal do PDT, um dos promotores do seminário:
“A gente entra na rede da Justiça Eleitoral quando os resultados estão sendo transmitidos para a totalização e depois que 50% dos dados já foram transmitidos, atuamos. Modificamos resultados mesmo quando a totalização está prestes a ser fechada”, explicou Rangel, ao detalhar em linhas gerais como atuava para fraudar resultados.
A platéia, composta principalmente por especialistas em transmissão de dados, computação, internet, representantes de partidos políticos e autoridades policiais, ficou pasma.
Entre eles, o matemático e professor de Ciência da Computação Pedro Antônio Dourado de Rezende, da Universidade de Brasília (UnB). Foi um dos palestrantes do seminário. Há mais de dez anos ele que estuda as fragilidades do voto eletrônico no Brasil.
Viomundo – O senhor acompanhou o relato do Rangel?
Pedro Rezende – Sim, integralmente.
Viomundo — O que achou da fraude relatada?
Pedro Rezende -- Plausível, reveladora de muitos detalhes da fase de totalização, e muito séria. Pois é nessa fase do processo de votação que fraudes podem ocorrer de forma definitiva. Ao mesmo tempo, curiosamente, essa fase é sempre omitida nas avaliações externas e testes públicos de segurança, alardeados como garantias de lisura do processo de votação.
A Justiça Eleitoral sempre restringiu os testes e avaliações à urna eletrônica. E quando questionada sobre a segurança do processo de votação como um todo, ela desconversa. Sempre confunde o entendimento da questão com o da urna simplesmente.
Viomundo — O que o Rangel expôs é mesmo factível na prática?
Pedro Rezende — Sim, por motivos sobre os quais escreverei mais detalhadamente quando for publicado o vídeo do seminário. Por hora, em consideração à seriedade com que o Viomundo vem tratando a segurança do eleitor que quer eleições limpas no processo eleitoral, posso adiantar o seguinte.
Pedro Rezende — Sim, por motivos sobre os quais escreverei mais detalhadamente quando for publicado o vídeo do seminário. Por hora, em consideração à seriedade com que o Viomundo vem tratando a segurança do eleitor que quer eleições limpas no processo eleitoral, posso adiantar o seguinte.
A fraude descrita no seminário não tem nada a ver com a questão do TSE utilizar ou não criptografia no processo, ou se a utiliza bem ou mal.
A criptografia opera apenas em canais de comunicação, no tempo ou no espaço. No caso em questão, nos canais entre o gateway de saída de um ponto de coleta de Boletins de Urna (BU) eletrônicos, no cartório eleitoral que os recebe de seções eleitorais, e o gateway da rede interna do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), onde se inicia o processamento da totalização.
A modalidade de fraude que o jovem Rangel descreveu no seminário ocorre dentro da rede interna do TRE que totaliza a eleição, na etapa final da fase de totalização, através de um backdoor no firewall que protegeria o correspondente gateway.
A fraude é executada alterando-se as tabelas de totais parciais. Portanto, após os BUs eletrônicos terem sido descriptografados (decifrados) e os números de votos por candidato para a seção eleitoral correspondente terem sido lidos do resultado desta decifragem e tabulados em uma planilha de totais parciais da eleição. Consequentemente, após o uso da criptografia.
Essa modalidade de fraude não depende de ataque à criptografia utilizada, pois nela o ataque é no canal de confiança capaz de dar utilidade à forma de criptografia empregada na transmissão de BUs. Em linguagem técnica, podemos dizer que se trata de um ataque de canal lateral.
Viomundo – Isso faz sentido? Como o Rangel se apresentou?
Pedro Rezende — Faz, e é coerente com o relato dele, que no seminário se identificou como operador de um balcão para leilão de lotes de votos a fraudar no Estado do Rio de Janeiro.
Viomundo – O quê?!
Pedro Rezende – É isso mesmo! Ele realizava as fraudes por meio de pregões virtuais para leiloar lotes de votos a serem burlados em tempo real, durante a totalização.
Viomundo – Como ele executava essa modalidade de fraude?
Pedro Rezende — O que ele nos disse pode ser explicado, em termos leigos, assim: é através de uma porta de fundo oculta (backdoor) na barreira externa de proteção (firewall) operada por uma companhia telefônica, que controla canais de comunicação para a rede virtual privada (VPN) da Justiça Eleitoral.
Por meio dessa porta oculta se tem acesso aos computadores da rede interna ao Tribunal Regional, onde é processada a totalização. Por meio de um nome de usuário (ID) e senha vazados por quem organiza o leilão, ali ele burlava votos, executando a venda dos lances arrematados, durante as últimas duas horas da fase de totalização, isto é, entre aproximadamente 19 e 21h do dia da votação.
Viomundo – Qual companhia telefônica?
Pedro Rezende – O Rangel não declinou o nome dela, mas o delegado da polícia civil que levou o jovem ao seminário identificou-a como sendo a Oi.
Viomundo – Aliás, na matéria publicada no portal do PDT e que nós reproduzimos, é citado um delegado…
Pedro Rezende – É esse, o delegado Alexandre Neto, de Maricá. Foi ele quem levou o jovem Rangel ao seminário. Segundo o delegado, o jovem foi flagrado, em plena atividade leiloeira dessa modalidade, por um tenente da Polícia Militar numa operação que investigava possível fraude na eleição de 2012.
O Rangel nos disse que o pagamento pelo seu serviço era na forma de desconto quase total na cobrança do link dedicado, que ele contratava à mesma companhia telefônica para operar seu negócio de lan house. Um link dedicado, que é muito caro, é condição para boa performance em jogos on-line.
Viomundo – O que mais o senhor poderia nos adiantar?
Pedro Rezende – Pelo relato do Rangel, essa forma de fraude não seria detectada somando-se os totais impressos de cada urna, possibilidade sempre alardeada pela Justiça Eleitoral como garantia de lisura na fase de totalização.
Sobre essa possibilidade, cabe esclarecer que totais impressos de cada urna (BU impresso) só poderiam fazer prova de possível irregularidade no resultado oficial quando coletados no encerramento da seção eleitoral, assinados de punho pelo mesário, se estiverem de posse do candidato prejudicado.
Além disso, para que um desses BUs impressos possa servir como prova de irregularidade, ele teria não só que estar autenticado na origem, pela assinatura de punho do mesário, mas também teria que diferir de sua correspondente versão oficial eletrônica, isto é, do BU eletrônico desta seção eleitoral que teria sido computado na totalização.
Porém, nesse tipo de pregão eletrônico, via de regra (pelo que entendi do depoimento do jovem Rangel), os BUs eletrônicos que constituem as parcelas da totalização parcial fraudada não são ajustados para corresponderem, em correta soma, ao resultado depois da fraude. Continuam, portanto, as parcelas dos BUs eletrônicos como estavam ao serem transmitidos ao TRE
Viomundo – Daria para traduzir pro “leiguês” como esse tipo de fraude é praticado?
Pedro Rezende – Segundo o Rangel, nesse tipo de pregão, o lote de votos que será retirado de um ou mais candidato-vítimas corresponde a um terço ou à metade dos votos obtidos numa parcial de totalização por essas vítimas. Esse lote é oferecido em leilão, com preço mínimo.
Pelo que eu pude entender, complementado por outros depoimentos como o do delegado Neto, o preço mínimo do lote varia conforme o cargo, a porcentagem de seções eleitorais acumuladas para aquela parcial de totalização e a posição das vítimas no ranking da totalização geral divulgada até ali. Os lances, por telefone, precisam ser comunicados em código, via nomes de animais, ou são invalidados se o participante na linha falar diretamente em dinheiro. Quando o lance mínimo é coberto e o lote arrematado, os votos correspondentes ao lote são subtraídos diretamente do montante obtido pelos candidato-vítimas nessa parcial de totalização, e somados ao montante correspondente do candidato que arrematou o lote.
O perfil de permissões do usuário, cujo ID e senha são vazados por quem organiza o leilão para quem vai operar um pregão nesse leilão (o Rangel não seria o único), dá a este operador a capacidade de congelar a inclusão desta parcial no total geral divulgado.
Essas parciais de totalização devem periodicamente ser alimentadas pelo tribunal regional ao TSE, através do canal de VPN entre o TRE e o TSE, já que nessa eleição o TSE, por motivos não divulgados, centralizou as divulgações dos totais gerais para cada Estado, enquanto iam se acumulando ao longo da fase de totalização. A parcial de totalização sobre a qual se oferecem lotes fica então congelada para essa transmissão até o arremate dos lotes oferecidos e à execução das manipulações correspondentes aos lotes que foram arrematados.
Assim, pelo que entendi da explicação do jovem Rangel e de outros no seminário, via de regra, as manipulações nos totais parciais por candidato, relativas aos lotes de votos arrematados no pregão, não são redistribuídas depois em correspondentes parcelas de BUs que compõem em soma aquela parcial, o que seria necessário para manter a consistência da totalização oficial.
É por isso que, neste caso, os BUs impressos não permitem detectar manipulação alguma, pois esses vão coincidir — a menos que eventualmente haja outra forma de fraude executada em fase anterior — com as correspondentes versões eletrônicas. Somente a soma dos dados de todos BUs eletrônicos, que depois são divulgados pelo TRE, comparada ao total de votos do candidato na totalização final pronunciada como resultado oficial, é que poderia detectar inconsistência na soma. No seminário, quando questionado sobre essa possibilidade de detecção, o jovem Rangel declarou que os leiloeiros não se preocupam com ela porque “ninguém faz essa soma”.
Viomundo – Isso faz sentido?
Pedro Rezende – Para mim, sim, devido à forma como a Justiça Eleitoral divulga oficialmente os BUs eletrônicos, tornando impraticável essa verificação. A divulgação, pela internet, é em momento e endereço não anunciados previamente, e dentro de um prazo elástico – na eleição de 2010 era de 24 horas, na de 2012 saltou para três dias. E depois da divulgação do resultado oficial, e com modo de acesso assaz peculiar, conforme observo em artigo recentemente publicado.
Explico. Após esses BUs eletrônicos serem disponibilizados, o tempo que se tem para efeito de prova de irregularidade na soma divulgada como resultado oficial é de até 72 horas. Só que a gente não fica sabendo exatamente quando isso acontece, pois a divulgação, pela internet, é em momento e endereço não anunciados previamente, com modo de acesso manual seção por seção, via formulário. Parece irracional, mas é desse jeito que determina a resolução TSE 23.372, em seus artigos 145 e 150, aprovada em plenário do Tribunal Superior Eleitoral em 14/12/11.
Assim, é praticamente impossível verificar isso com precisão. Razão pela qual ninguém a faz mesmo, como afirma o jovem Rangel.
(PS do professor nesta sexta feira 14: Se agora, depois da denúncia, alguém for verificar, poderá encontrar BUs eletrônicos reajustados para baterem nas somas com o resultado oficial divulgado, em cujo caso o rastro que comprovaria a denúncia estaria transferido para a equivalência desses BUs eletrônicos com os BUs impressos na origem. Nessa eleição de 2012, não sei como ocorreu na região dos Lagos no Estado do Rio de Janeiro, mas em Niterói soube que esses foram sistematicamente negados pelos mesários aos fiscais de pelo menos um partido político.)
Quando se quer provar que uma soma está correta, não há razão lógica para se publicar tantas parcelas tão sorrateiramente, em até três dias depois do resultado. A não ser que o real objetivo seja dificultar a verificação externa dessa “prova” ou impedir sua utilidade, enquanto se pode afirmar que ela está disponível a qualquer um. E, de fato, não conheço ninguém que a tenha feito.
Viomundo — O senhor já sabia dessa possibilidade de fraude ou foi novidade?
Pedro Rezende — Eu sabia que essa possibilidade era latente a uma análise de riscos equilibrada do nosso processo de votação. Mas não tinha elementos concretos para especular ou elaborar honestamente. De um lado, devido ao ofuscamento com que o seu contexto sempre foi tratado oficialmente. De outro, como a mídia corporativa sempre prestou serviço a esse ofuscamento, sempre se fazendo de boba quanto à diferença entre segurança “da urna eletrônica” e segurança do processo de votação como um todo.
Consequentemente, nesta situação, não convinha, para mim e para o valor das minhas críticas, nutrir com especulações puramente teóricas a pecha de paranoico conspiracionista que ambas sempre tentaram me impingir, ao longo de mais de dez anos de críticas ao nosso processo de votação.
Viomundo – Essa possibilidade de fraude decorre da vulnerabilidade do sistema como um todo?
Pedro Rezende — A meu ver decorre, em parte, da vulnerabilidade do sistema como um todo. E, em parte, por tal vulnerabilidade ter passado desapercebida da grande maioria dos eleitores por tanto tempo, enquanto as pessoas iam sendo induzidas, com ingênuo ufanismo e propaganda massiva, a tomar a segurança de uma coisa pela da outra.
PS do Viomundo: O professor Pedro Rezende trabalhou no Vale do Silício, Califórnia (EUA), com controle de qualidade na Apple Computer e com as primeiras aplicações em hipertexto (hypercards), em 1988. É consultor em criptografia e segurança na informática para empresas, órgãos públicos, legisladores, operadores do Direito e agências de fomento à pesquisa científica e à produção cultural.
Coordena o Programa de Extensão em Criptografia e Segurança Computacional da UnB, onde montou e ministra o primeiro curso de programação para Infraestrutura de Chaves Públicas (ICP) no Brasil. Conselheiro do Instituto Brasileiro de Política e Direito na Informática, ex-conselheiro da Free Software Foundation Latin America (2006-2008) e ex-representante da sociedade civil no Comitê Gestor da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira, ICP-BR, por designação do presidente da República (2003-2006).
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Entre os necrológios e obituários veiculados pela imprensa após a morte do ex-governador Leonel Brizola, ocorrida em 21 de junho, um episódio ligado à sua trajetória política mereceu rememorações umas mais e outras menos apaixonadas. Trata-se do chamado "caso Proconsult", uma bem urdida tentativa de fraude levada a cabo nas eleições de 1982, quando Brizola disputou (e ganhou) o cargo de governador do estado do Rio de Janeiro.
Anistiado depois de 15 anos de exílio, Brizola desembarcara no Rio, em 1979, disposto a reconstruir o antigo PTB criado por seu padrinho político Getúlio Vargas. Uma manobra de esvaziamento de sua liderança, concebida no gabinete do então general-ministro da Casa Civil Golbery do Couto e Silva, deu a sigla para Ivete Vargas, uma sobrinha de Getúlio, de perfil bem mais conservador e, malgrado o sobrenome, confiável ao regime e perfeita antípoda do combativo engenheiro gaúcho.
Brizola então fundou o PDT, em 1980, e foi à luta para enfrentar as eleições de 1982, as primeiras diretas ao governo dos estados desde o golpe de 1964. Entrou como azarão na disputa pelo governo do Rio, na rabeira das pesquisas, enfrentando na campanha o favorito Miro Teixeira (PMDB), o candidato do regime militar Wellington Moreira Franco (PDS), a herdeira do lacerdismo Sandra Cavalcanti (PTB) e Lysâneas Maciel, representando o PT, partido também fundado em 1980 e que disputava sua primeira eleição majoritária.
Brizola brilhou na campanha, conseguiu reverter o quadro adverso das pesquisas e assustou os militares então no poder, em especial a parcela alocada na chamada "comunidade de informações" – leia-se Serviço Nacional de Informações (SNI), suas ramificações nas forças armadas e demais patrocinadores dos porões do regime.
Desmonte rápido
Nas eleições de 22 anos atrás, os votos eram dados em cédulas de papel. No pleito de 1982, o processo de contagem previa que os votos seriam apurados nas próprias mesas coletoras e, dali, os resultados parciais seguiriam para a totalização nas zonas eleitorais – no caso do Rio, a totalização geral era de responsabilidade da empresa Proconsult, que prometia agilidade e confiabilidade de resultados num tempo em que ainda havia quem denominasse os computadores de "cérebros eletrônicos".
Eleição convocada, campanha feita, votos depositados nas urnas – e teve início a maracutaia. O esquema da fraude deveria funcionar na etapa de totalização final dos votos, quando, em função de um cognominado "diferencial delta", os programas instalados nos computadores da empresa Proconsult, contratada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio para o serviço, subtrairiam uma determinada porcentagem de votos dados a Brizola transformando-os em votos nulos, ou promoveriam a transferência de sufrágios em branco para a conta do então candidato governista, Moreira Franco.
A falsificação na contagem foi descoberta graças ao trabalho da imprensa, sobretudo a partir do esquema de apuração paralela ao do TRE-RJ montado pela Rádio Jornal do Brasil – cuja cobertura daquelas eleições concorreu e levou larga vantagem sobre o aparato armado pelo conglomerado de mídia hegemônico no estado, as Organizações Globo.
A Rede Globo de Televisão preparou um aparentemente sofisticado conjunto de procedimentos para acompanhar a marcha da apuração no Rio. E deu com os burros n´água porque, na ânsia de informar com rapidez os resultados parciais, teve de se fiar principalmente nos números do TRE – estes já viciados na origem, porque chancelados pela Proconsult e já contaminados pelo tal "diferencial delta". A Rádio Jornal do Brasil, por sua vez, sem contar a mesma fartura de recursos da Globo para a cobertura das eleições, optou por acompanhar a apuração atendo-se preferencialmente aos números relativos às eleições majoritárias – os votos para governador e senadores –, e reportando do TRE apenas os dados relativos à votação proporcional para deputados federais, estaduais e vereadores.
Com sua estratégia, a Rádio JB ganhou em agilidade diante da cobertura paquidérmica da Rede Globo. E pôde revelar em primeira mão a fraude que se armava, dada as discrepância entre os números que anunciava e os constantes nos boletins oficiais do TRE. A apuração foi interrompida e o esquema, descoberto, então desmontado às pressas. O resultado final mostrou o que as ruas já haviam indicado durante a campanha: Leonel Brizola foi eleito com 1.709.180 votos (ou 34,2% dos votos válidos), Moreira Franco ficou com 1.530.706 (30,6%), Miro Teixeira com 1.073.446 (21,5%), Sandra Cavalcanti obteve 536.383 (10,7%) e Lysâneas Maciel contou 152.614 votos (3,1%)
O todo-poderoso
Essa tentativa de melar as eleições de 1982 foi lembrada de formas distintas nas matérias produzidas após a morte do líder histórico do PDT. O tom geral foi de acusações à Rede Globo, que estaria mancomunada com o esquema que originou e sustentou os resultados advindos do "diferencial delta" residente nos computadores da Proconsult. EsteObservatório reproduziu a pendenga [veja remissões abaixo]. E colheu o depoimento de um dos protagonistas daqueles dias confusos, o deputado Miro Teixeira (hoje no PPS-RJ), então candidato do PMDB ao governo do Rio com as bênçãos do todo-poderoso governador Antônio de Pádua Chagas Freitas – um empresário de mídia, dono dos jornaisO Dia e A Notícia, virtual vice-rei da política fluminense que moveu mundos para eleger Miro como seu sucessor.
Miro Teixeira, ex-ministro das Comunicações do governo Lula, participou do programaObservatório da Imprensa na TV (terça, 29/6) que tratou da relação de Leonel Brizola com a imprensa. No fim da tarde de sexta-feira, dia 2, ele conversou por telefone com oOI a respeito do "caso Proconsult". Eis o seu relato:
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TV Globo
"A Globo não tinha nada a ver [com a fraude] por uma razão muito simples: eu reconheci a vitória do Brizola no primeiro dia de apuração exatamente numa entrevista à TV Globo. E é insensato imaginar que o cúmplice de um golpe quisesse abortar o golpe. O golpe existia, e naquele primeiro dia [de apuração], quando reconheci a vitória do Brizola, não se falava na participação da Proconsult. No primeiro dia, parecia [apenas] uma velha fraude do "mapismo", ou seja, o [tradicional] procedimento de preencher cédulas em branco e lançar números falsos [nos mapas de votação], prejudicando uns e favorecendo outros.
"Quando foi ao ar minha entrevista, me ligou o advogado Wilson Mirza, que dizia falar em nome do Brizola, me cumprimentando pela declaração e perguntando se eu concordaria em passar um telegrama ao Brizola reconhecendo a vitória dele. Com esse telegrama na mãos, Brizola convocaria uma entrevista com a imprensa estrangeira e denunciaria a tentativa de fraude. Logo em seguida vem a apuração paralela da Rádio Jornal do Brasil, e só então, graças ao César Maia [atual prefeito do Rio, então militante do PDT de Brizola], descobre-se a manipulação do programa de totalização nos computadores da Proconsult, patrocinada pelo SNI."
O esquema
"A ordem era a seguinte: o voto era dado em cédulas de papel, a apuração se dava nas mesas coletoras de votos. Já na contagem começou a roubalheira, em especial na Zona Oeste do Rio, onde o Brizola era muito forte. Cédulas em branco eram preenchidas; depois, nos boletins que reuniam as totalizações dessas urnas, havia outra adulteração. E o golpe de misericórdia era dado nos computadores onde se fazia a totalização [geral dos votos]. Essa fraude foi descoberta pelo César Maia, que identificou o tal ‘diferencial delta’. Os programas [dos computadores] eram organizados de tal maneira que, para um determinado número de votos contados para Brizola, o sistema abatia automaticamente um determinado porcentual.
"Os três fatos associados resultaram na interrupção da apuração. Não tenho como provar, mas tenho como afirmar: [depois de denunciada a fraude], vieram [ao Rio] técnicos em informática do SNI para eliminar [dos computadores da Proconsult] o tal ‘diferencial delta’ e os seus efeitos."
Proconsult
"O que era a Proconsult? Era uma empresa que só existia no papel. Foi criada para se habilitar à apuração das eleições [de 1982] no estado do Rio de Janeiro. Era uma subsidiária da Racimec – empresa esta que no regime militar ganhou o monopólio das máquinas de jogos da Caixa Econômica Federal. E hoje essa empresa é Gtech, a mesma envolvida no escândalo Waldomiro Diniz. A Racimec, a rigor, já há muitos anos tinha participação societária da Gtech."
Os porquês
"O objetivo do SNI não era apenas a eleição de governador, mas sim [a tentativa de garantir] a influência no Colégio Eleitoral que ser reuniria para as eleições [presidenciais] indiretas de 1985. Por isso foram em cima do Pedro Simon, no Rio Grande do Sul, do Marcos Freire, em Pernambuco, e do Brizola, no Rio. O nome do jogo era Colégio Eleitoral, isto é, dar ao PDS [o partido governista de então] um conforto para assegurar a sucessão do general [João Baptista] Figueiredo, da melhor maneira que essa comunidade de informação pretendesse."
Rastros da fraude
"Se você analisar os números [das eleições proporcionais] da época, verá votações que jamais se repetiram e candidatos eleitos que depois desapareceram no mapa. São provas circunstanciais de que houve conseqüências nas eleições para deputados e vereadores.
"Tem uma parte que foi o Brizola quem me contou: ele me disse que foi procurado por um dos mentores da fraude, um dos analistas de sistemas que fizeram o ‘diferencial delta’. Isto se deu no auge do reconhecimento da vitória, mas a repercussão não estava formalizada e não se falava ainda em Proconsult. Essa pessoa procurou o Brizola e ofereceu o mapa da fraude em troca da presidência da Companhia do Metrô ou do Banco do Estado do Rio de Janeiro. Em contrapartida dava a garantia de que a fraude não seria consumada. E o Brizola fingiu concordar. O César Maia foi com tudo para cima da Proconsult [escudado nos números da apuração paralela da Rádio JB] a partir da informação que lhe foi dada pelo Brizola.
"Esses são os crimes, os autores, as vítimas e os motivos."
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GAZETA DO POVO
CPI do Ibope conclui que houve "fortes indícios de fraude" em pesquisas eleitorais
A comissão analisou somente pesquisas do Ibope de Foz Iguaçu de 2012. Concidentemente, o presidente da comissão era o prefeito eleito da cidade
01/10/2013 | 19:37 | AMANDA AUDI O relatório final da CPI do Ibope, que investigou suspeita de fraudes em pesquisas eleitorais no primeiro turno das eleições municipais do ano passado, foi aprovado em primeira votação na Assembleia Legislativa. Como resultado, os membros da comissão apontaram que há “fortes indícios de fraude”, porém, só uma investigação mais longa poderia responder se isso realmente ocorreu. A recomendação é de que o documento seja enviado a órgãos policiais e judiciais para que se continue a investigação.
A comissão analisou apenas pesquisas de intenção de voto em Foz do Iguaçu, realizadas no ano passado pelo Ibope. Coincidentemente, o presidente da CPI era o então deputado Reni Pereira (PSB), que foi eleito prefeito em Foz apesar de as pesquisas indicarem, na época, queda nas intenções de voto para ele. Depois de assumir o mandato, a presidência da CPI foi passada para o deputado Rasca Rodrigues (PV).
De acordo com o relatório da CPI, o trabalho consistiu em ligar para todos os entrevistados nas pesquisas em questão. E o resultado, de acordo com o documento, foi de que uma porcentagem significativa dos pesquisados não existia, ou não era conhecido por quem atendeu à ligação
Na primeira pesquisa, divulgada em 31 de agosto do ano passado, a equipe da CPI constatou que 15% dos telefones não existiam e, em 5% dos casos, foi apontado que a pessoa responsável não existia naquele número. Outros 21,3% dos telefones consultados estavam indisponíveis.
Na segunda pesquisa, divulgada em 27 de setembro do ano passado, 11,4% dos números não existiam e em 7,7% das ligações não foi encontrada a pessoa que havia respondido a pesquisa. Além disso, 25,4% dos telefones estavam indisponíveis.
Por fim, os membros da CPI julgaram que a terceira pesquisa, de 6 de outubro, também possui “fortes indícios de fraude”, com porcentagens de telefones inexistentes ou pesquisados desaparecidos semelhantes às outras duas pesquisas.
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Youtube
Fernando Soares Campos compartilhou o vídeo de Márcio Apolinário.
Agora entenda como é que eles dizem que alguém, um candidato(a) qualquer, vai vencer no "segundo turno".
Eles fazem a pesquisa de "primeiro turo". Aí o eleitor pesquisado declara seu voto.
Agora eles inventam um segundo turno sem o candidato que o eleitor pesquisado declarou que votaria.
Sim, isso mesmo, eles inventam que dois candidatos vão disputar o segundo turno, aí perguntam ao eleitor (aquele mesmo que disse que votaria em outro candidato) em que candidato ele (ela ) votaria no "segundo turno", fulano ou fulana? (nenhum dos dois é o candidato do eleitor).
Bom, nesse caso, um pesquisado desavisado acaba escolhendo um desses mesmo, uma coisa que caiu não se sabe de onde, mas... "se vão ser esses aí no segundo turno", fazer o quê? Não tem outro, não tem o meu; bom, num tem tu, vai tu mesmo! Então, o eleitor diz que votaria em um desses fulanos inventados.
E no dia seguinte, o PIG mancheta:
"Fulano(a) vence no segundo turno"
Mas essa moça aí no vídeo é uma das que não caiu no conto do "segundo turno".
E ela tem razão quando diz que não sabe nem mesmo se o pesquisador marcou sua intenção de voto no candidato que ela declarou inicialmente.
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Se vai ter segundo turno, não sei; só sei que vai ter segundo governo Dilma....
Bom final de semana para todos...
Ontem presenciei uma pesquisa do Instituto Data Folha, sobre a intenção de voto para Governador e Presidente, eles direcionam a pesquisa por um sistema, de acordo com a resposta do entrevistado, selecionam os entrevistados por idade, fazem perguntas, sobre religião,aborto e renda das pessoas , veja o que esta cidadã que foi entrevistada tem a dizer sobre a pesquisa
Clique AQUI e assista ao vídeo
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Fraude em pesquisa eleitoral e compra de votos em Brumado motiva MP a ajuizar ação contra candidatos
Publicado por Ministério Público do Estado da Bahia (extraído pelo JusBrasil) - 1 ano atrás
Abusos de poder econômico, político e dos meios de comunicação, além de captação ilícita de votos ocorridos durante a campanha para as eleições municipais do ano passado, no município de Brumado, que fica a 669 km de Salvador, motivaram o Ministério Público Eleitoral a ajuizar ação de investigação judicial eleitoral contra Márcio Moreira da Silva, vereador eleito no município pela coligação Nada Resiste à Força do Trabalho [PressAA: PSC / PSB]; Aguiberto Lima Dias, prefeito eleito no município pela coligação O Trabalho Continua [PressAA: O TRABALHO CONTINUA (PRB / PDT / PMDB / PSL / PTN / PSC / PR / DEM / PTC / PSB / PSDB / PSD)]; Isabel Cristina Santana Gondim, vice-prefeita eleita pela mesma coligação de Aguiberto Dias; e Eduardo Lima Vasconcelos, ex-prefeito do município de Brumado. A ação foi iniciativa do promotor eleitoral Leandro Marques Meira.
O Ministério Público Eleitoral descobriu que a eleição de Márcio Moreira para o cargo de vereador e a de Aguiberto Dias e Isabel Gondim para os cargos de prefeito e vice-prefeita deram-se mediante ilícitos eleitorais de acentuada gravidade, tendo sido fraudada a vontade popular, destacou o promotor Leandro Meira na ação. Ele complementa que, no dia 5 de outubro de 2012, foi divulgado o resultado de uma pesquisa que apontava a liderança do candidato situacionista Aguiberto Dias com 55,28% dos votos, enquanto que a candidata da oposição, Marisete Lisboa Fernandes Pereira, possuiria a preferência de 30,05%. No entanto, o resultado divulgado era falso pois os candidatos a prefeito Aguiberto Dias e Marisete Pereira estavam empatados tecnicamente, já que o primeiro possuía cerca de 45% das intenções de voto, enquanto a segunda estava com aproximadamente 39%, explicou.
Na ação, o MP requer a cassação do registro ou diploma e inelegibilidade por oito anos de Márcio Moreira, Aguiberto Dias e Isabel Gondim, além da aplicação da sanção de inelegibilidade por oito anos do ex-prefeito do município Eduardo Vasconcelos. Segundo o promotor Leandro Meira, ficou constatado também que houve entrega excessiva de cestas básicas às vésperas da eleição, configurando-se nítido abuso de poder político, com a disponibilização da máquina pública e seus programas, chefiados pelo representado Eduardo Vasconcelos, em prol da candidatura de Aguiberto Dias.
Além disso, o MP apurou que uma máquina retroescavadeira, que estava a serviço da Prefeitura de Brumado, realizou serviços de abertura e limpeza de aguadas em diversas localidades da região do distrito de Cristalândia, na zona rural do município, evidenciando-se o beneficiamento da candidatura de Márcio Moreira, candidato a vereador. As aguadas destinam-se ao represamento da água de chuva que será aproveitada em irrigação de plantações e consumo animal. Outras práticas irregulares apuradas pelo MP foram o transporte irregular de eleitores e a boca de urna. De acordo com o promotor, Márcio Moreira fez uso da sua força econômica para praticar ilícitos que ajudaram na sua eleição. Por interpostas pessoas, ele transportou diversos eleitores na zona rural e ainda coordenou as ações de boca de urna do seu grupo político, afirmou.
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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons
Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons
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