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Fernando Soares Campos
Em fevereiro de 2006 escrevi artigo, publicado no diário espanhol La Insignia , intitulado "A lista é golpe!". À época recebi mensagem de um leitor indignado, alegando que eu deveria estar delirando, "delirium tremmis", quando na verdade eu nem bebia o suficiente para chegar a tanto. Até já fumei uns baseados de Cannabis tempos atrás, com objetivo terapêutico. Até informei ao meu psiquiatra sobre a substituição dos psicotrópicos pela "mardita". Já "cumpri pena" em diversos manicômios. Em um deles permaneci por mais de 2 anos e quase fui assassinado, por "sugestão" da diretoria, que mantinha alguns coitados desequilibrados e se utilizavam deles para eliminar os "indesejados" (um deles me confessou, quase chorando, que havia matado 4 internos).
Mas recebi também alguns e-mails de leitores que concordavam que as minhas suspeitas de que a divulgação do mensalão do PSDB poderia ter aquela orientação que eu insinuava no meu artigo: "Tem lógica", disseram. "Pode ser isso mesmo", "Eles apostam na impunidade", "A mídia-empresa dá cobertura, daí essa turma do PSDB-DEM quer mesmo é que digam: somos todos iguais" (são exemplos de algumas mensagens que me enviaram, pois costumo distribuir o que escrevo através das minhas listas de correspondência).
Agora que o "mensalão" petista está sendo julgado pela impresa partidária e será submetido a julgamento pelo STF, resolvi republicar o artigo "A lista é golpe!", referente ao "mensalão" do PSDB-DEM.
Quando digo, no artigo, que a lista "é falsa", me refiro às cascas de banana nela plantadas, com o propósito de confundir os partidários do governo Lula.
Lula chamou de "aloprados" os petistas que caíram na armadilha da compra do dossiê contra José Serra, o serrassuga, mas aloprados existem em todos os lugares.
Se você se dispuser a ler o meu "delírio", pode até fazê-lo considerando-o uma peça de ficção, não importa. O que importa aqui é refletir sobre todas as possibilidades de fraude, engodo, mistificação, impunidade, partidarismo da imprensa-empresa, blindagem de cúmplices e maracutaias em geral.
18 de fevereiro de 2006 |
Fernando Soares Campos La Insignia. Brasil, fevereiro de 2006.
Alardeia-se que o governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva está enfrentando uma crise política de tal gravidade como jamais tenha sido enfrentada por outro governante brasileiro. Evidentemente esse alarde tem como principal objetivo superdimensionar as questões do caixa 2 petista, o chamado valerioduto, o esquema de financiamento de campanhas eleitorais montado pelo empresário Marcos Valério, antes testado e aprovado pelo PSDB mineiro. Entretanto os gritos da Oposição e as suas retumbâncias nos órgãos ("fálicos") da grande imprensa nacional têm ainda outro propósito, bem mais sutil do que simplesmente alardear. O objetivo primeiro é dissimular as suas próprias falcatruas, os atos corruptos daqueles que estiveram no poder durante tantas décadas; é esconder suas poucas-vergonhas; é apostar na memória curta da população; é negar que este país esteve, por muitos anos, sob o domínio dessa gente inescrupulosa. Como eles não podiam simplesmente transformar a prática de caixa 2 em crime hediondo, associaram o valerioduto a uma suposta compra de votos de parlamentares da base governista, aquilo que denominaram "mensalão". A CPI que pretendia apurar as denúncias feitas por Roberto Jefferson em relação à compra de votos de parlamentares foi usada como palanque, por políticos que não têm a mínima autoridade moral para criticar nem mesmo um reles punguista.
O espetáculo que a oposição preparou para a ocasião do depoimento de Dimas Toledo na CPMI dos Correios, quarta-feira última, 15/02, transformou aquela sessão num acontecimento deprimente. Dimas Toledo é ex-diretor de Furnas Centrais Elétricas, acusado de ser o arrecadador de propinas de empreiteiras que trabalharam para Furnas e de ter destinado os valores arrecadados a diversos políticos do PSDB, PFL e seus aliados nas eleições de 2002. Uma lista elaborada em papel com o timbre da empresa aponta 156 políticos que teriam sido agraciados com quantias que variam de 9,3 milhões a 35 mil reais, que teriam sido usados nas campanhas eleitorais para governador, senador, deputado federal e estadual, envolvendo até mesmo o candidato do PSDB à Presidência da República.
Náuseas! É o que a Oposição está provocando na população brasileira. Já não tenho dúvida de que a lista de Furnas Centrais Elétricas (o Dimasduto), da maneira como foi apresentada, é falsa. No entanto isto não quer dizer que o Dimas Toledo nunca tenha sido o arrecadador de propina do caixa 2 tucano. A lista, ao que tudo indica, é falsa sim. Está claro que foi uma provocação para que o PT agitasse!, gritasse, aos quatro cantos do mundo, que a tal lista seria verdadeira, e, em seguida, os seus verdadeiros autores, elementos da Oposição, provariam a sua falsidade, de acordo como o documento se apresenta.
A Oposição, por diversas ocasiões nas duas últimas semanas, denunciou que a divulgação da lista de Furnas teria sido uma manobra do PT, associou os seus distribuidores e divulgadores aos quadros do partido. Acusou o PT de ter divulgado a lista através da internet. Também pressionou a Polícia Federal a se manifestar sobre a legitimidade da tal lista. Ou seja, exigiu que o ministro Márcio Thomaz Bastos fosse irresponsável e se adiantasse informando que a lista teria, pelo menos, fortes indícios de autenticidade. O que não seria difícil fazê-lo, pois se trata de um documento autenticado e com a assinatura do autor reconhecida em cartório. Nos últimos dias, fizeram manobras para arrancar de políticos do PT declarações precipitadas, nas quais estes assumissem que acreditavam na legitimidade lista. No entanto, os petistas se portaram decentemente, defendendo o princípio da presunção de inocência. A oposição está inconformada com a forma cautelosa adotada pelo PT. (Leia o pronunciamento do senador Aloizio Mercadante na tribuna do Senado, em 07/02, artigo "Droga de lista, excelências!", La Insignia.)
Os autores da lista fizeram realmente um trabalho grosseiro, mas certamente um maquiavélico trabalho. Misturaram verdades e mentiras. Gente da oposição fez a lista e exigiu que a Polícia Federal se pronunciasse urgentemente informando que a lista seria verdadeira, para, em seguida, desmoralizar a própria Polícia Federal. Autêntica ela é, existe um original que foi apresentado num cartório, que, por sua vez, fez o trabalho que lhe cabe: autenticar e reconhecer firmas. Só. O que a lista tem de falso é a mistura propositada que os seus autores fizeram, acrescentando nomes alheios ao caixa 2 tucano ao lado de outros que certamente se beneficiaram das propinas arrecadadas em Furnas. Inseriram o nome do próprio filho de Dimas Toledo, o arrecadador; relacionaram algumas empresas que certamente não contribuíram com propinas para a campanha dos partidos que ali constam; também registraram até mesmo quem não participou do processo eleitoral; tudo com o propósito de tumultuar as investigações que já vêm sendo feitas pela Polícia Federal, há muito tempo, sobre o caixa 2 tucano. A declaração de Jefferson de que recebeu R$75.000,00 também deve ficar sob suspeita. Jefferson pode ter entrado na questão somente para tumultuar ainda mais as investigações (esta é a sua especialidade). Se o Dimas Toledo participou da fraude, ainda não se sabe. Mais cedo ou mais tarde tudo virá à tona. Finalmente foi escolhido alguém para distribuir, divulgar e apresentar a lista às autoridades. E não poderiam ter escolhido alguém mais apropriado: o lobista Nilton Monteiro, um conhecido estelionatário. Certamente pessoas de bem jamais se passariam para fazer este papel.
A impressão que eles estão passando
O ódio mais explícito da Oposição está no fato de o ministro Márcio Thomaz Bastos e os políticos do PT não haverem declarado coisa alguma sobre a lista. A oposição espumou, pois queria que o ministro e os petistas fizessem declarações bombásticas, ou, pelo menos, uma declaraçãozinha que revelasse suas suspeitas de que a lista "poderia ser autêntica". Aí viria a segunda parte do plano: a Oposição provaria que a lista, elaborada por ela mesma, é falsa, apontando os erros que deixaram propositadamente, as chamadas "cascas de banana", nas quais nem o ministro nem o PT escorregaram. A Oposição odiou a defesa do princípio da presunção de inocência mantida pelo PT, em relação às pessoas que figuram na lista.
Esse foi um dos planos mais maquiavélicos que já vi. Mas, paradoxalmente, também um dos mais infantis que conheço. Durante a ditadura, alguns sujeitos foram pródigos em fazer coisas desse tipo: plano para explosão do gasoduto, bomba do Rio Centro, assassinato do marinheiro inglês... No entanto os golpistas de hoje se sofisticaram: mandam uma bomba de "calúnia" contra si próprios e, em seguida, aguardam que os seus adversários vibrem e os acusem, para eles próprios, os farsantes, virem a "desmascarar" suas próprias "farsas". Mas, a tal lista seria totalmente falsificada? Quer dizer, não houve caixa 2 proveniente de Furnas? Quem acredita que não? Na verdade o problema está nos "defeitos" do documento, defeitos propositais.
A meu ver, é puro golpe. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) estava lá, na CPMI, coçando-se, falando em impeachment do presidente Lula. No final das contas, quando não tiverem mais esperança de ganhar nas fraudes, podem tentar um acordão. Se não der certo, vão tentar à força. Quem viver verá... mas não poderá falar. Ou a sua fala de nada mais valerá.
Duvide quem quiser. Ou quem não conhecer o ódio dessa gente.
Náuseas! A lista é golpe, excelências!
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Se tiver saco, leia também...
Brasil
Fernando Soares Campos
La Insignia. Brasil, fevereiro de 2006.
"Comme on fait son lit, on se couche", dizem os franceses. "Quem tem mãe na zona não pode chamar ninguém de filho da puta", digo eu.
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Outras matérias que estiveram hoje sob o crivo dos pauteiros da PressAA:
No site BRASIL! BRASIL!
“Durante as investigações da Operação Monte Carlo, a Polícia Federal apreendeu um material que pode ser a pista para a compreensão de uma dos mais estranhos episódios da história política recente. Trata-se de gravações de uma conversa entre o ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, e o jornalista Mino Pedrosa, ex-repórter da Isto É e hoje autor do site QuidNovi, sobre o chamado “escândalo dos aloprados”, como ficou conhecida a suposta tentativa de compra de um dossiê contra o então candidato a governador de São Paulo José Serra (PSDB) em 2006.
(Leia completo clicando no título)
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E quando vai ser julgado o mensalão tucano?
Começa no próximo dia 2 de agosto, no Supremo Tribunal Federal, o julgamento do chamado "mensalão do PT". Muito justo: afinal, o caso já se arrasta desde de 2005 e nós estamos em 2012. Estava na hora.
Por falar nisso, pergunto: e quando vai ser julgado o "mensalão tucano", rebatizado pela grande imprensa de "mensalão mineiro", que é bem mais antigo e vem se arrastando desde 1998?
Para se ter notícias do "mensalão do PT", basta abrir qualquer jornal ou revista, ligar o rádio ou a televisão, está tudo lá diariamente, contado em caudalosas reportagens nos mínimos detalhes, comprovados ou não.
Já o "mensalão tucano" foi simplesmente escondido pela mídia reunida no Instituto Millenium, que não quer nem ouvir falar no assunto. Quem quiser saber a quantas anda o processo que dormita no Supremo Tribunal Federal precisa acessar aquilo que o tucano José Serra chama de "blogs sujos".
Foi o que eu fiz ao entrar no Google, que registra 508 mil citações sobre o "mensalão tucano", a grande maioria publicada em blogs, enquanto o "mensalão do PT", embora mais recente, já alcance 3.720.000 matérias publicadas.
(Clique no título e leia mais no BALAIO DO KOTSCHO)
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E mais...
Por que Ana Arraes fez a coisa certa no mensalão ?
Ainda mais...
Em 2005, escrevi um artigo à respeito do assunto. Seja qual for o resultado do Julgamento, não mudarei de opinião. Eis o meu artigo:
Jasson de Oliveira Andrade
O deputado Roberto Jefferson criou o termo mensalão, que a imprensa, escrita e falada, adotou. Ele se referia aos deputados que, segundo ele, recebiam mensalmente uma importância para votar com o governo. As investigações do Conselho de Ética da Câmara Federal não comprovaram essa denúncia do deputado petebista. O que se descobriu é que alguns deputados receberam dinheiro do valerioduto, ou seja, do Caixa Dois, para o financiamento de suas campanhas. A verdade é que o mensalão, tão explorado pela mídia, inclusive pela imprensa do Interior, e pela oposição, nunca existiu, como veremos a seguir.
(Recebido por e-mail da redecastorphoto. Clique no título e leia completo. Tem, inclusive, vários links para matérias que tratam de TUDO SOBRE O MENSALÃO - Movimento Universitário em Defesa do Estado de Direito)
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Ilustração - AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons
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PressAA
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