Artigo recebido via e-mail de Rosa Pena, escritora carioca, colaboradora desta nossa Agência Assaz Atroz.
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Hebe Camargo e o respeito à vida (ou a falta dele)
Sérgio de Moraes Paulo
Dou aulas de Geografia há 19 anos. Talvez poucos nomes foram tão lembrados nas minhas aulas quanto o de Hebe Camargo. E tenho certeza de que jamais disse algo de bom a respeito dela. Muita gente deu risada e, de vez em quando, alguém não se continha e perguntava: "Mas por que você não gosta dela?". Para alguns alunos eu dizia as minhas razões. Na maior parte das vezes respondia com outra pergunta: "Por que deveria gostar dela?", ou ainda, "Dê-me pelo menos 3 razões para gostar dela...". Nunca me disseram uma única razão.
Ontem Hebe Camargo morreu e não foram poucos os amigos que me avisaram. Mensagens pelo celular, recados em caixa-postal e mais de 60 notificações no Facebook me obrigaram a dizer qualquer coisa.
A primeira coisa que pensei foi explicar, finalmente, as razões de minha implicância com a falecida. Mas julguei que tão importante quanto isso seria deixar claro que não havia motivo para debochar da sua morte. Quem respeita a vida e luta contra os abusos contra ela não tem o direito de brincar com a morte dos outros. Eventualmente uma piada ou outra acaba saindo, em ambiente privado, descontraído. Publicamente não é bom. E no mundo em que vivemos é preciso cada vez mais separar o que é íntimo, privado, daquilo que pode ser público, aberto.
E eis que aí procuro me diferenciar de Hebe Camargo. A busca pela correção naquilo que tornamos público.
Já disse algumas vezes, para algumas turmas de alunos, que um professor deve ter responsabilidade com aquilo que diz. Brincadeiras à parte, manifestações racistas, preconceituosas ou que preguem qualquer tipo de mal individual ou coletivo, devem ser combatidas, mais do que evitadas. Na minha carreira de professor tive períodos de lecionar, semanalmente, para centenas de alunos. Não tive o direito de pregar ódio. E procurei ser cuidadoso com isso. Sempre, apesar de erros.
Hebe Camargo tinha um alcance maior. Em rede nacional de TV atingia milhões de brasileiros. Era descontraída e tinha uma capacidade de comunicação rara. Reconhecer isso não me traz nenhuma dificuldade. Minha repulsa era justamente o que ela fazia com essa capacidade rara de comunicação.
Quem ler o livro "Autopsia do medo", de Percival de Souza, ficará sabendo de muitas histórias a respeito do maior torturador do regime militar, Sergio Paranhos Fleury. Nele saberá de ao menos uma das relações entre o delegado torturador e Hebe Carmargo.
Fleury se notabilizou pela capacidade de combater opositores do regime militar, em especial os guerrilheiros. Ele era um delegado de péssima reputação na polícia de SP, mas foi útil ao empregar suas "técnicas" para a ditadura. Um promotor público de SP, baixinho e fisicamente frágil, chamado Hélio Bicudo, ousou enfrentar o delegado torturador, assassino e ocultador de cadáveres.
Hélio Bicudo sabia que não podia enquadrar Fleury por crimes de combate a perseguidos políticos. Usou outra estratégia. Resolveu enquadrar o delegado pelos abusos que cometeu ANTES de ser agente da repressão política. Fleury fazia parte de um esquema de assassinatos conhecido como "Esquadrão da Morte", e por ele foi processado e julgado.
A estratégia de Hélio Bicudo foi tão engenhosa que a ditadura não tinha como livrá-lo da cadeia. A solução para a ditadura foi mudar a lei. Inventou que réu primário não precisava necessariamente ser preso. A lei ficou conhecida como "Lei Fleury". Criada para livrar a cara de um delegado torturador.
No processo contra Fleury foram arroladas testemunhas para a sua defesa. Uma delas foi Hebe Camargo. Fleury agenciava policiais que trabalhavam como seguranças para cantores e gente da televisão. Por isso era bem relacionado com gente da TV. A estratégia da sua defesa foi impressionar o tribunal com uma figura conhecida e muito influente.
Muita gente pode ser poupada de críticas pelo que fez ou deixou de fazer durante a ditadura. Hebe Camargo não. Num dos momentos mais tristes da história do nosso país ela escolheu um lado. No caso, o lado de quem não respeitava a vida e a dignidade. E fez isso conscientemente.
No período pós ditadura não me impressionou que Hebe apoiasse Paulo Maluf e atacasse uma figura como Dom Paulo Evaristo Arns. Não foram poucas as vezes em que vi Hebe Camargo protestar contra defensores de direitos humanos.
Também não me causou espanto vê-la no falido movimento "Cansei", aquele que tentou explorar politicamente a dor causada pela queda do avião da TAM. O movimento "Cansei" partiu de uma ação nojenta. Usar a morte e a tristeza para interesses político-eleitorais. Hebe Camargo mais uma vez não respeitou isso.
Num país que valorizasse a vida humana e o respeito ao direito básicos de TODOS, Hebe Camargo não teria público. Não seria proibida de falar as bobagens e as apologias de violência que tanto apreciava. Num país mais civilizado ela simplesmente seria ignorada.
Entendo que uma figura como Hebe Camargo não aparecerá novamente, pela simples razão de que a televisão já não é a mesma. Até poucos anos atrás uma apresentadora de TV tinha um peso muito grande na opinião das pessoas, pois não havia muitas opções. Fico muito feliz hoje em saber que meus alunos ficam mais tempo da internet do que diante da TV. É cada vez menor o número de pessoas que ainda assistem novela e que levam a sério porcarias de programas como os que são apresentados na TV brasileira.
O que lamento nessa história toda é que a saída de Hebe Camargo da TV brasileira se tenha dado apenas por conta da sua morte. O país que desejo para o povo seria capaz de se livrar desse tipo de conduta sem a morte.
O respeito à vida me obriga a continuar lutando e me manifestando nessa direção. O respeito à vida humana que Hebe Camargo jamais demonstrou ter.
Morreu Hebe Camargo e espero que um dia morra esse jeito nefasto e desumano de usar a TV no Brasil.
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Leia também...
No "Aqui Agora": fama de justiceiro
O jornalista Joaquim de Carvalho, paulista de Assis, fez em 1994 o primeiro grande perfil de Celso Russomanno. Foi para a revista Veja São Paulo. Russomanno era um campeão de audiência no programa sensacionalista Aqui Agora e havia se elegido deputado federal com mais de 200 mil votos. A convite doDiário, Joaquim escreveu sobre os bastidores dessa matéria. Ele conta que Russomanno lhe suplicou, de mãos juntas, para não publicar uma denúncia. “Se você acredita que eu posso fazer alguma coisa boa por este país, pelo direito do consumidor, não publica isso. Vai ficar difícil para mim.”
Joaquim passou pelo Estadão, Veja e Jornal Nacional. Hoje, aos 49 anos, faz reportagens para a produtora Memória Magnética. É autor do livro Basta! Sensacionalismo e Farsa na Cobertura Jornalística do Assassinato de PC Farias, finalista do Prêmio Jabuti de 2005.
(Clique no título e leia matéria completa)
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Nota recebida via e-mail da redecastorphoto
Vocês se lembram de quando FHC comprou votos para mudar a lei e reeleger-se?
E a PRIVATARIA TUCANA, por que não virou CPI? Por que não foi ao STF?
Resposta: porque neste país a classe dirigente é soberana. É ela que decide quem deve ou não ser julgado e condenado. O objetivo não é a tal corrupção, endêmica no país. O objetivo é desmoralizar o PT. Se a meta fosse a corrupção, o tucanato todo já estaria atrás das grades.
Baixe o especial PRIVATARIA TUCANA, do Brasil de Fato, aqui: http://www.brasildefato. com.br/node/9737. (O linque para o material está no fim da página.) Distribua aos amigos, conhecidos, pelas redes sociais.
Exijamos justiça. Afinal, o PSDB vendeu o patrimônio de todas e de todos as/os brasileiras/os, ninguém sabe onde esse dinheiro foi parar e o Judiciário brasileiro nunca se interessou em investigar o caso. Façamos um movimento nacional para exigir punição aos responsáveis -- entre os quais está o intragável José Serra, o que tem o mais alto índice de rejeição do eleitorado brasileiro.
Só uma perguntinha: alguém já investigou o motivo da morte da jovem esposa de Celso Russomano, anos atrás, no hospital São Camilo? Houve exames de vísceras, de tecidos? Se não houve, ainda é tempo.
Baby
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Outra nota recebida via e-mail da nossa correspondente...
Avelina Martinez Gallego
Amigos,
Respeito a decisão de cada um de vocês em relação ao voto! Partindo desta premissa gostaria que vcs. fizessem uma reflexão sobre o que está em jogo nestas eleições:
Todos sabem que defendo a candidatura de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo, porém não venho pedir seu voto para ele, venho pedir que vcs. reflitam sobre o que, realmente, está em jogo nestas eleições.
Defendo a candidatura de Haddad, pois acompanho a trajetória dele no MEC há 8 anos e não posso, conhecendo um pouco do tema educação, deixar de defender a verdadeira revolução silenciosa que ele fez nas políticas educacionais do país. Ainda não está como gostaríamos que estivesse, ma ninguém pode deixar de perceber que o ministro Haddad fez pelos estudantes mais pobres deste país o que nunca havia sido feito.
Mas o objetivo deste e-mail não é convencer vc. de que o meu candidato é melhor que o seu, respeito sua decisão.
O perigo maior que estamos correndo é ver o candidato Serra, um moribundo político, ganhar forças para, se for eleito, largar a prefeitura de novo daqui a 2 anos nas mãos de um aventureiro como o Kassab.
Não tenham dúvidas que, se Serra for para o 2º turno, ele ganha as eleições, pois o PSDB do Brasil inteiro jogará suas forças políticas e econômicas na candidatura dele.
Mas se não ganhar a eleição o que fizemos levando-o para o 2° turno foi dar sobrevida a um político da pior espécie que já está praticamente aniquilado.
O que Serra quer na verdade é ganhar força política pois em breve ele terá que enfrentar os tribunais para responder sobre os processos que estão descritos no livro A Privataria Tucana. ( se vc. ainda não leu, informe-se na Wikypédia :http://pt.wikipedia.org/wiki/ A_Privataria_Tucana
Pois bem, não há outra maneira de nos livrar desse tipo de políticos a não ser cortando pela raiz suas pretensões, não permitindo que ela vá para o 2ºturno.
A única maneira de não permitir que ele tenha uma sobrevida política é não permitir que ele vá para o 2º turno votando no Haddad.
É isso mesmo voto ÚTIL para livrar São Paulo e o Brasil do político mais nefasto que já tivemos.
Por isso estou pedindo voto útil para Haddad. No segundo turno vc. avalia em quem votar.
Vamos pensar nisso, pelo bem do Brasil.
Se voce concorda comigo, peço-lhe que repasse para seus amigos e familiares
Abraços e obrigada
Avelina Martinez ( socióloga e consultora em educação)
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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons
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PressAA
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