Por Fernando Soares Campos
Os velhacos estavam reunidos no luxuoso apartamento da Rua Carioca, em Higienópolis, na capital paulista. O Coisa Ruim, anfitrião, babava, espumava, destilava todo seu veneno contra o Governo Central. A escória da política nacional estava ali representada. A imprensa estúpida, golpista, ainda iludida, imaginando-se o Quarto Poder, se fazia presente através do que de mais escroto nela existe: barões da mídia, mafiosos por natureza; inconformados com o combate que a internet está representando contra seus espúrios interesses.
Aquilo tinha aparência de encontro de confraternização, mas era só aparência; estavam apenas avaliando os resultados de suas últimas investidas contra o que chamam de “republiqueta de merdas”.
Coisa Ruim: - O sátiro agora deu para palrear em português culto... Até já articula palavras como “idiossincrasia”! - estalou os beiços carnudos - Idiota!
Todos riem escancaradamente.
Cold Jr.: – E o sujeito acredita mesmo que o ex-black panther, agora travestido de imperador, considera mesmo que ele seja “o cara”!
Coisa Ruim: – O cara-de-pau! Isso sim! O sujeito que não se enxerga. Aproveitou-se do movimento sindical e golpeou na nossa cara.
Bob Cynical: – Mas nós pensávamos que iríamos fazer com ele o mesmo que fizemos com o caçador de maracujás... Botar no trono e derrubar.
Meskiño: - Pois é, a gente imaginava que, depois de eleito, o analfabeto não saberia nem se sentar no trono. Aí era só aplicar aquele golpe do mensalão. Em seguida faríamos a reedição dos caras pintadas.
Coisa Ruim: – Não vamos chorar o leite derramado, pois fizemos o que pudemos. Pelo menos conseguimos fazer alguns estragos. O PT, por exemplo, ajudou um pouco. Contamos com a colaboração de alguns infiltrados.
Bob Cynical: – Foi divertido ver aquele deputado carioca choramingando diante das câmeras... Como é mesmo o nome do imbecil?
Sewerage Sistem: – Menstruation Allen.
Coisa Ruim ri a bandeiras despregadas. Os demais, sorriem amarelo.
Coisa Ruim: – Bob, você possui o melhor dos puxa-sacos do PIG. Você é muito bom em esculachar, Sewerage, mas não está rendendo nada.
Yankee: – Mim no entender bem do domestic política de Brazil, mas ser muito engraçado... (risos)
Meskiño: – Pra mim não tem nada de engraçado. Até agora deixamos o tal baiano metalúrgico ganhar terreno e simpatia internacional. Isso não é nada engraçado.
Bob Cynical: – Vamos ao que interessa. O importante é traçarmos novos planos. Muita coisa falhou, mas deixou cicatrizes que podem ser abertas a qualquer momento.
Sewerage Sistem: – Chefe, vou ser sincero, acho que estamos dando muita corda àquela brejeira do Acre.
Bob Cynical: – Mas o objetivo é fazer dela um Gabeira de saias. Deixa a infeliz engolir a isca, que, por sinal, já está no mais profundo de sua garganta.
Sewerage Sistem: – Isca de mosca azul. A caipira já deve estar até declamando Machado de Assis: “Eu sou a vida, eu sou a flor, das graças, o padrão da eterna meninice, e mais a glória, e mais o amor”.
Riem escancaradamente.
Coisa Ruim: – Lembram-se da histérica? A idiota não tem nada de idiota.
Meskiño: – Como assim?! O que você quer dizer com isso?!
Coisa Ruim: – Ela só é idiota por ter acreditado que chegaria lá. Mas a imbecil sabia muito bem que estava a serviço da gente. Apenas pensou que daria o golpe, como o sátiro.
Sewerage Sistem: – Canalheiros segurou o cabestro da infeliz.
Coisa Ruim: – Mas o caso da brejeira do Acre é diferente. A roceira é apenas uma versão feminina de Chico Mendes, que teve o destino merecido, na hora certa.
Sewerage Sistem: – Mas aí é que mora o perigo!
Bob Cynical: – Como Assim?!
Di Fire, que até ali apenas se divertia com as palhaçadas de Sewerage Sistem, ergueu o dedo em sinal de que queria a palavra.
Cold Jr.: – Vai, Di Fire, diz alguma coisa, pois até agora ninguém aqui conseguiu chegar a merda alguma.
Coisa Ruim: – Olha o respeito!
Di Fire: – Não existe ninguém na face da Terra que não tenha lá uma sujeira que seja. Essa infeliz não me engana. Se nós nos empenharmos mais, vamos descobrir o lodo da brejeira. Aí é só amarrar a trouxa...
O garçom passa com a bandeja. Alguns pegam taças de champanhe. O Coisa Ruim vai de scotch. Cold Jr. prefere conhaque. Outros pegam papelotes de pó com o carimbo de garantia de qualidade do melhor cartel colombiano.
Coisa Ruim: – Mas ainda não chegamos a lugar algum. O máximo que fizemos foi obrigar os defensores do sátiro a levantar defunto. A toda hora relembram os estragos que fizemos na Petrobras, as falcatruas da privataria e...
As luzes se apagam. O gerador do prédio entra em funcionamento e novamente a sala se ilumina.
Coisa Ruim: – Apagão! Isso! É disso que precisamos!
O gerador pifa. Escuridão total. Todos ficam nervosos. Burburinho. De repente, acoa uma voz cavernosa na sala:
“Canaaaalhas! Cretiiiinos! Infaaaames!”
Coisa Ruim: – Quem está tão exaltado?!
Silêncio.
Bob Cynical: – Eu conheço essa voz!
Voz cavernosa ecoando:
“Cooorja!”
Coisa Ruim: – Não é possível! É a voz dele!
As luzes se acendem.
Yankee: – Que brrrincadeirrra ser esta? No ser tempo de halloween!
Coisa Ruim: – Hoje eu não bebo mais!
Cold Jr. – Nem eu...
Bob Cynical: – Vamos embora, Sewerage. Vem com a gente, Di Fire?
Di Fire: – Sim, vou sim.
No saguão do prédio.
Sewerage Sistem: – Vocês sabem de onde veio e de quem era aquela voz?
Bob Cynical: – Claro, esgoto, todo mundo sabe que ele não sai daí, fica o tempo todo aporrinhando o Coisa Ruim.
Sewerage Sistem: - Ele quem?!
Di Fire: – Ora, cara, era ele, o Serjão! Quer dizer, o fantasma do Serjão.
Bob Cynical: – É isso aí, esgoto. Olha, o Serjão, tão logo chegou no inferno, descobriu que foi o Coisa Ruim quem mandou apagá-lo, a fim de dar um golpe na japonesa!
Sewerage Sistem: - Pô! E eu que pensava que já sabia de tudo!
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PressAA
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Um comentário:
kkkkkkkkkkkkkkkkkk
Muito boa!!!
O fantasma do Serjão ainda vai apavorar essa turma por muito tempo!!!!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
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