quinta-feira, 15 de abril de 2010

QUAL A RELAÇÃO DO NATURAL HISTORY MUSEUM OF LONDON COM O PSDB?

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(A Invenção do Brasil segundo a verdade histórica, assoprada por anjos demotucanos)

Raul Longo

Nenhuma. Absolutamente nada!

Arquitetonicamente o Museu de História Natural de Londres foi concebido em 1880, e para lá se transferiu a coleção de um tal Sir Hans, exposta no Bristh Museum desde 1753. Mas o de mais importante é que ali se alimentou de heresias outro pervertido: Charles Darwin, que em 1859 publicou “A Origem das Espécies” dando início à batalha entre o evolucionismo e o criacionismo.

No PSDB, sabe-se que em relação ao Brasil esse Darwin não tinha noção do que estava falando, pois por mais que contestem os evolucionistas a vida surgiu mesmo foi na era FHC.

Antes da era FHC tudo o que havia era a ebulição ígnea da ditadura militar. Claro que, quando tudo aquilo começou a ferver, FHC e seu cortejo não foram bestas de ficar se expondo aos riscos das masmorras e torturas, e se refugiaram em outros quadrantes do hemisfério. Não se adaptaram muito bem por ali e, assim que deu, trataram de mudar de hemisfério em busca de mais aprazíveis rincões do universo, por onde tiveram oportunidade de concluir que as coisas não eram bem assim como pensavam. Foi quando, em seu despojamento, FHC descobriu que, ao contrário do que acreditou em seus anos de estudo, Karl Marx não é Deus.

Deus é – e até então sua magnânima humildade Lhe escondera tão evidente verdade – ninguém mais ninguém menos do que Ele, o próprio FHC.

Convocou a coorte de seus arcanjos e explicou porque a Teoria da Evolução era uma arrematada bobagem. Eis então que, despindo-se dos trapos já rotos de socialismos, comunismos, marxismos e outras ciências que lhes ocuparam anos perdidos da juventude, concluíram que bom mesmo é o Neo-Liberalismo. “Por supuesto!” – diria um futuro amigo argentino (Carlos Menem), lembrando que ao menos se pode comer aluninhas e jornalistazinhas que a Globo sustenta as despesas internacionais. Bueno hermano, Menem preferiu a miss Chile, e sabe-se lá quem os sustenta!

Mas tudo isso foi bem depois daquela reunião ecumênica que levou Deus a uma decisão unânime (não há decisão divina que não seja unânime): “Vamos inventar o Brasil!”

Alguém arrematou: “E se não gostarem, a gente diz que foi o Lula!”, no entanto não se sabe se teria sido o Freire do PPS ou o Simon do PMDB. Fato é que os apóstolos trouxeram as tábuas das leis sagradas para inventarem o Brasil neoliberal.

Descoberto por Cabral, como todo mundo sabe, mas inventado na era FHC, no Brasil de hoje o que tem de melhor foi inventado pelo Excelso e seus arcanjos incólumes aos paus-de-arara, cadeiras do dragão e outras crucificações típicas aos terroristas, mas jamais aos pós-marxistas acadêmicos da vanguarda do neoliberalismo e seus alinhados, como o recém liberto ex-vice presidente de Serra, também José, o injustiçado Arruda do DF (“Vote num careca e leve 2” – José Serra, antes da chapa ser solapada por uma manobra da Polícia Federal).

Mas, ainda que ileso às garras da diabólica ditadura, imitando Dante Alighieri (vejam o que é altruísmo divino!), FHC desceu às profundas dos infernos das portas de fábrica, para subir em palanques fétidos do luciferento Lula se esgoelando pelas Diretas Já, querendo por fim ao período cretáceo.



As rochas ainda eram quentes e rolantes, e nada estava muito definido, mas quem confia na imutabilidade das eras não tem o que temer; e, assim, FHC só teve de aguardar que os donos da consciência do populacho compreendessem que alguma coisa teria de mudar para tudo continuar como estava.

Em acordo com a teoria do criacionismo, Eva, toda feliz, continuou pagando em suaves prestações seus prazeres mundanos, tal qual Caim, ressecando suas orelhas sob o sol, continuou matando Abel, pois neoliberal ou pós-marxista a história é sempre igual: muitos têm de morrer para poucos curtirem uísques, praias, piscinas, mulheres, iates, Paris, Disneylândia... Essas coisas de que até o Brejnev gostava.

Naqueles tempos confusos, Eva e Caim (ou, se não Eva, qualquer outra que não mencionada na história como segunda mulher à qual se uniria Caim depois de executar o irmão) entoaram cânticos uníssonos a um falso messias caçador de marajás. Mas foi por esse mesmo tempo que se deu a acomodação da crosta brasílica, e o protodeus Roberto Marinho instigou os cara-pintadas contra sua própria criatura. Por fim, a classe média despejou abaixo o anjo guerreiro caçador dos marajás.

Luciferento Lula só viu aquele meteoro cair rente, exclamando um “Ala puta!”, e já foi rosnar contra a grande dádiva do Real criada pelo absoluto FHC.

Alguns anos antes, na versão argentina da mesma equipe contratada para a feitura do Real de FHC, o plano submergira a nação vizinha num pampa de descréditos e falências, mas quem demove resoluções divinas? E o que importava era galgar o trono dos céus de onde, então, FHC pode proferir: “Fiat brasilis!”

E o Brasil se fez!

Não tropical como o quer Jorge Benjor, mas segundo os paleontólogos tucanos é necessário compreender que teríamos mesmo de passar pela era glacial do desemprego, dos congelamentos de salários e do PROER, entre os fósseis da bacia do Pré Sal a serem doados nas encolhas com a privatização da Petrobras, para, enfim, alcançarmos o pretendido paraíso.

Pretendido, mas não por alcançado porque os homens de pouca fé, ao invés de reconhecer em José Serra o filho de FHC enviado à Terra para nos salvar, deram de adorar o Baal barbudo só porque as trevas do Apagão encobriram as luzes do Real com 45 bilhões em prejuízos, além de se expor a escalada da inflação e dos juros por onde se infiltraram as infernais criaturas da violência e do abandono social.

Conclusão: o gremlin (uma mutação genética não catalogada na escala evolucionista) foi preterido e se deu essa perdição onde condenados à ignorância eterna ganham bolsas para o exterior pelo PROUNI, e apenados aos escombros da miséria comem, consomem e dirigem como se lhes fosse direito natural! Tem até os que já estão subindo aos céus a bordo de boings!


Um assombrou que se tentou exorcizar, mas nem mesmo os mais baixos instintos de Roberto Jefferson despachados com marafo e galinha preta pelas encruzilhadas deram jeito no luciferento! Chamaram a Opus Dei, mas os súcubos estavam a solta e renasceram tudo que é espécie em extinção: indústria naval, crédito e respeito internacional, reservas econômicas, o diabo!

Pagaram a dívida externa e desenterraram dinossauros, como a Petrobras, que vem engolindo as maiores empresas do mundo. Um apocalipse!

“Assim não dá, assim não pode” – indignou-se Deus e mandou o Dilúvio que se abateu sobre Gomorra: o estado de São Paulo -- por “uma rara combinação de fatores atmosféricos”, como afirmou a capa da revista Veja numa semana -- e Sodoma: o Rio de Janeiro -- onde “Culpar as chuvas é demagogia”, como afirma a capa da mesma revista Veja em semana seguinte.

Mas veja por seus próprios olhos, agastado leitor, que a Veja reconhece que “Os mortos do Rio de Janeiro que o Brasil chora foram vítimas da política criminosa de dar barracos em troca de votos”.

E aqui está a mais clara demonstração da grande vantagem do Criacionismo sobre a Teoria da Evolução do Charles Darwin. Muito mais prático e cômodo, no Criacionismo é só lembrar Adão e Eva lá no Éden e, daí pra frente, tudo o mais se computa aos empenhos e irresponsabilidades humanas.

Afinal, Deus e seu Filho, para uns; ou FHC e Serra, para outros; são inquestionáveis e não tem nada a ver com isso.

Já no tal do evolucionismo é uma complicação de geólogos e paleontólogos num entrelaçar de diversas ciências e, sobretudo, complexa análise de causas e consequências. Muito constrangedor ter de lembrar que Veja foi promotora e grande entusiasta desta mesma criminosa política, justamente quando mais se proliferavam barracos no Rio e por todo o Brasil. E nem mesmo era preciso trocar por voto, pois a ditadura militar, antes de Deus, inventou a mídia.

Mas foi o FHC que, em Sua infinita complacência divina, amansou e aliou-se aos pré-diluvianos da ditadura, alimentou os jurássicos do capitalismo internacional com promissoras privatizações e distribuiu comissões aos midiosóicos, como Veja e outros da espécie, hoje tão ferozes e agressivos, mas então afáveis bichanos de estimação.

Se então algo rugia, era só a barriga dos sem terras, sem tetos, sem empregos, mas há de se entender que até o que é infinito tem seus limites e o importante é que a classe média estava feliz, pois com a originalidade que lhe é característica, qualquer coisa que fale em inglês agrada. De Barbie a Presidente da República.

Cordeiros de Deus, esse era o rebanho divino apesar dos juros e da taxa tributária, reformulada pelo José Serra, começarem a ultrapassar a barreira do absurdo. No começo até deu para aguentar porque o importante não é a prestação, mas a exclusividade. O que, convenha-se, tem sua lógica, pois se isso virar um céu pra todo mundo, vai ser um inferno!

E assim está com esse luciferento enfiando os cromagnon e neandertaleses do populacho no meio do paraíso de universidades e shoppings, vulgarizando as antigas exclusividades dos escolhidos.

Pura demagogia e revoltante falta de ética que vem iludindo 96% da população, mas em verdade em verdade vos digo que Lula não fez foi nadica de nada! Se abaixou os juros, foi porque FHC os elevou. Se pagou a dívida externa, foi porque FHC a triplicou. Se reduziu a inflação, foi só porque FHC permitiu que inflacionasse. Se criou empregos, foi porque FHC desempregou. Se diminuiu a miséria, foi porque FHC aumentou.

Não há nada que Lula tenha feito que não se deva ao FHC! A falta de percepção dessa realidade é de um primarismo irracional! Afinal, o que seria do céu se não houvesse o inferno? O que seria do certo, se não fosse o errado? O que seria do bem, se não fosse o mal? E Deus? Que seria, se não fosse o Diabo?

Nem é preciso muitos conhecimentos teológicos para se enxergar a evidência de que essa Dilma Roussef não pode dar certo. Vai fazer o quê?

Precisamos mesmo é de um José Serra para se voltar ao que era quando FHC inventou o Brasil. E o que der de errado, ou seja, tudo será culpa do Lula. Inclusive a chuva.

Dilma Roussef é evolucionismo e evolucionismo é Darwin. Excomunga!

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*Raul Longo é jornalista, escritor e poeta, colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz
www.sambaqui.com.br/pousodapoesia
Ponta do Sambaqui, 2886
Floripa/SC

Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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