"13 modos de ver um negro"
[1995, Prof. Henry Gates, esse, o amigo de Obama "stupidly" preso ontem. INTERESSANTE.
Vejam que interessante!
Vejam que interessante!
É artigo de 1995, assinado pelo prof. Gates, o amigo de Obama, esse, o "stupidly" preso pela polícia ontem. Foi escrito logo depois de OJ Simpson ter sido absolvido da acusação de ter assassinado a ex-esposa.
Obama parece ter reagido, primeiro, como negão (nos termos do artigo abaixo). Depois, a ficha (presidencial) caiu. Achei IMPRESSIONANTE esse artigo, já velho de quase 15 anos.
NENHUM FATO é ou algum dia será exatamente o que os jornalões noticiam. É impressionante.
Leiam aí. 8-)
NENHUM FATO é ou algum dia será exatamente o que os jornalões noticiam. É impressionante.
Leiam aí. 8-)
Khaya Mhaya, correspondente da PressAA, via Rede do Castor
3 diferentes modos de ver um negro
23/10/1995, Henry Louis Gates[1], New Yorker
“Todos os dias, de todos os modos, estamos ficando cada vez mais meta, meta [negros]", costumava dizer o filósofo John Wisdom, tentando uma contrapartida cultural para o famoso mantra de auto-aprimoramento de Émile Coué[2]. Faz portanto todo o sentido que, depois do julgamento de O.J. Simpson, o foco da atenção tenha-se deslocado lenta mas claramente do veredito para a reação ao veredito, e daí para a reação à reação ao veredito, e, finalmente, para a reação à reação à reação ao veredito – o que implica dizer: para a indignação dos negros contra a fúria dos brancos pela felicidade dos negros por OJ Simpson ter sido absolvido. É uma espiral tornada possível pelo circuito de retroalimentação dos racismos. Só acontece nos EUA.
Um historiador norte-americano meu amigo registrou a onda que se espalhava entre todos: "Quem imaginaria", disse ele, "que o julgamento de OJ Simpson seria como o assassinato de Kennedy – e todos lembrariam para sempre onde estavam quando a sentença foi divulgada?” O caso é que sim, todos lembramos, é claro. O sociólogo Professor William Julius Wilson estava na sala de espera atapetada em vermelho de um terminal da United Airlines, único negro numa multidão de viajantes brancos, e sentiu-se tão surpreso e perturbado quanto todos. Wynton Marsalis, em tour com a banda na California, lembra que "todos faziam ar de que nem pensavam no assunto. Até que, pouco antes das 10h, 'Pára tudo. Ligue a televisão. Vai sair a sentença'." Spike Lee estava com a viúva de Jackie Robinson, Rachel, arrumando um caminhão com coisas do marido, separando objetos para uma exposição. Jamaica Kincaid estava sentada em seu carro no estacionamento de sua loja de doces em Vermont, ouvindo o julgamento pela National Public Radio, e só saiu do carro depois de a sentença ser anunciada. Eu estava num seminário de literatura em Harvard das 12h às 14h, e assisti ao anúncio da sentença com os alunos, num televisor na sala do seminário. Ali vi pela primeira vez o tipo de resposta racializada que encheria as telas de televisão ao longo de todos os dias seguintes: os estudantes brancos, indignados; os negros, festejando. “Talvez seja o caso de você lembrar aos alunos que duas pessoas foram brutalmente assassinadas. Que não há o que festejar", sussurrou-me minha assistente, mulher e branca.
As duas semanas entre a sentença de O.J. Simpson e a Marcha "Um Milhão de Negros"[3] liderada por Louis Farrakhan em Washington foram prato cheio para os connoisseurs da paranoia racial nos EUA. Os negros exultavam com a absolvição de Simpson e os brancos horrorizavam-se com a sensação de que a questão racial virava nó mais apertado do que jamais supuseram que chegaria a ser –, de que, depois de todas as pieguices terem sido ditas e reditas, os negros, afinal, são, sim, mesmo, corpos estranhos. (O sentimento de que ninguém expos em palavras: "E eu que pensava que conhecia essa gente.") Havia traços daquela inquietação dos donos de escravos no Sul, depois da sangrenta revolta dos escravos liderada por Nat Turner — quando o cavalheiro fazendeiro supreendeu-se, ele mesmo, imaginando qual dos seus sorridentes e servis escravos teria cortado sua garganta, caso a rebelião se tivesse alastrado como desejou alastrar-se, como fogo em palheiro. Nos dias depois da sentença, jovens profissionais urbanos perceberam uma espécie de nova leve frieza entre elas e suas babás e ascensoristas – a frieza e o distanciamento que nasce de assuntos presentes não falados. Rita Dove, que acaba de completar seu mandato como "Poeta Nacional Laureada" e que acreditava que Simpson fosse culpado, achou "assustador que tantos brancos estivessem tão ofendidos – mais assustador do que qualquer condenação ou absolvição." Claro, é possível que todas as tensões tenham sido exageradas. Marsalis lembra o exemplo dos locutores de esportes: "Você sempre quer que seu lado vença, seja qual for. Fato é que ainda estamos num ponto de nossa história nacional em que olhamos uns os outros como lados opostos."
A questão dos lados é talho profundo. Uma velha história em quadrinhos mostra uma mulher que leva a filha malcomportada a um psiquiatra infantil. "Quando assistimos ao Mágico de Oz", diz a mãe lastimosa, "ela torce pela bruxa má." Muitos brancos experimentaram a estranha sensação de que toda a população torcia pelo time errado. "Esse é exemplo clássico do que chamo de espaços intersticiais", disse o juiz A. Leon Higginbotham, que se aposentou recentemente da Corte Federal de Apelações e que, mês passado, recebeu do presidente a Medalha da Liberdade. "A própria ideia do julgamento por cidadãos-jurados nasce da convicção de que pode acontecer de várias pessoas considerarem as mesmas provas e chegarem a conclusões diametralmente opostas.” Mas a observação pouco consola. Se discordamos sobre questão tão básica, como podemos esperar que algum acordo seja possível em questões mais espinhosas? Para os observadores brancos, o que assusta ainda muito mais que a ideia de que os norte-americanos negros estivessem torcendo pelo vilão, que é má apreensão dos valores, é a ideia de que os negros norte-americanos não o vissem como vilão, o que é má apreensão dos fatos. Como parlamentar, se não há acordo sequer sobre os fatos da realidade? Em termos bem claros: para muitos brancos, qualquer sincera convicção de que OJ Simpson seja inocente parece menos uma cultura de protesto e, mais, uma cultura de psicose.
Algum leitor talvez não saiba que Liz Claiborne disse, há não muito tempo, no programa "Oprah" que não desenhava roupas para mulheres negras – que as negras têm quadris largos demais. Talvez alguém não saiba, tampouco, que o refrigerante "Tropical Fantasy" foi criado pela Ku Klux Klan e inclui um ingrediente especial, para esterilizar homens negros. (Um folheto distribuído no Harlem há poucos anos informava que esses 'fatos' haviam sido confirmados pela televisão, no programa "20/20".) E talvez alguém também não saiba que a Ku Klux Klan mantém acordo para finalidades semelhantes com a rede Church de frango frito – ou será a rede Popeye, de New Orleans?
É possível que os leitores não saibam dessas coisas, mas muitos negros norte-americanos pensam que todos sabem e discutem esses assuntos com a mesma paixão concentrada com que falam da "figura sombria" que teria sido vista numa estrada de Brentwood. Não importa que Liz Claiborne jamais tenha aparecido no programa "Oprah", que a famigerada empresa do Brooklyn que fabrica Tropical Fantasy já tenha exibido até declaração da FDA sobre a qualidade dos ingredientes do seu refrigerante, e que essas redes de frango frito só impliquem risco, de fato, às artérias coronarianas dos negros. A folclorista Patricia A. Turner, que reuniu dezenas dessas histórias, num inestimável estudo, de 1993, sobre os boatos e mitos da cultura afro-norte-americana (I Heard It Through the Grapevine), chama atenção para os padrões que se repetem aqui: essas histórias codificam e reproduzem ansiedades existentes, que surgem sob determinadas condições e desempenham determinada função social; e esse tipo de boato prolifera sempre onde e quando o noticiário "oficial" absolutamente não parece ser fidedigno.
Claro que as fitas Fuhrman[4] podem ter sido forjadas, confirmando o velho ditado que ensina que os paranoicos também podem ter inimigos reais. Se você não entende por que os negros parecem particularmente sensíveis a boatos e a teorias conspiratórias, deve procurar conhecer uma história na qual se ensina que as narrativas oficiais raramente ajudam a conhecer a verdade, a qual, de fato, sobrevive mais facilmente nos boatos. Já ouviu aquela do policial de Los Angeles que odiava casais inter-étnicos, sonhava com fogueiras alimentadas de corpos negros e se vangloriava de plantar provas? E aquela do estudo do governo, 40 anos de pesquisa, que prova que a sífilis não tratada é doença específica de homens negros? E sobre os arquivos do Programa de Contra-Inteligência do FBI[5] contra os negros? ("P'ra você, só há uma saída" um escriba do FBI escreveu em bilhete para Martin Luther King, Jr., em 1964, pregando as vantagens do suicídio. "Melhor você partir para outra, antes de que seu ego imundo, anormal, fraudulento seja varrido da nação.")
As pessoas constroem entendimentos sobre si mesmas e sobre o mundo mediante narrativas – narrativas oferecidas pelos professores, pelos jornalistas, por 'autoridades' e por todos os autores de nosso bom-senso comum. As contra-narrativas, por sua vez, são os meios pelos quais os grupos contestam essa realidade dominante e o traçado de pressupostos que dão suporte a essa realidade dominante. Às vezes, as fantasias infiltram-se por aí, às vezes não. Há a ideia de que grande parte da história dos negros nos EUA é apenas uma contra-narrativa que foi documentada e legitimizada por trabalho acadêmico lento e duramente construído. As "figuras sombrias" da história dos EUA são há muito tempo os nossos ancestrais negros, ao mesmo tempo livres e escravizados. Em todos os casos, a fidelidade às contra-narrativas é sinal de alienação, não da cor da pele: prova disso é a Deputada Helen Chenoweth[6], de Idaho, e seus devotados eleitores. Com toda a verossimilhança das alegorias, o livro "Protocolos dos Sábios do Sião" é vendido por livreiros negros em Nova York — que recebem os livros da empresa Lushena Books, empresa atacadista de distribuição de livros, cujos proprietários são negros nacionalistas –, mas os livros são editados pela editora Angriff Press, que tem sede em Hollywood e cujos proprietários são brancos racistas suprematistas. A paranoia não considera leste e oeste, nem cor de pele.
Em resumo, de nada nos serve considerar as contra-narrativas como mais uma modalidade de patologia ou de desconstituição e desempoderamento. Se as narrativas dos desaparecidos em combate[7], por exemplo, tem raízes fundas entre os operários mais pobres, há muitas outras narrativas – uma das quais conhecida como "Reaganismo" – que ainda ecoa muito fortemente entre as classes privilegiadas. "Assim, muitos irmãos e irmãs brancos continuam vivendo em estado de não ver e não querer ver o quanto o ideário da supremacia branca está profundamente arraigado na cultura e na sociedade dos EUA" –, como diz Cornel West, professor e crítico da sociedade norte-americana. "Agora, afinal, estamos reconhecendo que, num sentido fundamental, vivemos, sim, em mundos diferentes." Quanto a isso, a reação à sentença no caso O.J. Simpson foi altamente educativa. O romancista Ishmael Reed fala de "comentaristas machos, brancos e ricos, que vivem em mundo no qual a polícia nunca mente e não planta provas falsas – e no qual todos têm crédito ilimitado com os traficantes de droga." E acrescenta que "Nicole, como você sabe, também dormia com homens assassinados pela Máfia."
"Acho que Simpson é inocente. Estou convencido" – diz West. "Acho que o crime está associado a alguma subcultura da violência da droga. Parece que ambos, O.J. e Nicole tinham algum envolvimento com o pessoal da droga. Os assassinatos foram casos clássicos da cultura da violência da droga. Talvez tenha a ver com dívidas. E acho que O.J. sabia disso e sempre teve medo das consequências." Para os que seguem essa hipótese, Simpson teria aparecido na cena do crime, como testemunha. "Acho que ele pode ter pressentido o que aconteceria, com ele e com ela. Apenas aconteceu de ele estar lá", West conjectura. "Mas também pode ter acontecido de Simpson ter estado lá, ter espiado, ter tentado saber o que estava acontecendo, viu que nada poderia fazer, assustou-se e fugiu. Pode ter pensado 'Não posso fazê-los parar e, se me virem, virão para cima de mim'. Pode ter acontecido de ter fugido para salvar a própria vida."
Acreditar que Simpson é inocente e foi absolvido implica crer que se evitou uma terrível injustiça – e muitos negros americanos, inclusive intelectuais respeitados, pensam exatamente assim. A soprano Jessye Norman está furiosa com o que, para ela, foi prejulgamento feito pela imprensa que condenou Simpson sem julgá-lo. A imprensa, diz ela, "deveria dedicar-se a ensinar as pessoas a analisar os fatos de outro modo, de modo mais equilibrado." Diz que o que mais desejou foi que o culpado "aparecesse e dissesse 'Fiz isso e sei que causei muito mal a muitas pessoas'." Embora seja sensível à questão da violência doméstica e do abuso contra esposa, não acredita que as coisas tenham acontecido do modo como a acusação mostrou-as: "É preciso parar de pensar sobre como o casal vivia a intimidade, porque são raros os casais cujas vidas, exibidas pela televisão, seriam 'aprovados'. Quero dizer: parem de pensar desse modo." E pergunta: "Não é interessante que aquela mulher, Faye Resnick, que morava na casa com Nicole Simpson, tenha-se mudado de lá do dia 8/6? Não haveria aí alguma estranha coincidência?" Norman também considera "perfeitamente plausível" a muito disseminada teoria do envolvimento de todos com drogas, "porque muita gente sabe como os traficantes agem", e acrescenta: "Os maus sempre são castigados."
Em determinado sentido, todas essas falas podem ser consideradas como contra-narrativas, ou fragmentos de contra-narrativas –, "conhecimento subalterno", se alguém preferir. Todos disputam território contra a cultura oficial; não ganham o imprimatur dos editores e editorialistas dos jornais e noticiários de televisão; não são apresentadas como "discussão aprofundada" ou "opinião de especialistas" no [programa] "MacNeil/Lehrer". E quando essas falas chegam à superfície da opinião pública, são tratadas, no máximo, como 'depoimento' de valor etnográfico. Há uma cultura oficial que trata essas opiniões como se fossem opinião de algum fundamentalista milenarista texano, ou de desconstrucionistas marxianos de academia: algo que ainda tem de ser diagnosticado, decifrado, antes de receber significado, quero dizer, antes de receber outro significado.
Os negros e negras dizem que acreditam que Simpson é inocente. E então, imediatamente, os guardiões brancos da opinião branca da cultura midiática, falam muito rápido, quase sem respirar, para explicar o que os negros e negras, de fato, estariam 'querendo dizer' quando dizem que acreditam que Simpson é inocente. E, para explicar, lançam mão de 'motivo' sempre elevadíssimo: os negros e negras dizem o que dizem porque esse tipo de opinião alternativa é a única opinião que resta para uma população marginal que, entregue ao próprio modo de raciocinar, não é apenas resistente ou interessada em contra-informar: são loucos, doidos varridos. De fato, os negros e negras são livres para dizer o que bem entendam; mas o que digam jamais significará o que negros e negras realmente queriam dizer quando disseram.
O caso é que não se precisa de algo tão imponente quanto uma ruptura epistemológica para explicar por que pessoas diferentes atribuem diferentes pesos à prova de autoridade. Nos termos do slogan da propaganda dos Republicanos "Em quem você confia?"
É lugar-comum que os brancos confiam na polícia; e os pretos, não. Os brancos reconhecem essa evidência em termos abstratos, mas sempre se surpreendem com a profundidade da desconfiança, da precaução, dos negros. Não se deveriam surpreender tanto. O ensaio de Norman Podhoretz em busca da alma dos negros de 1963 (“My Negro Problem, and Ours” [meu problema negro e o nosso][8], — um dos documentos mais francos que temos, sobre liberalismo e ressentimento racial — conta sobre uma infância passada no Brooklyn sob a sombra de assaltantes negros crueis e indiferentes, e sobre o mal-estar residual do qual o autor jamais se livrou, e que acorda sempre que ele cruza com grupos de negros nas ruas do Upper West Side. Isso, diz o autor, numa passagem crucial, apesar de "hoje eu saber, como não sabia quando era criança, que o poder está do meu lado, que a Polícia trabalha a meu favor, não a favor deles." Esse conforto – a sensação de que "a Polícia trabalha a meu favor" — continua e iludir os negros, até os mais bem-sucedidos. Thelma Golden, diretora do show "Macho Negro", de Whitney, diz que no dia em que foi anunciada a absolvição de Simpson, um negro foi assassinado no Harlem por policiais, em circunstância jamais esclarecidas. Como os negros mais velhos ensinam, "Quando os brancos dizem 'justiça', dizem 'só a nossa'."[9]
Os negros — de modo especial os homens — contam entre si suas experiências de encontros com a Polícia como narrativas de guerra, e poucos são os que só têm um caso a contar. "Essas histórias têm algo de clichê", diz Erroll McDonald, diretor executivo da Editora Pantheon e um dos raros negros que se destacou no mundo editorial, "mas, como todos sabemos, todos os clichês têm um fundo de verdade." McDonald conta sobre quando dirigia um Jaguar alugado em New Orleans e foi parado pela Polícia –, "para que eu provasse, com documentos, que não era o caso de eu ser preso, porque, afinal, qualquer um tinha direito de supor que eu fosse um negro ladrão, dirigindo carro roubado". Wynton Marsalis lembra: "Que merda. Uma vez, a polícia me virou do avesso, ainda no ginásio. Naquele tempo, eu ainda não era Wynton Marsalis. Era um negro igual a tantos, parado numa esquina, que podia levar cascudos da Polícia, como, de fato, levei." O autor de romances policiais Walter Mosley, recorda: "Quando menino, em Los Angeles, a Polícia me fazia parar a cada passo, me batia, me seguia, me acusava de roubar coisas." William Julius Wilson — um de seus genros é policial em Chicago ("Não há rapaz mais gentil nem mais dedicado que ele") — não entendeu por que foi parado pela Polícia, na entrada de uma cidadezinha em New England; o policial só queria saber o que andava fazendo na 'área'. De fato, estava violando uma proibição que muitos afro-norte-americanos conhecem bem: "Dirigir veículo automotor em estado de negro".
Assim é que todos temos nossas histórias. Em 1968, eu aos 18 anos, conhecia o homem que fora eleito prefeito no condado de West Virginia, onde eu vivia, uma grande vitória. Algumas semanas depois da posse, o prefeito aprovou uma lei local, da qual achou que eu devia ser informado: a Polícia local preparara uma lista de pessoas a serem imediatamente presas, em caso de agitação política; e o meu nome lá estava, na lista. São muitos anos de condicionamento.
Wynton Marsalis diz que "Meu maior medo nessa vida é virar reu no Sistema Judiciário dos EUA." Por absurdo que seja, o meu maior medo é exatamente o mesmo. [leia mais em
http://www.newyorker.com/archive/1995/10/23/1995_10_23_056_TNY_CARDS_000372419?
(em inglês)]
NOTAS
[1] Sobre a prisão do prof. Gates, dia 22/7/2009, ver http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1238187-5602,00-PROFESSOR+DE+HARVARD+E+PRESO+SOLTO+E+ACUSA+POLICIA+DE+RACISMO.html; sobre o comentário de Obama, de que a prisão teria sido gesto "estúpido" da Polícia e sobre desenvolvimentos, ver http://www.nydailynews.com/news/politics/2009/07/23/2009-07-23_obama_doesnt_regret_acted_stupidly_remark_compliments_sgt_james_crowley.html
[2] "Every day, in every way, I am getting better and better". Há um trocadilho sonoro entre "better and better" e "meta and meta" (ing.) que se perdeu na tradução.
[3] Marcha que aconteceu dia 16/10/1995, em Washington. Para saber mais, vide http://www.britannica.com/EBchecked/topic/382949/Million-Man-March
[4] Fitas citadas no julgamento de OJ Simpson.
[5] Counter Inteligence Program, COINTELPRO-FBI, 1956-1971.
[6] Deputada ultra-conservadora, racista, eleita por grupo que se autodefinia como "Congresso Ariano dos EUA". Sobre ela, ver, por exemplo, http://downwithtyranny.blogspot.com/2006/10/helen-chenoweth-is-dead.html, na ocasião de sua morte, em 1996.
[7] Ing. MIA (missing in action, "desaparecidos em combate"). A expressão ocorre associada a outra: POW-MIA ("prisioneiros de guerra"-"desaparecidos em combate"), sempre em referência aos soldados desaparecidos na Guerra do Vietnam, cujos cadáveres não foram devolvidos às famílias. Sobre isso, ver, por exemplo, http://www.miafacts.org/hope.htm.
[8] Pode ser lido, em inglês, em http://www.commentarymagazine.com/viewarticle.cfm/my-negro-problem-and-ours-3676
[9] Ing. “When white folks say ‘justice,’ they mean ‘just us’.” Na tradução, perde-se o efeito de trocadilho sonoro entre justice e just us, do inglês.
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PressAA
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