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Chico Villela
No Brasil era pleno carnaval. Para os doze membros da família de Hajji Mohammad Karim, a alegria havia ido embora.
Estendidos e cobertos por panos no único cômodo da casa que restou de pé, jaziam, velados por Karim, 5 crianças, 5 mulheres e 2 velhos. São o que os invasores chamam de “casualties”, vítimas inocentes de uma guerra de rapina.
O comandante das tropas, o assassino profissional general Stanley McChrystal, apressou-se a pedir desculpas ao presidente-fantoche Hamid Karzai e a enviar um militar ao local. Era tarde, claro. McChrystal foi durante anos o chefe do grupo secreto, formado pelo ex-presidente Dick Cheney, responsável por centenas de detenções ilegais e mortes por tortura de adversários pelo mundo afora. Cheney não gostava da CIA, e formou seu grupo à parte, sem qualquer conhecimento e controle mesmo de altas patentes militares e autoridades civis.
Agora, aplica-se no Afeganistão estratégia diferenciada: minimizar a morte de civis, invadir acompanhado de profissionais locais que ocuparão o poder após a “limpeza” do inimigo Taleban; enfim, fazer gestos para a população.
Mas as bombas, principalmente as lançadas do ar, não costumam obedecer às altas estratégias dos generais, e insistem em assassinar civis de todas as idades. São 15 mil tropas contra cerca de 1 mil combatentes do Taleban, num cenário de pequenas vilas em que moram 80 mil civis agricultores. Pela delicada foto seguinte (da edição de hoje do New York Times), de uma tropa dos EUA pedindo licença com os pés para entrar numa casa, pode-se avaliar o que vem por aí.
A pergunta já foi feita: se o objetivo da operação em Marjah é abalar o Taleban no seu reduto mais tradicional, a província sulista de Helmand, para depois entabular negociações para o fim da guerra, então por que não evitar o massacre e sentar logo à mesa?
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=605
Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons
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PressAA
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