terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O fabulista fuleiro

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Fernando Soares Campos*

Em 2001, Ricardo Noblat, o fabulista fuleiro, escreveu a fábula “O jantar do crocodilo com o urubu malandro”. A peça foi usada pelo então senador Roberto Arruda, que queria se livrar da acusação de ter violado o painel eletrônico do Senado.

Emocionado, Arruda (o crocodilo) subiu à tribuna e leu a fabulosa carta de Noblat (o urubu malandro), vertendo lágrimas do bicho chorão. A historieta girava em torno de um jantar entre o crocodilo e o urubu na noite do crime e deveria servir de álibi para livrar Arruda da cassação.

Não foi convincente, Arruda precisou renunciar ao cargo; pois, se nele permanecesse, seria cassado e perderia os direitos políticos por um longo período. Isto seria fatal para o crocodilo e, mais ainda, para o urubu malandro, ambos viciados em mensalões e mensalinhos, respectivamente.

Agora o urubu malandro, também conhecido como Noblá-blá-blá, escreveu um arremedo de fábula intitulada “Sina de Formiga”, em que o elefante destruidor de formigueiros seria o presidente Lula.

E as formigas?!

Ah, quem diria?! As formigas do Noblat são os dinossauros da oposição, que ele diz existirem “aos milhares”, mas omite a rainha FHC (talvez ela esteja se convalescendo de uma overdose de BHC).

Ora, haja sofisma! O fuleiro fabulistas tentou inverter os papéis, fazendo de Lula o gigante que Davi ousou enfrentar e, num só golpe, derrotou-o.

Lula é gigante, sim, mas um gigante enfrentando monstros de toda espécie. Lula não é um elefante esmagador de formigas, ele está mais para Hércules enfrentando leões, serpentes de muitas cabeças, cerberus, centauros, javalis e todo tipo de pavorosas criaturas.

Elefante destruidor de formigueiros é a mídia oligopolizada em que o Noblat atua como urubu malandro.

Formigas somos nós, que por estas veredas virtuais tentamos, o tempo todo, contra-atacar os elefantes que insistem em tentar nos destruir.

Petistas e lulistas de todos os formigueiros, ao ler a fuleira fábula do Noblat, se sentiram elefantinhos dando seus primeiros passinhos. Acharam lindo! Disseram até que o Noblat estaria desistindo de apoiar Serra e assumindo a defesa de Lula. Mas que elefantinhos desmemoriados!

A fábula fuleira do Noblat passa, sutilmente, a imagem de um Lula ditador.

E no final dá a “fórmula” para a vitória do Serra presidente:

“Aí José só vencerá a eleição se Dilma conseguir perder para ela mesma.”
Possível, é, embora...”

E como Dilma perderia “para ela mesma”?

Certamente o urubu malandro está dizendo que não há outro caminho, a não ser caluniar Dilma, arranjar factóides que destruam a sua imagem, pois não há como vencer as eleições com os “méritos” dos monstros disfarçados de formiga do Noblat.

O urubu diz ainda: “Dilma só existe como candidata porque Lula a inventou”.

Dilma é candidata, ô do mensalinho, porque conquistou esta posição. Na noite em que Lula foi reeleito, comemorei a vitória escrevendo em diversos sites de relacionamento: “Dilma 2010!” Eu e muitos outros militantes, nos formigueiros de relacionamento, já pedíamos Dilma presidente.

Só porque o oligopólio midiático para o qual o urubu malandro trabalha nunca apoiou a candidatura de Dilma, o sujeito diz que foi Lula quem inventou Dilma.

Os barões da mídia nunca perdoarão Lula por sua soberania consagrada pela opinião pública. Eles se sentem donos da opinião pública, querem que esta continue sendo tão-somente a opinião publicada; sonham em reeditar “o caçador de marajás”, ou, quem sabe, “o príncipe dos sociólogos”, hein?! Mas só dispõem de sociopatas.

O que mais choca nesse caso é ver milhares de formiguinhas petistas e lulistas disseminando a fábula fuleira do Noblat, como se este estivesse se rendendo a Lula.

Eu ia escrever muito mais, até pretendia intercalar comentários entre os disparates do urubu malandro, mas imaginei que isso seria subestimar a inteligência e poder cognitivo do leitor Assaz Atroz.

Leia a fábula fuleira do Noblat e tire suas próprias conclusões.

*Editor-Assaz-Atroz-Chefe

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Sina de Formiga

Ricardo Noblat

Era um inferno. Sempre que passava por ali, o elefante esmagava a entrada do formigueiro. Então as formigas decidiram reagir.

Um dia, aos milhares, saltaram sobre o elefante e começaram a picá-lo. Com um abanão das orelhas, o elefante livrou-se delas. Restou uma agarrada ao seu pescoço.

“Esgana o bicho, esgana”, gritavam as outras em coro.

O elefante da história está mais para Lula, aprovado por oito entre 10 brasileiros, assim como as formigas estão mais para a oposição – PSDB, PPS, DEM em fase terminal e uma fatia do PMDB.

Quem será a formiga que insiste inutilmente em esganar o elefante? Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado?

Ora, Arthur anda sumido desde que perdeu a batalha pelo afastamento de José Sarney da presidência do Senado. Há duas semanas, voou para um café da manhã com Barack Obama em Washington. Imaginava trocar idéias com ele. Havia dois mil convidados.

O Amazonas de Arthur é fortaleza do lulismo. Ele pretende se reeleger. Sabe como é...

A formiguinha suicida seria José Agripino Maia, líder do DEM no Senado?

Agripino anda muito ocupado com o escândalo que engoliu o único governador do seu partido, José Roberto Arruda, do Distrito Federal, preso numa cela da Polícia Federal, em Brasília. O escândalo ainda ameaça engolir o vice Paulo Octávio, do DEM.

E Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB?

Poupemos Guerra. O coração dele bate acelerado diante da demora do governador José Serra, de São Paulo, em se declarar candidato à vaga de Lula. E bate aflito diante do risco do próprio Guerra não se reeleger senador por Pernambuco. É uma carga dupla e bastante pesada.

De Aécio Neves, outra estrela do infausto formigueiro, diga-se que jamais aprovaria o plano de um ataque em massa ao elefante.

Se dependesse dele, o formigueiro simplesmente teria mudado de endereço para escapar de eventuais danos. Como não o levaram em conta, mergulhou terra adentro e foi cuidar de sua vida.

Tudo deu certo para Lula desde que se elegeu presidente em 2002. Seu governo sobreviveu ao explosivo escândalo do mensalão. A economia cresceu. Milhões de brasileiros ascenderam à classe C. A maioria dos partidos se rendeu aos seus encantos. E o PT à candidata que ele sacou do bolso.

Dizem que a próxima será a primeira eleição em 21 anos na qual os brasileiros estarão impedidos de votar em Lula. De fato, é verdade. Mas na prática, não.

Dilma só existe como candidata porque Lula a inventou. Nada mais direto, pois, do que o apelo que orientará sua campanha: votar em Dilma significa votar em Lula.

Caberá à oposição separar os dois – fácil, não?

A ela caberá também a difícil tarefa de vender Serra como o melhor candidato pós-Lula. Melhor até mesmo do que Dilma, a quem Lula escolheu. E logo quem?

E logo Serra que concorreu contra Lula em 2002. Se Serra tivesse vencido não haveria Lula presidente por duas vezes. Oh, céus!

O ex-metalúrgico que chegou ao lugar antes privativo dos verdadeiros donos do poder deixou de pertencer à categoria dos homens comuns – embora daí extraia sua força.

Foi promovido nos últimos oito anos à condição de mito. E como tal deverá ser encarado pelas futuras gerações. É improvável que alguém como ele reprise sua trajetória.

A oposição se propõe a derrotar um mito. E tentará fazê-lo sem reunir sua força máxima.

Serra está pronto para conversar com Aécio sobre a vaga de vice em sua chapa. Quanto a isso, há duas coisas mais ou menos certas. Serra oferecerá a vaga a Aécio. E Aécio a recusará.

Descarte-se a hipótese de Serra sugerir: “Bem, nesse caso, você sai para presidente com meu apoio e eu irei disputar um novo mandato de governador”.

Aécio tem a resposta na ponta da língua: “Agora, é tarde. Quis ser candidato. Sugeri a realização de prévias dentro do partido. Não fui ouvido. Serei candidato ao Senado”.

E aí, José?

Aí José só vencerá a eleição se Dilma conseguir perder para ela mesma.

Possível, é, embora...

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E ainda tem petista e lulista acreditando piamente que o urubu malandro "jogou a toalha".

Santa ingenuidade, Batman!


Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA

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