domingo, 1 de dezembro de 2013

Entrevista de Miruna Kayano Genoino: "Se esse é o preço que tem que pagar para que o projeto do governo Lula e Dilma funcione, ele paga" --- Esquerda obscura: Síndrome de Estocolmo ou mera covardia?

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Adriano Vizoni/Folhapress
Retrato de Miruna Genoino, filha de Jose Genoino, preso no processo do mensalão, durante a primeira entrevista exclusiva que ela concede
Miruna Genoino, filha de Jose Genoino, preso no processo do mensalão, durante a primeira entrevista exclusiva que ela concede

De nosso colaborador-correspondente Raul Longo:

Dedico essa entrevista da filha de José Genoíno a todo idiota e todo canalha que por se considerar da Esquerda usa o discurso da Direita para parecer ser o mais ESQUERDÃO e não é merda alguma a não ser um covarde.

Imbecil ou canalha é antes de tudo um covarde que se tivesse um mínimo de vergonha na cara ao menos calaria a boca. Mas dignidade é algo que não conhecem e certamente não vão ler essa entrevista, pois a verdade incomoda e atrapalha a ilusão de serem as consciências políticas a que todos devem ter paciência de escutar e ler cada besteira dita ou escrita.

Não vão ler e se ler não irão acreditar porque sempre imaginam que toda gente é como eles mesmos são, mas ainda assim é para esses inconsequentes que distribuo essa entrevista da Miruna Genoíno:



01/12/2013 

'Esperança eu não tenho, meu pai não vai durar na prisão', diz filha de Genoino


Miruna Kayano Genoino se lembra com detalhes da tarde em que seu pai reuniu a família e comunicou: "Lula pediu para eu ser presidente do PT e vou fazer isso porque esse projeto precisa funcionar". O ano era 2002 e Luiz Inácio Lula da Silva tinha sido eleito presidente da República.

Filha do deputado federal licenciado José Genoino, a professora de 32 anos diz que o pai não tem arrependimentos. O petista foi condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha no mensalão e, segundo Miruna, acredita que, "se esse é o preço que tem que pagar para que o projeto do governo Lula e Dilma funcione, ele paga".

[PressAA: No nosso entendimento, esta introdução só tem um objetivo: o de fazer o leitor acreditar que Genoíno assume que foi uma espécie de "corrupto do bem". Ora, a frase de Miruna refere-se a sofrer injustiça, pagar injustamente, mas por uma causa nobre. Porém, conforme está colocado aí, dá a impressão de que Genoíno concorda com o preço pago pelo crime que teria cometido. Muito bem faz a Marilena Chauí, que aconselha que ninguém deve dar entrevista a essa gente. Não vale a pena. Marilena Chauí quebra o silêncio e critica comportamento da mídia “A única solução é uma mídia alternativa, que esse governo não tem e que precisa criar. Em resumo: nada a fazer em relação ao comportamento da mídia. A não ser o que eu tenho feito, que é a crítica. Não me relaciono com a mídia. Não dou entrevistas, não vou a rádios, não vou às emissoras de tevê, não escrevo nos jornais. Eu não quero. A minha liberdade determina que eu não faço isso e que eles não são meus soberanos. Podem ter o império que eles quiserem, mas sobre mim eles não têm.” ]

Genoino foi preso em 15 de novembro e levado ao Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, para cumprir pena em regime semiaberto. Após uma semana, teve uma crise de pressão alta, foi levado ao hospital e de lá seguiu para a casa da filha Mariana, onde espera o Supremo Tribunal Federal analisar seu pedido de prisão domiciliar.

"Meu pai não tem esperanças de que isso aconteça", disse Miruna à Folha. Leia a seguir trechos da entrevista.
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Julgamento e prisão
O momento mais difícil para o meu pai foi quando ele foi condenado. Durante o julgamento ele tinha esperança de ser absolvido. [Os elogios de alguns ministros antes de condená-lo] só o deixavam mais irritado. Era como se fosse um afago para depois meter a faca. Isso, hipócrita.

A prisão não teve o elemento surpresa. Por um lado, quando chegou a notícia, conseguimos respirar. Estávamos vivendo uma situação insustentável com o cerco da imprensa, os repórteres e fotógrafos querendo tirar fotos de tudo. O que vivi como mãe não desejo a ninguém. Posso entender que queiram tirar foto dele se entregando, mas não entendo o desejo de tirar fotos de dois menores de idade indo visitar o avô [os filhos de Miruna têm 5 e 7 anos]. Quando chegou a notícia, foi quase "vamos começar com essa porcaria de uma vez".

Preso político
Meu pai está proibido de emitir opinião, de dar entrevistas, e dizem que ele não é preso político. Então por que ele não pode falar? É preso político, sim. Meu pai foi condenado porque era presidente do PT.

Lembro da vez em que ele se sentou na sala com a gente e falou: "Olha, o Lula pediu para eu ser presidente do PT e vou fazer isso porque esse projeto precisa funcionar".

Às vezes, eu penso que se a gente tivesse falado alguma coisa... Mas não, ele não tem arrependimentos. Nenhum. Ele fala que, se esse é o preço que tem que pagar para que o projeto do governo Lula e Dilma funcione, ele paga.

Saudade
Estou sentindo muita saudade dele, muita mesmo. Na semana passada foi a apresentação de dança da minha filha e só estava eu para assisti-la [chora]. E isso nunca mais vai voltar. Ele nunca mais vai ver essa apresentação.

É difícil porque tenho uma ligação muito forte com meu pai, e o que acontece com ele é como se estivesse acontecendo aqui [coloca a mão em cima do coração e chora ainda mais], como se ele estivesse dentro de mim. Aí a minha mãe vai tentando ajudar a gente. Ela fala: "Você não é ele". Quando tive meus problemas pessoais este ano, ela também falava para o meu pai: "Você não é ela, calma".

Doença
Em julho deste ano meu pai estava com minha mãe e meus filhos em Ubatuba [litoral de São Paulo] e passou mal [foi submetido à cirurgia para corrigir uma dissecção na aorta]. Eu estava viajando. Faço mestrado na Argentina, e passei a noite no avião sem saber se meu pai estava vivo ou morto.

O que mais dói é que foi tão difícil o que nos aconteceu naqueles dias, meu pai tinha só 10% de chance de sobreviver e, graças a Deus, ele venceu. Agora questionam se a gente está usando a doença dele como estratégia. Isso é muito duro porque, se eu pudesse escolher, mesmo com meu pai preso e a gente longe dele, se ele estivesse bem de saúde, eu escolheria isso.

'Querem nos destruir'
Só não larguei o mestrado por causa dele. Soube da aprovação dias depois da condenação [novembro de 2012]. Ele me disse: "Querem nos destruir e você não pode permitir. Você vai continuar lutando e fazendo as suas coisas porque não podem nos apagar".

Se você me perguntar quem é o sujeito do "querem", de cara vou falar que a mídia teve muito a ver com isso. Meu pai teve muitas decepções. Mas com a mídia ela foi devastadora, o coração dele começou a rasgar ali. Ele tem uma mágoa profunda, uma dor com tudo o que é publicado. Quando os jornalistas ficam lá fora de casa, essas manchetes, essa agressividade, esse recorte da realidade é um punhal para ele.

Vontade de morrer
Depois da cirurgia, meu pai se perguntou: "Por que a vida não me levou?" Ele não tinha medo de morrer, mas se questionou muito. Na época da ditadura, ele não tinha nada a perder, mas hoje ele tem os filhos, os netos e minha mãe.

Solidariedade
Lula, Dilma e o PT sempre tiveram solidariedade com o meu pai. E eu só estou falando isso aqui porque se tiver uma pessoa --e só uma-- que ache que ele esteja fingindo e, depois de ler essas minhas declarações, mude de ideia e se convença que ele está mesmo doente e precisa de cuidados, para mim já vai ser suficiente.

Laudo médico
Meu pai passou mal na Papuda e precisou ir para o hospital em Brasília. Ele teve uma alteração de pressão que durou dois dias. Nós tínhamos quatro laudos dizendo que a situação era grave. Quando chegou a junta médica do STF já era o final de dois dias no hospital. É claro que a pressão tinha baixado. Ali ele estava medicado e com a família.

Minha pergunta é: esses médicos foram na Papuda? Foram ver a alimentação do meu pai na prisão? Viram que na Papuda não tem plantão médico noturno? Foram ver? Não foram. E eles se sentiram autorizados a dizer que meu pai não precisa ficar em casa.

Companheiros de cela
Já falei que se eu tivesse mil vidas e durante todas elas eu ficasse dizendo "obrigada" não seria suficiente para agradecer ao José Dirceu e ao Delúbio [Soares] por tudo o que eles estão fazendo pelo meu pai. Porque se teve alguém que cuidou do meu pai foram o Zé Dirceu e o Delúbio.

Eles foram atrás de água mineral para o meu pai parar de beber água da torneira. Insistiram e a polícia levou. É por isso que meu pai deve querer ficar na Papuda caso o STF não dê a domiciliar. Eles não querem se separar.

Próximos dias
Esperança eu não tenho. O único dia em que minha mãe perdeu a cabeça foi quando ele passou mal e o médico disse que ele precisava ir ao hospital, mas o juiz não autorizou. Ela gritou, chorou, ficou nervosa, se descontrolou.

Quando as pessoas falam que ele vai ficar alguns meses no semiaberto e depois já pode pedir progressão da pena, penso que não sei como ele vai chegar. Em uma semana eu vi como ele piorou, como eu vou pensar em meses? Oito meses? Ele não vai durar isso na prisão. Não vai.

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Síndrome de Estocolmo ou mera covardia?

Fernando Soares Campos

Vá nessa, Celso Lungaretti, não apenas leia, mas diga alguma coisa se for capaz!

Você vem batendo em Dirceu e Genoíno há muito tempo, praticamente exige que eles “confessem” o que não fizeram: “Deveriam ter dito a verdade”. Então, Lungaretti, já que você gosta tanto da verdade, nós, que também a apreciamos, vamos lavar alguma roupa encardida.
Li seu artigo "E agora, Josés?", no Pravda, no qual você afirma:

Por Celso Lungaretti (*)
A prisão sempre foi um acontecimento normal na vida de um revolucionário. Nunca nos envergonhamos de ser presos por tentarmos abolir a exploração do homem pelo homem. Nem deveríamos: só os melhores seres humanos o fazem.
O constrangedor, no caso do Zé Dirceu e do José Genoíno, é estarem prestes a cumprir penas em função de um episódio de corrupção. 
Nunca concordei com a decisão de alegarem inocência, que é a mesma de quase todos os criminosos comuns. O homem das ruas imediatamente conclui que são culpados. 
Deveriam ter dito a verdade: que é praticamente impossível governar o Brasil sem comprar o apoio da ralé parlamentar, seja com Pastas e cargos, seja com grana. 
***
Ainda bem que você diz que é "praticamente impossível" e não "absolutamente impossível". Eu acredito piamente que os Josés a que você se refere não compraram o apoio do que você chama de "ralé parlamentar". Também não acredito que eles vão vender suas consciências na prisão.
Mas também não estou censurando você por não ter suportado a dor física da tortura tempos atrás e ter fingido entregar seus companheiros; até porque você fez muito bem em mentir para os seus algozes, informado onde seus companheiros estavam acampados, mas o fez por que sabia eles já haviam abandonado aquele aparelho. E eu acredito em você, não tenho por que duvidar.
Também não o censuro por ter se rendido e aceitado fazer o papel de arrependido, de confessar para a nação, através de rede (na época acho que era cadeia, ou reprodução de vídeo tape) de televisão, que se arrependia de ter participado da companhia e dos planos dos seus ex-companheiros. Não, Lungaretti, isso não é censura, nem eu estaria comentando isto aqui se você até o momento não continuasse demonstrando tal arrependimento. Sim, porque o que você está fazendo agora é mais grave que naquela época. Hoje ninguém está lhe forçando a condenar ex-companheiros de luta, você o faz voluntariamente.
Seus torturadores o colocavam diante das câmeras e colocavam diante dos televisores outros presos políticos. Depois do depoimento de vocês, os arrependidos (assisti a alguns desses depoimentos na tevê, no início dos anos 1970), perguntavam aos que assistiram se eles queriam fazer o mesmo papel e, com isso, sofrerem menos, pois suspenderiam as torturas e, talvez, lhes concedesse a liberdade. Muitos se negaram a aceitar. Mas ninguém está hoje lhe cobrando atitude de herói. Não, mas, por favor, também não se comporte como um covarde.
Se Dirceu, Jenoíno, Delúbio ou qualquer deles não suportarem a tortura, darão um jeito de fazer com que a informação chegue a nós, mesmo sob censura, como estão. E cabe a nós disseminar a verdade. Omitir-se diante da injustiça de que não somos vítima é mais que covardia, é conivência. Porém, nem mesmo sendo atingido diretamente, toda injustiça nos alcança, nos ameaça, nos torna potencial vítima da arbitrariedade de consciências dopadas.
Olha, Lungaretti, "Síndrome de Estocolmo" até que dá pra gente compreender, possivelmente ela pode se manifestar em pessoas extremamente sensíveis, piegas até, mas bem intencionadas; o que não consigo compreender é a contínua relação sadomasoquista entre torturadores e torturados. Só me faz acreditar que o sujeito é morbidamente masoquista, pusilânime, do tipo oprimido que quer ser opressor, ou, pelo menos, ele acredita que a força bruta consegue dobrar a todos, visto que por ela foi dobrado. 
Para afirmar que os governos petistas haviam comprado a "ralé" política com pastas, cargos ou grana, só se eles tivessem feito como Mário Covas, que contratava alguns canalhas vencidos, vendidos.

É só, não dá mais pra segurar, é melhor eu parar por aqui.
Para ler o artigo "E agora Josés?", clique AQUI. Mas não deixe de ler os comentários.

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA



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