sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Lula na guilhotina, Dilma de tricoteuse --- Síndrome do machismo feminino: "Me bate, pô! Senão, eu perco a razão de ser feminista" --- Oprah Obama, ó!

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Fernando Soares Campos


A Agência Fapesp, uma agência de notícia eletrônica, totalmente gratuita (segundo o seu “Quem Somos”), uma espécie de PressAA metida a besta, publicou resenha do livro “Virtuosas e perigosas: as mulheres na Revolução Francesa”, de Tania Machado Morin, a ser lançado em janeiro de 2014.

Com a pulga atrás da nossa orelha, resolvemos reproduzir o texto aqui nesta nossa Agência Assaz Atroz. Mas gostaríamos de fazer algumas observações.

O título do livro informa que a pesquisadora identificou distintas personalidades femininas: “Virtuosas e perigosas”; enquanto o título da resenha interroga: “Virtuosas ou perigosas?”. Em ambos os casos faz-se uma distinção, certamente baseada em informação da pesquisadora:

Constituiu-se, assim, no imaginário da época, a dicotomia “virtuosas versus perigosas”. Como Morin explica em seu livro, “virtuosas” eram as mulheres idealizadas pelos líderes da Revolução: as “mães republicanas” que, por meio do parto, do aleitamento e da educação dos filhos, preparavam a futura geração de patriotas. “Perigosas” eram “as militantes, às vezes armadas, que denunciavam a incompetência e a corrupção dos governantes e exigiam a punição dos ‘traidores do povo’”.
Até aí morreu Neves, o machismo da época pode explicar o fato, portanto até que dá pra engolir essa tese. Porém, mais adiante o resenhista diz por sua própria interpretação:

É sintomático que essa visão negativa acerca das mulheres militantes tenha sido endossada, em momentos diversos, por diferentes facções em luta no processo revolucionário. Não apenas pela contrapropaganda monarquista, como seria de esperar, mas também pelos girondinos (representantes principalmente da alta burguesia moderada), jacobinos (representantes principalmente da pequena burguesia radical) e outros agrupamentos políticos. Apenas as facções revolucionárias mais radicais, como a dos chamados enragés (“enraivecidos”), sustentaram até o final a militância feminina.
Sei não! Sei não! Mas tem angu nesse caroço (ou seria o contrário?!).

Quem chamava essas facções radicais mais profundas, os radicais dos radicais, de “enragés” (enraivecidos)? Por que, definidamente, somente esses sustentavam a militância feminina? Veja que, nesse caso, separa-se uma suposta “minoria” de “enraivecidos” que apoiavam toda a militância feminina. É o que se deduz. Portanto, coloca-se, assim, toda a militância feminina num saco de “tricotadeiras”, mulheres frias, inclementes, monstruosamente insensíveis. Enquanto os homens são tipificados em monarquista, burguesia moderada (girondinos), pequena burguesia radical (jacobinos) e outros agrupamentos políticos.

Porém, a experiência vivida me diz que pessoas enraivecidas, iradas, brutalizadas, inclementes, intolerantes, cruéis, atrozes são geralmente misóginas e, em muitos casos, usam capa, ou toga, de moralista, jamais revelando suas aversões às mulheres. O disfarce pode ser sob a forma de falso sedutor-libertino e/ou homofóbico.

As tricoteuses, por exemplo, não podem ser consideradas as principais representantes das mulheres revolucionárias, pois eram escolhidas entre as raivosas mal-amadas, ou ingênuas muito sofridas, para se sentar em frente ao patíbulo, fazer a claque aos gritos, a fim de minimizar o sentimento de culpa dos carrascos e dos homens taciturnos da plateia; muitos deles eram, na verdade, “revolucionários de última hora”, ex-agentes da repressão, colaboradores da monarquia, traidores de seus pares. Estes eram os agenciadores de “tricoteuses”, eles instigavam algumas mães, dizendo que o condenado teria sido aquele que torturou, estuprou e assassinou sua filha, filho ou marido.

O problema de as mulheres revolucionárias (as principais responsáveis pela Revolução Francesa) terem sido desmobilizadas foi o fato de não contarem com um liderança feminina expressiva. Depois de usá-las, os homens as descartaram, mandaram de volta pra cozinha, o tanque de lavar e a cama.

É basicamente o que acontece hoje com os movimentos “acéfalos”, convocados pela internet, supostamente sem lideranças. Também foi o que aconteceu com o impeachment de Collor, os caras-pintadas não passaram de bucha de canhão. Tempos depois, a “liderança” fabricada para aquele momento, sentiu-se usada e foi reaproveitada pelo PT.

Quanto ao título da resenha, ou mesmo do livro, essa coisa de qualificar as mulheres em “virtuosas e/ou perigosas” não tem sentido, quando se trata de mulheres revolucionárias, pois, para mim, por mau exemplo, a virtude mais nobre seria o fato de serem perigosas.

Gostaria de continuar tratando dessa resenha, mas acho melhor esperar o lançamento do livro.

Porém, como a pulga está insistindo, vou opinar sobre o mecenato.

A Agência FAPESP é um serviço da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e tem como presidente do Conselho Superior ninguém menos inferior que Celso Lafer, que foi chanceler de Fernando Henrique Cardoso. Sim, é ele mesmo, aquele que tirou os sapatos no aeroporto de Miami, em 31 de janeiro de 2002, em simbólico ato de submissão do governo brasileiro ao império do terror.

O resenhista, José Tadeu Arantes, o Kabir, é um guru discípulo do grande mestre Babaji Nagaraj, nasceu em São Paulo, em 11 de fevereiro de 1951. Atua profissionalmente como jornalista, escritor e professor. Com atividade na mídia desde 1976, trabalha atualmente na Gerência de Comunicação da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), e dá aulas no curso de Extensão em Jornalismo da PUC de São Paulo. Em outubro de 2011, rodeado pelas majestosas montanhas do Himalaia, recebeu de seu instrutor, Govindan Satchidananda, o nome espiritual de Kabir, em homenagem ao grande poeta místico do século XV, e como lembrança da meta que deve buscar na vida.

Deve ser um desses gurus que, quando seus seguidores o veem, erguem as mãos aos céus e dizem: “Salve, ó Deus!”, e ele responde “Salvá-lo-ei”.


Não sei por quê, só sei que essa pulga petista está incomodando pra caramba! Ela quer dizer que podem reeditar a ficha falsa de terrorista da presidenta Dilma. Ou, se já saíram com um “Lula X-9”, nada melhor pra jogar um contra o outro: Lula vira Robespierre e Dilma incorpora o espírito de Maria Antonieta, no papel de Viúva Capeto, a vingança.

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12/12/2013
Por José Tadeu Arantes
Agência FAPESP – “Os homens tomaram a Bastilha, as mulheres tomaram o Rei”: assim o historiador francês Jules Michelet (1798-1874) resumiu o alcance da primeira grande manifestação política feminina ocorrida na Revolução Francesa – que mudou a dinâmica do processo revolucionário, imprimindo-lhe a marca de uma crescente radicalização.
O ato ocorreu no dia 5 de outubro de 1789, quando, encabeçadas pelas vendedoras de peixe de Paris, cerca de 7 mil mulheres, armadas de facões de cozinha, lanças rústicas (piques), machados e dois canhões, marcharam a Versalhes, sede da Corte Real e da Assembleia Nacional, para protestar contra a escassez e o preço do pão, arrastando atrás de si soldados da Guarda Nacional e outros homens.
No dia seguinte, exasperadas com a crise de abastecimento e a atitude de Luís XVI, que vetava sistematicamente todos os decretos revolucionários da Assembleia, as manifestantes pressionaram o Rei a abandonar o Palácio de Versalhes e o escoltaram à capital.
“Foi uma iniciativa política sofisticada, porque, com a concentração do poder em Versalhes, o rei ficava longe da pressão popular e mais exposto às influências da rainha e da corte, e se utilizava do direito de veto, que ainda possuía no início da Revolução, para impedir que as reformas fossem realizadas. Ao trazerem Luís XVI para Paris, as mulheres mudaram o centro de gravidade do processo revolucionário e propiciaram à população da capital um novo protagonismo”, disse à Agência FAPESP Tania Machado Morin, autora do livro Virtuosas e perigosas: as mulheres na Revolução Francesa, que será lançado no fim de janeiro.
Apresentado originalmente como dissertação de mestrado no Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP), com orientação da professora Laura de Mello e Souza, o livro, agora publicado com apoio da FAPESP, divide-se em duas partes: a primeira discorre sobre as práticas políticas femininas ocorridas no curso da Revolução e suas repercussões na sociedade; a segunda parte analisa em detalhes um conjunto de imagens, representando mulheres, produzidas durante o período revolucionário.
Morin, que fez a maior parte de sua pesquisa iconográfica no Gabinete das Estampas do Museu Carnavalet e na Biblioteca Nacional da França, em Paris, demonstra, por meio dos fatos e das imagens, como o protagonismo feminino evoluiu ao longo do processo revolucionário e dividiu-se em tendências muitas vezes conflitantes, e como a visão masculina, sempre hegemônica, mudou correspondentemente.
“Enquanto as ativistas foram aliadas úteis dos líderes revolucionários, eles conviveram com os clubes femininos e toleraram suas manifestações, na Assembleia e nas ruas. Mas, no momento em que deixaram de ser apenas personagens excêntricas e barulhentas para se tornarem uma ameaça política, os governantes julgaram necessário reprimi-las com o rigor da lei e a força das armas”, disse Morin.
“Além da extinção dos clubes políticos femininos em outubro de 1793, em maio de 1795 as mulheres foram proibidas de frequentar a Assembleia e de se reunir em qualquer lugar, inclusive nas ruas, em grupos de mais de cinco, sob pena de detenção imediata”, continuou.
As “mães republicanas” e as “fúrias do inferno”
Constituiu-se, assim, no imaginário da época, a dicotomia “virtuosas versus perigosas”. Como Morin explica em seu livro, “virtuosas” eram as mulheres idealizadas pelos líderes da Revolução: as “mães republicanas” que, por meio do parto, do aleitamento e da educação dos filhos, preparavam a futura geração de patriotas. “Perigosas” eram “as militantes, às vezes armadas, que denunciavam a incompetência e a corrupção dos governantes e exigiam a punição dos ‘traidores do povo’”.
As imagens traduziram de forma estereotipada esses conceitos. Às figuras das “virtuosas”, inspiradas nas nobres matronas da estatuária romana ou nas madonas da pintura renascentista cristã, oferecendo aos filhos o leite da moralidade, contrapuseram, de forma muito explícita, as figuras das “perigosas”, “verdadeiras ‘fúrias do inferno’, que tricotavam ao pé da guilhotina, deleitando-se com o espetáculo da morte”.
É sintomático que essa visão negativa acerca das mulheres militantes tenha sido endossada, em momentos diversos, por diferentes facções em luta no processo revolucionário. Não apenas pela contrapropaganda monarquista, como seria de esperar, mas também pelos girondinos (representantes principalmente da alta burguesia moderada), jacobinos (representantes principalmente da pequena burguesia radical) e outros agrupamentos políticos. Apenas as facções revolucionárias mais radicais, como a dos chamados enragés (“enraivecidos”), sustentaram até o final a militância feminina.
No entanto, as militantes, cuja principal organização política foi a Sociedade das Cidadãs Republicanas Revolucionárias, não tinham uma agenda propriamente feminista.
“Elas tinham, sim, uma agenda ‘terrorista’. Isto é, apoiavam o ‘terror revolucionário’ como forma de governo: queriam a destituição dos aristocratas de todos os cargos públicos e das chefias do exército; a adoção do ‘máximo’, ou seja, do tabelamento dos preços dos gêneros de primeira necessidade; a estrita vigilância em relação aos contrarrevolucionários e açambarcadores de mercadorias, com a prisão, julgamento e eventual execução dos traidores; e outras medidas radicais”, afirmou Morin.
Sua posição não se diferenciava daquela dos sans-culottes (“sem culotes”), a numerosa massa popular urbana, especialmente ativa em Paris, formada por trabalhadores assalariados, artesãos e pequenos comerciantes, assim chamada porque os homens desse amplo segmento social não usavam culotes (calções de seda abotoados abaixo dos joelhos sobre meias compridas), como os aristocratas e a burguesia endinheirada, mas calças rústicas que desciam até os pés.
Pauline Léon e Claire Lacombe, as fundadoras da Sociedade das Cidadãs Republicanas Revolucionárias, eram mulheres educadas, que escreviam bem e discursavam com eloquência. Pauline, nascida em Paris, trabalhou originalmente como fabricante e comerciante de chocolates, ofício que herdou dos pais. Claire, nascida em Pamiers de pais comerciantes, atuou como artista de teatro em Marselha, Lyon e Toulon, antes de mudar para Paris e dedicar-se inteiramente à Revolução.
As demais militantes eram, em geral, comerciantes de rua ou artesãs, muitas delas iletradas. As fontes citadas por Tania Morin divergem quanto ao número exato de frequentadoras da Sociedade, mas ele pode ser estimado em torno de cem. No entanto as líderes diziam ter o apoio de milhares.
“Durante a revolução, houve várias crises de falta de alimentos. E as mulheres – responsáveis pela alimentação da família, que enfrentavam, entre outras, a fila do pão – foram às ruas reivindicar o controle governamental do abastecimento e dos preços. E a punição dos açambarcadores dos gêneros de primeira necessidade. Muitas foram empurradas para a militância por essa razão”, disse Morin.
Contra a ‘tirania’ dos homens
Bem diferente foi o caso de Olympe de Gouges, que pode ser considerada uma feminista avant la lettre. Filha nominal de um açougueiro de Languedoc, mas, segundo dizia, descendente ilegítima de um marquês, Olympe era politicamente próxima dos girondinos.
Idealista e generosa, insurgia-se contra as injustiças e defendia os oprimidos, mas se horrorizou com os massacres perpetrados, em nome da Revolução, nas prisões de Paris, em setembro de 1792.
Nessa ocasião, aterrorizadas com o avanço de tropas estrangeiras rumo à capital francesa e com os boatos de que os aristocratas presos planejavam um revide, massas enfurecidas invadiram os presídios e trucidaram os prisioneiros, muitos deles delinquentes comuns, sem qualquer conexão com o complô aristocrático. “O sangue dos inocentes, especialmente quando derramado com crueldade e abundância, mancha indelevelmente as revoluções”, disse Olympe, segundo citação no livro de Morin.
Autodidata, Olympe notabilizou-se como dramaturga e panfletária. “Ela denunciou a ‘tirania que o homens exercem sobre as mulheres’ e defendeu uma reforma do casamento, que deveria durar apenas enquanto subsistissem as inclinações mútuas”, destacou Morin.
“Ao mesmo tempo, condenou a escravidão nas colônias, reclamou oficinas de trabalho para operários desempregados, asilos para os órfãos e ajuda social para os miseráveis. E propôs o casamento do padres, em nome dos bons costumes”, disse Morin.
“Depois que a Assembleia Nacional promulgou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em agosto de 1789, não contemplando nela nenhuma das reivindicações especificamente femininas, Olympe publicou, no mês seguinte, sua Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, reivindicando a igualdade cívica entre os sexos”, disse.
Em outra faixa do espectro social e político, a Sociedade das Cidadãs Republicanas Revolucionárias foi fundada em maio de 1793, no auge da radicalização do processo revolucionário, após a invasão do território francês por tropas austríacas e prussianas; a proclamação da República e a execução do rei, acusado de traição depois de serem descobertos documentos que explicitavam suas negociações secretas com as potências inimigas; e o levante camponês instigado pela clero contrarrevolucionário e pelos aristocratas que buscavam retomar o poder.
A sobrevivência da Revolução estava por um triz. E Robespierre, Saint-Just, Marat, Danton, Desmoulins e outros representantes políticos da pequena burguesia radical, reunidos no agrupamento heterogêneo dos montagnards (“montanheses”), assim chamados por se sentarem nas arquibancadas mais altas da Convenção Nacional, buscavam uma aliança com as massas populares como forma de salvá-la.
Nesse momento crítico, as militantes da Sociedade das Cidadãs Republicanas Revolucionárias desempenharam importante papel na luta dos montanheses contra os girondinos, cujos deputados, até então hegemônicos na Convenção, favoreciam os interesses burgueses em detrimento dos sans-culottes.
“De fato, as Republicanas concorreram para preparar a insurreição contra os girondinos, fazendo propaganda, discursando, promovendo agitações na Convenção, nos clubes políticos, nas seções”, escreveu Morin.
No dia 2 de junho de 1793, pressionada por uma insurreição popular em Paris, a Convenção ordenou a prisão de 29 deputados girondinos. Derrotados, os girondinos utilizaram a retórica mais furiosa para denegrir as militantes. Elas foram chamadas de “bacantes de Marat” e “megeras” e acusadas de quererem “fazer rolar as cabeças e se embebedar de sangue”.
Já em setembro-outubro do mesmo ano, porém, acompanhando a radicalização dos enragés, que acusavam a Convenção de imobilismo e defendiam a democracia direta, com a autonomia das assembleias populares das “seções” (correspondentes grosso modo aos bairros parisienses da época) em relação às autoridades constituídas, as militantes passaram a ser criticadas também pelos montanheses, que, apesar de acatarem várias reivindicações dos sans-culottes, como o tabelamento dos preços e a execução dos contrarrevolucionários, procuravam preservar a estrutura representativa.
Peixeiras versus militantes politizadas
Um grave conflito entre as vendedoras de peixes e as militantes – que mobilizou um grande grupo de mulheres e acabou em agressões físicas – foi a gota d’água que possibilitou ao Comitê de Segurança Geral extinguir, não apenas a Sociedade das Cidadãs Republicanas Revolucionárias, mas todos os outros clubes femininos do país.
Em seu livro, Tania Morin analisa detalhadamente o relatório apresentado por Jean-Baptiste André Amar, então relator do Comitê de Segurança Geral, para justificar a proibição das agremiações femininas – motivada por contradições políticas imediatas, mas que também trazia à tona concepções ideológicas de fundo. Tal relatório é o único documento oficial da época revolucionária que enuncia os princípios da exclusão feminina da vida política nacional.
Pauline Léon foi detida com o marido, o enragé Théophile Leclerc, em abril de 1794, sendo libertada pouco tempo depois. Já Claire Lacombe permaneceu encarcerada um ano e meio. “Na opinião de suas amigas, a prisão quebrou seu espírito. Apesar da insistência das antigas companheiras, ela abandonou definitivamente a política e deixou Paris, voltando à vida de atriz e à obscuridade”, escreveu Morin. Crítica veemente do regime de terror liderado por Robespierre, Olympe de Gouges foi guilhotinada em 3 de novembro de 1793.
“Depois da dissolução dos clubes femininos, as mulheres continuaram participando ativamente da política por meio dos clubes mistos”, falou a pesquisadora.
“Isso se prolongou até 1795, quando, após a deposição e a execução de Robespierre e a retomada do poder pela alta burguesia conservadora, houve duas revoltas muito importantes em Paris, as revoltas de Germinal e Prairial. Foram os últimos levantes populares na Revolução Francesa. Neles, as mulheres desempenharam um papel decisivo, incitando os homens a invadir a sala da Convenção, onde se reunia o governo, para reivindicar a aplicação da Constituição revolucionária de 1793 e reclamar da falta de pão, pois estavam todos morrendo de fome. Por essa atuação como incitadoras, as mulheres ficaram apelidadas como as ‘bota-fogos’”.
Os levantes foram ferozmente reprimidos, com numerosas prisões e execuções. A fase do movimento popular urbano da Revolução chegava ao ocaso. A última tentativa de levar o processo revolucionário adiante, a “Conjuração dos Iguais”, liderada por Gracchus Babeuf, foi desmantelada em maio de 1796, com a prisão dos líderes. Babeuf foi guilhotinado um anos depois.
“As mulheres foram silenciadas e confinadas ao lar. As francesas só acederam aos direitos cívicos após a Segunda Guerra Mundial. Por isso, algumas historiadoras acham que nada restou da participação feminina revolucionária. E que entre as precursoras do feminismo e as feministas modernas não há nenhum elo”, afirmou Morin.
A historiadora, no entanto, discorda dessa posição. “A Sociedade das Cidadãs Republicanas Revolucionárias foi o protótipo dos clubes políticos de mulheres que surgiram na revolução de 1848. Aqueles seis primeiros anos da Revolução ficaram na história das lutas pela cidadania e serviram de inspiração para as gerações futuras”, afirmou.

·         Virtuosas e perigosas: as mulheres na Revolução Francesa
Autora: Tania Machado Morin
Lançamento: janeiro de 2014
Editora: Alameda
Preço: a ser definido
Páginas: 370
Mais informações: www.alamedaeditorial.com.br
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De...
...para a PressAA...

Trabalho sexual, dignidade e preconceitos

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Nos últimos anos, prostituição foi equiparada a tráfico humano e ofício indesejável. Este erro brutal atinge, infelizmente, as feministas ortodoxas
Por Marília Moschkovich | Imagem: Pan Yuliang

(Para ler artigo completo, clique no título)

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A síndrome da militância arrogante

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Parte dos oprimidos adota, previsivelmente, a ideologia do opressor. Mas nem por isso feminismo, ou outros movimentos libertários, deveriam julgar-se superiores
Por Marília Moschkovich, editora de Mulher Alternativa | Imagem: Nick Gentry
A situação não é nada nova: mulheres reforçando o machismo. Isso sempre existiu e existirá, enquanto houver machismo. Ser mulher não torna ninguém automaticamente revolucionária, feminista. Estar na condição de oprimido não torna ninguém necessariamente contra a opressão. Aqueles que lutaram e lutam pelo socialismo no mundo todo sabem bem disso. Se essa condição fosse suficiente para derrubarmos as opressões, definitivamente não teríamos saído da guerra fria como majoritariamente capitalistas, no mundo todo. Quem eram (e quem são) os soldados estadunidenses nas guerras contra “o comunismo”? Donos de empresas? A classe que tem os meios de produção? (eu realmente preciso responder essas perguntas pra vocês?)
A lógica é relativamente simples: existe uma forma dominante de pensar, que defende sempre os interesses de quem domina. Marx chamou isso de ideologia, Gramsci foi mais longe e pensou numa hegemonia, Althusser explicou que esse negócio se difunde por “aparelhos ideológicos” responsáveis em transmitir essas maneiras de pensar e reforçá-las (e, depois, dirá Foucault, a coagir e controlar as pessoas para que as executem). Essa é, substancialmente, a maneira pela qual quem concentra poder mantém o poder concentrado e a sociedade funciona como funciona. As opressões de classe, raça e gênero têm ainda uma série de ferramentas próprias para que se mantenham.
Por isso, não é de se espantar que mulheres reforcem o machismo, ou que pessoas negras reforcem o racismo, ou que pessoas mais pobres defendam os interesses de pessoas mais ricas, e daí em diante. Como militantes, porém, temos duas formas de lidar com essa situação.
A primeira forma é um tanto contraditória, mas extremamente popular entre militantes de diversas causas, infelizmente. Frustrados com essa contradição gerada pelos próprios sistemas de opressão, muitos de nós acabam descontando a frustração nas pessoas que, em tese, estaríamos defendendo. Há algumas semanas, várias companheiras feministas compartilharam no Facebook uma imagem que apontava alguns motivos pelos quais as mulheres deveriam reconhecer o feminismo. No fim da imagem, um pequeno asterisco estragava todo o propósito de militância, com os seguintes dizeres: “Mas se você prefere continuar lavando louça, provavelmente você deve ser mais útil na cozinha. Então fique lá, enquanto outras lutam por você. Não precisa expor sua ignorância para toda a rede”.
Ai. Essa me doeu na alma.
Doeu porque é uma postura muito comum: o militante, ou a militante, sente-se de alguma maneira superior porque consegue enxergar além do véu da ideologia dominante (como diria o barbudo alemão). Esse ar de superioridade faz com que ele ou ela sinta-se no direito de falar por grupos dos quais muitas vezes ele/ela não fazem parte e, muito pior que isso, excluir as próprias pessoas em situação de opressão da luta contra essa opressão. Acham-se no direito de determinar que sua luta “serve” apenas para algumas pessoas – aquelas iluminadas como ele/a, que enxergam os mesmos grilhões. Que raio de militância é essa?
Pessoalmente, prefiro uma segunda atitude possível diante dessa frustração. A bem da verdade, ela inibe o próprio sentimento de frustração. Consiste em enxergar, na existência de oprimidos que agem contra seus próprios interesses, um resultado inevitável do próprio sistema de opressão. Isso permite entender que, enquanto nossos movimentos (negro, feminista, de trabalhadores, etc) existirem, essa contradição existirá, já que a partir do momento em que acabarmos com a opressão, nossa própria militância perde o propósito de existir. Quer dizer: lutamos para acabar com uma opressão; enquanto essa opressão existir, existirá essa contradição que frustra muitos e muitas de nós; quando conseguirmos acabar com a opressão, conseguiremos acabar com a contradição; mas então, nosso próprio movimento deixará de existir.
O fim último de todo movimento contra opressões é que, como resultado de seu próprio trabalho, ele deixe de ser necessário. Que ele deixe de ser necessário precisa ser um objetivo geral, que valha para absolutamente todas as pessoas envolvidas nesses sistemas de opressão. Não dá pra pensar um feminismo que quer incluir apenas as feministas no processo e no resultado da luta. Não dá, gente. Não dá.
Ou o feminismo será para todas e todos, ou não será.
Marília Moschkovich é socióloga, editora do site Mulher Alternativa e co-editora de Blogueiras Feministas. Seus textos em Outras Palavras podem ser lidos aqui.
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Oprah: "Se eu tivesse filhos, provavelmente eles teriam ódio de mim!"

Apresentadora abriu o jogo sobre não ter tido filhos, em nova entrevista


Uma das mulheres mais celebradas do showbusiness norte-americano, Oprah Winfrey  acaba de sentar para um papo pra lá de sincero com a revista The Hollywood Reporter.
Sobre nunca ter tido filhos, a apresentadora culpa o fato de quem sempre trabalhou muito. "Se eu tivesse filhos, provavelmente eles teriam ódio de mim. Eu teria que me dedicar menos à alguma coisa, e teria sido a eles", diz, citando sua carreira na TV americana.
"Enquanto algumas amigas sonhavam de ter filhos, eu estava sonhando em ser o Martin Luther King", afirma Winfrey, potencial indicada à 'Melhor Atriz Coadjuvante' no Oscar 2014 por conta de seu papel em 'O mordomo da Casa Branca'.



Oprah Winfrey, na capa da THR: nada de filhos para a apresentadora americana...
Oprah Winfrey, na capa da THR: nada de filhos para a apresentadora americana...



























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Texto recebido por e-mail da nossa colaboradora-correspondente Urda Alice Klueger:


A morte do poeta e os ecos da “novembrada”

Historicamente Santa Catarina é um estado privilegiado, como poucos, em termos de produção cultural. A pluralidade e diversidade desse patrimônio imaterial advêm, acredito eu, de um encantamento com suas belezas naturais e do encontro das inúmeras etnias que se espalham por todo o território catarinense. Por isso mesmo, é absolutamente inadmissível que a Cultura continue sendo (mal) tratada como peça assessória no contexto das políticas governamentais. Essa riqueza artística e cultural acumulada é que dá identidade ao povo catarinense. No entanto, infelizmente, o setor cultural vem lutando para sair do plano do supérfluo e ganhar a importância que lhe é devida.

Em termos de política pública cultural o que constatamos é um estado de abandono, desrespeito e contínua omissão. Há muitos anos a Cultura foi embrulhada num mesmo pacote com o Turismo e o Esporte, compondo uma Secretaria que já se chamou SOL – Secretaria da Organização do Lazer, inspirada nas teorias do “ócio criativo” do sociólogo italiano Domenico De Masi.  Qual o sentido de se "organizar o lazer" e de se pregar o "ócio criativo", especialidade na qual boa parte dos nativos da Ilha de Santa Catarina são PHD?Parece piada, mas não é.

Tendo recebido como herança maldita do seu antecessor, o atual governador manteve intacta a estrutura de Governo que, a par das chamadas Secretarias Centrais, sustenta a paquidérmica coleção de quase 40 Secretarias de Desenvolvimento Regional. Qualquer cidadão com um mínimo de bom senso, informação e cultura reconhece que esse modelo condena o Estado a uma situação de profunda anemia financeira. É cristalino que essas SDR somente existem para acomodar cabos eleitorais e que a descentralização poderia muito bem ser executada através de Coordenadorias, Diretorias ou Gerências. Mas quem se atreve a cortar as benesses, mordomias e privilégios contidos no status de Secretaria? Por que arriscar a base de sustentação política que assegura a continuidade no poder? Ninguém é bobo – somente o povo, o contribuinte, que paga a conta.

É triste reconhecer que o Governo do Estado, tão pródigo na criação e manutenção de tantas Secretarias, não dê autonomia e independência para esses três setores importantíssimos, que são o Turismo, o Esporte e a Cultura. Não há como reconhecer a importância do Turismo para a economia do Estado. Mas esse setor também não consegue se desenvolver e expandir suas potencialidades da forma como está situado. As demandas do Turismo são vastas e complexas e precisam de um planejamento próprio. O mesmo vale para o Esporte e a Cultura, que são determinantes para uma política pública séria que pensa em formação de cidadania e inclusão social. Se em determinado momento o Turismo se entrelaça com a Cultura, essa área de convergência é ínfima para justificar tal atrelamento. Arrisco dizer que de cada mil turistas que visitam o Estado, depois da praia menos de uma dúzia procuram por um museu, teatro ou galeria de arte. O destino natural são os shoppings, bares, restaurantes e baladas. Isso é óbvio.

A Cultura padece ainda mais por esse equívoco administrativo, pois sobrevive à sombra do Turismo. As casas de cultura e espaços culturais vivem à míngua. Os artistas há muito foram deserdados, com os poucos editais públicos de fomento às atividades artísticas sendo ano a ano empurrados com a barriga, procrastinados ou adiados. O que impera é a política neoliberal de transferência de responsabilidade das decisões sobre a Cultura para a iniciativa privada, na medida em que a principal ação de governo é induzir os produtores e agentes culturais a utilizar os mecanismos de incentivo fiscal. Isso quando o próprio Governo não compete de forma desigual com os produtores independentes, indo ao mercado captar patrocínio para seus próprios projetos, como no caso emblemático da Ponte Hercílio Luz. E com isso, o que resta como marca de ação governamental são a ausência, o autoritarismo e a instabilidade na área cultural.

Na última segunda-feira, 25 de novembro, tive a honra de ser agraciado com a Medalha do Mérito Cultural Cruz e Souza. A maior honraria da Cultura no Estado, algo que nunca cobicei e que jamais imaginei alcançar. Ainda tenho dúvidas se de fato sou merecedor de tal distinção. Mas como estava em ótima companhia, resolvi aceitar. Juntos estavam, in memoriam, o mestre Zininho e o escritor Holdemar de Menezes, mais o coreógrafo Amarildo Cassiano, do Ballet Bolshoi de Joinville, o cenotécnico e administrador cultural Osni Cristóvão, o historiador e fotógrafo Joi Cletison Alves, e as instituições Associação Coral de Chapecó, Federação Catarinense de Teatro – FECATE, Museu Victor Meirelles e Biblioteca Pública do Estado.  Confesso que quando o escritor Amilcar Neves, membro do Conselho Estadual de Cultura, fixou em meu peito a medalha que leva o nome de Cruz e Souza, a emoção bateu forte e invadiu a minha alma. Um momento fugaz, que ficará guardado eternamente. Só que a realidade dos fatos logo me fez trocar em parte a alegria pela tristeza, o envaidecimento pela indignação.

A começar pela consciência de que a sina de Cruz e Souza, apesar da passagem do tempo, ainda persiste entre boa parte dos que se atrevem a fazer da arte uma profissão de fé.  Gênio do simbolismo universal, maior poeta brasileiro de todos os tempos na minha modesta opinião, Cruz e Souza morreu na mais absoluta miséria. Em vida, sofreu na pele negra a rejeição causada pelo preconceito e racismo, tendo suportado a dor de ver quatro de seus filhos morrerem de tuberculose e a mulher Gavita enlouquecer aos poucos diante de tanto sofrimento, decorrente da fome e da péssima condição de vida da família. De Minas Gerais, onde havia ido buscar tratamento para a tuberculose que por fim também o levou, o corpo de Cruz e Souza foi transportado em um vagão de trem que levava gado para o Rio de Janeiro, onde foi sepultado praticamente como indigente. Bastou morrer para que a sua genialidade fosse reconhecida, sendo alçado ao panteão do simbolismo universal ao lado de Verlaine, Rimbaud e Mallarmé. Mas seus restos mortais, trasladados alguns anos atrás para Florianópolis, a sua cidade natal, entre discursos demagógicos e foguetórios, vergonhosamente continuam abandonados num canto perdido do Museu Histórico que, solene e ironicamente, também leva seu nome – Palácio Cruz e Souza.

Enquanto as medalhas iam sendo distribuídas eu me afundava na poltrona e em meus pensamentos cada vez mais cinzas. Olhando o palco do Teatro Álvaro de Carvalho, fundado em 1857 e que tantos artistas e espetáculos memoráveis acolheu ao longo de sua história, lembrei-me de que ele também, Álvaro de Carvalho, o primeiro dramaturgo catarinense, igualmente não teve o descanso eterno que merecia e o respeito que se esperava dos governantes catarinenses. Seus ossos mortais continuam abandonados em Buenos Aires, aonde veio a falecer de febre tifoide em 1865.

Pensei em Zininho, o nosso poeta maior, autor do hino oficial da capital catarinense. Enquanto sua viúva e sua filha recebiam a comenda que, em seu caso, já veio tarde, também lembrei de toda a privação que passou no crepúsculo de sua vida. O nosso maior músico, Luiz Henrique Rosa, que naquela mesma data se vivo fosse completaria 75 anos, também foi solenemente ignorado. Assim como a data litúrgica, 25 de novembro, que é dedicada a Santa Catarina - padroeira dos artesãos, artistas, bibliotecários, jovens, estudantes e desse Estado – sequer foi mencionada pelo cerimonial, num lapso imperdoável. Pior foi constatar que o desprestígio e desapreço pela Cultura catarinense se evidenciava na ausência de quem se esperava exatamente o contrário. Não apareceu nenhum senador, deputado, representante do prefeito, vereador, secretário de Estado (além do titular da pasta do Turismo, Esporte e Cultura, Valdir Walendowski),  sequer representantes das entidades culturais (com raras exceções), assim como nenhuma cobertura por parte dos jornais ou emissoras de televisão. O próprio Governador do Estado, Raimundo Colombo [PressAA: Cá sabe-se que esse hoje é do PSD do Kassab, depois de saltar do PFL para um galho daquela arvorezinha de Natal do DEM], que foi quem assinou a outorga da Medalha do Mérito Cultural,  vim a saber pela coluna do Cacau que naquele exato momento tinha ido ao shopping assistir a um filme depois de  dez anos sem ir ao cinema. Poderia ter esperado um pouquinho mais. Gostaria muito de ter dirigido a fala que me encarregaram em nome dos homenageados (e que reproduzo em parte nesse artigo) olhando nos olhos do nosso governador só para ver qual a sua reação e o que teria para dizer. Por isso, só tenho uma palavra para resumir o que ocorreu: lamentável! 

Ao que parece, os sismógrafos dos políticos e governantes continuam desligados. Não captaram ainda os tremores que vêm das ruas, do povo anônimo e cada vez mais impaciente. Esqueceram-se dos ecos da “novembrada” (que hoje faz 34 anos e que também deve passar no esquecimento), assim como das “diretas já”, do impeachment do Collor e até mesmo das manifestações que varreram esse país como um tornado em meados deste ano. Podia ainda lhes lembrar da revolução francesa e bolchevique, da chinesa e da cubana, com as consequências diretas para os incautos governantes que também ignoraram as vozes inconformadas que vinham das ruas. Mas prefiro mirar a outra margem: se os governantes não mudam, que se mudem os governantes. Para tanto, é necessário que o povo se mobilize, permanentemente, determinado a combater essas redes piramidais de apadrinhamento que mantêm inabaláveis as estruturas desgastadas do poder e que permitem aos seus ocupantes manterem por longos períodos o estamento e o status que lhes asseguram as benesses e as vantagens que ele, o povo, banca. Mas para isso é preciso liberdade de informação e um processo contínuo de cidadania, educação e inclusão cultural. 


Ainda haverá o dia em que o slogan para esse nosso Estado, muito mais do que uma mera peça publicitária artificial, mas como reflexo concreto de um pacto pela Cultura entre governo e sociedade, seja de verdade “Santa, Bela e Culta Catarina”!

Eduardo Paredes
*Cineasta e jornalista
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A leitura dessa crônica, me fez lembrar o comentário que fiz ontem no site Taqui Pra Ti, do nosso colaborador professor José Ribamar Bessa Freire, sobre a sua crônica em homenagem a "DOM WALDYR, O NOSSO BISPO", que faleceu recentemente.

Trecho:

"A cobertura contrasta com a espetacularização do funeral televisionado do cardeal dom Eugenio Sales (1920-2012), há um ano e meio, num show exacerbadamente sensacionalista. Ambos, o bispo e o cardeal, tiveram intensa atuação pastoral e política no cenário nacional. No entanto, no processo de rememoração que ocorre nessas despedidas, cada um recebeu tratamento oposto. Para Eugênio, tudo, até a voz trêmula e o tom compungido de William Bonner no Jornal Nacional. Para Waldyr, nada. Por que?"


Fernando Soares Campos comentou:
12/12/2013 - 08:44:24
Esse é um problema sério, caro professor Bessa. Se nós vimos e continuamos vendo o que os defuntistas fazem com figuras obscuras, transformando-as em símbolos de luta pela dignidade, por que exigir que façam o mesmo com os verdadeiros lutadores? Ora, eu quero mesmo é que a mídia venal esqueça esses. Hoje (e por enquanto) temos nossos espaços para homenageá-los e registrar suas passagens por entre nós . Você queria o quê? Que Bonner chorasse e mostrasse um Hommer Simpson soltando uma pomba, ou que a bandeira fosse hasteada a meio-pau, enquanto o pau inteiro rompe o revestimento do sofá e pega a reta do reto? Ser homenageado por certa gente é desonroso. Certamente não dava para ignorar Mandela, mesmo assim distorceram o que podiam distorcer em relação à sua imagem. Chico Xavier rogava aos seus mentores que, se pudessem, fizessem sua passagem para o Além num dia em que a população estivesse em clima de total euforia diante das telinhas de tevê. Ele queria sair "à francesa", como dizem por aí. Foi atendido, desencarnou no dia em que o país comemorava mais uma conquista da Copa do Mundo. Mesmo assim, teve quem dissesse: “Em sua grandiosa simplicidade, ele será sempre uma referência para todos que, de alguma forma, têm responsabilidade pública. Minas, o Brasil, o mundo ficou menor com a morte de Chico Xavier”, disse Aécio Neves (e fez snif! snif!, e todo mundo pensou que ele estava chorando). Abraços. Fernando
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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA



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