Dos candidatos de esquerda a prefeito no país, que se saiba, o mineiro Laerte Braga é o único que tinha direto acesso ao líder palestino Yasser Arafat, conversa em tête à tête com o iraniano Mahmoud Ahmadinejad e consegue, sem grande dificuldade, uma audiência quer seja com o venezuelano Hugo Chavez quer seja com o cubano Raul Castro. Enfim, um mineiro internacional!...
Laerte é o candidato do PCB à prefeitura de Juiz de Fora. Um comunista atípico, que professa religião, veste-se de branco às sextas-feiras, obedecendo à tradição da Umbanda, aprecia a boa mesa, a bebida de qualidade, os valores familiares, é filho respeitoso da mãe de 98 anos, cultiva as frases, a memória e os conceitos transmitidos pelo pai, gosta de escutar jazz e blues, admira e assiste aos filmes de Fellini,Godard e Woody Allen, e quando casa é com mulher bonita e jovem, como a Fernanda Tardin, com quem constituiu sua segunda família depois de enviuvar. Enfim, nada a ver com o perfil clássico do comunista iconoclasta, barbado, desajustado e avesso aos gostos tradicionalmente cultivados pela burguesia...
Tem uma história tecida com os fios da coerência, desde os 13 de idade, quando se ligou ao PCB, em 1958, ao qual (o dito "Partidão") agora retorna. Jornalista nascido e vivido em Juiz de Fora, onde trabalhou no extinto Diário Mercantil e no Diário da Tarde, da cadeia dos Diários Associados. Depois, saltou para os jornais graúdos, como Estado de Minas e Jornal do Brasil. Hoje, abraça com todo o fôlego a mídial virtual, aquela que dá liberdade total, escrevendo para o jornal espanhol Diário Liberdade, blogs e sites comoJuntos Somos Fortes, Pueblos de Nuestra America, Quem Tem Medo da Democracia?, Jornal O Rebate, enfim, a imprensa realmente livre, aquela em que se pode expressar opinião própria sem se submeter à tirania dominante da "opinião única", que atualmente envergonha a imprensa brasileira...
Laerte participou da resistência à ditadura, quer ligado ao MDB, quer como jornalista, acolhendo e veiculando denúncias em veículos da mídia internacional, à época a única a relatar as torturas e assassinatos perpretados no país...
Quatro filhos, seis netos, Laerte acredita em debater a cidade em que vive como "a primeira realidade de cada um de nós - onde nascemos, onde está nossa família, onde crescemos, nos formamos, vendemos nossa força de trabalho, em família temos nossos filhos, netos, onde terminamos nossos dias"...
Diz mais: "Dentro dessa visão, a cidade é o ponto de partida para uma nação forte e isso só será possível com participação popular"...
Em tempo. Sabem o que Laerte ouviu do Ahmadinejad, quando tomaram junto um café da manhã durante a Rio+20? "Ele me disse que hoje é crime no Irã extirpar o clitóris da mulher. Mas ainda há tribos que mantêm a prática combatida. Porém isso não se diz aqui. Nem que no Irã há quatro milhões de judeus, que têm representação no Parlamento"...
"O que está em questão é o desejo de neutralizar o Irã e tomar conta de seu petróleo", diz Laerte Braga, o candidato a prefeito de Juiz de Fora, a outrora "Manchester Mineira"...
no lançamento dolivro de Flavio Tavares em março 2012 no Rio de Janeiro
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por Nicolás González Varela, Mosca Cojonera
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Spinoza, o “homem embriagado de Deus”, o “marrano [B] da Razão”, o “judeu subversivo”, o homem que o filósofo cortesão Leibniz descreveu como “homem de pele olivácea, com algo de espanhol no semblante”, foi sem dúvidas pensador radical para sua época, ligado aos rios, canais e ao oceano. Sua reflexão curta, mas profunda está indelevelmente marcada pelo surgimento do novo imperialismo, da emigração, da perseguição, da precariedade, das travessias incertas, do risco mercantil da burguesia desafiante e do mais moderno cosmopolitismo [1]. Impressiona sua dimensão total, ao melhor estilo de homem do Renascimento: metafísico e moralista, pensador religioso e filósofo político, exegeta crítico da Bíblia, crítico social, talentoso polidor de lentes, comerciante multinacional, físico e cosmólogo, herege até o último de seus dias.
Poder-se-ia dizer que fosse espanhol, já que a família Spinoza, como o nome indica, vinha da cidade castelhana de Espinosa de los Monteros, província de Burgos, no limite cantábrico, e porque era costume, entre os judeus sefaradis portugueses falar português, mas escrever em espanhol; hispano-português, porque seus pais foram emigrantes forçados, de formação católica não judia, os Anusim, ou “marranos” (os antepassados judeus de Spinoza viviam já na Espanha ao tempo de Cartago e Roma); era judeu, porque foi recebido na comunidade de Abraão, recebeu ensinamentos tradicionais talmúdicos e contribuiu economicamente para sua sinagoga; era português, pois essa foi durante toda a vida sua língua primeira, materna (sempre preferiu os poetas ibéricos, tanto que assinava, com naturalidade com um “D’Espiñoza”); era holandês, porque nasceu em Amsterdã, num bairro que havia entre o rio Amstel e o porto, Vlooienburg (hoje, Waterlooplein), em casa alugada, espaçosa; e porque morreu em Haia; porque estava ligado a Rembrandt pela mesma cultura; mas, por destino, Spinoza continuará a ser outsider, intempestivo, homem póstumo, nunca atual.
Sua situação é excepcional e gerará uma filosofia impossível de reduzir a uma religião, impossível de cooptar pela peste nacionalista, mas ao mesmo tempo bem ancorada nas relações materiais de seu tempo e atenta à tradição política. Mas, apesar de seus esforços, a ideologia holandesa da burguesia viverá, para seu pesar, enroscada nas entrelinhas, até nos seus sonhos.
(Clique no título e leia matéria completa no blog da redecastorphoto)
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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons
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PressAA
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