Após dizer que está "desesperado", líder de greve da PM muda de cela
Marco Prisco, que é vereador de Salvador pelo PSDB, estaria preso anteriormente em uma cela comum, com outros 16 presos
O soldado e vereador em Salvador pelo PSDB, segundo a Aspra, a associação de praças baianos que lidera, estava detido no complexo da Papuda em "prisão comum com outros 16 presos de alta periculosidade que respondem a crimes diversos".
Logo após a nota ser enviada aos órgãos de imprensa, o vice-presidente da Aspra, Fábio Brito, disse que Prisco já não corria mais risco.
(...)
"Os políticos entraram em contato com Brasília e conseguiram tirar ele daquele risco iminente de morte. Foi uma irresponsabilidade colocar ele, líder da PM, no mesmo espaço que presos comuns", disse Brito.
___________________________________________________________
A VIA SACRA DOS ÍNDIOS
20/04/2014
A Semana do Índio celebrada nas escolas do Brasil coincidiu este ano com a Semana Santa, quando o mundo cristão rememora a paixão e morte de Cristo. Em Brasília, na Esplanada dos Ministérios, a II Bienal Brasil do Livro e da Leitura programou no sábado de aleluia, Dia do Índio, o seminário Narrativas Contemporâneas da História do Brasil. Numa das mesas, no Auditório Jorge Amado, a índia Fernanda Kaingang, advogada com mestrado em Direito Público, debate as desigualdades sociais no Brasil com Muniz Sodré, Afonso Celso e este locutor que vos fala.
Qual é o índio celebrado cada ano, em abril, que emerge nas narrativas da história do Brasil? O índio de Pero Vaz de Caminha que permanece no imaginário dos brasileiros? Aquele escravizado pelos bandeirantes ou o catequizado pelos missionários? O índio da senadora Kátia Abreu e do agronegócio "obstáculo ao progresso"? Ou o das descrições etnográficas dos antropólogos, que nos ensina que outro mundo é possível? O "índio atrasado" ou o que acumulou sofisticados saberes? A vítima do colonialismo ou o combatente que resistiu?
Afinal, qual o pedaço de nós que comemoramos no Dia do Índio? Ou ele não é parte de nós? No século XVI, na polêmica com o advogado Sepúlveda, Bartolomeu De Las Casas afirmou que durante todo o período colonial milhares de Cristos foram crucificados na América, sem a esperança da ressurreição. Testemunha da dor, do sofrimento e da resistência dos índios, Las Casas descreve o trajeto seguido por eles carregando a cruz numa via sacra dolorosa, que vai do Pretório Ibérico até o Calvário, de 1492 aos dias atuais.
As Estações
Logo na 1ª Estação, o índio é condenado à morte. Colombo e Cabral que aqui desembarcam com a cruz, perguntam às Coroas Ibéricas: "O que faço com o índio?" Aqueles que querem se apropriar das terras indígenas gritam: "Que o crucifiquem". Os reis lavam as mãos e através de leis e ordenações do Reino, entregam o índio aos seus súditos.
Despojado de suas terras, escravizado, na 2ª Estação, o índio começa a carregar a cruz às costas, num processo que não terminou. Las Casas registra a invasão das aldeias, o massacre e a prisão dos índios nas chamadas 'guerras justas': "Oh! Grande Deus e Senhor, como podiam ser escravizados de 'forma justa' estando em suas próprias terras e em suas casas sem fazer mal a ninguém?".
Na 3ª Estação, o índio cai pela primeira vez, numa jornada de trabalho que dura até 18 horas diárias, segundo Las Casas que detalha o recrutamento de menores e mulheres gestantes, os acidentes de trabalho, os castigos físicos, as doenças, a alimentação insuficiente: "E até mesmo as bestas costumam ter um tempinho de liberdade para pastarem no campo e os nossos espanhóis nem sequer isto concediam aos índios".
O encontro com a Mãe acontece na 4ª Estação. A Mãe Terra, que dá vida aos seres do universo, símbolo da fecundidade e da biodiversidade, tem sua alma transpassada por uma espada. Matas devastadas, minas escavadas em busca de metais preciosos, rios poluídos, animais, plantas e gente exterminados: a Mãe Terra é ferida de morte. Acontece a maior catástrofe demográfica da histórica da humanidade: nunca um continente foi esvaziado tão rapidamente como a América, escrevem os demógrafos da Escola de Berkeley.
A cruz pesa em demasia. Na 5ª Estação, os soldados obrigam Simão de Cirene, do Norte da África, a ajudar a carregar a cruz, ao lado do Negro oriundo do mesmo continente. Com o rosto ensanguentado, sujo, cansado e cheio de escarros, na 6ª Estação o índio espera que apareça uma Verônica para enxugá-lo, para deixar a imagem da coroa de espinhos gravada no lenço. Em vão. Como no poema "Los dados eternos", de César Vallejo, vem a justificativa: "Tu no tienes Marias que se ván".
Eliminar da História
Na 7ª Estação o índio, esgotado, cai pela segunda vez, depois das novas investidas dos bandeirantes, cujo modus operandi é descrito por Raposo Tavares em depoimento ao padre Vieira“Nós damos uma descarga cerrada de tiros: muitos caem mortos, outros fogem. Invadimos, então, a aldeia. Agarramos tudo o que necessitamos e levamos para as nossas canoas. Se as canoas deles forem melhores que as nossas, nós nos apropriamos delas, para continuar a viagem”.
As mulheres de Belém estavam na 8ª Estação, ao lado de Maria Quitéria de Jesus, a baiana heroína da Guerra da Independência, que depois recebeu o título de Patrona dos Oficiais do Exército Brasileiro. No encontro com o índio, as mulheres paraenses e até Maria Quitéria, embora sendo de Jesus, não choraram por ele, mas por elas mesmas e por seus filhos.
Na 9ª Estação, a terceira queda sob o peso da cruz ocorre, quando Paulo de Frontin, presidente da Comissão do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil, em 1900, no seu discurso oficial de abertura, declara:
“O Brasil não é o índio; os selvícolas, esparsos, ainda abundam nas nossas magestosas florestas e em nada differem dos seus ascendentes de 400 anos atrás; não são nem podem ser considerados parte integrante da nossa nacionalidade; a esta cabe assimilá-los e, não o conseguindo, eliminá-los”.
As cinco últimas estações da via sacra, a caminho do Calvário, se localizam já no Brasil republicano. O índio despojado de sua língua, de seus saberes, é definitivamente eliminado das narrativas sobre a história do Brasil.
Na 10ª Estação, o índio é esbofeteado na comemoração do 5° Centenário, em 2000, quando o então Ministro da Cultura, Francisco Weffort, depois de fazer uma apologia dos bandeirantes, propõe a criação do Museu Aberto do Descobrimento, incompatível com a historiografia crítica e com o projeto intelectual de renovação da cultura brasileira, numa vitória inequívoca do obscurantismo intelectual.
Anos depois, já como ex-ministro, Weffort publica o livro "Espada, Cobiça e Fé - As Origens do Brasil". No desenho que faz do nosso país, ele justifica o calvário dos índios, afirmando que os bandeirantes faziam "parte de uma cultura na qual a violência na vida cotidiana e o saqueio na guerra eram recursos habituais. (...) Sei que os bandeirantes foram brutais e violentos, mas conquistaram esta terra. Todos temos uma dívida com eles. Então é preciso entendê-los".
Diakui Abreu
Na 11ª Estação, o índio é ferido de morte pelo escárnio da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO, viche, viche) em artigo no Caderno Mercado da Folha de São Paulo - Cidadania, e não apito.Presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), ela repete pela milésima vez que o calvário dos índios se deve ao "difícil acesso à saúde e não à falta de terra", fingindo não ver a relação entre uma e outra. Admite, no entanto, que "se o problema consiste em terra, que sejam compradas a preço de mercado" pelo Estado brasileiro "com seus próprios meios que são os impostos extraídos de toda a populaçao brasileira".
Na 12 ª Estação, ela tenta convencer o índio agonizante que gosta dele e, por isso, "minha homenagem pessoal aos povos indígenas fiz a cada nascimento de meus filhos que não por acaso se chamam Irajá, Iratã e Iana". Além das terras, a senadora se apropria também dos nomes indígenas. Anunciará qualquer dia, no Caderno Mercado, que vai ao Cartório mudar de Kátia para Diakui Abreu.
Na 13ª Estação, o deputado federal Osmar Seraglio (PMDB - PR, viche, viche), relator da Proposta de Emenda Constitucional - a PEC 215 - enfia uma lança no ventre do índio ao justificar, em artigo na FSP (19/04/14) que o poder de demarcar terras indígenas deve ser transferido do Executivo para o Congresso Nacional, atendendo os interesses da bancada ruralista, que torna inviável qualquer processo de demarcação.
O protagonista da 14ª e última estação é o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP- RS, viche, viche). Ele apoia a Portaria do Ministério da Justiça que, antes mesmo da aprovação da PEC 215, já permite a ingerência dos ruralistas nos estudos sobre demarcação de terras indígenas. Na audiência realizada no município de Vicente Dutra (RS), Heinze afirma que "índios, quilombolas, gays e lésbicas são tudo o que não presta".
A partir daqui, a via sacra continua,desdobrando a agonia lenta e inexorável em outras estações, colocando em dúvida se um dia haverá ressurreição.
_________________________________________________________________
José Ribamar Bessa Freire - Doutor em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2003). É professor da Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNI-Rio), onde orienta pesquisas de mestrado e doutorado, e professor da UERJ, onde coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas da Faculdade de Educação. Ministra cursos de formação de professores indígenas em diferentes regiões do Brasil, assessorando a produção de material didático. Assina coluna no Diário do Amazonas e mantém o blog Taqui Pra Ti . Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz.
_______________________________________________________________________________
CPI da Petrobras? Uuuuuuuhhh!
Por Osvaldo Bertolino
A tentativa da direita de instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras é uma jogada que revela muito mais do que a politicagem que lhe é peculiar. Revela também os limites do nosso sistema eleitoral, que permite enviar para Brasília, por meio das urnas dominadas pelo poder econômico, traficantes de drogas, estelionatários, mandantes de assassinatos, lavadores de dinheiro e mais uma gama de contraventores e foras-da-lei. Verdadeiros Manchas Negras e Irmãos Metralha — e alguns Superpatetas — posam de vestais nas CPIs, protagonizando situações tragicômicas, de desesperador ridículo. Gente habituada ao tráfico de influência e à falta de transparência dos acordos fechados entre quatro paredes, que fala de “ética” como valor inegociável com um cinismo invulgar.
Poucos meses
após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República, em 2003,
o escritor Luiz Fernando Veríssimo disse que o seu governo era decepcionante.
Decepcionou os que imaginavam que ele mudaria tudo da noite para o dia e os que
imaginavam que ele não mudaria nada. Ou seja: Lula nem estava salvando, nem
afundando o Brasil. Aquela quebra de expectativas que Lula causou, tanto entre
seus seguidores mais entusiasmados quanto entre seus detratores mais
empedernidos, acarretou, por si só, um avanço inédito no amadurecimento do
embate político no Brasil. Ou seja: se de nada valesse a eleição de Lula, só o
fato de ela ter sido simbólica foi uma grande ruptura com a nossa história e
tradição política.
De um lado,
perdeu a razão de ser o discurso salvacionista do PT — hoje bandeira segurada
por inexpressivos grupos "esquerdistas" que não se cansam de fazer o
papel de quinta-coluna — e, de outro, talvez na mesma proporção, a propaganda
irracional da direita contra as esquerdas, que permeia historicamente largas
fatias da sociedade brasileira, foi posta à prova. Com a desconstrução das
quimeras "esquerdistas" e das ficções conservadoras, a própria dicotomia
entre esquerda e direita vai ganhando espaço no centro da discussão política
como pano de fundo dos reais problemas do país — que tendem cada vez mais a ser
vistos na sua essência, e não na sua superfície.
Esse é um debate
presente dentro do próprio governo. Em nome da boa administração
macroeconômica, por exemplo, a direita diz que não se pode agir com mais vigor
na área social. Mas, se quisermos levar este debate às raízes teóricas, devemos
lembrar de conceitos políticos há muito desvendados. O Estado é o governo de
homens organizados em classes. E a política é a arte de organizar os homens. A
vida política, portanto, é o afrontamento dos interesses sociais, de classe,
pela direção do Estado. Eis o que se aprende sobre política com o ABC do marxismo.
A
realidade ingrata que devora sonhos
Evidentemente, a
compreensão dessas categorias é difícil em um país de oportunistas e de
desmemoriados, de políticos invertebrados, de caráteres melífluos, de posições
dúbias, de meias palavras. Por isso, em meio a esse fogaréu que começa a se
instalar no país com a aproximação das eleições presidenciais de 2014,
recrudescem posturas que sugerem descaso e indiferença do governo em relação à
corrupção. São discursos rasos, que estabelecem o emocionalismo se opondo ao
indivíduo, magoado em sua pureza ingênua como uma moçoila oitocentista, e a
realidade ingrata que devora sonhos.
Falo da ideia
estapafúrdia de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para
"investigar a corrupção" na Petrobras. A última contribuição da dupla
mídia-PSDB e sua equipe de "patriotas" seria na verdade uma grande
confusão — caso instalada depois de todos os rodeios dos últimos dias. É fácil
imaginar o redemoinho em que podem se transformar as notícias vazadas com
segunda, terceira e quarta intenções no âmbito de uma CPI como essa. Voluntária
ou involuntariamente, o máximo que a oposição tenta fazer é chantagem política
diante do governo.
Ignorância
trabalha contra a informação
É essa,
unicamente, a leitura que se pode ter da proposta da CPI. O objetivo é apenas
fazer marola para atrapalhar o governo, negociar alguma vantagem para a família
e os amigos e nada mais. Não é, nem de longe, estudar a fundo a questão, propor
mudanças na legislação e criar os meios para melhorar o combate à corrupção. É
verdade que o governo vinha entrando em atritos inúteis com o Congresso. Mas
nada disso abona a iniciativa de convocação de uma CPI. Ela serviria, no
máximo, para manipular os incautos com vistas a desgastar a imagem de
adversários políticos.
Não há, também,
um comportamento suspeito do Executivo no episódio. A mídia acaba agindo, em
circunstâncias onde há grande disputa pela atenção dos leitores, como
amplificadora das turbulências e afinados agentes ideológicos. A busca da
informação de "maior impacto" costuma afrouxar os controles sobre a
qualidade e a veracidade da informação divulgada. Há também os casos onde a
ignorância trabalha contra a informação. Seria muito melhor que o Congresso
discutisse, a partir de episódios como esse, a natureza da corrupção no Brasil.
CPI foi
imaginada para chamuscar Lula
Seria útil
também que, em vez de apostar em espertezas de resultados políticos duvidosos,
os parlamentares envolvidos nessa manobra se empenhassem em dar agilidade aos
trabalhos legislativos propriamente ditos. O governo, portanto, não tem melhor
alternativa do que obstruir a CPI por todos os meios parlamentares conhecidos e
toleráveis. O que está em jogo não é a "moralidade pública", mas
projetos políticos para o país.
Soprar fogo em
uma CPI imaginada para chamuscar a presidenta Dilma, portanto, não parece ser
uma atitude coerente para parlamentares da base aliada. Isso quer dizer que
está tudo bem no campo governista? Não, não quer. Mas também não quer dizer que
tudo está mal. Seria muito bom, claro, se o governo Dilma tivesse tratado a
questão social do país com uma dedicação maior do que a tratou. Porque é na
dimensão micro de uma sociedade que a vida das pessoas acontece. É lá que
comemos, trabalhamos, arrumamos emprego, reelegemos ou não. Poderia ter sido
melhor nesse quesito, não há dúvida.
Responsabilidade
do governo Dilma
Como o governo
agiu de forma relativamente eficiente na área social, contudo, é possível que
Dilma ganhe mais quatro anos dos brasileiros em 2014, já no primeiro turno, com
uma vitória ainda mais contundente do que a que realizou em 2010. Para isso,
terá que resolver basicamente duas questões. A primeira é o imobilismo em que
se encontra. Será preciso reorganizar-se internamente, articulando as forças
que lhe dão sustentação, e tomar outra vez a dianteira dos fatos, de modo a não
ser soterrado por eles. A segunda questão, muito mais complicada, será
coordenar esforços maiores na área social.
Ou seja:
oferecer melhores serviços à sociedade, por meio de uma máquina estatal mais
eficiente e operando ao mesmo tempo cortes largos na gastança com a especulação
financeira. Essa tarefa, claro, está na cartilha de qualquer governo
progressista. Mesmo não sendo um privilégio de Dilma, no entanto, o
enfrentamento desse problema é responsabilidade do seu governo no período que
resta de seu mandato. Das soluções que puder encontrar, não há dúvida,
dependerá grandemente o futuro político da frente de centro-esquerda que se
formou em 2002, que passará por uma prova de fogo em 2014.
_______________________________________________________________________________
Facebookada
Tá chegando a sua hora José Serra.
Semana tensa pros petistas e empadinhas governistas.
1 - Ze de Abreu - acredito que ex-queridinho dos empadinhas - chamou na chincha o PT e Lula pelo abandono de Zé Dirceu;
2 - CPI da Petrobras
3 - Queda de Dilma nas pesquisas.
Pesados cúmulos no horizonte.
1 - Ze de Abreu - acredito que ex-queridinho dos empadinhas - chamou na chincha o PT e Lula pelo abandono de Zé Dirceu;
2 - CPI da Petrobras
3 - Queda de Dilma nas pesquisas.
Pesados cúmulos no horizonte.
_______________________________________________
Ilustração:
AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons
_______________________________________________
PressAA
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário