quinta-feira, 18 de abril de 2024

EL CHE - Roteiro Cinematográfico Romanceado - (Parte 5)


 El Che 

Leia o filme, assista ao livro

 

EL CHE, roteiro romanceado para película cinematográfica, Composto de ..X.. sequências, podendo desdobrar-se em tantas outras, o quanto for necessário, considerando que o protagonista exibe uma biografia significativa entre as que se desenvolveram no Século XX. É certamente uma das mais admiráveis, pois se trata de Ernesto Guevara de la Serna, o Che Guevara, extraordinário combatente das guerrilhas latino-americanas. Portanto, não há como negar, distorcer ou simplesmente ignorar esta verdade: Che Guevara é importante vulto histórico contemporâneo. Sua memória ocupa posição de destaque entre os mais expressivos ícones da História. 


022 — Apartamento de Guevara — Int./Noite 

 

Hilda acomodando a filha no berço. Ela faz ligeiras arrumações no quarto. Dirige-se à sala, onde passa a pôr alguns livros em ordem na estante. Pega um dos livros, abre-o e o lê caminhando devagar. Para junto à janela. Folheia algumas páginas, parece concentrada na leitura de um trecho cujo texto passa a ser proferido pela voz de Guevara. 

 

Voz de Guevara: — “É um criminoso aquele que promove num país a guerra que pode ser evitada, mas é igualmente culpado aquele que deixa de promover a guerra inevitável, necessária, reparadora. José Martí”. 

 

Hilda fecha o livro, olha através da janela, contempla a cidade iluminada. Está meditativa. 

 

023 — Apartamento de Guevara — Int./Dia 

 

Quarto do casal. Pela janela, a luz do sol indica o amanhecer. Guevara e Hilda ainda dormem. Batidas na porta os acordam. Hilda se vira para o lado. Guevara se levanta, caminha até a sala. As batidas se repetem. 

 

Guevara: — Já estou indo! (Abre a porta e subitamente muda de expressão, passando de sonolento a surpreso.) Franco-atirador! 

 

É Alberto quem está à porta. Ambos abrem os braços. 

 

Alberto: Chancho! 

 

Abraçam-se e entram animados. Guevara desocupa a poltrona retirando uns livros que estavam sobre o assento e convida Alberto para sentar-se. 

 

Guevara: — Por que não telegrafou? Eu teria ido buscar você no aeroporto. 

 

Alberto: — Cheguei ontem à noite, quase à meia-noite. Liguei para o hospital, me informaram que hoje seria sua folga. Imaginei que estivesse cansado, preferi esperar. 

 

Guevara: — Meu plantão encerrou-se às vinte e duas horas. 

 

Alberto: — Foi o que me informaram. 

 

Guevara: — Vou preparar um café. Pena que a gente não tenha mate para um chimarrão. 

 

Alberto: — Há muito tempo não pego numa cuia. 

 

Alberto permanece na sala. Guevara se dirige à cozinha, pega uma chaleira, põe água e a coloca no fogão. Acende o queimador. Conversam à distância. 

 

Guevara: — Que novidades você traz de Nova Iorque? 

 

Corta para Alberto na sala. 

 

Alberto: — De Nova Iorque, trago as últimas novidades de Buenos Aires.  

 

Corta para Hilda na cama, acordada, acompanhando a conversa dos dois. 

 

Voz de Guevara: Perón retomou as rédeas. Ontem ao meio-dia já estava de volta ao trono. O caudilho realmente tem o poder nas mãos. 

 

Voz de Alberto: Tentaram derrubá-lo mais uma vez. Em vão. O homem é duro na queda, resiste a todas as tentativas de golpe. Só não sei até quando. 

 

Corta para Guevara entrando no banheiro. Deixa a porta aberta. Fala enquanto faz a barba. 

 

Guevara: — Reconheço que ele é um reformista habilidoso, mas não vai passar disso, um reformista. Mantém uma caricatura de estadista. Faz mudanças nas leis trabalhistas, aparentemente fortalece os sindicatos, mas somente os que se dispõem a apoiar sua perpetuação no poder, mas nunca fará uma investida de peso contra as forças econômicas tradicionais. Este será seu grande pecado. Um dia elas o esmagarão. 

 

Corta para Alberto. 

 

Alberto: — Você acha que esse foi o erro de Getúlio Vargas? 

 

Corta para Guevara. 

 

Guevara: — Brasil e Argentina pegam sempre o mesmo trem da História. Apenas viajam em vagões distintos. 

 

Corta para Hilda levantando-se da cama. 

 

Voz de Alberto: Pretendo voltar para a Argentina. 

 

Close de Hilda, ela parece aguçar a atenção. 

 

Voz de Guevara: Você voltar para a Argentina?! Está se sentindo bem, amigo?! 

 

Hilda, diante do espelho, pega uma escova e começa a escovar os cabelos. 

 

Voz de Alberto: Frondizi me telegrafou informando que o governo enviará um avião ao México. 

 

Voz de Guevara: Um avião? 

 

Corta para Alberto levantando-se. Caminha até a janela, onde fica observando a paisagem.  

 

Alberto: — Virá recolher, a partir do México, os argentinos espalhados pela América Central. Os que queiram voltar, claro! 

 

Voz de Guevara: Mas ainda pesam contra você muitas acusações no âmbito da política. Acha que a União Cívica Radical tem condições de defender você? 

 

Alberto: — Sei que a oposição está dividida. 

 

Guevara aparece chegando na sala. 

 

Guevara: — Sim, tchê, bem dividida, um terço na cadeia, outro terço no exílio e a outra terça parte no cemitério. 

 

Alberto: — Falo sério. Apesar das discórdias, num ponto eles acedem, é quando garantem que muito em breve Perón cairá de vez. 

 

Guevara: — E seu amigo Frondizi não tira os olhos da Casa Rosada. Já o vejo trocando as reformas peronistas por medidas econômicas ditadas em Wall Street, que sempre joga fazendo tabela com a Casa Branca. 

 

Alberto: — Acha que Perón não reza pelo catecismo ianque? 

 

Guevara: — Sei que ele come e bebe conforme o cardápio imperialista, como qualquer ditador bananeiro, mas o populismo é seu ópio. As massas o empolgam, pressionam. Ele continuará cedendo até despencar da corda bamba, sobre uma rede de proteção frágil, esburacada. Como Vargas no Brasil, assim será com Perón na Argentina. 

 

Hilda chegando à sala. 

 

Hilda: — Podia ter avisado de sua vinda, Alberto. 

 

Hilda e Alberto cumprimentam-se com um aperto de mão. 

 

Alberto: — É verdade, assim eu teria prevenido a aquisição dos ingredientes para uma boa receita inca. 

 

Hilda: — Sempre temos alguma reserva para ocasiões especiais como esta. Almoça com a gente? 

 

Alberto: — Infelizmente não será possível. Tenho uma entrevista marcada na Embaixada da Argentina. 

 

Guevara: — Vai mesmo garantir seu embarque no avião da coleta? 

 

Alberto: — Se ainda tiver alguma vaga... 

 

Guevara: — Acompanho você até a embaixada. 

 

Alberto: — Ótimo, podemos ir agora? 

 

Guevara concorda e se despede de Hilda com um beijo. 

 

Guevara: — Voltaremos para o jantar. 

 

Hilda ajeitando o colarinho de Guevara. 

 

Hilda: Querido, se houver oportunidade, você... (Hilda olha para Alberto) participará da entrevista com Alberto? 

 

Alberto: De minha parte, tudo bem, não há inconveniência. 

 

Guevara: Sim! Eu aproveitaria bem a ocasião. Os jornais daqui não informam sobre os resultados do campeonato argentino de rugby. Preciso me atualizar. 

 

Alberto e Guevara saindo de casa. Hilda os acompanha até a porta. Hilda fecha a porta, encosta-se nesta, vagueia o olhar pelo ambiente, parece triste, expressa certo grau de angústia. 

 

024 — Embaixada da Argentina na Cidade do México — Ext./Dia 

 

Fachada do prédio da embaixada. Alberto e Guevara saindo pelo portão principal. Caminham pela calçada e conversam. 

 

Alberto: — Pensei que você também queria uma vaga no avião para Buenos Aires. 

 

Guevara permanece calado, pega Alberto pelo braço, atravessam a rua e prosseguem caminhando pela calçada. Corta para Alberto e Guevara chegando à praça onde os jovens cubanos fazem campanha contra o regime de Fulgêncio Batista. 

 

Guevara: — Conheci Fidel Castro. Está na cidade. Há um grupo de exilados cubanos se preparando para retornar a Cuba. Pretendem enfrentar Batista. Luta armada. 

 

Alberto: — Em Nova Iorque, assisti a um ato público contra o regime de Batista, no qual arrecadavam dinheiro para um fundo de apoio à luta armada em território cubano, que já estava em andamento com algumas células de revolucionárias atuando na clandestinidade, guerrilha urbana. Umas moças muito bonitas recolhiam as contribuições em sacolas penduradas pelos canos de metralhadoras de madeira, simbolizando que pretendiam voltar para um confronto direto. 

 

Guevara avista um grupo de curiosos em volta dos jovens cubanos, enquanto estes entregam livros e recebem contribuições. Guevara e Alberto param e apreciam a movimentação dos jovens. 

 

Guevara: Aqui, para conseguir contribuições, eles usam outras armas. 

 

Guevara e Alberto continuam observando a atividade dos cubanos. 

 

Alberto: — Certamente você já colaborou para o bom êxito da causa. 

 

Guevara: Não, mas já ofereci meus préstimos, tchê! 

 

Alberto olha para Guevara, parece não haver entendido a afirmação do amigo. Caminham. 

 

Alberto: — Ofereceu?! 

 

Guevara: — Sim, ofereci. 

 

Alberto: — Mas... você ofereceu exatamente o quê?  

 

Guevara: — Participação direta. Estou integrado ao grupo de Fidel e Raul. Serei o médico da expedição revolucionária. O enfrentamento que, muito em breve, ocorrerá em território cubano. 

 

Alberto: — Você está me dizendo que está engajado à luta dos cubanos?! É isso que você está me dizendo?! 

 

Guevara: — Luta de latino-americanos contra o imperialismo ianque. 

 

Alberto: — A Guatemala não foi suficiente?! Acho que lá você deixou uma boa contribuição para os nossos irmãos latinos. 

 

Guevara: — Valeu pela experiência adquirida, mas a verdade é que falhamos na Guatemala. Sinto a necessidade de continuar a luta. 

 

Alberto: — Encontrará espaço na Argentina. 

 

Guevara: — Encontrarei um governo populista e feudos se digladiando por interesses menores. Muito fogo de palha em torno de um barril de pólvora que serve apenas de palanque para o generalíssimo Juan Perón. Logo tudo irá pelos ares. Explosão inútil, enganosa, mal disfarçada de “luta de classes”. Na verdade, tudo não passará de um teatro operacional para treinamento de militares ociosos, subdesenvolvidos. 

 

Alberto: — Não está sendo exageradamente pessimista? 

 

Param, entreolham-se. 

 

Guevara: — É possível que sim. Por outro lado, meu otimismo está em alta com o projeto dos cubanos. 

 

A câmera gira em panorâmica pela praça e fecha no jovem do caixote fazendo seu discurso inflamado (off), para uma plateia atenta. Guevara e Alberto continuam caminhando e conversando (off). 


***


OBJETIVO DESTA PUBLICAÇÃO:


Com a publicação do roteiro “EL CHE”, o autor tem como principal objetivo a busca de parcerias e recursos técnicos, humanos e financeiros que viabilizem a transformação deste trabalho em livro (roteiro romanceado), filme ou série especial para plataforma de exibição pelo método streaming.


O AUTOR: Fernando Soares Campos é escritor (contista, articulista e colaborador de diversos portais de notícias), com quatro livros publicados e participação em diversas obras de autoria coletiva, destacando-se estudo de caso em "Para além das grades: elementos para a transformação do sistema socioeducativo". Editora PUC/Rio. Coedição: Edições Loyola.


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Titular: Fernando Soares Campos


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