Marcha de reacionários prega o golpe e ressuscita a vivandeira de quartel
Desde sempre os coxinhas detestam a democracia e a igualdade de direitos e oportunidades.
Por Davis Sena Filho
É sempre assim: a direita tem memória curta. Por conveniência e cinismo, é claro. Raramente vence as eleições presidenciais por intermédio do voto. É histórico. E, no decorrer do tempo, apela para a farsa, a manipulação, a mentira, até conseguir causar uma enorme confusão na sociedade, e, inapelavelmente, partir para a violência, o crime político e a ilegalidade constitucional, na forma de golpe, porque o que interessa ao reacionário é desestabilizar a democracia brasileira, que se alicerça no estado democrático de direito garantido pela Constituição de 1988.
Processo similar de desestabilização política aconteceu antes do golpe civil-militar de 1º de abril de 1964 — o Dia da Mentira ou do Mentiroso. E não é que, após 50 anos, ou seja, um tempo de meio século, os herdeiros e viúvas da ditadura, as vivandeiras de quartéis e os novatos de direita, conhecidos também como coxinhas ou rola-bostas, resolvem marcar para o próximo dia 22 de março, em São Paulo (sempre São Paulo!), a reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, acontecida em 1964?
Seria cômica se não fosse trágica e perigosa, porque uma marcha com tal conteúdo tétrico ou sombrio realmente tem de ser denunciada e explicada, primeiramente para Deus, que, certamente, não aprova golpes e o que advém deles, como exílios, torturas e mortes, e depois explicar àquelas pessoas que, porventura, não sabem ou não compreendem como pode acabar uma marcha de conotação política reacionária, conservadora e realizada por grupos que tem profunda rejeição pela democracia e também pela igualdade de oportunidades e de direitos para todos os brasileiros, independente de raça, credo, sexo, ideologia, naturalidade e classe social.
A marcha dos radicais histéricos, dos apopléticos e dos bate-paus de direita, todos aqueles que se sentem bem com as injustiças sociais perpetradas durante séculos por uma das “elites” mais perversas da humanidade e responsável por quase quatro séculos de escravidão. Os "intervencionistas" (metáfora para golpistas) que desejam a volta para o passado de ditadura, que assombra as instituições democráticas e causa repulsa aos brasileiros que acreditam na democracia, forma de governo imperfeita, mas que permite a autodeterminação política dos povos por meio de eleições diretas e do respeito ao jogo democrático.
Contudo, essa gente não tem jeito, recusa-se a aprender, mesmo aqueles que nasceram após o golpe de estado, mas que por índole e instinto possuem uma incrível capacidade para reagir contra tudo aquilo que possa inserir a maioria da sociedade em um processo de bem-estar social. Desrespeitam as instituições republicanas e se insurgem contra os governos populares liderados no passado por Getúlio, Juscelino, Jango e Lula, bem como atualmente fazem uma oposição desleal, de essência golpista, que visa, sobretudo, violar as leis e, por conseguinte, preparar o terreno pré-eleitoral para favorecer os candidatos conservadores, os fundamentalistas de direita e do mercado, que não suportariam ficar mais quatro anos fora do poder federal, pois a direita sabe que, por intermédio do voto, não vai ser autorizada pelo povo para sentar na cadeira da Presidência da República. Ponto!
Os reacionários querem, na verdade, que a roda da história gire para trás. São essencialmente revoltados e ferozes, mesmo os que vivem bem e ganharam muito dinheiro com os governos trabalhistas de Lula e Dilma. São pessoas que têm suas necessidades supridas. São raivosos, exasperados, exaltados e tratam com intolerância os que pensam diferente deles, porque portadores de todo tipo de preconceito, “valores” e “princípios” que aprenderam no decorrer de suas vidas, por meio de grupos sociais dos quais fazem parte, e, evidentemente, através de seus familiares e antepassados.
Por sua vez, todas as pessoas, entidades e governos que eles consideram que possam mexer com seus mundinhos egoístas, tacanhos e, ridiculamente, sectários eles atacam sem dó e piedade. E por quê? Porque o reacionário não quer dividir, democratizar e muito menos permitir que a casta a qual ele pertença ou almeja pertencer possa um dia ter de conviver com as classes sociais que essa gente de caráter demoníaco considera inferior e, consequentemente, sem direito a ter direitos, bem como melhorar um pouco de vida.
O conservador, o coxinha é aquele sujeito que considera normal a injustiça praticada por homens e mulheres com poder econômico e político, que controlam o sistema acadêmico, financeiro e de produção. Por isso, ele acha justo excluir, pois dessa forma, conforme sua cabeça retrógrada e psicótica, vai sempre ter a oportunidade de acumular riquezas e benefícios, sem se importar, de forma alguma, com o preço da dor e da necessidade do restante da sociedade.
Exatamente dessa forma que o reaça funciona. Conheço vários, homens e mulheres, muitos deles pessoalmente educados e até parcimoniosos, mas quando se trata de falar sobre questões políticas e econômicas quando tange à distribuição de renda e aos direitos de cidadania, transformam-se rapidamente, seus olhos saem de suas órbitas, impacientes e intolerantes se tornam, e aquele sujeito de fala mansa e de expressão corporal moderada sai da condição de Dr. Jekyll para a de Mr. Hyde — o Médico e o Monstro. Acontece, incrivelmente, a metamorfose inesperada — imponderada.
Em 1964, grupos retrógrados e reacionários integrantes de partidos, da ala da Igreja Católica conservadora, instituições públicas e privadas, além da classe média tradicional, realizaram a “marcha dos que querem tudo para eles e nada para os outros”. Porque, se pararmos para pensar, a direita se importa mesmo é com o acúmulo de dinheiro e de patrimônio. Ponto! Por isso que é tão fácil para ela se mobilizar, porque sua essência não é social e muito menos voltada ao debate sobre as questões de um país. A direita é prática e pragmática, porque só tem responsabilidade consigo e não com a sociedade.
À direita basta o poder de compra do dinheiro, no que concerne a acumulá-lo, aumentá-lo e a possuir bens materiais e patrimoniais. Por isto e por causa disto é muito difícil vencê-la, pois o direitista se agrega com facilidade, além de ter caráter bastante agressivo, porém, de pensamento simplório e filosoficamente simples. Não é fácil enfrentar a direita, porque ela controla as empresas e as terras, além de ser proprietária de um canhão midiático que propaga seus interesses ao tempo que combate, sem trégua, todo político ou cidadão, instituição e até mesmo empresa que, porventura, não leia por sua cartilha.
A Marcha da Família com Deus pela Liberdade é uma excrescência histórica e que vai ser relembrada e reeditada no dia 22, na Praça da República e seu trajeto termina na Catedral da Sé. Termina apenas seu trajeto, mas, na memória de milhões de brasileiros, tal itinerário da caminhada draconiana, vampiresca durou o tempo de 21 anos, quando, enfim, foi inaugurada a Nova República, com a ascensão e morte de Tancredo Neves e a posse de José Sarney assegurada pelo deputado e presidente da Câmara e da Constituínte, deputado Ulysses Guimarães.
A marcha de direita e da direita é moralista e, como a do passado, se edifica em um moralismo tirânico e sem sentido; e, o pior, em nome da democracia e, de forma genérica, “contra a corrupção”. E deu no que deu: fechamento do Congresso Nacional e extinção de partidos políticos, censura da imprensa, demissões, aposentadorias forçadas, perseguições a empresários e servidores públicos que não apoiaram o golpe de estado, prisões sem mandados, exílios, torturas e assassinatos. Tudo em nome da família, de Deus e, pasmem: da liberdade!
Estou acostumado a ler mensagens que me enviam a afirmarem que os governos populares e democráticos de Lula e Dilma são ditaduras. Um absurdo. Esse pessoal não sabe o que é uma ditadura. Pelo menos parte dele, que nasceu após 1964 e, obviamente, por ser nova não percebia com exatidão o que acontecia no Brasil. A outra parte dessa gente sabe o que é uma ditadura e apenas diz que os governos do PT são ditaduras por má-fé, porque, na verdade, algumas dessas pessoas são favoráveis a um regime de força e digo até que têm perfis fascistas, até porque neste mundo há gosto para tudo, inclusive ser um direitista mentiroso e que age com má-fé intelectual e política.
Sem sombra de dúvida é uma evidência que essas pessoas que vão marchar em nome da família, de Deus e pela liberdade, de forma totalmente equivocada e perversa, querem mesmo é que se repita no Brasil o golpe civil-militar de 1964. Muitos dos organizadores dessa marcha ou simplesmente os que a apoiam falam em “intervenção militar”, e, na maior desfaçatez, tentam explicar o inexplicável, justificar o injustificável e defender o indefensável de que a intervenção de militares não é golpe.
Se essas pessoas golpistas e direitistas tivessem que pintar suas caras de paus com verniz, certamente faltaria o produto no comércio, porque são milhares e milhares de pessoas e por isso não daria tempo para a indústria fabricar verniz para atender tal demanda. Todavia, milhões de brasileiros votam na esquerda, mesmo se a maioria nem saiba o que significa ser de direita ou de esquerda. Porém, o cidadão médio ou pobre deste País sabe que sua vida mudou e para melhor, bem como tem a compreensão que os responsáveis pelas melhorias foram os governos populares de Lula e Dilma Rousseff. Ponto!
O reacionário, além de cúmplice, é submisso às ditaduras e odeia a pessoa que não se submete ou discorda ou questiona o regime de força e, por seu turno, antidemocrático. São os coxinhas, os novatos, por instinto, e os veteranos, por nostalgia, que emergem do pântano de um passado recente que deixou como herança a violência, a censura e a perseguição àqueles que ousaram discordar de uma ditadura corrupta, sanguinária, que controlava, inclusive, o Poder Judiciário — o Supremo Tribunal Federal, que apenas ratificava o que os generais decidiam.
Entretanto, com o passar do tempo e a consolidação da democracia brasileira, a direita partidária perdeu espaço e foi derrotada três vezes em eleições presidenciais. É de mais para os reacionários; e por causa disso partidos conservadores e de oposição, a exemplo do PSDB, do DEM e do PPS, dentre outros, têm contado com o apoio incondicional da imprensa de negócios privados controlada por meia dúzia de magnatas bilionários, que tentam pautar a vida brasileira, bem como influenciar nas eleições presidenciais desde quando Lula foi derrotado por Collor em 1989, além de, evidentemente, terem apoiado e se beneficiado do golpe de 1964.
Porém, o que mais chama a atenção dos “marchadores” do dia 22 de março, em São Paulo (Sempre São Paulo!), é a irresistível vontade dessa gente de reescrever a história, a vocação cretina, manipulada e dissimulada para o revisionismo barato, pois “acreditam” que a ditadura civil-militar foi um processo “democrático” cujo propósito era salvar a democracia dos comunistas e sindicalistas "comedores de criancinhas" quando a verdade é que o golpe ilegal, inconstitucional e criminoso foi um movimento orquestrado pela direita empresarial e militar brasileira apoiada pela CIA do governo de John Fitzgerald Kennedy.
Calaram o Brasil à força. Mataram, roubaram e censuram a divulgação dos crimes. Arrebentaram com a ordem constitucional e para isso rasgaram a Constituição por intermédio de atos discricionários como o foram os atos institucionais e a Lei de Segurança Nacional (LSN) imposta a todos os brasileiros para que se calassem, não se movessem e não reagissem a um regime pária e que não tinha a autorização da grande maioria do povo brasileiro para vicejar e existir. Tanto que acabou derrotado e desmoralizado por si próprio, em 1984, com as Diretas Já! e a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, no ano seguinte.
A Marcha da Família com Deus e pela Liberdade é uma farsa e uma chacota sem graça organizada por pessoas que não conseguem viver dentro da legalidade democrática e muito menos conviver com a diferença e a pluralidade social e cultural. São pequenos mussolinis travestidos de democratas, mas que pedem pela intervenção militar. A marcha é a tentativa de um estupro na democracia, realizado por pessoas de má-fé política, alienados e analfabetos políticos e por direitistas que sabem o que querem: a volta da ditadura e o fim do estado democrático de direito garantido pela Constituição de 1988. A marcha dos reacionários prega o golpe e ressuscita as vivandeiras de quartéis. É isso aí.
ARRAES E O SECTARISMO
Avô e mestre de Eduardo Campos condenava políticos progressistas que não viam interesses maiores
O Brasil não aguenta mais
Marcelo Zero (*)
Um conhecido pré-candidato teria afirmado recentemente que “o Brasil não aguenta mais 4 anos de Dilma”. O candidato anda meio confuso. Além da confusão gramatical entre presente e futuro, o candidato parece estar confundindo o apoio que tem de cerca de 9% da opinião pública com a opinião de todo o país, a qual, segundo as últimas pesquisas, apoia majoritariamente (55%) a gestão pessoal da presidenta.
Assim, “o Brasil” da frase, sem dúvida uma licença poética e política, uma sinédoque recorrente no discurso oposicionista brasileiro, poderia ser melhor traduzido para “uma minoria”. A frase, gramatical, política e matematicamente correta, seria, então, “parte minoritária da opinião pública brasileira não aguentaria mais 4 anos de governo Dilma”.
Mas as minorias têm as suas razões. Podem não ser lá muito boas, mas elas existem. Com algum esforço, podemos até imaginá-las.
É possível, por exemplo, que “o Brasil” não aguente mais esse negócio de ficar gerando tantos empregos com carteira assinada, em meio à pior crise internacional desde 1929. Com efeito, foram criados mais de 21,5 milhões de empregos desde que o PT chegou ao poder. Só no governo Dilma, foram gerados cerca 4,5 milhões de empregos, até janeiro deste ano. É por isso que a nossa taxa de desemprego está no mais baixo nível de toda a sua história (4,8 %). “O Brasil” do candidato talvez prefira, no entanto, a situação de países como Portugal, Grécia, Itália e muitos outros que hoje convivem com taxas de desocupação estratosféricas. Ou então “o Brasil” talvez sinta saudades da situação de desemprego e precariedade que predominava na época em que o país era comandado pelos principais aliados políticos do candidato.
Também é possível que “o Brasil” não suporte mais o aumento inaudito da renda do trabalho. Com Dilma, a renda dos trabalhadores cresceu, em média, 3% acima da inflação, a cada ano, mesmo no contexto de uma crise internacional que provoca diminuição significativa dos salários reais em muitos países do mundo. Portanto, em somente 3 anos, Dilma, a que “ninguém mais aguenta”, segundo o candidato, aumentou a renda dos trabalhadores em 9,3% acima da inflação. Hoje, o salário mínimo é de R$ 724,00, ou mais de US$ 300,00. No entanto, “o Brasil” do candidato provavelmente considere mais “suportável” a época em que a renda dos trabalhadores encolhia em mais de 7% ao ano e o grande sonho era o salário mínimo de US$ 100,00.
Pelos mesmos misteriosos motivos, “o Brasil” do candidato possivelmente considere que “ninguém aguenta mais” esse processo esquisito, tão ao contrário da nossa histórica tradição, de distribuição célere da renda e de combate sólido à pobreza. Trinta e seis milhões de brasileiros já deixaram a pobreza extrema, desde que os “insuportáveis” do PT chegaram ao governo. Neste ano, graças à busca ativa implantada pela presidenta que “ninguém mais aguenta”, serão incluídas as últimas 700 mil famílias que estavam fora do cadastro dos programas sociais e, com isso, o Brasil será considerado um país livre da miséria, conforme os critérios do Banco Mundial. No mesmo período, mais de 42 milhões de brasileiros ascenderam à classe média, injetando R$ 1 trilhão ao ano na economia e dinamizando o mercado de consumo interno. Assim, nosso índice de Gini caiu de cerca de 0,600, em 2002, para quase 0,500, em 2012.
Trata-se de uma verdadeira revolução social, algo profundamente novo, num país que estava acostumado à “mofada” situação de exclusão e de profundas desigualdades. Porém, há setores políticos que não gostam muito disso. Talvez eles se identifiquem mais com “o Brasil” do candidato.
Com alta probabilidade, “o Brasil” do candidato não se identifica com os grandes e recentes progressos feitos na Educação e Saúde, por iniciativa da presidenta que ‘ninguém mais aguenta”.
A duplicação do número de matrículas nas universidades, o crescente acesso dos mais pobres ao ensino superior, a geração de 5,8 milhões vagas para ensino profissionalizante pelo PRONATEC, o envio de dezenas de milhares de jovens brasileiros para estudar nas melhores universidades do mundo com o Ciência Sem Fronteiras, o vasto e inédito programa de implantação de creches e pré-escolas e a construção de mais unidades de ensino técnico que em toda a história anterior do país não parecem comover “o Brasil” do candidato.
Comove menos ainda, aparentemente, o Programa Mais Médicos, o qual, conforme a opinião de alguns que se identificam com “o Brasil” do candidato, utiliza os serviços da OPAS/ONU, notórias agências de intermediação de mão-de-obra escrava.
Da mesma forma, não sensibiliza “o Brasil” do candidato o fato da ONU considerar o Brasil, sob a liderança da presidenta que "ninguém mais aguenta”, o país que mais contribui para a redução das emissões dos gases do efeito-estufa. Prefere-se a mofada tese da insensibilidade ambiental da presidenta.
Enfim, “o Brasil” do candidato parecer preferir o tempo mofadíssimo dos vestibulares, do ensino elitizado, dos postos de saúde sem médicos e dos desmatamentos sem controle. Talvez “o Brasil” do candidato também sinta falta dos jurássicos empréstimos do FMI, da dívida pública líquida de mais de 60%, da inflação de 12,5%, da vulnerabilidade externa e de outras coisas que a presidenta “que o Brasil não aguenta mais” contribuiu muito para extinguir.
Tudo isso nos deixa intrigados. Não conseguimos identificar, com precisão, quais os interesses que movem “o Brasil” do candidato. Eles não parecem ser consentâneos com uma identidade política socialista.
Nessas horas de crise de identidade e confusão, o melhor é recorrer aos frescos e atuais conselhos dos antigos. Podemos lembrar, em especial, o grande Miguel Arraes, o qual, em seu discurso de posse como governador de Pernambuco, em janeiro de 1963, afirmou para a posteridade:
“No Brasil de hoje, como em qualquer outro país em atraso, as lutas sectárias têm de ser evitadas; no processo da revolução brasileira devem participar todos aqueles realmente interessados na superação da miséria e do atraso”.
Definitivamente, “o Brasil” do candidato parece ter se esquecido dos bons conselhos que nos davam os avôs. Será que o Brasil aguenta?
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Publicado em 11/03/14
Governo X PMDB X PT: quem é que ainda aguenta isso?
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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons
Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons
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PressAA
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