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Os pauteiros da PressAA, saíram ontem do Bar São Jorge, um tanto borrachos, e voltaram para a redação. Minutos
depois, o proprietário do bar ligou para o editor-assaz-atroz-chefe, e contou
que, logo que os gazeteiros saíram, dois jornalistas sérios entraram no boteco
e desenrolaram um colóquio futriqueiro. Aí, bateu pra nós, pra nós poder bater
pra nossa a patota.
Ainda ontem, telefonaram para nossa
redação, dado uma dica perspicaz:
“Tinha manifestante usando a máscara do
V, Guy Fawkes, e gritava "Não Violência!". Acho que uma coisa não
bate com a outra. Não é bem assim que o personagem acha que as coisas seriam
mudadas...”
Outro ligou e disse:
“Escuta: vocês perceberam que, nos
primeiros momentos das manifestações, os telejornais chamavam os vândalos de
vândalos mesmo. Logo passaram a chamá-los de minorias radicas. E assim ficaram falando
durante muitos dias. Agora passaram a chamá-los pelo verdadeiro nome: bandidos!
Alternando com baderneiros. Acho que, se o movimento se reverter em favor do
governo, eles vão chamar os caras de incompetentes! O que vocês acham...?”
(A linha caiu)
Nós não achamos nada. Pelo contrário,
perdemos celulares, uma minicâmera, e até a Brasília amarela da nossa equipe
de reportagem foi esculachada.
Mas vamos ao bate-papo que rolou no Bar
São Jorge depois de nossa saída:
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Escrevinhador: ― A marcha em São Paulo, nesta
quinta-feira, foi convocada pelo MPL, Movimento Passe Livre, para
comemorar a vitória obtida com a redução nas tarifas de ônibus e metrô. Era pra
ser uma festa. Virou mais uma sintoma preocupante do avanço da extrema-direita
nas ruas. Um manifestante mordeu a bandeira do PT. Outras bandeiras foram
queimadas. Nenhuma era de partidos de direita, como PSDB ou DEM. Não. O ódio
“anti-partido” tem um sentido muito claro.
Náufrago: ― "A revolução não é o convite para um jantar, a
composição de uma obra literária, a pintura de um quadro ou a confecção de um
bordado, ela não pode ser assim tão refinada, calma e delicada, tão branda, tão
afável e cortês, comedida e generosa. A revolução é uma insurreição, é um ato
de violência pelo qual uma classe derruba a outra." Não sou fã
incondicional do velho Mao Tsé-Tung, mas ele tinha lá seus momentos. Esta frase
é uma pérola.
Escrevinhador:
― Eu estava lá. Vi de perto. Como
já acontecera em outras manifestações nas últimas duas semanas, grupos
organizados e que se dizem
“apartidários”, o que, aliás, é um direito de qualquer cidadão, tentaram
impedir que os partidos políticos e as organizações sociais erguessem suas
bandeiras na avenida Paulista. Agrediram militantes do PSTU, xingaram a
turma do PSOL e ameaçaram a militância do PT. Na minha frente, um
homem com capacete de motoqueiro e jaqueta de couro tentou bater numa senhora
com mais de 60 anos, que carregava uma bandeira vermelha. “O PT não vai
sair desse quarteirão, não vamos deixar o PT pisar aqui, é a nossa avenida”, o homem gritava descontrolado.
Náufrago:
― Muitos companheiros estão assustados com o rumo que
os protestos de rua tomaram em Sampa. Como a participação da direita fardada
foi catastrófica, agora é a direita de jeans que reage ao movimento, com mais
argúcia.
Escrevinhador: ― Acho que
há bons motivos, sempre, para criticar os partidos. Faz parte da Democracia.
O PT, especialmente, pode ser criticado por ter cedido demais aos “acertos de
gabinete”. Mas querer impedir, na marra, que partidos e organizações sociais participem de um ato público
não tem outro nome: fascismo.
Náufrago:
― E, também, com uma aparente forcinha do PT. Não dá para acreditarmos que o Rui Falcão mandasse
militantes embandeirados para o olho do furacão sem prever que seriam
hostilizados. Meu palpite é bem outro: ele queria que acontecesse exatamente o que aconteceu.
Escrevinhador: ― Não é nenhum exagero.
Quem estava lá na Paulista sentiu de perto. O clima de ódio era tão grande que
a manifestação adotou um formato curioso: em uma faixa da avenida, marcharam o
MPL, seguido por UJS, UNE, MST e por militantes de partidos como
PT, PSOL, PSTU e PCO, estes três bastante críticos em relação a Dilma e ao PT.
Bate-papo editado pelos pauteiros da PressAA.
Para ler a polêmica
discussão original na íntegra, acesse o blog da redação desta nossa virtual Agência
Assaz Atroz: O Náufrago e o Escrevinhador brindam coquetéis molotov no
Bar São Jorge
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Leia Também... (Recebido por e-mail do jornalista pernambucano Ruy Sarinho)
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