Coluna de Mauro Santayana
|
O homem e o tempo |
Sem poder dominar o tempo, e o inevitável ciclo da vida, o homem passou a medi-lo, e tentar compreendê-lo, a partir da observação da natureza. O primeiro relógio foi o Sol - e disso nos deixaram testemunho os arabescos rabiscados nas paredes das cavernas e as civilizações antigas. Separados, na imaginação humana, os dias e as noites - ou melhor, feita a luz, no gesto primevo de que fala o Genesis - passamos a dividir a existência pelas estações, as chuvas e as secas - que ganharam importância com o advento da agricultura - pelo movimento dos astros, os relógios de sombra, de água e de areia, os solstícios e as festas da colheita. O fascínio pelo tempo levou-nos ao pêndulo e às engrenagens, à vibração dos átomos, à matemática e à física, à computação, às teorias, como a da Relatividade, ao microcosmo que se mede em nanômetros, ao universo quântico.
Neste terça, completamos, pelo Calendário Gregoriano, mais um ano, o de 2013. Isso nos faz lembrar que sem os algarismos e a noção de tempo, a História, provavelmente, não existiria. Não teríamos como datar o passado da nossa espécie. Nem como compreender o presente fugaz e complexo que nos cerca. E nossas visões de futuro estariam relegadas - como no passado - à leitura das vísceras dos pássaros e à interpretação das profecias dos xamãs e das sacerdotisas. Guardadas as devidas proporções, a história humana continua sendo a de um frágil conjunto de átomos, organizado em células e neurônios, perplexo diante do milagre da vida, e dedicado a postergar ou trapacear o fim inexorável. Há aqueles, como Alexandre o Grande, Átila, ou César, que conquistam ilhas, montanhas, continentes, e constroem pirâmides e cidades para permanecer além do tempo. Há os que buscam o poder para exercê-lo sobre quem o cerca, valendo-se de seus bens ou de sua posição, como se cada instante de controle sobre outro ser humano, dilatasse os seus próprios momentos neste mundo. Há, ainda, como Homero, Caravaggio, Lorca, Michelangelo, Picasso, Violeta Parra, Chaplin, Aleijadinho, quem prefira legar ao mundo o seu talento e o seu espanto, a beleza dos versos e das formas, das cores, dos gestos e do sonho. E há, finalmente, aqueles, entre os quais se incluem também certos artistas e poetas, que preferem enfrentar a morte, olhando-a nos olhos e combatendo tudo que a representa. A miséria e a injustiça, a fome, a desigualdade. O racismo e o ódio, o egoísmo, a violência, a brutalidade. Esses são os que curam os pobres e humildes, os que ensinam a ler e a pensar a quem não sabe; que desvendam os males dos vírus e bactérias; os que forjam novas idéias e movimentos. E criam vacinas, alimentos e fontes de energia mais baratas, não com a intenção do lucro, mas para mostrar que é possível. Que a vida pode ser vitoriosa, Muitos deles morreram no último ano - e não poucos foram perseguidos e assassinados - outros alcançaram grandes vitórias e conquistas e temos certeza de que seguirão lutando. Continuaremos dependendo deles no futuro. São eles que fazem caminhar a humanidade. |
_______________________________________________________________________________
Notícia postada em 14/01/2014 | ||
PALANQUE | ||
O Governo Federal liberou R$ 55.351.898,38 para a Prefeitura de Mogi Guaçu. | ||
Mogi Guaçu, SP
DA TRIBUNA DO GUAÇU
55 MILHÕES –
O Governo Federal liberou R$ 55.351.898,38 para a Prefeitura de Mogi Guaçu. A verba é oriunda do Ministério das Cidades por meio do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento) e será investida no sistema viário de mobilidade urbana da cidade nos eixos Norte-Sul e Leste-Oeste, para que os cidadãos sejam atendidos por vias expressas de ônibus.
CONTA –
Apesar dos milhões estarem liberados para o município, não significa que o montante este debitado na conta corrente da administração municipal. Para que o dinheiro realmente venha para Mogi Guaçu, é preciso que o ministério das Cidades solicite para a prefeitura determinadas documentações, o que até o presente momento a pasta não fez.
MÃOS ATADAS –
Para o prefeito Walter Caveanha (PTB), Mogi Guaçu está de “mãos atadas” em relação aos R$ 55 milhões. Em dezembro passado, durante entrevista em seu gabinete à Tribuna, Caveanha disse que não tem como contrair esse financiamento por causa dos R$ 127 milhões deixados de dívidas por seu antecessor, o ex-prefeito Paulo Eduardo de Barros, Dr. Paulinho (PHS).
A FRASE –
“Em função dessa dívida, não se consegue comprovar o pagamento do financiamento. Quando nós saímos de um déficit financeiro de R$ 45 milhões e R$ 24 milhões do déficit orçamentário, a partir do ano que vem (2014), eu tenho como melhorar a justificativa financeira de pagamento da prefeitura. Enquanto você tem um déficit desse tamanho, você não consegue buscar recursos nenhum”, alega Caveanha.
Leia mais na Tribuna do Guaçu de 11 de janeiro de 2014.
_______________________________________________________________________
De...
...para a PressAA...
Passe Livre!Tá caro! Alho é mais barato. |
Manual para desistir do machismo em 2014
15/01/2014
Big Brother, Carnaval, Copa, eleições. Como encarar, sin perder la ternura jamás, um ano muito traiçoeiro?
Para muita gente o ano engrena de verdade esta semana. Quem volta ao trabalho sente a rotina de novo, quem voltou na semana passada já começa a acostumar. O número de piadas sobre a quantidade de eventos públicos e políticos importantes neste ano revela que brasileiros e brasileiras já perceberam algo diferente. Além disso, as manifestações políticas de meados de 2013 não deixam dúvida: a resposta da população a esses eventos também pode ser outra. Diante de tanto auê, é preciso também um olhar atento. Temos pela frente um ano cheio de oportunidades para fortes e nojentos machismos, assim como a chance de combatê-los.
Em 14 de janeiro, começou o Big Brother Brasil. Claro, isso ocorre todo ano, há 14 anos. E todo ano é um show de machismo. No programa, obviamente, mas sobretudo nos comentários cotidianos sobre as participantes mulheres. É também no cotidiano que podemos agir contra esse machismo. Questionar as opiniões senso-comum sobre “aquela periguete”, recusar a graça de certas piadinhas ou simplesmente emitir opiniões não-machistas sobre o programa e os participantes são algumas estratégias para lidar com a situação.
Em seguida, vem o carnaval. É muito comum que as pessoas confundam “liberdade sexual”, no carnaval, com “liberdade de exercer poder sobre as mulheres”. Liberdade sexual pressupõe consentimento, exercício de poder não. Os comentários típicos são mais ou menos aqueles que ouvimos no BBB, mas na vida real. “Estava pedindo”, “ninguém mandou ir no bloco”, etecétera, etecétera, etecétera. Combater a cultura do estupro é também recusar, no dia-a-dia, essa mentalidade que subjuga mulheres de todos os grupos sociais e raciais todos os dias (mesmo que nem sempre da mesma forma).
O machismo desenfreado que veremos este ano não se limita, obviamente ao BBB e ao carnaval. Convencidos de que os homens são todos heterossexuais, machistas e máquinas biológicas irracionais guiadas por imagens de mulheres nuas, os grandes portais de notícias certamente produzirão enxurradas de pseudo-matérias sobre as “gatas da arquibancada” ou “musas da torcida” durante a Copa do Mundo. As páginas desses sites serão forradas de fotos de torcedoras, funcionárias de estádios, vendedoras ambulantes, gringas, não-gringas, familiares e amigas de jogadores, modelos reivindicando posição de “musa” e, enfim, toda e qualquer mulher que julgarem “bonita” em padrões extremamente racistas, cissexistas e machistas de beleza. Caso você não seja diretamente envolvido na produção dessas pérolas do jornalismo punheteiro, resta recusar-se a endossar essa babaquice, e questionar as pessoas próximas que repassam links, comentam “as gatas” e coisas afins. Não é uma revolução, mas é um começo.
A Copa ainda trará de bandeja a lembrança de que a seleção feminina de futebol é absolutamente ignorada, de que quase não há mulheres arbitrando, narrando, comentando, treinando, e muito menos na posição de técnico. Nosso país não apenas se curvará aos interesses de grandes empresas e da máfia da FIFA (como já vem fazendo nos últimos anos), mas também a uma ideologia estupidamente machista. O país simplesmente para, se reforma, se adapta, para que um bando de homens possam, entre homens, fazer uma coisa considerada culturalmente “de homem”. Desculpa, não consigo não ter nojo.
Além desses casos mais óbvios, neste ano veremos também – muito provavelmente – um espetáculo de opiniões machistas na época das eleições. Já falei sobre isso aqui, e é importante lembrar e manter na cabeça a seguinte pergunta: “eu faria o mesmo comentário ou me incomodaria com a mesma coisa sobre um candidato homem?”. Sempre que a resposta for “não”, pare e repense, pois você provavelmente está sendo machista. Questionar as próprias opiniões e atitudes é o passo número zero de qualquer transformação real na sociedade.
Para terminar, é importante lembrar que, seja qual for a situação em 2014, o questionamento do machismo precisa ser estrutural. É importante criticar as ideias, posicionamentos e atitudes das pessoas, e não os indivíduos em si. Cada pessoa é mais do que suas atitudes machistas, racistas, elitistas, e é importante não levar a discussão para o lado pessoal. Ainda há gente disposta a dialogar, de fato, se questionar, aprender, se transformar. Quando ficar evidente, porém, que quem está diante de você não é uma dessas pessoas, o melhor conselho que eu posso dar é: fuja. Ignore. Não leve a sério. Não vale a pena gastar sua energia com essa gente. Melhor se poupar, porque este ano você definitivamente vai precisar dela.
(Re)leia também em nossa penúltima edição...
Sábado, 11 de janeiro de 2014
Felipão lamenta morte de Eusébio: 'É uma grande perda para todos nós'
.
Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons
Treinador da Seleção diz que no convívio com o ex-jogador no período em que trabalhou na seleção portuguesa sempre recebeu palavras de incentivo
__________________________________________________________________________
Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons
_______________________________________________
PressAA
Nenhum comentário:
Postar um comentário