quarta-feira, 21 de maio de 2014

Uma baderna organizada --- Mobilizações e Lideranças --- Corrente pra trás --- Quem tem medo do debate? --- No estouro da manada tinha um boi-boy

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FATOS & NOTÍCIAS

Uma baderna organizada


Por Luciano Martins Costa em 21/05/2014 na edição 799
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 21/5/2014
O leitor que abriu qualquer um dos grandes jornais na quarta-feira (21/5) pode facilmente concluir que o Brasil não chega até o fim do ano. A impressão que passa o noticiário é a de que a anarquia está solta nas ruas, as instituições perderam o sentido e desapareceram os vínculos que mantêm coesa uma sociedade.
O noticiário tem como carro-chefe uma greve-surpresa de motoristas de ônibus em São Paulo, deflagrada logo após o anúncio de um acordo entre o sindicato e as empresas e levada a efeito em uma série de ações claramente planejadas para provocar o caos na maior cidade do país.
Tudo teria começado com uma dissidência do sindicato, conforme afirma a imprensa? Difícil acreditar que uma articulação tão eficiente tenha brotado de maneira espontânea, mobilizando grupos de ativistas para os pontos onde suas ações iriam provocar o maior estrago possível. A paralisação simultânea de mais de uma dezena de terminais, o assédio e bloqueio de centenas de ônibus nas artérias mais importantes, de onde se pode paralisar praticamente todo o trânsito da cidade, não foram iniciativas isoladas.
Os jornais compram a ideia de que tudo se resume a uma disputa entre candidatos a líderes da categoria dos motoristas. Os dissidentes, responsabilizados pelo imenso transtorno que afetou cerca de 300 mil cidadãos, seriam todos empregados de uma mesma empresa e teriam sido derrotados na última eleição para a diretoria do sindicato.
A imprensa não se interessou em saber que grupo político eles representam, uma vez que, como se sabe, as entidades de classe são disputadas por facções ligadas a centrais sindicais, que por sua vez servem de massa de manobra para partidos políticos.
Não há hipótese de que a tática extremamente eficaz, que provocou filas de ônibus em pontos cruciais da cidade, muitos com pneus furados ou com as chaves arrancadas ou quebradas, tenha sido decidida no momento. A baderna foi organizada demais para ser aceita como uma explosão súbita de descontentamento, mas a imprensa comprou essa versão.
Deu a louca no ministro
Também se pode colher nos jornais um punhado de decisões judiciais que transferem a ideia do caos para uma instituição que deveria representar o poder moderador na República: se levar em conta apenas o que diz o noticiário de quarta-feira, o cidadão vai achar que a Justiça entrou em pane.
O rol das trapalhadas começa com o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, ordenando a soltura de todos os indiciados na chamada Operação Lava-Jato e logo em seguida voltando atrás, alertado por um juiz do Paraná de que alguns dos acusados poderiam aproveitar a liberalidade para fugir do país.
Há também uma decisão estabelecendo o sigilo sobre operações da Polícia Federal envolvendo toda a cúpula do governo de Mato Grosso, incluindo o governador, ex-governador, senadores, deputados e empresários, em investigação sobre lavagem de dinheiro. A iniciativa de blindar as informações foi do procurador-geral da República, acatada pelo ministro do STF José Antônio Dias Toffoli.
Entra no pacote das notícias que causam estranhamento a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que provocou novo ponto de atrito com o Poder Executivo ao atuar em favor de uma Proposta de Emenda Constitucional que transforma em letra morta o limite legal para o teto de vencimentos de servidores públicos. Barbosa quer ver aprovada a criação de um adicional por tempo de serviço de 5%, aplicável a cada cinco anos, sobre os vencimentos de todos o magistrados brasileiros, além dos integrantes do Ministério Público federal e Estadual. Tudo isso, claro, na melhor das intenções corporativistas.
Como o benefício teria efeito retroativo, o aumento pode ser estendido aos servidores aposentados e pensionistas do sistema judiciário, produzindo uma bola de neve capaz de causar imensos transtornos ao Tesouro. Com base na mesma norma, muitas outras categorias profissionais poderiam requerer isonomia, o que tornaria impossível manter o planejamento de gastos públicos já a partir deste ano e levaria riscos à governabilidade.
O leitor que se debruçar sobre as páginas dos jornais vai chegar à conclusão de que deu a louca em sua Excelência, mas sua Excelência é aquilo que é.
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Mobilizações e Lideranças




Um líder, dois senhores

Publicado em 20/05/2014, Às 7:30

Jorge Cavalcanti
Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem

Aos poucos, o soldado Joel Maurino, um dos líderes da greve da PM, vai se revelando ao grande público. Nas ruas, na semana passada, ele incendiou a tropa ao defender a paralisação que desgastou o governo, impôs o caos à população e constrangeu Pernambuco nacionalmente. Na noite do último domingo, porém, o mesmo Joel, desta vez maquiado e bem vestido, surgiu na TV para elogiar o governo que emparedou.

Dessa maneira, com o objetivo de ser eleito deputado estadual dois anos depois de tentar ser vereador em Jaboatão dos Guararapes, Joel serve a dois senhores: os militares insatisfeitos e o governo. A postura dúbia do policial, também conhecido como Joel da Harpa, ratifica o caráter político da paralisação.

O líder grevista foi um dos escolhidos para aparecer nas inserções do nanico PTN (Partido Trabalhista Nacional), embora nem seja membro da legenda. Como militar, Joel não precisa ser previamente filiado para concorrer. Basta ter o nome aprovado nas convenções partidárias. Ele articulava a entrada no PTN, presidido no Estado pelo vereador do Recife Gilberto Alves, membro incondicional da base do governo.

As inserções foram produzidas antes da deflagração da greve. “O trabalho feito pelo governo do Estado merece continuar. Junte-se a nós”, é como Joel se despede da gravação, num tom cordial, bem diferente dos discursos inflamados de dias atrás.

Querendo trocar a farda pelo paletó e a gravata, Joel da Harpa viu no sentimento de insatisfação da tropa a oportunidade de se projetar como líder da categoria, num momento que a classe passa por uma ausência de lideranças. E, sem a habilidade necessária para a dimensão que deseja ter, fechou o próprio caminho.

"Pernambuco vive um excelente momento"

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Facebook
Guilherme Boulos: Um líder de sete cabeças

Guilherme Boulos é o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
É "filósofo" de formação e filho de Marcos Boulos, chefe da Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD), do Governo do Estado de São Paulo, controlado pelo PSDB, de Geraldo Alckmin.
Ele vem de família rica, foi criado a leite com pera, não tem problemas com dinheiro, cresceu em berço de ouro na Zona Sul da cidade.
Estava à frente do grupo que, anos atrás, resolveu ocupar um terreno da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, a fim de "chamar a atenção" da mídia para sua causa.
Boulos, depois, negociou a saída do grupo. A ação, no entanto, ganhou destaque porque o fotógrafo Luiz Antônio da Costa, conhecido como Lacosta, foi assassinado no local por assaltantes.
Os assassinos temiam que o profissional tivesse registrado, em sua câmera, o desenrolar de uma atividade ilícita.
Agora, decidiu que vai "inviabilizar" a Arena Corinthians por meio do grupo "Copa do Povo", criado por ele mesmo e outros filhos da alta classe média em um terreno a três mil metros no estádio.
Na quinta-feira, 15 de maio, ele mandou que seus comandados ateassem fogo a pneus nas proximidades da Arena Corinthians. Eles obedeceram e Boulos sorriu, afirmando que esse era um recado para o "governo".
Seu grupo de ocupação foi reunido por conta de elevadas promessas. Alguns ocupantes ganharam "ajuda de custo" para erguer o barraco. Lá, nem todos, efetivamente, precisam de um pedaço de terra.
Boulos, que já flertou com a Rede, de Marina Silva, e mantém contatos "estratégicos" com PSOL, PSTU, Movimento Passe Livre (MPL) e com grupos associados ao Padre Júlio Lancelloti, mobilizou 17 ônibus e 50 veículos para transportar seu regimento para as proximidades do estádio.
Boulos foi recebido pela presidente Dilma Rousseff, mas não se satisfez com o compromisso do governo em encaixar seus liderados nos programas habitacionais oficiais, como o Minha Casa, Minha Vida.
Segundo ele, em entrevista a Mario Sérgio Conti, na Globo News, o acampamento de Itaquera é simbólico. Tem, portanto, um sentido político para sua falange: o de fazer propaganda.
Seu coletivo de ocasião é liderado em parceria com Josué Rocha, que se tornou conhecido como militante estudantil na Unicamp.
Ficou famoso ao não obter o CRM, depois de formado, por apresentar uma prova cheia de inconsistências e provocações. Era, segundo ele, um boicote, e não desconhecimento das questões propostas.
Esta é a dupla que promete infernizar o ambiente da Arena enquanto a mídia lhes der imagem e voz. E segue a passeata.

Corrente pra trás
Rosa Pena

Há uma corrente que torce para que tudo dê errado na Copa do Mundo no Brasil. Não é grande, mas é rumorosa e tem momentos  em que se dá bem, no intento de queimar o filme do evento.Talvez o confuso ano de 2013 tenha levado a essa tardia tomada de consciência (quando o Brasil disputou para sediar, torceram pra cacete para ganharmos) que o dinheiro gasto na copa seria mais bem utilizado em hospitais, escolas etc. E o dinheiro gasto no sambódromo que só é usado uma vez por ano? Daria ótimas escolas. E o dinheiro gasto... E o dinheiro gasto...E o dinheiro gasto...

Os protestos misturaram críticos mascarados e descarados. 

Os mascarados pegaram carona e depois de cheirar cocaína, saíram quebrando e botando fogo para roubar grana pro Crack. Os descarados ficaram de longe, noticiando o que não viam e nem ouviam; dando importância aos vagabundos; fingiram dublar o eco dos gritos do povo, enquanto essa galera gritava - mãos ao alto- pra poder assaltar mais,  hostilizar as emissoras, os jornais, as revistas e até as pobres bancas que vendem os papéis "marrons".

Fato é que um sentimento perverso tomou conta de parte dos brasileiros. Não querem falar de jogo. Querem saber se o Brasil irá funcionar e quando e onde será o quebra pau durante a competição, torcendo para que o seu país, que é o nosso país, pague um mico mundial. Que vença o baixo astral?

Ano passado (2013) afirmaram entre outras coisas que estávamos à beira de um enorme apagão. Que não se conseguiria aprontar todos os estádios para a Copa das Confederações. O apagão não veio. Todos os estádios previstos para a Copa das Confederações foram entregues. 

Em 2009 e 2010, os nefastos afirmaram  que o Brasil não estava preparado para enfrentar as gripes aviária e suína. Segundo os especialistas em “desgraças”, os brasileiros não tinham competência nem estrutura para lidar com um problema daquele tamanho. Morreriam muitos. Não parece com o discurso de agora? Ah! Não houve epidemia alguma. 

Os videntes do pânico não se dão por vencidos. Eles são muito, mas muito chatos mesmo. Quando suas profecias furadas não acontecem, eles trocam de praga. A copa virou as águas de março." É pau, é pedra é o fim do caminho.” E o pior que há muita gente boa que perde seu tempo e sua paciência acreditando no fim  novamente. Mãe Dináh morreu e não disse que o Brasil sairia do mapa com uma bola rolando pelai. 

Enquanto isso o Sarney arrebanha o que resta do Maranhão. Mas isso não importa aos arruaceiros do dia a dia. O negócio é brigar sem nem saber por quê. Mas quem está promovendo a aversão pela "copa do mundo é nossa" sabe o por quê.

Eu aqui torço e muito. Viva o Brasil. Que ele seja campeão. Hexa em 2014. 

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Rosa Pena, escritora carioca, crônicas, contos e poesia, colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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A vergonha do boy do arrastão
José Adaílton dos Santos ganhou o apelido e ficou conhecido na rede após ser filmado saqueando uma CPU na greve da PM

Wagner Oliveira - Diario de Pernambuco
Publicação: 20/05/2014


PressAArt&Manha

Da última vez que entrou em uma unidade policial, José Adaílton dos Santos, 18 anos, trabalhava como ajudante de pedreiro na reforma da Delegacia de Joana Bezerra, bairro onde ainda mora com a mulher e a filha de 11 meses de idade. Ontem à noite, após depôr, ele deixou a Delegacia de Afogados respondendo por um crime. Sem antecedentes criminais e assustado com a presença da imprensa, deixou o local escondendo o rosto.

Desde a quinta-feira, quando foi filmado e fotografado saqueando a CPU de um computador em uma loja de Afogados durante a greve da PM, José Adaílton deixou o anonimato através da internet. Além de receber críticas de vizinhos, internautas e familiares, virou chacota e ganhou um apelido virtual inspirado no nome de uma página criada no Facebook para propagar montagens e piadas do episódio: Boy do arrastão.

Quatro horas antes de depor, José Adaílton conversou com o Diario nas escadas da delegacia. Disse estar “envergonhado” e ciente da repercussão do caso: “Minha foto já está em todo canto. Estou envergonhado pelo que fiz. Muitos falaram que não era para fazer isso. No outro dia eu já me arrependi quando vi na televisão que estavam entregando (os produtos)”.

No dia mais tenso dos últimos anos no estado, José Adaílton voltava de bicicleta para casa depois de uma “ôia”, como chama o serviço de ajudante de pedreiro, quando uma aglomeração chamou sua atenção: “A loja já estava com o portão arrombado, aí passei e entrei. Quando entrei, só tinha aquilo (a CPU). Aí eu peguei e fui embora.”

Foi a mulher de José Adaílton, a estudante de costura Rebeca Correia, 18 anos, que entregou a peça à polícia no dia seguinte ao saque: “Estava na casa da minha tia. Quando voltei, já estava isso na minha casa e todo mundo dizendo que ele pegou. Foi quando eu falei com ele vim trazer na sexta-feira. Ele já queria entregar”, diz ela.

Rebeca recebe uma bolsa de R$ 400 por um curso de costureira, além do Bolsa Família. Eles moram em uma casa emprestada pela mãe de José Adaílton, situada embaixo do Viaduto Capitão Temudo, no Complexo de Joana Bezerra. A renda familiar é complementada pelos bicos de servente de pedreiro, que nem sempre aparecem.

Mais tranquila que o marido, a mulher contou como o casal soube da repercussão da imagem: “Ficamos sabendo pelos outros. Os vizinhos criticavam e brincavam. Diziam que ele ia ser preso. Ele ficou nervoso e arrependido. A prima dele viu no Facebook das amigas e foi lá dizer a ele.”
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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA


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