No desfraldar das bandeiras
Raul Longo*
Nos manifestos de sindicatos e associações
de trabalhadores foram denunciados diversos abusos estimulados pelos desvios
dos tribunais trabalhistas. Como no caso de que foi vítima um funcionário da
Empresa de Correios e Telégrafos de Santa Catarina, Paulo Eduardo Lima Farias,
demitido por motivos fúteis após 26 anos de dedicação profissional à empresa.
Outro exemplo gritante é o do juiz que
considerou ilegal uma paralisação por aumento salarial, decidida pelo sindicato
dos trabalhadores no transporte público. O juiz Gilmar Cavalieri condenou
o sindicato por não respeitar o mínimo de 100% dos trabalhadores em atividade.
Para Cavalieri, o total é o mínimo. Por
situações vexatórias como essa os manifestantes chegaram à conclusão de que
para se tornarem possíveis dignas relações trabalhistas que contribuam com
todas as classes sociais da nação, é preciso uma Reforma do Judiciário que
retire do sistema a porcentagem de juízes que tendem para um único lado.
Mas nenhum manifestante chegou ao absurdo
de considerar que se tenha de destituir 100% do juizado brasileiro, embora
concluíssem que só é possível acabar com a corrupção e a impunidade no Brasil
quando se acabar com falsos magistrados que condenam sem provas e dão cobertura
judicial para crimes e criminosos comprovados.
Daí
que Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes foram
desonrosamente lembrados em muitas falas indicando os caminhos para o fim da
corrupção e da impunidade.
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DAQUI – Portal de Notícias
*Raul Longo é jornalista, escritor e
pousadeiro. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz
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“Sintomático o fato de os entrevistadores (do Roda Viva)
gastarem mais da metade do tempo disponível tentando, de certo modo, justificar
a 'fatalidade' de uma 'imprensa comprometida com o poder financeiro'... Eu,
hein! Fui. Pra midiaNINJA.” – Homero Mattos em comentário sobre...
MÍDIA NINJA
Mídia de massa vs. massa de mídias
Por Luciano Martins Costa - Para o programa radiofônico do Observatório, em 06/08/2013
A Folha de S. Paulo foi o único dos jornais de circulação
nacional a reservar um espaço para a participação de representantes do coletivo Mídia
Ninja no programa Roda Viva,
da TV Cultura de São Paulo, exibido na segunda-feira (5/8). Ainda assim, o
texto é apenas um relato burocrático de parte das perguntas e respostas, com um
título que falseia o que foi o evento.
“Idealizadores
do grupo Mídia Ninja negam vinculação partidária”, diz o título da Folha na
edição de terça-feira (6). No subtítulo, logo abaixo, pode-se ler: “Ao Roda
Viva, Pablo Capilé e Bruno Torturra admitem captação de recursos públicos”.
Trata-se
de um artifício primário de manipulação de informação, uma vez que esses dois
tópicos compuseram uma parte irrelevante do programa e haviam sido
extensivamente esclarecidos pelos dois entrevistados. A afirmação negativa é
uma maneira tosca de insinuar ser verdadeiro aquilo que está sendo desmentido.
Seria o
mesmo que publicar um texto com o título: “Jornais negam que tenham feito
operação ilegal com dólar na compra de equipamentos gráficos”. Ora, se alguém
quiser insinuar que a imprensa tradicional deve favores a determinado grupo
político, essa seria uma forma de dar um ar de veracidade a essa especulação. O
mesmo seria dizer que “tal grupo de comunicação nega que defende fulano porque
em seu governo recebeu ajuda generosa do BNDES”.
No caso
do Mídia Ninja,o texto da Folha demonstra ainda que o jornal não
entendeu ou não admite a possibilidade de se construir uma mídia sem dono,
horizontalizada, com uma diversidade tão grande de lideranças que se torna
difícil classificá-la segundo os parâmetros tradicionais.
Os dois
jovens foram provocados por alguns dos experientes entrevistadores, em
sequências de perguntas que teriam desconcertado qualquer um. Mas responderam
com segurança e clareza, enfrentando questões polêmicas como o financiamento
público de ações culturais e simpatias partidárias pessoais.
Uma das
lições mais interessantes passadas aos telespectadores foi a afirmação de que,
mesmo composto por ativistas que simpatizam com esta ou aquela corrente
política, o movimento tem um caráter amplo e democrático. Eles não omitem seu
posicionamento político, que, na falta de melhor expressão, é definido como “de
esquerda”, mas dialogam com qualquer grupo.
O
mito da imparcialidade
Essa é
provavelmente a diferença essencial entre a “mídia de massa” que marca o
jornalismo como indústria e a “massa de mídias”, que identifica o jornalismo
ativista das redes sociais.
O
entrevistado Pablo Capilé foi muito claro ao se referir ao ambiente
hipermediado como uma “massa de mídias”, na qual o jornalista se engaja em uma
atividade que, segundo Bruno Torturra, pode ser definida como “midiativismo”.
Esse foi um dos pontos mais interessantes do programa, porque permite ao
telespectador, eventual leitor de jornais, raciocinar sobre a natureza da mídia
tradicional e o que pode vir a ser a “massa de mídias”.
A
imprensa clássica que conhecemos também é midiativista, mas seu engajamento não
está necessariamente a serviço da sociedade, ou, pelo menos, não costuma
contemplar a complexidade social e política do país. Como dizia o falecido
diretor responsável de O
Estado de S. Paulo, Ruy Mesquita, os jornais se dirigem prioritariamente,
quando não exclusivamente, a uma elite econômica, intelectual e política.
Ao
afirmarem, sem constrangimento, que a Mídia Ninja está engajada em um projeto
progressista, inclusivo e “de esquerda”, os dois entrevistados fazem desvanecer
a fumaça da falsa imparcialidade da imprensa. Mais especificamente, o que os
jovens midiativistas deixaram claro, como fonte de reflexão para os
telespectadores da TV Cultura, foi que o mito da imparcialidade pode ser
superado pela prática da multiparcialidade.
Ou seja,
a imprensa tradicional finge uma isenção e uma objetividade que supostamente
justificam sua existência quando, na verdade, não passam de uma farsa; enquanto
o midiativismo em rede declara sua condição de ação política e comunicacional
afirmativa, apoiada em uma visão de mundo progressista.
Essa
diferença mostra, por exemplo, como os midiativistas dão voz até mesmo aos
anarquistas agregados no grupo chamado Black Bloc, durante as manifestações que
ocupam as grandes cidades brasileiras, tentando compreender suas razões, mesmo
discordando do uso da violência e do vandalismo nos protestos.
Essa e
outras questões estão fora do alcance da mídia tradicional, porque ela tem como
objetivo interpretar o fenômeno, para justificar sua crença numa determinada
ordem social, e não compreendê-lo.
A
polêmica se estende ao infinito, e só a inteligência complexa e heterogênea das
redes sociais pode permitir que ela avance pela sociedade adentro.
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Chico, nesse específico caso, é o nome do animal; a dona
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Ilustração: AIPC
- Atrocious International Piracy of Cartoons
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PressAA
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