Excelente, a entrevista. Até mesmo para mostrar que, embora os
terroristas do Ocidente procurem manipular todo movimento popular legítimo
deste mundo, esse movimento existe. Os povos do mundo não aceitam o sequestro
da política, operado pelas grandes corporações. E fazem a resistência
necessária para evitar mais sequestros: o das terras, da água, dos alimentos,
da natureza, da alegria, do futuro. Leitura obrigatória.
Baby Siqueira Abrão
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Sim, senhora, professora!
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Sábado, 6 de julho de 2013
“Foi um ano de farsa democrática”, diz Samir Amin sobre o Egito
Para o estudioso egípcio e membro do Partido Comunista, as
eleições no país marcadas para outubro podem ser manipuladas tal como foram as
de 2011
O presidente do Egito Mohammed
Mursi foi deposto nesta quarta-feira (3) pelas Forças Armadas após forte
pressão popular. Em seu lugar, o ex-presidente da Suprema Corte, Adly Mahmud
Mansur, foi jurado presidente interino do país.
Em entrevista ao jornal italiano "Il Manifesto", o estudioso
egípcio e membro do Partido Comunista Samir Amin, analisa o processo da eleição
que levou Mursi à presidência e também chama a atenção ao que diz respeito ao
futuro político do Egito, que elegerá um novo representante em outubro deste
ano.
Amin, que ainda é diretor do
Fórum do Terceiro Mundo, observa ainda que os militares que depuseram Morsi são
financiados pelos EUA, e que em seu seio há grupos políticos que, inclusive,
mantêm contatos com a Irmandade Muçulmana e com fundamentalistas salafitas.
“Se não houver mudanças, as
eleições fixadas para o próximo mês de outubro serão realizadas debaixo da
repressão, e o voto será manipulado tal como aconteceu em 2011.”
do Il Manifesto
Tradução de Heitor
Figueiredo
Confira a entrevista
Il
Manifesto - Porque os egípcios insurgiram para pedir as demissões do presidente
Morsi?
Samir
Amin - A
campanha denominada Tamarrod (Rebelião) foi uma iniciativa extraordinária.
Foram recolhidas milhões de assinaturas que representavam a reflexão política,
um acontecimento de grande envergadura que foi completamente ignorado pela
mídia internacional. Pois parece que a maioria eleitoral que se definiu nas
últimas eleições desapareceu. A Irmandade Muçulmana gerencia o poder como se
100% dos eleitores tivessem votado neles. Por isso se apoderaram do estado
colocando nas direções das instituições todos seus homens. Uma ocupação que dão
espaço às oposições e também aos técnicos que estavam empregados desde os
tempos de Mubarak.
O problema maior não é somente
esta crise econômica. Mas a maneira de como os islâmicos querem resolver a
crise introduzindo soluções ultra-liberais. Além de substituir os amigos de
Mubarak com uma turma de burgueses capitalistas, na sua maioria comerciantes
super-reacionários que querem vender todas as propriedades públicas e por isso
todo o mundo os odeia, visto que querem programar as mesmas políticas do antigo
regime."
Foi nesse
âmbito que o presidente Morsi assinou o projeto de Zona de Livre Trocas no Sinai,
apesar de ser um projeto que favorece unicamente os interesses econômicos de
Israel?
Exato. Esse projeto foi uma
catástrofe do ponto de vista econômico visto que nessa região não haverá
nenhuma industrialização, do momento que a dita zona de livre troca será
monopolizada por pequenas máfias que estão gerenciando a fraude fiscal e a
venda dos recursos públicos na região. Por isso a Irmandade Muçulmana fecha os
olhos e espera o empréstimo do FMI que foi definido, apesar das denúncias de
corrupção e outros escândalos".
Não acha
que fizeram pior quando, por exemplo, inventaram as Obrigações Islâmicas Sokuk?
Na realidade foi um autêntico
roubo, visto que venderam a preços de banana as propriedades que valem bilhões.
Aliás, nem foram privatizações, apenas uma fraude.
Voltamos
às eleições. Visto que Morsi ganhou após oito dias de indefinições e, antes de
tudo, após o veto para a candidatura do nasserista Sabbahi (líder do partido
nacionalista ligado à história de Nasser, ndr.) já no primeiro turno. Acredita
que houve manipulações?
Houve, sim, uma fraude
eleitoral grande como uma montanha. Hamdin Sabbahi devia participar do segundo
turno, mas foi vetado pela embaixada dos EUA. Os observadores da União Europeia
aceitaram as motivações dos diplomatas estadunidenses e fecharam os olhos
diante da fraude. É preciso explicar que os cinco milhões de votos que Sabbahi
recebeu, eram votos de pessoas politicamente motivadas. Contrariamente, ao que
aconteceu com os eleitores de Morsi que, na maioria, não tinham um mínimo de
consciência política, e por isso venderam seu voto por bônus de leite e de
carne."
O
presidente Morsi bateu de frente com o movimento de protestos antes ou em
novembro do ano passado, quando assinou um decreto que ampliava seus poderes
até o limite da ditadura?
Na realidade, Morsi, logo após
sua posse, formulou a promessa de escutar quem contestava sua linha política.
Foi mera demagogia. Depois disso, ele mesmo deu a entender que por de trás dele
havia a presença das monarquias dos países do Golfo, de que ele, simplesmente,
virou o executor.
Então,
até o histórico apoio ao povo palestino ficou no esquecimento?
A Irmandade Muçulmana sustenta
Israel, tal como fazem as monarquias do Golfo e do Qatar. Oficialmente, sempre
manifestam posições anti-sionistas, mas, na realidade, estão alinhadas com
Israel. Praticam uma mentira sistemática. Por exemplo, o emir do Qatar diz uma
coisa e depois faz o contrário. Isso porque no Qatar não existe opinião
pública, foi tudo silenciado. No caso da Síria, o presidente Morsi apoiou o que
há de pior nas fileiras da oposição síria, da mesma forma como fazem os
ocidentais que com o fornecimento de armas aos rebeldes, na realidade, estão
sustentando o que de pior há na oposição síria".
Mas a
ausência de uma lucidez política é consequência do tipo de Constituição que a
maioria da Irmandade Muçulmana impôs no governo em dezembro do ano passado?
Eles queriam impor a ditadura
da maioria. Porém, pela primeira vez na história do Egito, os juízes
contestaram e se negaram em ratificar os resultados do referendo
constitucional. De fato, o objetivo do partido da Irmandade Muçulmana
"Liberdade e Justiça", era de construir uma teocracia tal como os
ayatollah fizeram no Irã. Muitos políticos islâmicos pretendem criar um
Conselho Constitucional dos Ulemas, que deveria semelhar a Al-Azhar - a máxima
instituição religiosa sunita - e que deveria controlar o poder executivo, o
legislativo e o sistema judiciário.
O que
veio a impedir a realização desse projeto?
O lumpemproletariado egípcio,
notoriamente usado para manobras políticas, dessa vez, ficou quieto, visto que
não recebia nada em troca. Por outro lado, há ainda muita ambiguidade na
divisão do poder como as Forças Armadas, que ficam com um pé atrás para,
depois, poder intervir diretamente. É bom lembrar que os militares são uma
classe corrupta e extremamente fragmentada, que se sustenta com a ajuda
financeira dos EUA. No seu seio há muitos grupos políticos e alguns deles
mantêm contatos com a Irmandade Muçulmana e até com os fundamentalistas salafitas.
Entretanto, se houvesse eleições normais com campanhas que respeitam as
liberdades democráticas, o partido da Irmandade Muçulmana seria derrotado. Se
não houver mudanças, as eleições fixadas para o próximo mês de outubro serão
realizadas de baixo da repressão, e o voto será manipulado tal como aconteceu
em 2011.
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To Remember...
Movimento dos Não Alinhados (MNA): Oportunidadeque o Irã não desperdiçará
MK Bhadrakumar*, Indian Punchline
Traduzido
pelo pessoal da Vila Vudu
Tudo
indica que a volta do Egito à frente do Movimento dos Não Alinhados [1]será
a grande notícia da semana que sairá da Conferência que acontecerá em Teerã. O
foco da conferência estará, como se espera, apontado para três principais
questões da Ásia Ocidental: a crise na Síria, a questão nuclear iraniana e o
florescimento das relações diplomáticas entre Irã e Egito.
Teerã,
é claro, dá sinais de entusiasmo pela presença do presidente Mohamed Mursi do
Egito na Conferência.
Mursi
aceitou o convite para visitar as instalações da usina nuclear iraniana em
Bushehr. Que ninguém subestime o significado simbólico desse gesto.
(Clique no título para ler artigo completo)
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E mais...
Lembranças e saudades
Sérgio Vieira de Mello [Vítima de “armas de destruição em massa”]
(Rio de Janeiro, 15 de março de 1948 — Bagdá, 19 de agosto de 2003) foi um brasileiro funcionário
da Organização das Nações Unidas (ONU)
durante 34 anos e Alto Comissário das Nações
Unidas para os Direitos Humanos desde 2002. Morreu em Bagdá, juntamente com
outras 21 pessoas, vítima de atentado atribuído à Al Qaeda, contra a sede local da ONU.
(...)
Para muitos, o brasileiro era a personificação do
que a ONU poderia e deveria ser: com uma disposição fora do comum para ir ao
campo de ação, corajoso, carismático, flexível, pragmático e muito eficiente na
negociação com governos corruptos e ditadores sanguinários, em busca da paz.
Vieira de Mello era considerado por muitos como o
virtual sucessor de Kofi Annan na Secretaria-Geral das Nações Unidas. Apesar de frequentemente confrontar-se
com a impotência da ONU diante de tragédias humanas, sua biografia prova que
ainda existe algo a ser defendido na organização.
Em maio de 2003 fora indicado pelo
secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, como
seu representante especial, durante quatro meses no Iraque.
(Clique em Sérgio Vieira de Mello para ler sua página na Wikipédia)
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E, se algumas armas químicas, além de espermatozoides, ainda couberem no saco, leia também...
José Maurício
Bustani
Abalado com a morte de Sérgio Vieira
de Mello, o embaixador do Brasil no Reino Unido defende a ampliação do Conselho
de Segurança
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EMBAIXADOR ARNALDO CARRILHO
Primeiro embaixador do Brasil em Pyongyang, na
Coreia do Norte, aos 72 anos, Carrilho teve 47 anos de carreira no Itamaraty,
tendo passado 37 anos no exterior, sendo 12 no mundo islâmico e 10 na ásia.
Abriu cinco postos: Jeddah, na Arábia Saudita, Berlim Oriental, Bissau, Praia,
e Pyongyang. Além disso, serviu em quatro países comunistas: Polônia, Alemanha
Oriental, Laos e Coreia do Norte. Antes de chegar a Pyongyang, Carrilho foi
designado embaixador extraordinário junto à cúpula América do Sul – Países
Árabes, uma iniciativa emblemática da lógica de cooperação sul – sul perseguida
pela diplomacia nacional. Antes, ainda, em 2006, foi designado o primeiro
representante do Brasil junto à Autoridade Nacional Palestina, em Ramalah.
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Quem são nossos verdadeiros inimigos?
Quando dizemos apenas coisas
amáveis aos nossos amigos e duras verdades aos inimigos, estamos falseando os
verdadeiros propósitos de uma amizade.
Reconciliar-se com o
inimigo não quer dizer anuir aos seus propósitos, mas apenas mantê-lo
incapacitado, ou ao menos inibido, de nos prejudicar. Acho que é isso que fazem
os governantes progressistas, reformadores e até os revolucionários.
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E para se divertir, que ninguém aqui é de Boston, leia uma cacetada Atroz
(Clique no título e leia crônica completa.
Depois lave as pontas dos dedos com Q-Boa!)
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Facebookada
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Roda Viva
Chico Buarque
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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons
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PressAA
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