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Marcelo Salles (*)
A pesquisa Datafolha para intenção de voto
divulgada neste domingo (30) foi realizada num momento de plena ebulição
popular e, portanto, seu resultado deve ser analisado a partir dessa
perspectiva. Dilma passou de 51 a 30, Marina foi de 16 para 23, Aécio de 14 a
17 e Eduardo de 6 para 7. Ou seja, dos 21 pontos perdidos pela presidenta, sete
foram para Marina, três para Aécio e um para Eduardo, num total de onze pontos
transferidos para adversários. A outra metade, dez pontos, engrossa a fileira
dos "desiludidos" com a política, que alcança 24, justamente o
aspecto mais amplificado pelas corporações de mídia durante os protestos - o
que encontra-se em consonância com sua eterna pauta de criminalização da
Política e seus representantes.
DATAFOLHA 30/06/2013 - Intenção de voto para
presidente em 2014
30 - Dilma Rousseff
23 - Marina Silva
17 - Aécio Neves
07 - Eduardo Campos
24 - Branco, nulo ou indeciso
Obs: os números divulgados pelo jornal Folha de S.
Paulo somam 101 pontos, ao invés de 100, como nos levantamentos anteriores.
Pesquisas de intenção de voto são um retrato do
momento e, portanto, nunca são estáticas. Um ponto importante a ser destacado é
que, muito provavelmente, a conjuntura em que foi realizada não poderia ter
sido pior para Dilma. A presidenta, eleita democraticamente pelo povo para
governar o país, não fugiu às suas responsabilidades: foi para a televisão,
falou diretamente aos cidadãos, afirmou que seu governo está ouvindo as vozes
das ruas e reafirmou compromissos importantes com o desenvolvimento do
país.
No entanto, com milhões de pessoas nas ruas e
tantas pautas diferentes em voga, as insatisfações, de modo geral, tendem a
recair sobre quem está no comando, mesmo que várias das reivindicações não
estivessem sendo dirigidas à esfera federal de governo.
Se é verdade que o momento foi o mais delicado
possível, é muito provável que os próximos levantamentos registrem uma
recuperação nas intenções de voto da presidenta. Isso, claro, desde que a
Economia não entre em colapso e o governo mantenha o foco na Agenda Social -
dar continuidade ao combate à miséria, à garantia dos direitos humanos e ao
diálogo com os movimentos organizados, sem, no entanto, ficar refém de
interesses estrangeiros que instrumentalizam, geralmente através de ONGs, um
sem número de grupos sociais.
Como registrei há três meses, era
preciso ficar especialmente atento a duas variáveis de lá até as eleições -
mídia e evangélicos. Disse que eles seriam os fiéis da balança em 2014. Naquele
mesmo texto, dividi o período que nos separa das eleições em três momentos: o
primeiro seria de março/13 a outubro/13, quando todos os partidos devem estar
constituídos e aqueles que pretendem se candidatar a cargos de deputado,
senador, governador e presidente precisam estar devidamente registrados em suas
agremiações. O segundo período seria de outubro/13 a março/14, quando termina o
prazo para desincompatibilização de cargos públicos, o que deixará o cenário
praticamente definido. E o terceiro e último período seria o que transcorre de
março/14 até outubro/14, quando ocorrem as articulações finais e a tem início a
campanha propriamente dita.
Ao analisarmos o avanço de Marina Silva, vemos
claramente o papel do fator "evangélicos", cuja atuação tem sido
determinante no recolhimento das assinaturas para a fundação de seu partido.
Como registrei no último artigo, seu avanço
nas intenções de voto era esperado, não pelos protestos, mas porque a
militância em massa nas ruas colocaria seu nome na boca do povo. Além disso,
ela encontra uma vasta camada da sociedade que recentemente ascendeu
socialmente, mas sem qualquer ideologia, sendo, portanto, vulnerável a
mensagens de cunho religioso e/ou a chamadas "politicamente
corretas". É possível que Marina continue no movimento ascendente, caso
seus militantes permaneçam nas ruas e ela consiga o registro do partido em
tempo hábil para disputar as eleições, o que lhe dará direito a tempo de
televisão e recursos financeiros adicionais.
Já o caso de Aécio Neves é diferente. Ele vem
avançando lentamente, mas com consistência. Em março tinha 10, no início de
junho foi a 14, passando agora a 17. Ocorre que nos dois intervalos ele foi
beneficiado pela variável "mídia", que no primeiro momento teve a seu
favor a conjugação do programa de seu partido na televisão com os boatos sobre
o fim do Bolsa Família, culminando com sua eleição para a presidência do PSDB
(tudo com ampla divulgação pelas corporações de mídia); agora, durante os
protestos, Aécio apareceu, também em propaganda partidária de rádio e tv,
convidando os brasileiros para conversar sobre o Brasil. É possível que siga
crescendo, mas dificilmente vai tirar pontos de Dilma ou Marina; terá que
disputar os indecisos.
Como venho afirmando desde março, não era
conveniente fazer o jogo do "já ganhou" que se ouviu de parte da
esquerda quando Dilma despontou com 57 pontos. Dizia que faltava muito para as
eleições e, até lá, muita coisa podia acontecer. Aconteceu justamente a ação
pesada dos fiéis da balança, a mídia e os evangélicos, conforme havíamos
previsto. Os evangélicos na organização da campanha por Marina e contra Dilma,
e a mídia com a instrumentalização dos protestos a seu favor. Eles irão
continuar operando contra a presidenta até o dia do pleito, não importa o que
ela faça. Simplesmente porque defendem outro projeto para o país.
(*) Marcelo Salles é jornalista.
No twitter é @MarceloSallesJ
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Leia também...
Meu nome é Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima.
Me diga mesmo: num parece nome de quem nasceu em berço de ouro?! Pois é, mas
num foi, não! Eu nasci numa colocação chamada Breu Velho, no seringal Bagaço,
lá no Acre. Hoje eu tenho orgulho de dizer que nasci e me criei junto a essa
minha gente sofrida. Mas nem sempre foi assim, nem sempre tive esse orgulho
todo...
(...)
Fui levada à atividade política e social pela
Igreja Católica, mas descobri que no movimento evangélico-protestante eu teria
mais chances de me projetar. Basta ver que os neopentecostais cresceram muito,
as bancadas deles nas assembleias legislativas e no Congresso são muito fortes.
Bom, mas com a ajuda da Igreja Católica eu aprendi a ler, escrever e acabei me
formando. Na minha página da Wikipédia o
pessoal resolveu deixar apenas minhas relações com a Igreja Católica, nada de
evangélicos [AA: Atualmente, com atualização da página na Wikipédia,
já se pode ler alguma coisa sobre as relações de Marina Silva com o movimento
evangélico. Título indicado: "Silas Malafaia ataca Marina Silva porque ela defende laicismo"
- Ateus do Brasil], pois isso é
coisa de minha vida privada, e ninguém tem nada com isso. Ah, o pessoal também
omite o nome do PT quando fala de minhas eleições [Também atualizado]; deixa apenas a sigla PT quando se refere à eleição
que perdi. Mas isso é coisa desses meninos metidos a marqueteiros. Bom, de
qualquer forma, isso está sendo esclarecido aqui na Wikiphedia.
Infelizmente não tem como negar, todo mundo sabe
que eu cheguei onde cheguei foi montada no PT. Em 1988, fui a vereadora mais
votada do município de Rio Branco, conquistando a única vaga da esquerda na
Câmara Municipal. PT. Em 1990 me candidatei a deputada estadual, pelo PT,
claro, e obtive novamente a maior votação. Em 1994 foi eleita senadora da
República, pelo PT do meu Estado, com a maior votação, enfrentando uma tradição
de vitória exclusiva de ex-governadores e grandes empresários do Estado. O PT
foi tudo na política para mim! Basta dizer que fui Secretária Nacional de Meio
Ambiente e Desenvolvimento do Partido dos Trabalhadores, de 1995 a 1997. Mas a
glória veio mesmo foi com a eleição de Lula em 2003. Com a eleição de Luiz
Inácio Lula da Silva para a Presidência da República, fui nomeada ministra do
Meio Ambiente. Deus do Céu! Vocês nem imaginam com o que eu comecei a sonhar!
Imaginam?! Pois é, acertaram! Isso mesmo, se Lula chegou lá, porque eu num
chegaria, né?! Olha, eu tinha um trabalho reconhecido no mundo inteiro! Fiz
muito, mas muito mesmo, quando fui ministra do Meio Ambiente! Governo nenhum
havia feito nem a metade do que eu fiz como ministra do governo Lula. Ah!, eu
ia esquecendo: sou ativista em defesa do meio ambiente desde aqueles tempos em
que lia Capricho, Sétimo Céu, Contigo... Eu ligava o radinho de pilha do meu
primo e ouvia Roberto Carlos cantando: “Seus netos
vão te perguntar em poucos anos pelas baleias que cruzavam oceanos...”.
Me emociono, me arrepio toda só de lembrar! Muitas emoções!
(...)
Tenho amigos no PT, sempre fui muito querida no
partido e no governo. Eu era, por assim dizer, o xodó do governo Lula e do
Partido dos Trabalhadores. Eu já sonhava com a Presidência da República...
Afinal, se Lula chegou lá, por que essa não seria a minha vez?
Foi aí que me desgostei! foi quando eu descobri que
o verdadeiro xodó não era eu! Quer dizer, eu poderia até continuar sendo a
queridinha, a namoradinha do Brasil, como a Regina Duarte foi por muitos anos.
Mas ela... Ela... pronto, todo mundo sabe quem é! Ela foi a escolhida. Ela, uma
mulher quase tão braba quanto a Heloísa Helena! Ela foi a escolhida. E eu, um
doce de criatura, a candura em pessoa, tinha que me contentar com um
ministeriozinho! Ah, mas nem morta! Ela, com suas obras faraônicas, com aquela
pose de executiva! Ares de administradora! Mandona! Isso, sim! Tá vendo essa
foto aí em cima?! Pois foi tirada no momento em que eu disse NÃO a ela! Assim,
na lata! Não ao projeto que ia atrapalhar o amor dos bagres no rio Madeira.
Isso só pra construir uma usina hidroelétrica. Não! Eu disse assim, na lata:
"Ninguém vai atrapalhar o amor dos bagres!" Os bichinhos também são
filhos de Deus. E tá lá na Bíblia: "Crescei e multiplicai!"
(...)
Renunciei à minha vocação para o celibato, deixei
de ser freira para virar vereadora, deputada, senadora, ministra, celebridade
política; me sacrifiquei, precisei viajar mundo afora, cumprir compromissos com
chefes de estado, nobreza, imprensa, universidades. Depois de tudo isso, eles
ainda têm coragem de vir me beijar. Até esse Judas e esse judeu!
(Para ler a página completa de Marina Silva na
Wikiphedia, clique no título ou AQUI)
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Troca
de mensagens de uma de nossas correspondentes como o nosso editor, em 30/6:
Ola Pessoal
É impressionante que, mesmo com as milhares de pessoas nas ruas de norte
a sul do pais, os que defendem o governo nao parem para pensar o que esta
acontecendo? Ou voces acham que isto é contra o PSDB? É claro que tambem é
contra o PSDB que iniciou este processo e continua com ele em alguns estados.
Mas o centro é o governo federal que da a linha para o modelo de
desenvolvimento de nosso pais. A eliminaçao da oposiçao nos espaços
institucionais e a tentativa de fazer o mesmo no movimento social, nao garante
a continuidade de um processo de desenvolvimento como o que temos. Poderia
discutir cada um dos "onze motivos para defenestrar Lula". Mas, acho
que o autor deveria tentar ouvir as vozes das ruas.
Saudaçoes
Dirlene Marques
Prof. de Economia da UFMG e atualmente professora de Universidade Miltom
Campos.
***
Prezada leitora e correspondente Maria Dirlene,
antes de tudo, grato pela atenção.
Veja bem, nós até que paramos de vez em quando; isso, geralmente, por
motivos pessoais, nada a ver com os acontecimentos em voga, desde 1900 e
antigamente... Alguns dos nossos correspondentes até reclamam, perguntando
"por que paramos, paramos por que..."
Mas não gostamos muito de parar pra pensar. Até que fazemos isso de vez
em quando, são pausas pra refrescar; mas somos na verdade pensadores
compulsivos (a falsa modéstia passa longe de nós, até porque já disseram que
"toda modéstia é falsa"), pensamos enquanto andamos na rua, na chuva,
na fazenda, ou numa casinha de sapê...
Mas observe como estamos afinados, antenados, concordantes...
Você diz "...o centro é o governo federal que da a linha para o
modelo de desenvolvimento de nosso pais."
Pois não é isso mesmo?! Não foi esse o objetivo da mídia empresarial:
jogar toda essa manifestação "pacífica" nas costas de Dilma? Afinal,
2014 não está tão longe assim, não é mesmo?
Até a própria Dilma caiu na esparrela e chamou para si a
responsabilidade (se você pesquisar, vai encontrar articulistas fogo-amigo
dizendo isso e repreendendo a presidenta).
Quanto aos "onze motivos para defenestrar Lula", isso é, de
certa forma, ufanismo de militante que "nunca antes na história militou
militar-mente", não é? Sério: eu, por mal exemplo, acho que a promessa de
campanha de Lula 2002 mais difícil de ser cumprida é o combate à corrupção,
programa de governo mais combatido. Pouca gente atenta pra isso, acho. E essa é
uma das bandeiras que precisa ser encarada com maior empenho.
Dar Bolsas à tradicional família mineira ou à "mundiça" é
fichinha; rende votos, consequente e naturalmente, mas pode encher a burra de
certa gente até com Bolsa Proer que não vai adiantar nada. Banqueiros, barões
do café-soçaite midiático e outras máfias do grande crime organizado tão
defecando e andando pra dinheiro, já possuem pra mais de quanto precisam para
deixar para as suas próximas cinco gerações.
O que eles querem mesmo, e são pressionados pelas madames patroas, é o
Trono! As embaixadas na Europa, França e Bahia! No maior glamour!
Bom, acho que já tomei muito o seu tempo com essa lengalenga toda...
Tenha uma nova semana plena de paz e bastante proveitosa.
Mais uma vez grato pela atenção.
Fernando
***
Oi Fernando
Obrigada pela resposta.
Vamos continuar nos falando, ta?
Dirlene
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E mais...
Edificando o Povo de
Deus pela Internet
Finanças
– Aplicar
“O que havia recebido cinco talentos
saiu imediatamente, aplicou-os, e ganhou mais cinco” (Mateus 25:16)
Acordei para um princípio desta parábola por causa de uma pesquisa. Ao
entrevistar 100 homens entre os mais ricos do mundo, a pesquisa revelou alguns
dados muito interessantes, especialmente no que se refere a generosidade. Mas,
o que me saltou aos olhos, foi a frase “não guarde dinheiro que ele some,
aplique”. Fiquei revoltado, achei um absurdo. Fui para a Biblia e percebi o
seguinte: o servo reprovado foi o que guardou…
Ao meditar sobre isso, clamei por misericórdia e Deus me amou a ponto de
me ensinar algo. A gente deve poupar, sim. Mas não guardar e acumular “apenas”
pelo princípio de se sentir dono de alguma coisa. Poupar tem a ver com fazer
uma reserva para o dia de inverno, não com apossar-se das coisas. Uma poupança
proporcional ao rendimento é prudência e é bíblico, um acúmulo exagerado é
diagnóstico de avareza.
Aplicar é fazer com que o dinheiro seja direcionado para algo que possa
oportunizar novos ganhos. Isso pode ser feito comprando um bem que pode ser
alugado, empreendendo algum negócio. Mas também pode ser aplicado no
sobrenatural, investindo em missões, financiando estudo para pessoas carentes,
em tudo que leva o Reino de Deus adiante.
É verdade que aplicar é fazer algo com o dinheiro que corra riscos. Mas
risco e lucro andam juntos. Para quem tem alguma sobra, algum excedente, alguma
folga no orçamento – depois que a reserva de segurança foi formada – cabe
perfeitamente aplicar de forma proporcionalmente arriscada. Proporcional, sem
exageros.
Aplicar é ter em mente que algo pode dar errado, mas também pode dar
certo – depende de onde nossa fé (visão do invisível) se aplica, no positivo ou
no negativo.
Aplicar é principalmente, e essencialmente, não se sentir dono do
dinheiro e portanto, uma vez suprida a necessidade, arriscá-lo em algo que pode
dar lucro. É um princípio de riqueza dito por ricos e bem sucedidos. É um
princípio ensinado também na parábola dos talentos.
“Senhor, ensina-me a andar de maneira
que eu possa prosperar, não necessariamente enriquecendo, mas tendo provisão e
sustento abundante para que eu possa aplicar.”
Mário Fernandez
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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons
Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons
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PressAA
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