Sobre Edward Snowden & Julian Assange
por Baby Siqueira Abrão [*]
Ontem li
artigo num site chamado “The Anti New York Times” (ANYT)
afirmando que tanto Assange quanto Snowden são agentes -- da CIA? NSA? FBI?
Mossad? -- a serviço do império. E fazem o que fazem para provocar tumultos no
mundo. Não é uma ideia de todo maluca, mas falta a esses, digamos,counter-whisteblowers,
provas concretas. E, quando li essa entrevista na Spiegel, feita ANTES das
revelações de Snowden, coloquei dois pés atrás. Não confio, nem em Jacob Appelbaum, nem em Laura Poitras. As coisas, na
vida de ambos, parecem acontecer quase por mágica: oportunidades, dinheiro,
viagens, informações exclusivas -- coisas que costumam acontecer a quem tem por
trás a organização e a grana dos sionistas. O relato dela sobre sua ida ao
Iraque é quase um conto de fadas. Literalmente inacreditável.
Voltando
ao ANYT, a argumentação deles apoia-se no seguinte:
a) ambos receberam farta cobertura da mídia
corporativa internacional. Como essa mídia é instrumento de propaganda de
poderosos grupos do capital internacional, ela não teria por que reservar ao
tema mais do que algumas linhas, uma vez que esses tipos de “revelações” pode
contrariar, ou vir a contrariar, seus interesses. Por que então uma cobertura
massiva a essas figuras e a suas revelações?
Resposta
deles: para que mundo inteiro acredite que Assange e Snowden estão mesmo
imbuídos de bons propósitos, o que lhes dá credibilidade. E a credibilidade é
importante para outras "revelações" que eles venham a fazer;
b) ambos começaram suas “carreiras” de
“contraespiões” e “inimigos” do império revelando fatos sobre os EUA que todos
(governos, políticos, capitães de indústria, jornalistas, espiões etc.), exceto
o grande público, já sabiam. Faltavam provas, o que Assange & Snowden
providenciaram. O fato de elas terem sido publicadas por alguns veículos da
grade mídia -- cuidadosamente escolhidos, segundo o ANYT, entre aqueles que têm
uma boa imagem junto ao público, como o The Guardian -- este
até mesmo passa a impressão de tender ligeiramente à esquerda -- e depois
repetidos pelos demais meios de comunicação, foi pensada para levar ao público
internacional um conhecimento que eles não tinham e provocar indignação nas
populações ao redor do mundo;
c) os EUA não se preocuparam com o conteúdo
supostamente revelado porque ele não ameaça a assim chamada “segurança
nacional”. E, por se tratar de fatos já conhecidos nos meios ligados ao poder,
tudo bem que fossem divulgados ao grande público;
d) tudo isso transformou Assange & Snowden
em heróis que defendem os interesses da humanidade, contra os interesses do
império. Pronto: estava armado o cenário para a segunda fase do plano;
e) contando com credibilidade total (afinal,
revelaram fatos e mostraram documentos para comprová-los) e considerados heróis
por um público que precisa deles, Assange & Snowden podem revelar o que bem
entenderem que todos acreditarão. Essa é a premissa da fase 2. Em relação
a Assange, a fase 2 dizia respeito a provocar instabilidade nos países do Oriente
Médio, exatamente como aconteceu. O conhecimento, com provas, da corrupção que
mantém os povos na miséria foi a gota d’água para que estes se levantassem.
[Hipótese minha: os serviços de inteligência do império do terror já haviam
detectado insatisfação generalizada nas nações do OM; bastava fazer com que
reagissem. Para estimular a reação, jovens líderes, também identificados pelos
serviços de inteligência, foram convidados a fazer cursos sobre o uso das redes
sociais e da internet nos EUA, como denunciou Michel Chossudovski assim que a
intifada egípcia explodiu -- ele revelou inclusive os locais de treinamento.]
Com a confusão armada, foi bem mais fácil enviar mercenários e armas para
apoiar as “oposições”;
f) não à toa, o veículo escolhido para espalhar
as "revelações" no OM foi a Al-Jazira, do Qatar (ou melhor, dos
sultões do Qatar), velho parceiro de EUA/Israel, e que financia, junto com a
Arábia Saudita, as armas e o soldo dos mercenários a serviço dos impérios do
terror. Além disso, a Al-Jazira é lider de audiência no OM e tem a confiança do
público que a assiste. [Na Palestina, por exemplo, a maioria do comércio tem
TVs ligadas na Jazira o tempo todo, inclusive nas vilas mais longínquas do
país.];
g) agora, diz o ANYT, é aguardar para ver o real
objetivo das revelações de Snowden. Como ele vem mostrando que os países
europeus também espionam seus cidadãos, em conluio com a NSA, e que a
“indignação” dos governos europeus em relação à NSA não passa de
teatro, imagino, seguindo a linha de raciocínio do ANYT, que o alvo da vez seja
a Europa;
h) outro ponto importante: Assange alega
estar em contato com Snowden. Como, se ambos estão na situação de
foragidos?;
i) mais: como Snowden conseguiu, como foragido,
tomar aviões?;
j) [esta hipótese é minha: se ele realmente
representasse perigo aos EUA, bastava matá-lo empregando meios que simulam o
“acaso”, ou pegá-lo no voo que o levou de Hong Kong à Rússia. Ou vocês acham
que alguém como ele, agindo praticamente sozinho, conseguiria enganar todo o
sistema de espionagem dos EUA?]
Essa
argumentação faz sentido mas pode ser considerada frágil. EUA e Israel já
controlavam o Oriente Médio
antes das intifadas, e controlam a União Europeia. Por que teriam interesse em
provocar revoltas populares? Para ameaçar outros governos do mundo? Mas eles
têm meios mais poderosos para isso: espionagem, ameaças financeiras, invasão
armada. Aqui ouso sugerir alguns motivos:
a) revoltado com a crise econômica que levou
aos Occupies em todos os EUA, o público estadunidense não
aceita mais gastos em guerras e exige que eles sejam investidos em programas
que garantam emprego e crescimento do setor produtivo. Isso não interessa ao
capital financeiro, que não precisa de produção para se reproduzir. Mas se
interessa pelos fabulosos lucros da indústria da guerra;
b) portanto, em lugar de promover invasões como
no Iraque e no Afeganistão, que poderiam ferir as sensibilidades do público dos
EUA, encontraram um modo indireto de fazer intervenções armadas, ludibriando
esse público e lucrando bem mais, ao armar centenas de milhares de mercenários
em vez de dezenas de milhares de soldados estadunidenses. Há outras vantagens:
pagam menos aos mercenários do que a seus soldados; não precisam pagar soldos,
nem tratamentos aos veteranos; não são seus homens que morrem, o que é fator de
economia e de agrado ao público, que já vinha se organizando para protestar
contra as mortes de filhos, irmãos, maridos, pais, noivos, namorados;
c) ao “apoiar” os protestos dos “opositores” em
vez de agir por confronto direto, o império irrita menos Rússia e China,
parceiros em negócios, mas adversários em geopolítica (se é que esse não é
outro teatro). Aí a coisa fica nas reclamações diplomáticas das partes e todos
lucram. Plano bom, n'é?
Enfim, tudo isso pode ser contestado, até porque o
ANYT parece um antinova ordem mundial fundamentalista, o que lhe tira a
credibilidade, a meu ver.
Mas não custa ficar de olho.
Tenho a revelar-lhes (eu também tenho revelações a
fazer, por que não?) que meu quase infalível sexto sentido jamais confiou em Snowden.
Sobre Assange ele não me diz nada
porque Assange mexe com outros sentidos meus, e isso atrapalha a percepção que
o sexto tem sobre as coisas.
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[*] Baby Siqueira
Abrão é jornalista, tradutora, escritora e pós-graduada em filosofia, é
correspondente dos veículos Brasil de Fato e Cara Maior no Oriente Médio, além
de ativista por direitos humanos e justiça social. É autora de dois livros
sobre história da filosofia, para as editoras Moderna e Ática.
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AA: Comentário postado no blog da redecastorphoto, para “Sobre Edward Snowden & Julian Assange”:
A ideia é bem
essa Chico... Filtrar o mínimo possível. Não concordo com tudo o que é postado
no
blog, mas procuro
publicar alguns artigos (como esse) que se contraponham ao
"mainstream" da
lógica usual, a
qual você bem observou.
Grato e abração
Castor
(Para ler outro comentário, clique no título da matéria e role a página)
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– Aqui no Brasil, quem faz um belo trabalho de
“filtragem” de informação, juntando peças, resolvendo quebra-cabeças, sem
precisar invadir arquivos de qualquer agência de serviço secreto, é o Coletivo
Vila Vudu de Tradutores, o mesmo que traduziu o artigo que acessamos há pouco.
Esse pessoal trabalha “de grátis”, traduzindo reportagens e artigos dos mais
bem conceituados intelectuais, escritores, jornalistas, correspondentes de
guerra, de todo o mundo, mas é gente que invariavelmente só publica na chamada imprensa
“alternativa”, considerando que o caminho imposto à maior parte das pessoas,
para se obter informações, é a imprensa empresarial.
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(informações
de rodapé e outras que talvez você não tenha visto)
De: Paulo Dantas
Bom dia, presidente Obama
e equipe "outrora secreta" de espionagem. Esta é a edição do
RodapéNews deste terça, enviada, por volta das 11h37, para mais de 1 milhão de
internautas, com suas redistribuições e postagens de parcela de notícias no Facebook.
ANOTEM
AS NOTÍCIAS:
“MENSALÃO”
É “FICHINHA” DIANTE DOS ASSALTOS AOS COFRES PÚBLICOS EM SÃO PAULO SOB DESGOVERNOS DO PSDB
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Reuters
Me esclareça, por favor...
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Processo contra Globo sumiu? E os bastidores
de uma negociação
por Rodrigo
Vianna
Conversei com duas fontes importantes, que trouxeram
esclarecimentos sobre o episódio da sonegação de impostos da Globo,
denunciada pelo blog
Uma das fontes é um
ex-funcionário público (que conhece bem instituições como a Receita
Federal e o Ministério Público no estado do Rio). Esse homem é o mesmo que
Miguel do Rosário tem chamado de “garganta profunda”. Por isso, também o
chamaremos assim nesse texto. A segunda fonte (será chamada aqui de “fonte
2″) é uma pessoa que esteve no governo federal (funcionário de carreira), nunca
exerceu cargos eletivos, mas sabe muito sobre os bastidores do poder – e suas intercecções
com o mundo das finanças e da mídia. Seguem abaixo as informações que recebi
dos dois. O texto é longo, mas peço atenção porque trata de assunto
gravíssimo.
1 - O blog “O
Cafezinho” publicou apenas 12 páginas de uma imensa investigação contra a
Globo. Onde está o processo original? Onde estão as centenas de páginas até
agora não reveladas? Um mistério. O “garganta profunda” garante que funcionários da Receita Federal no
Rio estariam “em pânico” (são palavras dele) porque o processo contra a
Globo simplesmente sumiu!Sim. O processo não foi digitalizado, só
existe em papel. O deputado Protógenes Queiroz (que pretende abrir uma CPI
para investigar a Globo) também considera “estranho” que não haja
“back-up” da investigação.
“Mas como um processo some desse jeito?”
pergunto incrédulo. E o “garganta profunda” responde com um sorriso: “há advogados especializados
nisso, e às vezes o sumiço físico de um processo é a única forma de evitar
danos maiores quando se enfrenta uma investigação como essa contra a Globo”.
Insisto: “mas quem teria pago pro processo desaparecer?”. E o “garganta
profunda” responde com um sorriso apenas.
(...)
15 – O MPF (Ministério Público Federal)
vai esclarecer por que não seguiu a investigar a Globo, conforme sugeriu o
auditor Alberto Sodré Zile em sua “Representação Fiscal para Fins Penais”? Cabe aos blogueiros e ao Centro Barão
de Itararé fazer essa pergunta diretamente ao MPF. Aliás, nessa quarta-feira,
dia 10, às 11h, o Barão e outras entidades irão para a porta do MPF no Rio (rua
Nilo Peçanha, 31 – centro), levando a singela pergunta: “MPF, por que você não
investiga a fraude da Rede Globo?”. Gurgel pode dar a resposta…
(Para ler artigo
completo, clique no título)
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O ex-vereador Aparício Torelly tem um olhar diferente. Ele protesta:
― Eu não vou não! Já não sou vereador desde 1900 e antigamente! Eu quero é Mais leite! Mais água! E menos água no leite!
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A pergunta da
Veja é um monumento ao cinismo.
por Lucas
Num artigo antológico
que escreveu para o Globo em defesa da reserva, o atual ministro do STF Luís
Roberto Barroso, disse que bloquear a competição externa era importante para
evitar pregações perigosas como as de Mao Tsetung e para preservar
preciosidades culturais brasileiras como as novelas. (Barroso escreveu esse
bestialógico quando era advogado da associação que faz o lobby da Globo, uma
amizade que foi vital para que os colunistas da emissora apoiassem sua
indicação para o STF.)
(Clique no título para ler artigo completo)
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por Celso Lungaretti (Colaborador
desta nossa Agência Assaz Atroz)
É alvissareiro
e reconfortante que a tramóia contra Julian Assange esteja dando com os burros
n'água. Outro Cesare Battiti foi arrancado das garras dos inquisidores. Devemos
nos orgulhar --e muito!-- destas vitórias improváveis que estamos conseguindo
obter, contra as piores forças políticas do planeta e a incessante lavagem
cerebral efetuada pela grande imprensa.
Mas,
no Caso Wikileaks, falta ainda a tarefa principal: salvarmos Bradley Manning da
destruição psicológica a que o estão submetendo. Não podemos descansar enquanto
ele estiver em prisões militares que mais parecem masmorras medievais.
(Clique no título para
ler artigo completo)
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Declaração do fundador da Wikileaks no primeiro dia do julgamento sustenta que a condenação de Manning já está definia a priori. “O comandante-em-chefe das Forças Armadas dos Estados Unidos, Barack Obama, antecipou a todos o enredo”, afirma o jornalista australiano.
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Mensagem recebida por e-mail de um dos nossos correspondentes no Sertão Alagoano:
Bom dia Fernando, acredito que já tenha lhe falado,
há algum tempo sobre os meus argumentos em relação aos odiosos inimigos do
povo; isso em relação ao programa Bolsa Família, e já vi muitas pessoas
argumentando a mesma ideia.
Nossos latifúndios, ainda que pequenos, não são menos ruins do que os
do Mato Grosso ou do Pará, são escravagistas e, portanto, querem mesmo é
explorar os seres humanos, para manterem as suas pompas e suas banalidades.
Por coincidência, estava eu em um velório, ontem à tarde (do amigo Bibi,
aquele da Cohab, ex-jogador do Ipanema, que já estava em coma há uns dois
meses).
Foi quando me aproximei de Mário Pacífico, e ele tava
"mordido" com um vendedor de CD pirata, conhecido nosso, que não
parava de criticar os beneficiários do BF. E o Mário me explicava exatamente
aquilo que eu já tinha dito há vários fazendeiros daqui.
Ele dizia que hoje não se encontrava mais trabalhadores, pois o governo
estava criando um bando de preguiçosos. Foi quando o Mário confirmou aquilo que
eu até hoje ainda uso: "eles (os fazendeiros e empresários dos setores privados em geral), não tem mais, ou tem em menor escala, os escravos,
que trabalhavam a no máximo R$ 7 reais/dia, e muitos deles quando pegava um copo de
leite de uma de suas gordas vacas, seria repreendido, ou descontado no final do
mês.
Me recordo de um programa de combate à seca, na década de 1970, com
iniciativa da Sudene, onde o sertanejo acabou sendo apelidado, como você já
sabe, de Magnu [AA: “Magro e Nu”] -
ou seja o cara ganhava uma minxaria, e ainda por cima era obrigado (nas horas
vagas - imagine) a ter que limpar as barragens dos grandes fazendeiros; que
depois cercava e dificilmente permitia que aqueles que lhe prestaram serviços
pegassem água, ou pescassem ali.
Então você imagina uma coisa dessa: vem um "Sapo barbudo,
analfabeto, lá do Nordeste pra tirar nossa mão de obra escrava?". Você não
acha que isso é muito atrevimento, não?
Mas mesmo assim, vamos seguindo em frente, pois a caminhada é longa.
Forte abraço.
Sérgio
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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons
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PressAA
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