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Vem aí novo surto de ‘pesquisite’
Por Alberto Dines
“Jogada de mestre”, “bravura política”, “homenagem à coerência”, “desespero” – qualquer que seja a avaliação sobre a decisão da ex-ministra Marina Silva de filiar-se ao PSB e concorrer às próximas presidenciais sem o seu sonhado partido, torna-se inevitável o aparecimento de um novo surto de pesquisite, o venerando culto das pesquisas e sondagens de opinião para apontar quem será o cabeça de chapa, Marina ou o pré-candidato e presidente da agremiação, Eduardo Campos.
Como os dois parceiros não trataram disso nas negociações do fim de semana passada – ou pelo menos não revelaram os seus detalhes –, de agora até meados de 2014 seremos bombardeados por sondagens acompanhando semanalmente o desempenho de cada um dos parceiros. Se Marina continua como segunda colocada na disputa com a presidente Dilma Rousseff e Eduardo Campos fica abaixo dela (hoje está na quarta posição) será inevitável uma reversão: Marina candidata e Campos, seu vice.
Com isso, muda tudo e as chances de uma pré-temporada de debates doutrinários tornam-se mínimas. Em seu lugar teremos na imprensa uma enxurrada de confrontos numerológicos, exercícios estatísticos e elucubrações adivinhatórias. Como o custo desse tipo de exercício especulativo é relativamente baixo, devemos contar com a proliferação do tal “jornalismo de precisão”.
Fato novo
No país do futebol, a corrida pelos placares tem mais apelo do que uma demorada investigação sobre os cartórios eleitorais. É na máquina burocrática que se esvazia o Estado de Direito, foi lá que as fichas de adeptos da Rede Sustentabilidade foram barradas.
A súbita remexida no tabuleiro eleitoral – justamente uma das aspirações subjacentes nos protestos de junho – poderia ser uma oportunidade para devassar as brechas onde a nossa democracia torna-se ficção e os direitos dos cidadãos, peça de retórica. Ao que tudo indica, está adiada.
Sintoma deste desapreço pelo jornalismo de substância pode ser observado a partir do domingo (6/10), quando os jornais anunciaram a decisão de Marina Silva de juntar-se à legenda de Eduardo Campos, o Partido Socialista Brasileiro (PSB).
Em plena era da histeria política, quando o presidente Barack Obama chega a ser apontado como a nova face do marxismo, a palavra socialismo parece xingamento. No entanto, a Europa moderna, sem guerras e até há pouco tempo próspera e estável, é fruto da socialdemocracia, irmã-gêmea do socialismo democrático.
É fascinante a história desse partido nanico, contraditório e rebelde, chamado de PSB. Desconhecê-la é imaginar que a história do Brasil começa agora, o resto não conta.
A primeira versão do PSB surgiu em 1932, fez parte da Aliança Nacional Libertadora que tentava enfrentar a onda fascista que varria o país. Foi extinto em 1937, com a promulgação do Estado Novo.
A segunda edição coincide com a democratização de 1945, sob o nome de Esquerda Democrática. Mais do que designação, uma proposta doutrinária. Reserva moral e política inspirada nos fabianos ingleses, socialistas-reformistas que acabaram absorvidos pelo Partido Trabalhista.
A Esquerda Democrática era, na verdade, a ala esquerdista da conservadora União Democrática Nacional (UDN). Recusava os acenos do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), ferrenha adversária de Getúlio Vargas, o pai do Estado Novo fascista. Tal como os fabianos ingleses era o partido dos intelectuais (entre eles Rubem Braga, Joel Silveira, Sergio Buarque de Hollanda, Antonio Cândido, José Lins do Rego, Raimundo Magalhães Jr; na Inglaterra, suas figuras emblemáticas foram G.B. Shaw e H.G. Wells).
Depois de sua criação como partido autônomo (1948), o PSB chegou a abrigar uma ala trotskista (capitaneada por Edmundo Muniz e Mario Pedrosa, virulentamente anti-stalinistas). No entanto o partido defendeu o PCB quando o governo Dutra começou as manobras para colocá-lo na ilegalidade. Os seus expoentes foram Hermes Lima e João Mangabeira, ambos com destacada atuação no breve interregno parlamentarista no mandato de João Goulart.
Em 1953 o PSB produziu um fato novo na política brasileira quando o desconhecido Jânio Quadros foi eleito prefeito de São Paulo pela coligação de duas pequenas agremiações (PTN e PSB) e derrotando todos os grandes partidos (UDN, PSD, PTB e PSP). A tabelinha repetiu a façanha em 1954 levando o mesmo Jânio ao governo de São Paulo.
Outro retrocesso
A terceira edição do PSB é fruto da redemocratização de 1985. Um intelectual de alto quilate, Antonio Houaiss, foi um de seus articuladores. O pernambucano Jarbas Vasconcelos, hoje senador pelo PMDB, uma de suas estrelas. Figura mais visível, Miguel Arraes, avô de Eduardo Campos.
No passado o jornalismo político era praticado no Congresso, de olho na literatura, na história, nas referências internacionais. No fim dos anos 1990, o jornalista Márcio Moreira Alves (1936-2009) tirou-o da Praça dos Três Poderes e o levou para a Esplanada dos Ministérios para apanhar sol e oferecer ao eleitor o debate sobre políticas públicas. Não colou, depois da sua morte não apareceram sucessores. A cobertura política passou a ser feita por meio do celular, nos restaurantes, soprada por “fontes” e assessores.
Doravante, a política será ditada pelos pesquisadores e marqueteiros empunhando laptops e tablets. Partidos agora são tantos e tão iguais que passaram a ser identificados com números. Eleição virou campeonato, corrida, loteria. Um novo retrocesso é inevitável: a reforma política só poderá avançar quando mudar a cobertura política.
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Assaz AtrozRelembrar para melhor entender...
Na pré-campanha de 2010
A turma do funil declarou guerra à turma do barril
Política| 02/03/2010
Grande mídia organiza campanha contra candidatura de Dilma
Em seminário promovido pelo Instituto Millenium em SP, representantes dos principais veículos de comunicação do país afirmaram que o PT é um partido contrário à liberdade de expressão e à democracia. Eles acreditam que se Dilma for eleita o stalinismo será implantado no Brasil. “Então tem que haver um trabalho a priori contra isso, uma atitude de precaução dos meios de comunicação. Temos que ser ofensivos e agressivos, não adianta reclamar depois”, sentenciou Arnaldo Jabor.
Bia Barbosa
(...)
O “risco Dilma”
Convictos da imposição pelo presente governo de uma visão de mundo hegemônica e de um único conjunto de valores, que estaria lentamente sedimentando-se no país pelas ações do Presidente Lula, os debatedores do Fórum Democracia e Liberdade de Expressão apresentaram aos cerca de 180 presentes e aos internautas que acompanharam o evento pela rede mundial de computadores os riscos de uma eventual eleição de Dilma Rousseff. A análise é simples: ao contrário de Lula, que possui uma “autonomia bonapartista” em relação ao PT, a sustentação de Dilma depende fundamentalmente do Partido dos Trabalhadores. E isso, por si só, já representa um perigo para a democracia e a liberdade de expressão no Brasil.
“O que está na cabeça de quem pode assumir em definitivo o poder no país é um patrimonialismo de Estado. Lula, com seu temperamento conciliador, teve o mérito real de manter os bolcheviques e jacobinos fora do poder. Mas conheço a cabeça de comunistas, fui do PC, e isso não muda, é feito pedra. O perigo é que a cabeça deste novo patrimonialismo de estado acha que a sociedade não merece confiança. Se sentem realmente superiores a nós, donos de uma linha justa, com direito de dominar e corrigir a sociedade segundo seus direitos ideológicos”, afirma o cineasta e comentarista da Rede Globo, Arnaldo Jabor. “Minha preocupação é que se o próximo governo for da Dilma, será uma infiltração infinitas de formigas neste país. Quem vai mandar no país é o Zé Dirceu e o Vaccarezza. A questão é como impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir no mundo”, alerta Jabor.
Para Denis Rosenfield, ao contrário de Lula, que ganhou as eleições fazendo um movimento para o centro do espectro político, Dilma e o PT radicalizaram o discurso por intermédio do debate de idéias em torno do Programa Nacional de Direitos Humanos 3, lançado pelo governo no final do ano passado. “Observamos no Brasil tendências cada vez maiores de cerceamento da liberdade de expressão. Além do CFJ e da Ancinav, tem a Conferência Nacional de Comunicação, o PNDH-3 e a Conferência de Cultura. Então o projeto é claro. Só não vê coerência quem não quer”, afirma. “Se muitas das intenções do PT não foram realizadas não foi por ausência de vontades, mas por ausência de condições, sobretudo porque a mídia é atuante”, admite.
Hora de reagir
E foi essa atuação consistente que o Instituto Millenium cobrou da imprensa brasileira. Sair da abstração literária e partir para o ataque.
“Se o Serra ganhasse, faríamos uma festa em termos das liberdades. Seria ruim para os fumantes, mas mudaria muito em relação à liberdade de expressão. Mas a perspectiva é que a Dilma vença”, alertou Demétrio Magnoli.
“Então o perigo maior que nos ronda é ficar abstratos enquanto os outros são objetivos e obstinados, furando nossa resistência. A classe, o grupo e as pessoas ligadas à imprensa têm que ter uma atitude ofensiva e não defensiva. Temos que combater os indícios, que estão todos aí. O mundo hoje é de muita liberdade de expressão, inclusive tecnológica, e isso provoca revolta nos velhos esquerdistas. Por isso tem que haver um trabalho a priori contra isso, uma atitude de precaução. Senão isso se esvai. Nossa atitude tem que ser agressiva”, disse Jabor, convocando os presentes para a guerra ideológica.
“Na hora em que a imprensa decidir e passar a defender os valores que são da democracia, da economia de mercado e do individualismo, e que não se vai dar trela para quem quer a solapar, começaremos a mudar uma certa cultura”, prevê Reinaldo Azevedo.
Um último conselho foi dado aos veículos de imprensa: assumam publicamente a candidatura que vão apoiar. Espera-se que ao menos esta recomendação seja seguida, para que a posição da grande mídia não seja conhecida apenas por aqueles que puderam pagar R$ 500,00 pela oficina de campanha eleitoral dada nesta segunda-feira.
(Para ler matéria completa, clique no título)
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Na pré-campanha de 2014
Mudou tudo para permanecer a mesma estratégia golpista.
Marina hoje diz o que qualquer golpista disse, diz e dirá...
6 DE OUTUBRO DE 2013
Marina Silva
O jogo da direita: Marina quer derrotar o “chavismo” do governo
As reações e mobilizações que se seguiram à decisão do TSE, nesta quinta-feira (3), que não aceitou dar um “jeitinho” para legalizar da Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, dão uma ideia das dificuldades que os conservadores encontrarão pela frente na eleição de 2014.
Por José Carlos Ruy
O TSE aplicou a lei, sem ceder às pressões dos organizadores da chamada Rede, que pretendiam legalizar aquele partido sem completar o número de assinaturas de apoiadores que a lei exige. Os cartórios eleitorais impugnaram de assinaturas e, assim, faltaram 50 mil para completar as 492 mil exigidas.
A decisão foi o estopim para dois movimentos. O primeiro foi o extravasamento público de restrições que Marina Silva enfrenta dentro do próprio partido que pretende criar. Ela “comete erros de avaliação estratégica", acusou o deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ), um dos dirigentes da Rede. Ele a atacou em artigo divulgado pelo Facebook na sexta-feira (4). Foi arrasador; sua descrição do modo de agir de Marina Silva faz dela uma espécie de Jânio de saias, dona do mesmo autoritarismo autocentrado e voluntarista do ex-presidente, que renunciou em 25 de agosto de 1961.
O processo de decisão de Marina, disse Sirkis, é "caótico"; ela não faz "alianças estratégicas com seus pares". Sirkis responsabilizou a ex-senadora pelo fracasso no encaminhamento da criação e registro legal de seu partido, a Rede. Ela não entendeu, escreveu, “que o jogo seria assim”, e esta foi “uma das muitas auto complacências resultantes de uma mística de auto ilusão”. Ela só consegue “trabalhar direito com seus incondicionais”, reagindo “mal a críticas e opiniões fortes discordantes”.
Outro apoiador de primeira hora, o jornalista Ricardo Noblat, também fez uma avaliação severa. Restabelecendo-se de uma cirurgia cardíaca, ele escreveu em seu blog que pouco se conhece além de uma imagem pública que oculta a verdadeira Marina: “conservadora, preconceituosa, centralizadora". E questiona, no artigo intitulado significativamente E Marina, hein?: a “candidata disposta a se eleger presidente da República para mudar o país foi incapaz de montar um partido no prazo determinado pela lei. Dá para acreditar?” [PressAA: Claro que não! Pelo que entendemos, tudo foi feito apenas como jogo publicitário, marquetagem barata]
Marina revelou-se um poço de mágoa contra a atual coalisão progressista e democrática que governa o Brasil; o foco de seu ressentimento é sobretudo o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva e a atual presidenta Dilma Rousseff.
Na tarde deste sábado (5) Marina anunciou sua filiação ao PSB, anunciando que será candidata a vice-presidente numa chapa encabeçada pelo governador pernambucano Eduardo Campos. “Não tive outra alternativa”, explicou, dizendo que o sonho presidencial fica adiado pela urgência de lutar contra a esquerda que exerce a presidência. “A minha briga, neste momento”, teria dito perante integrantes da Rede, “não é para ser presidente da República, é contra o PT e o chavismo que se instalou no Brasil". São palavras que resumem o espírito geral da reunião em que a decisão foi tomada; na verdade, segundo as notícias, foi mais um monólogo mariniano, que terminou às 4h30 da madrugada deste sábado (5).
O noticiário dá conta também das pressões de poderosos grupos financeiros cujo objetivo é manter Marina no jogo sucessório. E inclusive o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, sai com a imagem arranhada deste arranjo patrocinado por plutocratas. Segundo as informações que circularam neste sábado (5), essas pressões cresceram desde a quinta-feira (4), depois da derrota sofrida no TSE. As pressões teriam partido dos grupos econômicos que já apoiam Marina explicitamente (a Natura e o Itaú), mas há menção também a outra fonte, sendo citado diretamente Roberto Irineu Marinho, presidente das Organizações Globo.
A raiva e o ressentimento de Marina contra a esquerda e o PT têm lá o seu peso em suas decisões e articulações. Mas o fundamental, e que dá consistência e direção às suas ações, é o apoio dos donos do dinheiro que veem nela um caminho para derrotar a esquerda e seu governo e levar de volta, ao Palácio do Planalto, o programa neoliberal partilhado por Marina Silva. Sua participação na eleição de 2014, mesmo como vice de Eduardo Campos, poderá - pensam eles - pelo menos empanar o brilho de uma vitória da esquerda ao levar a previsível vitória de Dilma Rousseff para o segundo turno. É uma clara tentativa de reduzir a legitimidade de um segundo mandato que possa aprofundar as mudanças que o país e o povo precisam.
Com informações de Brasil 247, Reuters e O Globo
União de Marina com Eduardo cria novo polo antiprogressista
O mundo político brasileiro foi surpreendido no último sábado (5) pelo anúncio da filiação da ex-senadora Marina Silva ao Partido Socialista Brasileiro, um ato que representa, até aqui, a jogada política de maior envergadura do cenário pré-eleitoral.
A aliança entre a política acreana e o governador pernambucano cria uma força política nova na disputa eleitoral, que se pretende a “terceira via” alternativa na disputa entre a candidatura da presidenta Dilma Rousseff à reeleição, liderando uma coalizão progressista, e a do senador Aécio Neves, à frente das forças neoliberais e conservadoras.
Tanto a líder da Rede da Sustentabilidade como o cacique pernambucano bateram na tecla da quebra da “falsa polarização”. Mas, falsa é a tese que esposaram, como é falso o caminho que decidiram trilhar. É simplória a visão de que a polarização da vida política brasileira é entre o PT e o PSDB. O ex-líder do Partido Socialista Brasileiro, Miguel Arraes, um dos artífices da frente política que se formou em torno de Lula, analisaria em outros termos. Ele identificava a polarização real da vida política brasileira no confronto entre as forças patrióticas e democráticas, de um lado, e as conservadoras e entreguistas, de outro. Nas circunstâncias da evolução da vida política nacional, a frente democrática e patriótica adquiriu também caráter popular e eventualmente passou a ser liderada por Lula e o PT, mas figura como algo mais, muito mais amplo do que o confronto entre esta sigla e o PSDB. Nela estão os comunistas do PCdoB, os trabalhistas do PDT e um conjunto de forças de centro, como estavam os socialistas do PSB.
A retórica de Marina Silva na busca de uma justificativa que tornasse plausível o seu ingresso numa sigla “tradicional” revelou a tentativa de aparecer como vítima, acusando o governo e o PT de terem dificultado a obtenção do registro do seu novo partido, a Rede da Sustentabilidade, nova agremiação que chegaria ao cenário político para lutar contra todos os partidos e políticos “tradicionais”.
Mas o fato é que, mesmo tendo obtido quase 20% dos votos na eleição presidencial de 2010 e sendo apontada pelas sondagens de opinião como forte concorrente no pleito do próximo ano, Marina foi incapaz de organizar o partido nos prazos definidos pela lei. Quer escamotear que a tentativa frustrou-se porque a exótica Rede não tem respaldo nem implantação social. Por isso, a acusação leviana de que “há no país uma tentativa, de forma casuística, de eliminar uma força política que legitimamente tem o direito de se constituir como partido político, o que é um risco de aviltamento da democracia”. Marina e seu grupo dirigente se queixaram do “insuportável aparelhamento do Estado e das instituições pelo PT”.
Não passa de retórica a afirmação de que a Rede é o primeiro partido “clandestino”, no quadro do sistema democrático brasileiro, como não passa de uma jogada publicitária a imagem que a ex-senadora tenta fixar de que ela é uma política “diferente” dos políticos “tradicionais”.
Marina é hoje agente e instrumento de uma operação política que – sob o verniz da modernidade expressa por meio de outros padrões éticos e de uma plataforma de mudança da velha política – pretende derrotar um governo que, malgrado as insuficiências, está abrindo um novo caminho para mudar o Brasil e torná-lo uma nação democrática, progressista e socialmente justa. Diante do fracasso das siglas abertamente reacionárias, como o PSDB e o DEM, do desmoronamento de sua base social, do fracasso de suas propostas políticas e do ocaso de suas lideranças, tenta-se criar uma nova força política que reúna condições para interromper, truncar e inverter o novo ciclo político iniciado com a vitória de Lula em 2002.
Que ninguém se engane. A própria ex-senadora revelou o que pretende, ao dizer que seu objetivo é "eliminar o chavismo do PT". Ao brandir pretextos de vitimização por uma suposta “instrumentalização do Estado” pelo governo e ao desfraldar a bandeira do “antichavismo”, a dupla Marina Silva-Eduardo Campos traça uma linha demarcatória em que aparece objetivamente alinhada com as forças reacionárias. Formam, assim, um polo antiprogressista.
O “antichavismo” corresponde ao que foi na época da guerra fria o anticomunismo, ou seja, a oposição ao que é progressista e revolucionário na luta política. É por meio do “antichavismo” que se expressa hoje a política do imperialismo estadunidense e das classes dominantes retrógradas em toda a América Latina. É com a bandeira do “antichavismo” que investem contra a democratização profunda da vida política, o protagonismo das massas populares, o patriotismo anti-imperialista, as políticas de desenvolvimento, as iniciativas de caráter social, a luta pela afirmação da soberania nacional e os esforços pela integração entre nações e povos em luta por sua emancipação.
O novo quadro político que se forma a partir da filiação de Marina Silva ao PSB deve ser corretamente interpretado pelas forças da esquerda consequente e requer novas propostas políticas com alcance eleitoral e para além das eleições de 2014. Mais do que nunca, é necessário avançar para a criação de uma frente de esquerda que reúna partidos políticos, movimentos sociais e personalidades progressistas e patrióticas, para levar adiante uma plataforma de mudanças estruturais no país.
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Dez consequências da decisão de Marina Silva
7 de Outubro de 2013- Vira-se uma página da política brasileira. No cenário estão concorrendo “para valer” apenas grupos políticos que se originam da oposição à ditadura. Terá demorado 25 anos (dia por dia, se considerarmos a constituição de 88 como o grande marco da democracia) para que a passagem tenha sido consolidada;
- A velha política (PSDB/DEM/PPS) se esvazia e muitos serão os políticos destes partidos que apoiarão abertamente (ou não) a dupla Campos/Marina;
- A dupla PMDB/PT se consolida. Fica claro para o PMDB que o maior quinhão de poder que pode ter é na aliança com o PT, razão porque o PMDB, até aqui em cima do muro, vai embarcar na candidatura Dilma com força total por interesse próprio;
- O PT dificilmente perderá eleitores para o novo polo oposicionista e a presença de Lula na campanha, com todo o gás, conforme vem afirmando, vai dividir votos com Campos em Pernambuco, o seu principal colégio;
- Os Gomes do Ceará, de decisão Dilmista tomada, virão também com força total para o lado da presidenta, e o seu peso e valor na frente pró Dilma só tende a crescer. Uma eventual vitória de Campos colocaria o grupo em péssima situação. Sua participação será aguerrida.
- O PSDB não decola e estará atravessado por tendências dilacerantes. O fortalecimento Campos/Marina enterra o cenário em que disputava uma queda de braço com o PT a nível nacional, o que o mantinha no topo da grande política. Se houver segundo turno (Campos x Dilma) a bem de manter esta polarização com o PT, tenderia possivelmente a apoiar Dilma, (por debaixo do pano), pois, incrivelmente, a sua vitória seria a única possibilidade de retorno à polarização que o mantem vivo. A disputa Aécio x Campos é de vida e morte para o PSDB. Uma vitória de Campos colocaria o PSDB numa situação de coadjuvante na qual nem seria governo e nem oposição e ostracismo em política significa fim de linha.
- O DEM compra o caixão. O PPS não vai saber tão cedo definir para onde vai. Mas vai mesmo para o buraco.
- O preço do PDT sobe e muito para o governo. Aposto que os ministérios do PSB lhes serão transferidos com o apoio aberto e escancarado do PMDB.
- A soma Marina/Campos cresce no eleitorado coxinha em detrimento do DEM e PSDB, porém a baixa penetração da dupla em São Paulo, Minas, Bahia, Rio, e Rio Grande do Sul trará dificuldades maiores para que ganhe peso decisivo;
- O campo conservador que quer estabilidade tende a desembarcar do PSDB rumo a Dilma.
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Correio Braziliense
Uma nova ordem eleitoral
Na próxima quinta-feira, quando irá ao ar em rede nacional o programa partidário do PSB, não será apenas o governador de Pernambuco e presidente nacional da sigla, Eduardo Campos, que será visto pelos brasileiros. Menos de uma semana depois de assinar sua filiação ao Partido Socialista Brasileiro, a ex-senadora Marina Silva vai ser a atração do vídeo.
Com 10 minutos de duração, o programa dedicará boa parte de seu tempo à união formalizada entre os dois líderes políticos no último sábado, mas discutida nos bastidores desde o início do ano. Depois da repercussão da filiação de Marina ao PSB, que tomou conta das redes sociais e do noticiário político por todo o final de semana, Campos vai telefonar para a ex-senadora ainda hoje.
07 de outubro de 2013
O fim de semana de troca-troca partidário não teve como estrela apenas Marina Silva e sua “aliança programática” com o PSB.
A socialite Narcisa Tamborindeguy também mudou de partido, em apenas meia hora.
Filiou-se ao PSD na manhã de sábado, mas logo vieram avisá-la de que tinha se confundido, pensando que estava se filiando ao PSDB.
Esqueceu o “B”.
Narcisa, como se sabe, é uma das ex-musas do “reality show” Mulheres Ricas, da Band e rival de Merval Pereira em produção literária: escreveu dois livros: “Ai, que Loucura” e “Ai, que absurdo!”
Ela também posou para fotos de colunas “sociais”, de cara pintada, nas manifestações de junho.
E foi parar na revista francesa Paris Match como agitadora dos protestos, como você vê na imagem ao lado.
O Brasil é uma maravilha. Pode tudo aqui, e ainda dizem que é “chavismo”.
Ai, que absurdo! Ai, que loucura!
Por: Fernando Brito
TIJOLAÇO
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No blog da redecastorphoto...
[*] Adriano Benayon
A presidente da Republica mantém a tradição de muitos predecessores, com discursos aparentemente nacionalistas, enquanto diariamente trata a soberania e o desenvolvimento do País como coisas descartáveis.
2. Ela denunciou o que foi mostrado por Assange e, depois, por Snowden e Greenwald: o governo dos EUA, suas agências e empresas apropriam-se de informações econômicas, estratégicas e até das das pessoas físicas de todos os países sem meios de impedi-lo.
3. A presidenta disse que fará proposta para estabelecer um marco civil multilateral para a governança e uso da internet, em nível mundial, visando a “efetiva proteção dos dados”. Essa proposta não tem chance alguma de ser adotada, mesmo porque os EUA não aceitam regras internacionais que se sobreponham às leis deles.
4. O jornalista Fernando Rodrigues foi ao ponto:
Dilma faria melhor se buscasse equipar o Brasil contra ataques cibernéticos. A presidente faz o oposto. Engavetou um projeto de Política Nacional de Inteligência que cria diretrizes para o Estado brasileiro se prevenir de ações de espionagem.O texto está pronto e parado, no Planalto, desde novembro de 2010.
Paulo Passarinho |
5. Em ótimo artigo, “O Discurso e a Prática” Paulo Passarinho, âncora do Faixa Livre da Bandeirante, recorda ter Assange apontado que China, Inglaterra, França, Alemanha e Rússia, entre outros, têm investido pesadamente nessa área estratégica e defende que o Brasil adote sistema de criptografia de tecnologia nacional.
6. Passarinho comenta:
Mas nossa realidade está muito distante dessa possibilidade. Graça Foster, a presidenta da Petrobrás, por exemplo, declarou que a criptografia usada na empresa é de empresas americanas, porque não existem companhias brasileiras que prestem esse tipo de serviço. Snowden denunciou que a criptografia fornecida por empresas privadas norte-americanas é propositalmente falha e têm as chamadas “portas dos fundos”, para que a NSA possa driblar seus códigos e acessar os dados.
(Para ler artigo completo, clique no título)
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Ilustração:
AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons
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PressAA
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